Capítulo 7: O Dia da Iniciação

O sol brilhava alto no céu da Itália, banhando a mansão Castellano em uma luz dourada. Era o dia 16 de agosto de 2009, um dia que ficaria gravado na memória de Domenic para sempre. Ele estava prestes a completar sete anos e, para celebrar esse marco, uma cerimônia de iniciação na máfia estava marcada.

Domenic estava vestido impecavelmente em um terno sob medida, seu coração pulsando com uma mistura de excitação e nervosismo. Ele sabia que este dia marcaria sua entrada oficial no mundo sombrio e perigoso da máfia italiana.

Ao seu lado, Lorenzo observava com um olhar sério e calculista. Ele era o mentor de Domenic, o homem que o havia treinado nas artes da máfia. Domenic admirava e temia Lorenzo em igual medida, sabendo que ele era tanto um guia quanto um desafio.

Enquanto a cerimônia começava, Domenic sentiu um nó se formar em sua garganta. Sua família deveria estar presente para testemunhar esse momento importante em sua vida, mas eles estavam ausentes. Um vazio o consumia, uma sensação de abandono que ele lutava para superar.

Lorenzo colocou uma mão reconfortante em seu ombro, transmitindo silenciosamente sua aprovação e apoio. Domenic se endireitou, determinado a não deixar sua ausência o afetar.

Quando chegou a sua vez de falar, Domenic ergueu a cabeça com orgulho, suas palavras ecoando pela sala com uma determinação firme.

– Eu recito o legado da máfia Castellano – começou ele, sua voz ressoando com uma confiança que ele mal sentia.

– Um legado de poder, lealdade e respeito. Um legado que honra aqueles que vieram antes de mim e guia aqueles que virão depois. Eu prometo lealdade à família, coragem diante do perigo e justiça em todas as minhas ações. Este é o legado que eu aceito, o fardo que eu carrego com honra e dever.

Seu discurso foi recebido com aplausos respeitosos, mas Domenic mal ouviu. Seu coração estava pesado com a ausência de sua família, uma dor que parecia cortar mais fundo do que qualquer faca.

Lorenzo então se aproximou com uma adaga cerimonial. Sem hesitar, ele segurou a mão de Domenic e fez um corte firme na palma, permitindo que o sangue gotejasse no chão, um símbolo de seu compromisso com a família Castellano. Domenic apertou os dentes contra a dor, determinado a não mostrar fraqueza.

– Sangue pelo sangue – disse Lorenzo solenemente.

– Que este laço nunca se quebre.

Em seguida, Lorenzo pegou um ferro quente, cujo extremo exibia o símbolo da máfia Castellano. Ele pressionou o ferro contra a pele de Domenic, deixando uma marca permanente. Domenic sentiu uma dor lancinante, mas manteve-se firme, consciente do significado profundo daquele ato.

– Esta marca – continuou Lorenzo – simboliza sua lealdade eterna e indelével à família Castellano. Carregue-a com orgulho.

Domenic assentiu, lutando contra a dor intensa que se espalhava por seu braço. O ritual havia terminado, e ele agora era oficialmente parte da máfia Castellano. Mas antes que pudesse processar completamente o significado desse momento, uma comoção súbita tomou conta do local.

O som de pneus cantando no asfalto e gritos abafados preencheu o ar. Portas foram arrombadas e homens armados invadiram a mansão. Domenic foi pego de surpresa, seu corpo ainda frágil e dolorido pela iniciação.

Lorenzo se ergueu, sua expressão se tornando feroz e determinada. 

– Fique atrás de mim, Domenic – ordenou ele, empunhando uma arma.

– Não importa o que aconteça, não saia da minha vista.

A tensão no ar era palpável. Domenic podia ouvir o som dos próprios batimentos cardíacos, martelando em seus ouvidos. A confusão e o pânico misturavam-se com a dor ardente da marca em sua mão, recém-cauterizada.

De repente, a porta da sala foi arrombada com um estrondo ensurdecedor. Vários homens da máfia Rivale invadiram, suas armas brilhando sob a luz do sol que entrava pelas janelas. A rivalidade entre as famílias Castellano e Rivale era antiga e sangrenta. Lorenzo sabia que eles não estavam ali para negociar.

– Afaste-se, garoto! – gritou um dos invasores, apontando sua arma para Domenic.

Lorenzo se moveu com a rapidez de um raio, empurrando Domenic para trás enquanto disparava sua arma. Os tiros ressoaram na sala, ecoando como trovões. Domenic se encolheu, protegendo a cabeça, tentando manter-se fora da linha de fogo.

– Não toquem nele! – berrou Lorenzo, sua voz rouca de fúria.

Mas os números estavam contra ele. Lorenzo lutou bravamente, mas os homens da máfia Rivale eram muitos. Ele derrubou dois, três, mas logo foi dominado. Domenic assistia com horror enquanto seu mentor caía, seus gritos de raiva transformando-se em grunhidos de dor.

– Lorenzo! – gritou Domenic, sua voz quebrada pelo desespero.

Antes que Lorenzo pudesse reagir, um dos captores de Domenic se aproximou, agarrando-o com força. Domenic tentou lutar, batendo e chutando, mas o homem era implacável. 

– Fique quieto, pirralho! – rosnou o homem, apertando os braços de Domenic com força suficiente para deixar marcas.

Domenic olhou para Lorenzo, seus olhos suplicando por ajuda. Mas Lorenzo estava sendo segurado por dois homens, seu rosto contorcido de dor e frustração.

– Domenic! – Lorenzo gritou, sua voz desesperada.

– Eu vou encontrá-lo, não importa onde eles o levem! Eu prometo!

Domenic tentou responder, mas foi puxado bruscamente para fora da sala. Seus gritos de terror e desespero ecoaram pelos corredores da mansão.

– Me soltem! – ele gritou, suas palavras sendo sufocadas pelo medo.

– Lorenzo! Vittorio!

Sua visão ficou turva com as lágrimas enquanto era arrastado para fora da mansão. Cada passo parecia um golpe no coração, a certeza de que nunca mais veria aquele lugar da mesma maneira.

Enquanto era forçado a entrar em uma van preta, Domenic olhou pela última vez para a mansão Castellano. A imagem de Lorenzo sendo subjugado, de Vittorio assistindo impotente, gravou-se em sua mente.

O motor da van rugiu e, com um solavanco, eles partiram. Domenic sentiu a opressão do desconhecido pesar sobre ele. Seu mundo havia mudado para sempre, e ele estava prestes a entrar em uma nova fase de sua vida, marcada por dor, perda e uma luta implacável pela sobrevivência.

Dentro da van, o silêncio era esmagador. Domenic olhou ao redor, seus olhos encontrando os rostos frios e impiedosos de seus captores. Ele sabia que estava sozinho, mas também sabia que a promessa de Lorenzo ecoava em seu coração. Não importava o que acontecesse, ele sobreviveria. Ele lutaria. E um dia, ele encontraria seu caminho de volta.

– Vamos ver o que o jovem Castellano tem a oferecer – murmurou um dos homens, um sorriso cruel se espalhando em seu rosto.

Enquanto a van avançava pela estrada, Domenic jurou para si mesmo que encontraria uma maneira de escapar. Ele se agarraria à promessa de Lorenzo, à memória de Sofia e à força que tinha aprendido a cultivar. No fundo de seu coração, ele sabia que não estava sozinho. E isso, por enquanto, era o suficiente para mantê-lo forte.

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