Enquanto a primavera avançava, o vento suave carregava o aroma das flores que começavam a desabrochar nos jardins da mansão Castellano. No entanto, dentro das paredes sombrias da mansão, a atmosfera era pesada com o peso da responsabilidade e do treinamento incansável. Domenic, agora com quase seis anos, enfrentava cada dia com uma determinação feroz, absorvendo cada lição como se sua vida dependesse disso – e, de certa forma, dependia.
O treinamento de Domenic havia evoluído significativamente. Seus movimentos com o bastão de madeira tinham se tornado fluidos e precisos, e Lorenzo decidiu que era hora de introduzir armas mais reais e letais. A primeira arma que Domenic aprenderia a manejar era uma adaga, escolhida por sua versatilidade e facilidade de uso em combate corpo a corpo.
Lorenzo colocou a adaga na mão de Domenic, seu olhar grave e firme. O peso frio do metal na mão pequena de Domenic era um lembrete constante da seriedade de seu treinamento.
– A adaga, Domenic – começou Lorenzo, sua voz ressoando com autoridade – é uma extensão de sua vontade. Deve ser empunhada com precisão e intenção. Cada movimento deve ser calculado, cada golpe decisivo.
Domenic assentiu, absorvendo as palavras de Lorenzo. Ele começou praticando os movimentos básicos: estocadas, cortes e defesas. Os primeiros dias foram repletos de erros e falhas, mas a determinação de Domenic nunca vacilou. Ele praticava incansavelmente, repetindo os movimentos até que se tornassem quase automáticos.
Vittorio observava esses treinos com um olhar atento e preocupado. Ele sabia que Domenic precisava ser forte e habilidoso, mas a rapidez com que ele se adaptava ao uso de armas letais era perturbadora. Ainda assim, Vittorio estava sempre presente, oferecendo orientação e apoio moral, garantindo que Domenic nunca perdesse de vista os valores que deveriam guiá-lo.
Além do treinamento com a adaga, Lorenzo introduziu Domenic ao uso de outras armas. Ele aprendeu a manejar uma espada curta, a usar um arco e flechas, e até a lutar com lanças. Cada nova arma apresentava seus próprios desafios, mas Domenic abordava cada um deles com a mesma determinação e foco.
– Lembre-se, Domenic – disse Lorenzo durante uma sessão de treino com a espada
– A arma é apenas uma ferramenta. O verdadeiro poder vem de dentro de você. Controle a arma, e não deixe que ela te controle.
Essas palavras ressoavam profundamente em Domenic. Ele praticava não apenas a técnica, mas também a disciplina mental necessária para controlar seu corpo e suas emoções em combate. Ele aprendeu a manter a calma sob pressão, a pensar claramente mesmo quando a adrenalina corria por suas veias.
Paralelamente ao treinamento físico, Domenic também se dedicava a seus estudos acadêmicos. A vasta biblioteca da mansão era um tesouro de conhecimento, e ele passava horas lendo sobre táticas militares, história e política. Ele também começou a estudar vários idiomas, com a ajuda de Vittorio, que era fluente em vários deles.
– Conhecimento é poder, Domenic – dizia Vittorio, enquanto o ajudava a decifrar textos em latim e grego antigo.
– Quanto mais você souber, melhor preparado estará para enfrentar qualquer desafio.
Domenic dominava rapidamente o italiano, o inglês e o francês, e estava começando a aprender espanhol e russo. Ele sabia que, no mundo em que estava sendo preparado para entrar, a habilidade de se comunicar em várias línguas seria uma vantagem crucial.
Enquanto o aniversário de seis anos de Domenic se aproximava, ele sentia uma mistura de excitação e apreensão. Ele sabia que algo significativo estava por vir, algo que marcaria um ponto de virada em sua vida. Seus treinos intensificaram-se, e Lorenzo começou a falar mais frequentemente sobre a necessidade de estar preparado para qualquer eventualidade.
– A qualquer momento, você pode ser chamado para provar seu valor, Domenic – disse Lorenzo em uma manhã fria de outono.
– Você deve estar pronto para enfrentar qualquer desafio, para fazer o que for necessário para proteger aqueles que ama.
Essas palavras ecoavam na mente de Domenic enquanto ele treinava. Ele sabia que o momento de sua primeira verdadeira prova estava se aproximando, e ele queria estar preparado para enfrentá-lo com coragem e habilidade.
Finalmente, o dia de seu aniversário chegou. A mansão estava envolta em uma atmosfera sombria e tensa. Vittorio preparou um café da manhã especial para Domenic e Sofia, tentando trazer um pouco de normalidade àquele dia significativo.
– Feliz aniversário, Domenic – disse Vittorio, colocando um prato de panquecas na frente dele.
– Hoje é um dia importante para você.
Domenic agradeceu, seu olhar sério refletindo a importância do dia. Ele sabia que aquele não seria um aniversário comum, e sua mente estava focada no que estava por vir.
Após o café da manhã, Lorenzo chamou Domenic para uma sala privada. Lá, havia uma mesa com várias armas dispostas cuidadosamente. Lorenzo olhou para Domenic, sua expressão grave.
– Domenic – começou ele, pegando uma adaga da mesa e entregando-a a ele – hoje você será testado de uma maneira que nunca foi antes. Você deve estar preparado para fazer o que for necessário.
Domenic segurou a adaga com firmeza, sentindo o peso da responsabilidade que ela representava. Ele olhou para Lorenzo, seu olhar determinado.
– Estou pronto, Lorenzo – disse ele com convicção.
Lorenzo assentiu e conduziu Domenic até uma sala nos fundos da mansão. Lá, um homem estava amarrado a uma cadeira, com um olhar de medo e desespero em seus olhos. Domenic sentiu uma onda de apreensão, mas também uma determinação feroz para provar seu valor.
– Este homem – disse Lorenzo, apontando para o prisioneiro – é um traidor. Ele tentou trair nossa família e deve ser punido. Esta é sua tarefa, Domenic. Você deve fazer o que for necessário.
Domenic olhou para o homem, sentindo uma mistura de emoções conflitantes. Ele sabia que este era um teste crucial, uma prova de sua lealdade e determinação. Com a adaga em mão, ele se aproximou do prisioneiro, tentando ignorar o medo e a culpa que ameaçavam invadi-lo.
– Lembre-se do que aprendeu, Domenic – disse Lorenzo, sua voz firme.
– Controle suas emoções. Seja preciso. Seja decisivo.
Domenic respirou fundo, encontrando aquele ponto de calma dentro de si. Ele levantou a adaga, sentindo o peso do momento. Com um movimento rápido e preciso, ele fez o que precisava ser feito.
O silêncio que se seguiu foi pesado e opressivo. Domenic olhou para o corpo inerte do prisioneiro, sentindo uma onda de náusea e culpa. Ele havia cruzado uma linha, havia dado um passo irreversível em sua jornada.
Lorenzo colocou uma mão reconfortante em seu ombro.
– Você fez o que precisava ser feito, Domenic – disse ele suavemente.
– Esta é a realidade de nosso mundo. Você demonstrou coragem e determinação. Lembre-se disso.
Domenic assentiu, tentando processar a enormidade do que acabara de acontecer. Ele sabia que aquele momento o mudara para sempre, que ele nunca mais seria o mesmo. Mas também sabia que havia dado um passo crucial em sua jornada, que estava mais perto de se tornar o guerreiro que precisava ser.
Os dias que se seguiram foram difíceis para Domenic. Ele treinava com mais intensidade, tentando se distrair da culpa que o assombrava. Ele sabia que havia tomado uma vida, que havia feito algo irreversível. Mas também sabia que essa era a realidade de seu mundo, que ele precisava ser forte para proteger aqueles que amava.
Vittorio percebeu a mudança em Domenic e ofereceu seu apoio silencioso, garantindo que ele soubesse que não estava sozinho. Ele continuou a guiá-lo, ensinando-lhe a importância do equilíbrio entre força e compaixão, entre poder e responsabilidade.
A manhã estava envolta em uma névoa suave quando Domenic saiu para o pátio da mansão, onde o treinamento diário estava prestes a começar. Ele havia passado os últimos meses mergulhado em um regime rigoroso de treinamento físico e mental, aprimorando suas habilidades de combate e desenvolvendo uma disciplina férrea. A determinação de Domenic se refletia em cada movimento, em cada golpe que praticava.Lorenzo estava no centro do pátio, aguardando-o com uma expressão séria. Ele segurava duas espadas de madeira, entregando uma a Domenic assim que ele se aproximou. O garoto segurou a espada com firmeza, seus olhos fixos no mentor.– Hoje – disse Lorenzo, ajustando a posição da espada – vamos testar tudo o que você aprendeu até agora. Estarei lutando com você, então não se contenha.Domenic assentiu, ciente da importância daquele momento. Ele estava ansioso para mostrar a Lorenzo o quanto havia evoluído, mas também sabia que seria uma luta difícil. Lorenzo era um guerreiro experiente, e Dom
O sol nascente lançava um brilho dourado sobre a vasta mansão e seus terrenos. O dia começava como qualquer outro, mas havia uma tensão no ar que Domenic não conseguia identificar. Vittorio e Lorenzo estavam especialmente silenciosos, e havia uma gravidade nas ações de todos ao seu redor.Lorenzo chamou Domenic ao pátio, mas, desta vez, o cenário era diferente. Em vez do campo aberto onde treinavam, havia uma pequena cabana de madeira, robusta e imponente, isolada do resto da propriedade. Lorenzo estava esperando na entrada, sua expressão era sombria.– Entre, Domenic – disse ele, sua voz baixa e séria. Domenic obedeceu, sentindo um calafrio percorrer sua espinha.Dentro da cabana, o ambiente era austero. Havia uma cadeira de metal no centro da sala, correntes pendendo do teto e paredes reforçadas. Domenic olhou para Lorenzo, confuso e um pouco apreensivo.– O que é isso, Lorenzo? – perguntou ele, tentando manter a calma.Lorenzo fechou a porta atrás de si, o som do tranco ecoando pel
A noite caíra sobre a mansão da família Castellano, envolvendo tudo em um manto de escuridão. Domenic estava sozinho em seu quarto, deitado em sua cama com o corpo dorido e cansado. As feridas infligidas por Lorenzo ainda latejavam, cada movimento era uma agonia agonizante que o consumia por dentro.Lorenzo e Vittorio não haviam cuidado dele, deixando-o à mercê de suas próprias dores. Domenic estava acostumado a cuidar de si mesmo, mas desta vez, a dor era insuportável. Ele se contorcia na cama, gemendo baixinho com cada movimento.Enquanto a noite avançava, Domenic mergulhou em um estado de semi-consciência, sua mente oscilando entre a realidade e a escuridão. Ele teve vislumbres de seus pais, Giovanni e Isabella, mas não eram lembranças reconfortantes. Em vez disso, eram imagens distorcidas, distorcidas pelo peso de sua ausência e traição. Seus rostos estavam cobertos por sombras, suas vozes sussurravam palavras de desdém e desapontamento.Domenic tentou afastar as alucinações, mas
O sol brilhava alto no céu da Itália, banhando a mansão Castellano em uma luz dourada. Era o dia 16 de agosto de 2009, um dia que ficaria gravado na memória de Domenic para sempre. Ele estava prestes a completar sete anos e, para celebrar esse marco, uma cerimônia de iniciação na máfia estava marcada.Domenic estava vestido impecavelmente em um terno sob medida, seu coração pulsando com uma mistura de excitação e nervosismo. Ele sabia que este dia marcaria sua entrada oficial no mundo sombrio e perigoso da máfia italiana.Ao seu lado, Lorenzo observava com um olhar sério e calculista. Ele era o mentor de Domenic, o homem que o havia treinado nas artes da máfia. Domenic admirava e temia Lorenzo em igual medida, sabendo que ele era tanto um guia quanto um desafio.Enquanto a cerimônia começava, Domenic sentiu um nó se formar em sua garganta. Sua família deveria estar presente para testemunhar esse momento importante em sua vida, mas eles estavam ausentes. Um vazio o consumia, uma sensaç
O lugar onde Domenic foi levado era um esconderijo subterrâneo da máfia Rivale, escondido nas profundezas das colinas sicilianas. O ar era pesado e úmido, o ambiente repleto de uma escuridão opressiva que parecia absorver qualquer vestígio de esperança. Domenic acordou em um calabouço frio e sujo, cercado por várias celas onde outros homens estavam presos. A visão era desoladora, com rostos pálidos e olhos vazios olhando para ele por entre as barras enferrujadas.Ele estava exausto, o corpo ainda latejando de dor dos eventos que haviam ocorrido. Suas roupas estavam rasgadas, quase inexistentes, mal cobrindo sua pele. O chão de pedra estava frio sob seu corpo, aumentando a sensação de desolação.De repente, um jato de água fria o atingiu com força, fazendo-o despertar completamente. Ele ofegou, seus músculos tensos com o choque da água gelada. Ao abrir os olhos, viu um homem alto e musculoso parado à sua frente, segurando um balde vazio. O homem tinha um sorriso cruel nos lábios e olho
Domenic acordou deitado no chão frio e úmido da cela. Seus músculos doíam, e seu corpo estava coberto de hematomas e feridas que não tinham tido tempo de cicatrizar. Ele sabia que havia passado semanas naquela prisão infernal, um período de tortura e sofrimento que parecia interminável.Enquanto lutava para se levantar, ele notou uma figura na cela à sua frente. Era um homem jovem, talvez com uns 20 anos, com o corpo marcado por cicatrizes. O olhar do homem era intenso e indecifrável, observando Domenic com uma curiosidade mista com desconfiança.Domenic sentiu uma estranha conexão com aquele homem. Ambos estavam presos naquele lugar terrível, ambos sofrendo nas mãos de Enzo e da máfia Rivale. Decidido a quebrar o silêncio, Domenic levantou a cabeça e falou, sua voz rouca e fraca.– Quem é você? – perguntou Domenic, forçando-se a manter a voz firme.O homem hesitou por um momento antes de responder.– Meu nome é Alessandro, mas pode me chamar de Alex – disse ele, sua voz grave e firme
Três anos haviam se passado desde que Domenic e Alex foram capturados pela máfia Rivale. O tempo parecia ter congelado naquela prisão escura e sufocante, onde a esperança era um luxo que não podiam mais se dar ao luxo de ter. Domenic, agora com 10 anos de idade, sentia-se como se tivesse vivido uma vida inteira naquele lugar infernal. Ao longo dos anos, ele e Alex haviam montado inúmeros planos de fuga, mas todos haviam fracassado. Enzo e seus capangas eram implacáveis, e qualquer tentativa de escapar era rapidamente frustrada. Mas Domenic se recusava a desistir. Ele lembrava da promessa de Lorenzo, de que um dia viriam buscá-lo. Mas no fundo de seu coração, ele sabia que aquela promessa era vazia, tão vazia quanto as sombras que o cercavam.Naquela noite, Domenic e Alex finalmente decidiram que era hora de tentar novamente. Eles haviam planejado meticulosamente cada detalhe, esperando pela oportunidade perfeita para escapar. Mas, como sempre, o destino tinha outros planos.Enquan
Cinco anos haviam se passado desde que Domenic fora capturado pela máfia Rivale. O tempo transformara-o de um jovem inocente em uma sombra coberta de cicatrizes físicas e emocionais. Cada dia era uma luta pela sobrevivência, uma batalha constante contra a dor e o desespero. Ele se tornara frio e distante, suas emoções seladas dentro de uma armadura de indiferença.Naquele dia fatídico, algo dentro de Domenic se quebrou. Ele sentiu a fúria borbulhando sob a superfície, uma energia pulsante que ansiava por ser liberada. Era como se um animal enjaulado finalmente tivesse encontrado uma brecha para escapar.Em um acesso de fúria e desespero, Domenic começou a lutar. Cada golpe, cada movimento era impulsionado pela dor e pela raiva acumuladas ao longo dos anos. Ele avançou pelos corredores escuros da prisão, enfrentando os capangas da máfia Rivale com uma ferocidade que surpreendeu até a si mesmo.Os corredores ecoavam com o som dos gritos e dos gemidos dos homens que se atreviam a cruzar