Capítulo 9: Laços na Escuridão

Domenic acordou deitado no chão frio e úmido da cela. Seus músculos doíam, e seu corpo estava coberto de hematomas e feridas que não tinham tido tempo de cicatrizar. Ele sabia que havia passado semanas naquela prisão infernal, um período de tortura e sofrimento que parecia interminável.

Enquanto lutava para se levantar, ele notou uma figura na cela à sua frente. Era um homem jovem, talvez com uns 20 anos, com o corpo marcado por cicatrizes. O olhar do homem era intenso e indecifrável, observando Domenic com uma curiosidade mista com desconfiança.

Domenic sentiu uma estranha conexão com aquele homem. Ambos estavam presos naquele lugar terrível, ambos sofrendo nas mãos de Enzo e da máfia Rivale. Decidido a quebrar o silêncio, Domenic levantou a cabeça e falou, sua voz rouca e fraca.

– Quem é você? – perguntou Domenic, forçando-se a manter a voz firme.

O homem hesitou por um momento antes de responder.

– Meu nome é Alessandro, mas pode me chamar de Alex – disse ele, sua voz grave e firme.

– Sou da máfia Bartoli. E você, garoto? Como você veio parar aqui?

Domenic respirou fundo, tentando ignorar a dor.

– Meu nome é Domenic Castellano – respondeu ele.

– Fui capturado pela máfia Rivale durante minha cerimônia de iniciação. E você?

Alex soltou um suspiro pesado.

– Fui traído por alguém em quem confiava – disse ele.

– Fui capturado em uma emboscada. Eles querem informações sobre minha família, mas eu não vou ceder.

Antes que pudessem continuar, passos ecoaram pelo calabouço. Enzo entrou na sala, seu olhar cruel e sorriso frio causando um arrepio na espinha de Domenic.

– Ora, ora, parece que nossos prisioneiros estão se tornando amigos – disse Enzo, com um tom de deboche na voz.

– Que cena tocante.

Domenic e Alex trocaram um olhar, um entendimento silencioso passando entre eles. Enzo se aproximou de Domenic, levantando-o pelo colarinho com uma força brutal.

– Vamos ver quanto tempo essa amizade vai durar – disse Enzo, empurrando Domenic de volta ao chão.

– Temos um longo dia pela frente, garoto.

Domenic sabia que mais tortura o aguardava, mas agora ele tinha uma nova força. Ele não estava sozinho. Alex estava lá, uma presença solidária em meio ao caos. Essa conexão, por mais frágil que fosse, dava-lhe um pouco de esperança.

Os dias seguintes foram uma mistura de dor e sofrimento, mas também de conversas furtivas entre Domenic e Alex. Eles compartilhavam suas histórias, suas dores e seus medos. Alex tornou-se um mentor para Domenic, ensinando-lhe truques para suportar a dor, para manter a sanidade em meio ao tormento.

Durante uma dessas conversas, Alex revelou mais sobre sua família.

– A máfia Bartoli é conhecida pela sua lealdade e força – disse ele.

– Meu pai sempre me ensinou que, não importa o quão difícil seja a situação, nunca devemos ceder. Devemos ser fortes, por nós mesmos e por aqueles que amamos.

Domenic sentiu uma nova determinação crescer dentro dele. Ele pensava em Sofia, em Lorenzo, em Vittorio. Ele sabia que precisava ser forte, que precisava encontrar uma maneira de escapar daquele lugar infernal.

Certa noite, enquanto estavam sozinhos nas celas, Alex chamou Domenic em um sussurro.

– Ouça, Domenic – disse ele.

– Tenho um plano para sair daqui. Não vai ser fácil, mas é a nossa única chance. Precisamos estar prontos para agir no momento certo.

Domenic olhou para Alex, vendo a determinação nos olhos do homem.

– Estou pronto – respondeu ele, sua voz firme.

– O que precisamos fazer?

Alex explicou o plano meticulosamente a Domenic, suas palavras sussurradas na escuridão da cela ecoando com uma urgência silenciosa. Eles precisavam esperar pelo momento certo, uma distração que lhes desse uma chance de escapar das garras da máfia Rivale. Seria uma jogada arriscada, mas era a única esperança que tinham de sair daquele inferno vivo.

Primeiro, eles identificaram os pontos fracos na segurança do calabouço. Enquanto Alex tinha observado os padrões de movimento dos guardas, Domenic analisou as falhas nas correntes que os prendiam. Era uma pequena esperança, mas suficiente para construir seu plano.

Durante dias, eles esperaram pacientemente por uma oportunidade. Finalmente, em uma noite de lua nova, um tumulto estourou nos corredores do calabouço. Gritos ecoaram, seguidos pelo som de lutas e tumulto. Era o momento que eles esperavam.

Alex olhou para Domenic com determinação nos olhos.

– É agora ou nunca – sussurrou ele.

Domenic assentiu, seu coração batendo forte no peito. Eles sabiam que não podiam desperdiçar essa chance. Com movimentos rápidos e precisos, eles conseguiram soltar as correntes enferrujadas que os prendiam. A dor ao mover os músculos exauridos era quase insuportável, mas a adrenalina e a determinação os mantiveram em movimento.

Com cuidado silencioso, eles se moveram pelas sombras, evitando os guardas que corriam em direção ao tumulto. O coração de Domenic martelava em seus ouvidos enquanto eles se aproximavam da saída, cada passo um risco calculado entre a liberdade e o perigo iminente.

Mas a sorte não estava do seu lado naquela noite. Quando estavam a poucos metros da liberdade, uma voz trovejou atrás deles.

– Onde vocês pensam que vão?

Era Enzo, segurando uma arma com uma expressão de raiva fria. Domenic e Alex congelaram, sabendo que sua tentativa de fuga tinha sido descoberta.

– De volta para suas celas – disse Enzo, sua voz cortante como uma lâmina.

Sem opções, Domenic e Alex levantaram as mãos em rendição. Eles haviam perdido, sua esperança de liberdade desfeita no ar gelado do calabouço.

Enzo sorriu triunfante, seu olhar ardiloso encontrando o de Domenic.

– Eu disse que todos têm um limite, garoto – murmurou ele, antes de ordenar que seus capangas os levassem de volta para suas celas.

Domenic sentiu um nó se formar em sua garganta. Eles haviam falhado. A oportunidade de escapar havia escorregado por entre seus dedos, deixando-os presos uma vez mais na escuridão implacável da máfia Rivale.

Nos dias que se seguiram, a punição foi severa. Enzo e seus homens redobraram os esforços para quebrar a determinação de Domenic e Alex. Cada método de tortura foi aplicado com uma crueldade calculada, testando os limites de sua resistência física e mental.

A cela fria e úmida tornou-se um palco de horrores inimagináveis. Eles foram submetidos a sessões intermináveis de interrogatório, onde cada palavra era uma armadilha, cada resposta um possível pretexto para mais sofrimento. As noites eram longas, e o som de seus próprios gritos se tornou um lembrete constante da situação desesperadora em que se encontravam.

Durante o dia, eram forçados a trabalhar até a exaustão, carregando pedras pesadas de um lado para o outro do pátio, sob o sol escaldante que mal penetrava as altas muralhas do calabouço. A comida era escassa e insípida, apenas o suficiente para mantê-los vivos, mas não o bastante para recuperar as forças.

Alex, com sua mente astuta, tentava encontrar padrões nas visitas de Enzo, esperando prever quando o próximo golpe viria. Domenic, por outro lado, focava em manter sua sanidade, recitando poesias e canções de sua infância em silêncio, uma tentativa de se agarrar a qualquer vestígio de humanidade que restasse.

Eles foram privados do sono, mantidos em celas isoladas, onde a única companhia era o gotejar constante da água que infiltrava pelas rachaduras do teto. A umidade tornou-se uma segunda pele, e o mofo, um aroma permanente em suas narinas.

Mas foi a "Sala do Silêncio" que testou verdadeiramente a força de seus espíritos. Uma câmara escura, sem janelas, onde o menor dos sons era absorvido pelas paredes acolchoadas. Lá, a ausência de luz e som era tão opressiva que começaram a questionar a própria existência. A solidão era uma tortura psicológica, um abismo que ameaçava engolir suas almas.

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