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Capítulo 14: O Chamado da Família

Domenic, agora com 20 anos de idade, tinha se tornado uma figura proeminente na máfia Bartoli. Seu talento e habilidade o haviam elevado ao posto de braço direito de Alex Bartoli, que se tornara o novo capo da família. Os anos de treinamento e experiência haviam moldado Domenic não apenas fisicamente, mas também em termos de liderança e estratégia.

Na véspera da cerimônia em que Alex seria oficialmente entronizado como capo, Domenic estava ocupado coordenando os últimos preparativos. Ele era conhecido dentro da família como "O Executor", um título conquistado por sua habilidade em resolver problemas de forma decisiva e eficaz.

Na manhã da cerimônia, enquanto supervisionava a segurança e a logística do evento, Domenic avistou Lorenzo, seu antigo mentor, entre os convidados. A lembrança das palavras não cumpridas de Lorenzo ainda queimava em sua mente. Quando Lorenzo se aproximou com um sorriso amistoso, Domenic se manteve reservado e frio.

— Domenic, meu rapaz, como você cresceu — disse Lorenzo, sua voz carregada de nostalgia e um leve toque de arrependimento.

Domenic olhou fixamente para ele por um momento antes de responder com um tom sério:

— Lorenzo. Você jurou que viria me buscar quando fui sequestrado. Mas você nunca apareceu.

Lorenzo baixou os olhos por um momento antes de erguê-los para encontrar o olhar firme de Domenic.

— Eu sei. E lamento profundamente por isso. Mas você se tornou forte, mais forte do que eu poderia imaginar. Vejo que você encontrou seu caminho aqui.

Domenic apenas assentiu, sua expressão impassível. Ele não estava pronto para perdoar Lorenzo, não depois de tudo o que passara.

— Eu prometi a mim mesmo que sobreviveria e prosperaria neste mundo — disse Domenic, finalmente quebrando o silêncio tenso. – E foi isso que fiz.

Lorenzo pareceu sentir o peso das palavras de Domenic, mas antes que pudesse responder, Alex apareceu para cumprimentar seu mentor.

— Lorenzo, que bom vê-lo aqui. Sente-se conosco durante a cerimônia — convidou Alex, interrompendo o momento tenso entre os dois homens.

Lorenzo assentiu, reconhecendo o gesto de reconciliação de Alex, e seguiu-o até o local onde a cerimônia seria realizada.

Domenic observou Lorenzo se afastar com Alex para o local da cerimônia. Enquanto caminhava pelos corredores da mansão Bartoli, ele refletia sobre o encontro tenso que acabara de ter com seu antigo mentor. As palavras não ditas ecoavam em sua mente, misturadas com lembranças dolorosas dos anos de sofrimento que havia enfrentado.

Ele se perguntava se algum dia seria capaz de perdoar Lorenzo por não ter cumprido a promessa feita anos atrás. A mágoa ainda era profunda, mas ele também reconhecia que Lorenzo, de certa forma, havia sido uma figura paterna em sua vida antes do sequestro.

Chegando ao local da cerimônia, Domenic viu Alex no centro das atenções, cercado por membros da família Bartoli e outros convidados importantes. Era um momento de celebração e legitimidade para Alex, que agora assumia formalmente o papel de líder da família.

Domenic se aproximou, assumindo seu lugar ao lado de Alex como seu braço direito. Ele sentiu uma mistura de orgulho e determinação enquanto observava seu amigo e líder sendo reconhecido por sua habilidade e liderança. Alex tinha sido um apoio constante para Domenic nos últimos anos, e agora era hora de retribuir esse apoio com lealdade e comprometimento.

Enquanto a cerimônia prosseguia e os discursos eram feitos em homenagem a Alex, Domenic não podia deixar de se sentir grato por estar ali, por ter encontrado um lar e uma família na máfia Bartoli. Apesar de todo o seu passado difícil, ele havia encontrado um propósito e uma comunidade onde podia verdadeiramente pertencer.

Quando a cerimônia chegou ao fim, Alex ergueu sua taça em direção a Domenic, capturando a atenção de todos os presentes na sala. Seu olhar era sério, carregado de gratidão e respeito.

— Meus amigos, família Bartoli, hoje é um dia de celebração não apenas pela minha ascensão como capo desta família, mas também pela contribuição incomparável de um homem que tem estado ao meu lado em todos os desafios, — começou Alex, sua voz firme ecoando pelo salão.

Ele voltou-se para Domenic, e seus olhos se encontraram com uma expressão de admiração genuína.

— Domenic, meu irmão de armas, sem você, nada disso seria possível. Sua coragem, habilidade e lealdade inabaláveis não só me inspiram, mas fortalecem nossa família Bartoli.

Os presentes aplaudiram calorosamente, reconhecendo os feitos de Domenic e sua importância para a família. Domenic recebeu o reconhecimento com humildade, sentindo-se honrado por estar ali, ao lado de Alex, em um momento tão significativo.

— Para Domenic, o Executor da nossa família!, — exclamou Alex, erguendo ainda mais sua taça em direção a Domenic.

Domenic levantou sua própria taça em resposta, sentindo uma mistura de gratidão e determinação. Ele sabia que tinha um papel vital na família Bartoli, e estava determinado a continuar a servir com dedicação e coragem.

Os aplausos e os sorrisos dos presentes confirmavam sua posição. Domenic olhou ao redor da sala, vendo rostos familiares, alguns admirados, outros respeitosos. Cada um ali representava um elo na corrente que era a família Bartoli, uma unidade poderosa e coesa na qual ele tinha um papel fundamental.

Alex, agora oficialmente o capo, ergueu a taça uma vez mais, seu olhar encontrando o de Domenic com uma mistura de camaradagem e confiança.

— Para a família Bartoli, que permanece forte e unida, e para um futuro de prosperidade e segurança!, — brindou Alex, concluindo o momento com uma nota de esperança e determinação.

Domenic sentiu um nó na garganta ao pensar em como tinha chegado até ali. Desde os dias sombrios de sua captura pela máfia Rivale até agora, havia trilhado um caminho de desafios, sacrifícios e conquistas. Cada cicatriz em seu corpo contava uma história, uma lembrança das batalhas vencidas e das provações superadas.

Ele prometeu a si mesmo que não falharia na responsabilidade que Alex depositara sobre ele. Era não apenas uma questão de honra, mas de dever para com aqueles que confiavam em sua liderança e proteção.

Domenic sabia que, apesar de sua dedicação à família Bartoli, seu passado como Castellano ainda tinha laços fortes. Ele se aproximou de Lorenzo, mantendo uma expressão séria enquanto mencionava Sofia, sua irmãzinha que não tinha sido envolvida nos mesmos eventos traumáticos que ele.

— Como está Sofia? — Domenic perguntou diretamente, sua voz firme e controlada, escondendo a tempestade de emoções que o assaltava internamente.

Lorenzo, o olhar grave e pensativo, respondeu com cuidado.

— Ela está bem, Domenic. Crescendo rápido. Ela sente sua falta.

A resposta cortou Domenic profundamente, lembrando-o de uma dor que ele mantinha trancada dentro de si desde que fora separado de sua família. A ideia de deixar a família Bartoli, que agora o acolhia como um dos seus, parecia quase traição, mas ele sabia que suas raízes eram profundas com os Castellanos.

— Você precisa voltar, Domenic — continuou Lorenzo, a voz cheia de apelo e um toque de autoridade paterna.

— Sofia precisa de você. Nós precisamos de você. Você é um Castellano.

Domenic ouviu as palavras de Lorenzo com um nó na garganta, lutando para equilibrar o dever com o desejo de ficar onde estava, onde tinha encontrado um propósito renovado e um senso de pertencimento. No entanto, a responsabilidade para com sua família de sangue pesava sobre ele.

— Eu prometi protegê-la — murmurou Domenic, mais para si mesmo do que para Lorenzo.

— E eu pretendo manter essa promessa.

A frieza em sua voz não escapou a Lorenzo, que baixou o olhar por um momento antes de erguê-lo novamente com determinação.

— Então, venha conosco, Domenic. Volte para casa — insistiu Lorenzo, estendendo a mão em um gesto de reconciliação e apoio.

Domenic olhou para Lorenzo, vendo nele não apenas um mentor, mas um elo com seu passado e seu futuro. Ele sabia que a decisão não seria fácil, mas era uma que ele não podia mais adiar. Antes de se comprometer, ele sentia que precisava discutir isso com Alex e Don, os homens que agora lideravam a família Bartoli.

Naquela noite, após a cerimônia, Domenic procurou Alex em seu escritório, onde encontrou seu antigo amigo e agora chefe, revisando documentos e mapas estratégicos da família.

— Alex —  começou Domenic, sua voz carregada de seriedade.

— Precisamos conversar.

Alex ergueu os olhos, encontrando o olhar sério de Domenic. Ele assentiu, indicando a cadeira à frente de sua mesa.

— O que está te incomodando, Domenic? — perguntou Alex, sua expressão misturando preocupação e curiosidade.

Domenic respirou fundo antes de continuar.

— Lorenzo veio até mim esta noite — começou ele, escolhendo cuidadosamente suas palavras.

— Ele disse que é hora de eu voltar para os Castellanos. Para Sofia.

Alex ficou em silêncio por um momento, processando a informação. Ele sabia o quanto a família significava para Domenic, mas também sabia o valor que ele trouxera para a família Bartoli.

— Domenic, você tem sido fundamental para nós — disse Alex sinceramente.

— Sua lealdade e habilidades são inigualáveis. Não quero te perder.

Domenic abaixou o olhar por um momento, sentindo o peso da decisão.

— Eu também não quero deixar vocês — admitiu ele.

—  Mas Sofia...

Alex assentiu, compreendendo a luta interna de Domenic.

— Você precisa fazer o que é certo, Domenic. Nós entendemos.

Após essa conversa, Domenic procurou Don, outro pilar da família Bartoli, cuja sabedoria e experiência eram respeitadas por todos. Sentaram-se juntos em um jardim tranquilo nos fundos da mansão, onde Don plantava suas próprias ervas e flores, encontrando paz na natureza.

— Don — começou Domenic, olhando para o homem mais velho com respeito.

— Lorenzo veio até mim.

Don assentiu, não surpreso.

— Ele quer que você volte para os Castellanos — completou ele.

Domenic assentiu lentamente.

— Eu sinto que devo, Don. Sofia precisa de mim.

Don olhou para Domenic com um olhar compassivo.

— Você está certo, Domenic. Sua família vem em primeiro lugar. Nós sempre estaremos aqui, não importa onde sua jornada o leve.

Aquelas palavras confortaram Domenic, mas ele sabia que o caminho à frente seria difícil. Ele se despediu de Don com um aperto de mão firme e voltou sua mente para as decisões que o aguardavam.

Na manhã seguinte, Domenic encontrou-se novamente diante de Lorenzo. Seus olhos se encontraram, e Domenic sabia que era hora de fazer sua escolha final.

— Lorenzo — começou Domenic, sua voz firme e determinada.

— Estou pronto para voltar.

Lorenzo assentiu, um sorriso suave cruzando seu rosto marcado pelo tempo.

— Você está fazendo a coisa certa, Domenic. Sua família vai se alegrar em tê-lo de volta.

Com um aceno solene, Domenic seguiu Lorenzo para o carro que os levaria de volta às terras dos Castellanos. Enquanto observava a paisagem passar pela janela, ele sabia que estava deixando para trás amigos valiosos, mas sua jornada de volta para casa era inevitável.

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