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Capítulo 3: Ferramentas da Escuridão

Enquanto a primavera avançava, o vento suave carregava o aroma das flores que começavam a desabrochar nos jardins da mansão Castellano. No entanto, dentro das paredes sombrias da mansão, a atmosfera era pesada com o peso da responsabilidade e do treinamento incansável. Domenic, agora com quase seis anos, enfrentava cada dia com uma determinação feroz, absorvendo cada lição como se sua vida dependesse disso – e, de certa forma, dependia.

O treinamento de Domenic havia evoluído significativamente. Seus movimentos com o bastão de madeira tinham se tornado fluidos e precisos, e Lorenzo decidiu que era hora de introduzir armas mais reais e letais. A primeira arma que Domenic aprenderia a manejar era uma adaga, escolhida por sua versatilidade e facilidade de uso em combate corpo a corpo.

Lorenzo colocou a adaga na mão de Domenic, seu olhar grave e firme. O peso frio do metal na mão pequena de Domenic era um lembrete constante da seriedade de seu treinamento.

– A adaga, Domenic – começou Lorenzo, sua voz ressoando com autoridade – é uma extensão de sua vontade. Deve ser empunhada com precisão e intenção. Cada movimento deve ser calculado, cada golpe decisivo.

Domenic assentiu, absorvendo as palavras de Lorenzo. Ele começou praticando os movimentos básicos: estocadas, cortes e defesas. Os primeiros dias foram repletos de erros e falhas, mas a determinação de Domenic nunca vacilou. Ele praticava incansavelmente, repetindo os movimentos até que se tornassem quase automáticos.

Vittorio observava esses treinos com um olhar atento e preocupado. Ele sabia que Domenic precisava ser forte e habilidoso, mas a rapidez com que ele se adaptava ao uso de armas letais era perturbadora. Ainda assim, Vittorio estava sempre presente, oferecendo orientação e apoio moral, garantindo que Domenic nunca perdesse de vista os valores que deveriam guiá-lo.

Além do treinamento com a adaga, Lorenzo introduziu Domenic ao uso de outras armas. Ele aprendeu a manejar uma espada curta, a usar um arco e flechas, e até a lutar com lanças. Cada nova arma apresentava seus próprios desafios, mas Domenic abordava cada um deles com a mesma determinação e foco.

– Lembre-se, Domenic – disse Lorenzo durante uma sessão de treino com a espada

– A arma é apenas uma ferramenta. O verdadeiro poder vem de dentro de você. Controle a arma, e não deixe que ela te controle.

Essas palavras ressoavam profundamente em Domenic. Ele praticava não apenas a técnica, mas também a disciplina mental necessária para controlar seu corpo e suas emoções em combate. Ele aprendeu a manter a calma sob pressão, a pensar claramente mesmo quando a adrenalina corria por suas veias.

Paralelamente ao treinamento físico, Domenic também se dedicava a seus estudos acadêmicos. A vasta biblioteca da mansão era um tesouro de conhecimento, e ele passava horas lendo sobre táticas militares, história e política. Ele também começou a estudar vários idiomas, com a ajuda de Vittorio, que era fluente em vários deles.

– Conhecimento é poder, Domenic – dizia Vittorio, enquanto o ajudava a decifrar textos em latim e grego antigo.

– Quanto mais você souber, melhor preparado estará para enfrentar qualquer desafio.

Domenic dominava rapidamente o italiano, o inglês e o francês, e estava começando a aprender espanhol e russo. Ele sabia que, no mundo em que estava sendo preparado para entrar, a habilidade de se comunicar em várias línguas seria uma vantagem crucial.

Enquanto o aniversário de seis anos de Domenic se aproximava, ele sentia uma mistura de excitação e apreensão. Ele sabia que algo significativo estava por vir, algo que marcaria um ponto de virada em sua vida. Seus treinos intensificaram-se, e Lorenzo começou a falar mais frequentemente sobre a necessidade de estar preparado para qualquer eventualidade.

– A qualquer momento, você pode ser chamado para provar seu valor, Domenic – disse Lorenzo em uma manhã fria de outono.

– Você deve estar pronto para enfrentar qualquer desafio, para fazer o que for necessário para proteger aqueles que ama.

Essas palavras ecoavam na mente de Domenic enquanto ele treinava. Ele sabia que o momento de sua primeira verdadeira prova estava se aproximando, e ele queria estar preparado para enfrentá-lo com coragem e habilidade.

Finalmente, o dia de seu aniversário chegou. A mansão estava envolta em uma atmosfera sombria e tensa. Vittorio preparou um café da manhã especial para Domenic e Sofia, tentando trazer um pouco de normalidade àquele dia significativo.

– Feliz aniversário, Domenic – disse Vittorio, colocando um prato de panquecas na frente dele.

– Hoje é um dia importante para você.

Domenic agradeceu, seu olhar sério refletindo a importância do dia. Ele sabia que aquele não seria um aniversário comum, e sua mente estava focada no que estava por vir.

Após o café da manhã, Lorenzo chamou Domenic para uma sala privada. Lá, havia uma mesa com várias armas dispostas cuidadosamente. Lorenzo olhou para Domenic, sua expressão grave.

– Domenic – começou ele, pegando uma adaga da mesa e entregando-a a ele – hoje você será testado de uma maneira que nunca foi antes. Você deve estar preparado para fazer o que for necessário.

Domenic segurou a adaga com firmeza, sentindo o peso da responsabilidade que ela representava. Ele olhou para Lorenzo, seu olhar determinado.

– Estou pronto, Lorenzo – disse ele com convicção.

Lorenzo assentiu e conduziu Domenic até uma sala nos fundos da mansão. Lá, um homem estava amarrado a uma cadeira, com um olhar de medo e desespero em seus olhos. Domenic sentiu uma onda de apreensão, mas também uma determinação feroz para provar seu valor.

– Este homem – disse Lorenzo, apontando para o prisioneiro – é um traidor. Ele tentou trair nossa família e deve ser punido. Esta é sua tarefa, Domenic. Você deve fazer o que for necessário.

Domenic olhou para o homem, sentindo uma mistura de emoções conflitantes. Ele sabia que este era um teste crucial, uma prova de sua lealdade e determinação. Com a adaga em mão, ele se aproximou do prisioneiro, tentando ignorar o medo e a culpa que ameaçavam invadi-lo.

– Lembre-se do que aprendeu, Domenic – disse Lorenzo, sua voz firme.

– Controle suas emoções. Seja preciso. Seja decisivo.

Domenic respirou fundo, encontrando aquele ponto de calma dentro de si. Ele levantou a adaga, sentindo o peso do momento. Com um movimento rápido e preciso, ele fez o que precisava ser feito.

O silêncio que se seguiu foi pesado e opressivo. Domenic olhou para o corpo inerte do prisioneiro, sentindo uma onda de náusea e culpa. Ele havia cruzado uma linha, havia dado um passo irreversível em sua jornada.

Lorenzo colocou uma mão reconfortante em seu ombro.

– Você fez o que precisava ser feito, Domenic – disse ele suavemente.

– Esta é a realidade de nosso mundo. Você demonstrou coragem e determinação. Lembre-se disso.

Domenic assentiu, tentando processar a enormidade do que acabara de acontecer. Ele sabia que aquele momento o mudara para sempre, que ele nunca mais seria o mesmo. Mas também sabia que havia dado um passo crucial em sua jornada, que estava mais perto de se tornar o guerreiro que precisava ser.

Os dias que se seguiram foram difíceis para Domenic. Ele treinava com mais intensidade, tentando se distrair da culpa que o assombrava. Ele sabia que havia tomado uma vida, que havia feito algo irreversível. Mas também sabia que essa era a realidade de seu mundo, que ele precisava ser forte para proteger aqueles que amava.

Vittorio percebeu a mudança em Domenic e ofereceu seu apoio silencioso, garantindo que ele soubesse que não estava sozinho. Ele continuou a guiá-lo, ensinando-lhe a importância do equilíbrio entre força e compaixão, entre poder e responsabilidade.

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