Domenic acordou deitado no chão frio e úmido da cela. Seus músculos doíam, e seu corpo estava coberto de hematomas e feridas que não tinham tido tempo de cicatrizar. Ele sabia que havia passado semanas naquela prisão infernal, um período de tortura e sofrimento que parecia interminável.
Enquanto lutava para se levantar, ele notou uma figura na cela à sua frente. Era um homem jovem, talvez com uns 20 anos, com o corpo marcado por cicatrizes. O olhar do homem era intenso e indecifrável, observando Domenic com uma curiosidade mista com desconfiança. Domenic sentiu uma estranha conexão com aquele homem. Ambos estavam presos naquele lugar terrível, ambos sofrendo nas mãos de Enzo e da máfia Rivale. Decidido a quebrar o silêncio, Domenic levantou a cabeça e falou, sua voz rouca e fraca. – Quem é você? – perguntou Domenic, forçando-se a manter a voz firme. O homem hesitou por um momento antes de responder. – Meu nome é Alessandro, mas pode me chamar de Alex – disse ele, sua voz grave e firme. – Sou da máfia Bartoli. E você, garoto? Como você veio parar aqui? Domenic respirou fundo, tentando ignorar a dor. – Meu nome é Domenic Castellano – respondeu ele. – Fui capturado pela máfia Rivale durante minha cerimônia de iniciação. E você? Alex soltou um suspiro pesado. – Fui traído por alguém em quem confiava – disse ele. – Fui capturado em uma emboscada. Eles querem informações sobre minha família, mas eu não vou ceder. Antes que pudessem continuar, passos ecoaram pelo calabouço. Enzo entrou na sala, seu olhar cruel e sorriso frio causando um arrepio na espinha de Domenic. – Ora, ora, parece que nossos prisioneiros estão se tornando amigos – disse Enzo, com um tom de deboche na voz. – Que cena tocante. Domenic e Alex trocaram um olhar, um entendimento silencioso passando entre eles. Enzo se aproximou de Domenic, levantando-o pelo colarinho com uma força brutal. – Vamos ver quanto tempo essa amizade vai durar – disse Enzo, empurrando Domenic de volta ao chão. – Temos um longo dia pela frente, garoto. Domenic sabia que mais tortura o aguardava, mas agora ele tinha uma nova força. Ele não estava sozinho. Alex estava lá, uma presença solidária em meio ao caos. Essa conexão, por mais frágil que fosse, dava-lhe um pouco de esperança. Os dias seguintes foram uma mistura de dor e sofrimento, mas também de conversas furtivas entre Domenic e Alex. Eles compartilhavam suas histórias, suas dores e seus medos. Alex tornou-se um mentor para Domenic, ensinando-lhe truques para suportar a dor, para manter a sanidade em meio ao tormento. Durante uma dessas conversas, Alex revelou mais sobre sua família. – A máfia Bartoli é conhecida pela sua lealdade e força – disse ele. – Meu pai sempre me ensinou que, não importa o quão difícil seja a situação, nunca devemos ceder. Devemos ser fortes, por nós mesmos e por aqueles que amamos. Domenic sentiu uma nova determinação crescer dentro dele. Ele pensava em Sofia, em Lorenzo, em Vittorio. Ele sabia que precisava ser forte, que precisava encontrar uma maneira de escapar daquele lugar infernal. Certa noite, enquanto estavam sozinhos nas celas, Alex chamou Domenic em um sussurro. – Ouça, Domenic – disse ele. – Tenho um plano para sair daqui. Não vai ser fácil, mas é a nossa única chance. Precisamos estar prontos para agir no momento certo. Domenic olhou para Alex, vendo a determinação nos olhos do homem. – Estou pronto – respondeu ele, sua voz firme. – O que precisamos fazer? Alex explicou o plano meticulosamente a Domenic, suas palavras sussurradas na escuridão da cela ecoando com uma urgência silenciosa. Eles precisavam esperar pelo momento certo, uma distração que lhes desse uma chance de escapar das garras da máfia Rivale. Seria uma jogada arriscada, mas era a única esperança que tinham de sair daquele inferno vivo. Primeiro, eles identificaram os pontos fracos na segurança do calabouço. Enquanto Alex tinha observado os padrões de movimento dos guardas, Domenic analisou as falhas nas correntes que os prendiam. Era uma pequena esperança, mas suficiente para construir seu plano. Durante dias, eles esperaram pacientemente por uma oportunidade. Finalmente, em uma noite de lua nova, um tumulto estourou nos corredores do calabouço. Gritos ecoaram, seguidos pelo som de lutas e tumulto. Era o momento que eles esperavam. Alex olhou para Domenic com determinação nos olhos. – É agora ou nunca – sussurrou ele. Domenic assentiu, seu coração batendo forte no peito. Eles sabiam que não podiam desperdiçar essa chance. Com movimentos rápidos e precisos, eles conseguiram soltar as correntes enferrujadas que os prendiam. A dor ao mover os músculos exauridos era quase insuportável, mas a adrenalina e a determinação os mantiveram em movimento. Com cuidado silencioso, eles se moveram pelas sombras, evitando os guardas que corriam em direção ao tumulto. O coração de Domenic martelava em seus ouvidos enquanto eles se aproximavam da saída, cada passo um risco calculado entre a liberdade e o perigo iminente. Mas a sorte não estava do seu lado naquela noite. Quando estavam a poucos metros da liberdade, uma voz trovejou atrás deles. – Onde vocês pensam que vão? Era Enzo, segurando uma arma com uma expressão de raiva fria. Domenic e Alex congelaram, sabendo que sua tentativa de fuga tinha sido descoberta. – De volta para suas celas – disse Enzo, sua voz cortante como uma lâmina. Sem opções, Domenic e Alex levantaram as mãos em rendição. Eles haviam perdido, sua esperança de liberdade desfeita no ar gelado do calabouço. Enzo sorriu triunfante, seu olhar ardiloso encontrando o de Domenic. – Eu disse que todos têm um limite, garoto – murmurou ele, antes de ordenar que seus capangas os levassem de volta para suas celas. Domenic sentiu um nó se formar em sua garganta. Eles haviam falhado. A oportunidade de escapar havia escorregado por entre seus dedos, deixando-os presos uma vez mais na escuridão implacável da máfia Rivale. Nos dias que se seguiram, a punição foi severa. Enzo e seus homens redobraram os esforços para quebrar a determinação de Domenic e Alex. Cada método de tortura foi aplicado com uma crueldade calculada, testando os limites de sua resistência física e mental. A cela fria e úmida tornou-se um palco de horrores inimagináveis. Eles foram submetidos a sessões intermináveis de interrogatório, onde cada palavra era uma armadilha, cada resposta um possível pretexto para mais sofrimento. As noites eram longas, e o som de seus próprios gritos se tornou um lembrete constante da situação desesperadora em que se encontravam. Durante o dia, eram forçados a trabalhar até a exaustão, carregando pedras pesadas de um lado para o outro do pátio, sob o sol escaldante que mal penetrava as altas muralhas do calabouço. A comida era escassa e insípida, apenas o suficiente para mantê-los vivos, mas não o bastante para recuperar as forças. Alex, com sua mente astuta, tentava encontrar padrões nas visitas de Enzo, esperando prever quando o próximo golpe viria. Domenic, por outro lado, focava em manter sua sanidade, recitando poesias e canções de sua infância em silêncio, uma tentativa de se agarrar a qualquer vestígio de humanidade que restasse. Eles foram privados do sono, mantidos em celas isoladas, onde a única companhia era o gotejar constante da água que infiltrava pelas rachaduras do teto. A umidade tornou-se uma segunda pele, e o mofo, um aroma permanente em suas narinas. Mas foi a "Sala do Silêncio" que testou verdadeiramente a força de seus espíritos. Uma câmara escura, sem janelas, onde o menor dos sons era absorvido pelas paredes acolchoadas. Lá, a ausência de luz e som era tão opressiva que começaram a questionar a própria existência. A solidão era uma tortura psicológica, um abismo que ameaçava engolir suas almas.Três anos haviam se passado desde que Domenic e Alex foram capturados pela máfia Rivale. O tempo parecia ter congelado naquela prisão escura e sufocante, onde a esperança era um luxo que não podiam mais se dar ao luxo de ter. Domenic, agora com 10 anos de idade, sentia-se como se tivesse vivido uma vida inteira naquele lugar infernal. Ao longo dos anos, ele e Alex haviam montado inúmeros planos de fuga, mas todos haviam fracassado. Enzo e seus capangas eram implacáveis, e qualquer tentativa de escapar era rapidamente frustrada. Mas Domenic se recusava a desistir. Ele lembrava da promessa de Lorenzo, de que um dia viriam buscá-lo. Mas no fundo de seu coração, ele sabia que aquela promessa era vazia, tão vazia quanto as sombras que o cercavam.Naquela noite, Domenic e Alex finalmente decidiram que era hora de tentar novamente. Eles haviam planejado meticulosamente cada detalhe, esperando pela oportunidade perfeita para escapar. Mas, como sempre, o destino tinha outros planos.Enquan
Cinco anos haviam se passado desde que Domenic fora capturado pela máfia Rivale. O tempo transformara-o de um jovem inocente em uma sombra coberta de cicatrizes físicas e emocionais. Cada dia era uma luta pela sobrevivência, uma batalha constante contra a dor e o desespero. Ele se tornara frio e distante, suas emoções seladas dentro de uma armadura de indiferença.Naquele dia fatídico, algo dentro de Domenic se quebrou. Ele sentiu a fúria borbulhando sob a superfície, uma energia pulsante que ansiava por ser liberada. Era como se um animal enjaulado finalmente tivesse encontrado uma brecha para escapar.Em um acesso de fúria e desespero, Domenic começou a lutar. Cada golpe, cada movimento era impulsionado pela dor e pela raiva acumuladas ao longo dos anos. Ele avançou pelos corredores escuros da prisão, enfrentando os capangas da máfia Rivale com uma ferocidade que surpreendeu até a si mesmo.Os corredores ecoavam com o som dos gritos e dos gemidos dos homens que se atreviam a cruzar
Domenic e Alex avançaram pelos corredores da mansão Bartoli com cautela, observando cada movimento ao seu redor. A atmosfera ali era diferente da prisão sufocante da máfia Rivale; havia uma tensão controlada, uma ordem que pairava no ar como um manto.O pai de Alex, Don Bartoli, os esperava em seu escritório. Era um homem de presença imponente, com olhos que pareciam ler a alma de qualquer um que entrasse em sua sala. Ele recebeu Domenic com um aceno calmo, mas penetrante, como se soubesse exatamente quem ele era e o que havia passado.— Alex me contou sobre você, Domenic — disse Don Bartoli, sua voz profunda e tranquila.— Você passou por muitas provações. Está seguro aqui agora.Domenic assentiu, sentindo um misto de alívio e tensão. Ele sabia que ainda não estava totalmente seguro, mesmo sob a proteção de Bartoli. A vida na máfia era implacável, e ele havia aprendido da pior forma o que acontecia com aqueles que abaixavam a guarda.— Obrigado por me acolher, Don Bartoli. Prometo qu
Domenic mergulhou profundamente nos ensinamentos da família Bartoli. Sob a tutela do pai de Alex, ele absorveu cada lição com dedicação implacável, transformando a dor de seu passado em uma força motriz para seu futuro. Seus dias eram preenchidos com treinamentos árduos, estudos de estratégia e imersão nos códigos de honra da máfia.Enquanto isso, o espectro de Enzo Rivale pairava sobre ele como uma sombra ameaçadora. Domenic não sabia quando ou como o confronto aconteceria, mas sabia que estava se preparando meticulosamente para esse dia inevitável. Cada músculo treinado, cada estratégia planejada, era uma preparação silenciosa para o embate que mudaria o curso de sua vida mais uma vez.Nos momentos de solidão, Domenic refletia sobre o que tinha perdido e o que ganhara desde que escapara da prisão de Enzo. Ele sentia uma profunda gratidão pela família Bartoli, que o acolhera quando ele mais precisava. Alex tornara-se mais do que um amigo; era um irmão de armas, um companheiro cuja co
Domenic, agora com 20 anos de idade, tinha se tornado uma figura proeminente na máfia Bartoli. Seu talento e habilidade o haviam elevado ao posto de braço direito de Alex Bartoli, que se tornara o novo capo da família. Os anos de treinamento e experiência haviam moldado Domenic não apenas fisicamente, mas também em termos de liderança e estratégia.Na véspera da cerimônia em que Alex seria oficialmente entronizado como capo, Domenic estava ocupado coordenando os últimos preparativos. Ele era conhecido dentro da família como "O Executor", um título conquistado por sua habilidade em resolver problemas de forma decisiva e eficaz.Na manhã da cerimônia, enquanto supervisionava a segurança e a logística do evento, Domenic avistou Lorenzo, seu antigo mentor, entre os convidados. A lembrança das palavras não cumpridas de Lorenzo ainda queimava em sua mente. Quando Lorenzo se aproximou com um sorriso amistoso, Domenic se manteve reservado e frio.— Domenic, meu rapaz, como você cresceu — diss
Nos corredores silenciosos da majestosa mansão Castellano, cujas paredes de pedra testemunhavam séculos de glória e obscuridade, o mordomo Vittorio percorria seu caminho com a elegância de um monarca solitário em seu reino sombrio. Seu rosto, esculpido pelas rugas do tempo e pela dor silenciosa, refletia a serenidade de quem conhecia os segredos mais profundos daquele lugar.Desde os tempos imemoriais, a mansão Castellano era o epicentro do poder e da intriga na região, um bastião sombrio onde as lealdades eram tão frágeis quanto a própria vida. E, no coração desse império de trevas, estava a família Castellano, cujo nome ecoava como um sinônimo de terror e respeito.Foi nesse cenário de grandiosidade e desolação que Giovanni e Isabella Castellano, os soberanos daquela fortaleza, tomaram uma decisão que moldaria o destino de seus filhos para sempre. Com apenas cinco anos de idade, Domenic, o primogênito, e sua irmã mais nova, Sofia, foram deixados aos cuidados de Vittorio, o fiel mord
A luz do sol filtrava-se pelas altas janelas com vitrais da mansão Castellano, desenhando padrões intricados no chão de mármore polido. O silêncio matinal era quebrado apenas pelo canto distante dos pássaros, criando uma atmosfera de tranquilidade que contrastava fortemente com o destino sombrio que aguardava o jovem Domenic Castellano. A vastidão da propriedade, cercada por densos bosques e colinas ondulantes, conferia uma sensação de isolamento absoluto, uma prisão dourada para o herdeiro de uma das famílias mafiosas mais poderosas da Itália.Vittorio, o mordomo fiel, estava na cozinha preparando o café da manhã para Domenic e Sofia. O aroma de café fresco e pão recém-assado preenchia o ar, criando um contraste reconfortante com o peso da responsabilidade que pairava sobre seus ombros. Vittorio sabia que, apesar da aparência serena da manhã, aquele dia marcaria o início de uma jornada árdua para Domenic.Domenic, com seus cinco anos, já demonstrava uma curiosidade inquieta e uma int
Enquanto a primavera avançava, o vento suave carregava o aroma das flores que começavam a desabrochar nos jardins da mansão Castellano. No entanto, dentro das paredes sombrias da mansão, a atmosfera era pesada com o peso da responsabilidade e do treinamento incansável. Domenic, agora com quase seis anos, enfrentava cada dia com uma determinação feroz, absorvendo cada lição como se sua vida dependesse disso – e, de certa forma, dependia.O treinamento de Domenic havia evoluído significativamente. Seus movimentos com o bastão de madeira tinham se tornado fluidos e precisos, e Lorenzo decidiu que era hora de introduzir armas mais reais e letais. A primeira arma que Domenic aprenderia a manejar era uma adaga, escolhida por sua versatilidade e facilidade de uso em combate corpo a corpo.Lorenzo colocou a adaga na mão de Domenic, seu olhar grave e firme. O peso frio do metal na mão pequena de Domenic era um lembrete constante da seriedade de seu treinamento.– A adaga, Domenic – começou Lor