O lugar onde Domenic foi levado era um esconderijo subterrâneo da máfia Rivale, escondido nas profundezas das colinas sicilianas. O ar era pesado e úmido, o ambiente repleto de uma escuridão opressiva que parecia absorver qualquer vestígio de esperança. Domenic acordou em um calabouço frio e sujo, cercado por várias celas onde outros homens estavam presos. A visão era desoladora, com rostos pálidos e olhos vazios olhando para ele por entre as barras enferrujadas.
Ele estava exausto, o corpo ainda latejando de dor dos eventos que haviam ocorrido. Suas roupas estavam rasgadas, quase inexistentes, mal cobrindo sua pele. O chão de pedra estava frio sob seu corpo, aumentando a sensação de desolação.
De repente, um jato de água fria o atingiu com força, fazendo-o despertar completamente. Ele ofegou, seus músculos tensos com o choque da água gelada. Ao abrir os olhos, viu um homem alto e musculoso parado à sua frente, segurando um balde vazio. O homem tinha um sorriso cruel nos lábios e olhos cheios de malícia.
– Acorde, pequeno Castellano – disse o homem, sua voz carregada de desdém.
– Temos muito o que conversar.
Domenic tentou se levantar, mas seu corpo protestou. Suas pernas estavam fracas, e ele mal conseguia manter-se de pé. O homem riu, um som áspero e desagradável.
– Ah, onde estão os seus modos? Permita-me apresentar-me. Sou Enzo Moretti, o capo da máfia Rivale. E você, Domenic, é meu convidado especial.
Domenic ergueu o olhar para Enzo, tentando manter uma expressão corajosa apesar do medo que sentia.
– O que você quer de mim? – perguntou Domenic, sua voz trêmula mas determinada.
Enzo se aproximou lentamente, seus passos ecoando pelas paredes de pedra do calabouço. Ele se abaixou, ficando ao nível de Domenic, seu rosto a poucos centímetros de distância.
– Quero muitas coisas, garoto – murmurou ele.
– Mas, por enquanto, quero ver do que você é feito. Quero ver se você é digno do nome Castellano.
Antes que Domenic pudesse responder, Enzo agarrou seu braço e o puxou violentamente, arrastando-o até uma parede. Ele prendeu os pulsos de Domenic em correntes que pendiam do teto, deixando-o pendurado, seus pés mal tocando o chão.
– Vamos começar com algo simples – disse Enzo, pegando um chicote de couro de uma mesa próxima. – Vamos ver quanto tempo você consegue aguentar antes de implorar por misericórdia.
Domenic fechou os olhos, preparando-se para o impacto. O primeiro golpe do chicote rasgou sua pele, arrancando um grito de dor que ele não conseguiu conter. Enzo riu, um som cruel que ecoou pelo calabouço.
– Isso, garoto – provocou ele. – Grite. Mostre-me o quanto dói.
Domenic mordeu o lábio, tentando sufocar os gritos que ameaçavam escapar. Ele se concentrou na imagem de Sofia, sua irmã, usando-a como uma âncora para manter sua sanidade. Cada golpe do chicote era uma tortura, mas ele se recusava a ceder.
– Você é mais resistente do que eu pensava – comentou Enzo, após vários minutos de tortura.
– Mas todos têm um ponto de ruptura. Vamos ver o seu.
Enzo trocou o chicote por uma faca afiada, sua lâmina brilhando sob a luz fraca. Ele passou a ponta da faca pelo peito de Domenic, deixando uma linha fina de sangue.
– Por que você está fazendo isso? – perguntou Domenic, sua voz rouca de dor.
– O que você quer realmente?
Enzo inclinou a cabeça, um sorriso sombrio nos lábios.
– Quero ver você quebrar, garoto. Quero ver você implorar por sua vida. Quero provar que os Castellano não são tão poderosos quanto pensam.
Domenic sentiu a raiva borbulhar dentro de si. Ele ergueu o olhar para Enzo, seus olhos brilhando com uma determinação feroz.
– Você nunca vai me quebrar – disse ele, sua voz firme apesar da dor.
– Eu sou um Castellano. E vou sobreviver a isso.
Enzo riu, um som vazio e cruel.
– Vamos ver quanto tempo essa bravura dura – murmurou ele, antes de cravar a faca na perna de Domenic.
A dor foi excruciante, um fogo que percorreu todo o seu corpo. Domenic gritou, mas não implorou. Ele se agarrou à sua determinação, sabendo que essa era a única coisa que poderia mantê-lo são.
Horas se passaram, cada minuto uma eternidade de dor e sofrimento. Enzo usou todos os métodos possíveis para torturá-lo – choques elétricos, queimaduras, golpes. Domenic estava à beira do desespero, mas se recusava a ceder. Ele pensava em Lorenzo, em Sofia, em Vittorio. Pensava nas promessas que havia feito a si mesmo. E isso lhe dava força.
Finalmente, Enzo recuou, sua expressão satisfeita.
– Você é resistente, garoto – admitiu ele.
– Mas todos têm um ponto de ruptura. E eu vou encontrar o seu.
Domenic foi deixado pendurado nas correntes, sua respiração pesada e irregular. Cada parte do seu corpo doía, as feridas abertas e queimaduras latejavam com uma dor que ameaçava sua sanidade. Ele tentou se concentrar em qualquer coisa que pudesse distraí-lo, em qualquer pensamento que pudesse ajudá-lo a suportar o tormento.
A escuridão do calabouço parecia se fechar ao redor dele, mas ele se recusava a ceder ao desespero. Pensava em Sofia, tão pequena e indefesa. Ele precisava ser forte por ela. Não podia deixá-la sozinha no mundo cruel em que viviam.
De repente, passos ecoaram pelo calabouço. Domenic ergueu a cabeça com dificuldade, seus olhos arregalados pelo esforço de focar na figura que se aproximava. Era Enzo, acompanhado de dois capangas que carregavam baldes de água.
Enzo deu um sorriso frio.
– Hora de acordar, garoto – disse ele, jogando a água fria sobre Domenic.
O choque da água gelada trouxe Domenic de volta à realidade com um sobressalto. Ele tentou levantar a cabeça, seus olhos encontrando os de Enzo com uma expressão de ódio silencioso.
– Você tem algo que quer me dizer? – provocou Enzo, cruzando os braços.
– Talvez esteja pronto para implorar pela sua vida agora.
Domenic apertou os lábios, recusando-se a dar a Enzo a satisfação de uma resposta. A dor era insuportável, mas ele sabia que ceder significaria mais do que apenas uma derrota física. Seria uma quebra de seu espírito, algo que ele não podia permitir.
Enzo se aproximou, sua expressão se tornando mais séria.
– Você realmente é teimoso, não é? – murmurou ele, antes de dar um soco forte no estômago de Domenic.
O ar foi arrancado dos pulmões de Domenic, e ele se curvou de dor, pendurado pelas correntes. Mas ele ainda se recusava a falar.
Enzo suspirou, parecendo quase entediado.
– Vamos ver até onde essa teimosia vai te levar, garoto – disse ele, antes de acenar para os capangas.
Os homens trouxeram um pequeno gerador e conectaram fios às correntes que prendiam Domenic. Enzo ligou o gerador, e a corrente elétrica percorreu o corpo de Domenic, arrancando dele um grito involuntário.
A tortura parecia interminável. Cada onda de eletricidade atravessava seu corpo, fazendo seus músculos se contraírem e sua visão ficar turva. Mas ele continuava a resistir, focando em qualquer coisa que pudesse distraí-lo da dor.
Finalmente, Enzo desligou o gerador, e Domenic caiu, seus músculos exaustos e tremendo. Ele mal conseguia respirar, sua mente lutando para permanecer consciente.
Enzo se ajoelhou ao lado dele, levantando seu queixo com um dedo.
– Você é mais forte do que eu pensava – admitiu ele. – Mas acredite em mim, todos têm um limite.
Domenic mal conseguiu focar seus olhos, mas a determinação em seu olhar não diminuiu.
– Você nunca vai... me quebrar – sussurrou ele, com dificuldade.
Enzo soltou uma risada curta e fria.
– Vamos ver sobre isso – disse ele, antes de se levantar e sair do calabouço, deixando Domenic sozinho na escuridão.
Os dias seguintes foram um borrão de dor e tortura. Cada método imaginável foi usado contra ele, mas Domenic se recusava a ceder. Ele mantinha a imagem de Sofia em sua mente, usando-a como uma âncora para sua sanidade.
Finalmente, uma noite, após um longo dia de tortura, Domenic foi deixado sozinho em sua cela. Ele estava exausto, seu corpo coberto de feridas e hematomas. Mas ele ainda estava vivo, ainda estava lutando.
Deitado no chão frio e sujo, Domenic fechou os olhos e tentou encontrar um pouco de paz. Ele sabia que a luta estava longe de terminar, mas estava determinado a sobreviver. Ele jurou a si mesmo que encontraria uma maneira de escapar, de voltar para Sofia e protegê-la.
Domenic acordou deitado no chão frio e úmido da cela. Seus músculos doíam, e seu corpo estava coberto de hematomas e feridas que não tinham tido tempo de cicatrizar. Ele sabia que havia passado semanas naquela prisão infernal, um período de tortura e sofrimento que parecia interminável.Enquanto lutava para se levantar, ele notou uma figura na cela à sua frente. Era um homem jovem, talvez com uns 20 anos, com o corpo marcado por cicatrizes. O olhar do homem era intenso e indecifrável, observando Domenic com uma curiosidade mista com desconfiança.Domenic sentiu uma estranha conexão com aquele homem. Ambos estavam presos naquele lugar terrível, ambos sofrendo nas mãos de Enzo e da máfia Rivale. Decidido a quebrar o silêncio, Domenic levantou a cabeça e falou, sua voz rouca e fraca.– Quem é você? – perguntou Domenic, forçando-se a manter a voz firme.O homem hesitou por um momento antes de responder.– Meu nome é Alessandro, mas pode me chamar de Alex – disse ele, sua voz grave e firme
Três anos haviam se passado desde que Domenic e Alex foram capturados pela máfia Rivale. O tempo parecia ter congelado naquela prisão escura e sufocante, onde a esperança era um luxo que não podiam mais se dar ao luxo de ter. Domenic, agora com 10 anos de idade, sentia-se como se tivesse vivido uma vida inteira naquele lugar infernal. Ao longo dos anos, ele e Alex haviam montado inúmeros planos de fuga, mas todos haviam fracassado. Enzo e seus capangas eram implacáveis, e qualquer tentativa de escapar era rapidamente frustrada. Mas Domenic se recusava a desistir. Ele lembrava da promessa de Lorenzo, de que um dia viriam buscá-lo. Mas no fundo de seu coração, ele sabia que aquela promessa era vazia, tão vazia quanto as sombras que o cercavam.Naquela noite, Domenic e Alex finalmente decidiram que era hora de tentar novamente. Eles haviam planejado meticulosamente cada detalhe, esperando pela oportunidade perfeita para escapar. Mas, como sempre, o destino tinha outros planos.Enquan
Cinco anos haviam se passado desde que Domenic fora capturado pela máfia Rivale. O tempo transformara-o de um jovem inocente em uma sombra coberta de cicatrizes físicas e emocionais. Cada dia era uma luta pela sobrevivência, uma batalha constante contra a dor e o desespero. Ele se tornara frio e distante, suas emoções seladas dentro de uma armadura de indiferença.Naquele dia fatídico, algo dentro de Domenic se quebrou. Ele sentiu a fúria borbulhando sob a superfície, uma energia pulsante que ansiava por ser liberada. Era como se um animal enjaulado finalmente tivesse encontrado uma brecha para escapar.Em um acesso de fúria e desespero, Domenic começou a lutar. Cada golpe, cada movimento era impulsionado pela dor e pela raiva acumuladas ao longo dos anos. Ele avançou pelos corredores escuros da prisão, enfrentando os capangas da máfia Rivale com uma ferocidade que surpreendeu até a si mesmo.Os corredores ecoavam com o som dos gritos e dos gemidos dos homens que se atreviam a cruzar
Domenic e Alex avançaram pelos corredores da mansão Bartoli com cautela, observando cada movimento ao seu redor. A atmosfera ali era diferente da prisão sufocante da máfia Rivale; havia uma tensão controlada, uma ordem que pairava no ar como um manto.O pai de Alex, Don Bartoli, os esperava em seu escritório. Era um homem de presença imponente, com olhos que pareciam ler a alma de qualquer um que entrasse em sua sala. Ele recebeu Domenic com um aceno calmo, mas penetrante, como se soubesse exatamente quem ele era e o que havia passado.— Alex me contou sobre você, Domenic — disse Don Bartoli, sua voz profunda e tranquila.— Você passou por muitas provações. Está seguro aqui agora.Domenic assentiu, sentindo um misto de alívio e tensão. Ele sabia que ainda não estava totalmente seguro, mesmo sob a proteção de Bartoli. A vida na máfia era implacável, e ele havia aprendido da pior forma o que acontecia com aqueles que abaixavam a guarda.— Obrigado por me acolher, Don Bartoli. Prometo qu
Domenic mergulhou profundamente nos ensinamentos da família Bartoli. Sob a tutela do pai de Alex, ele absorveu cada lição com dedicação implacável, transformando a dor de seu passado em uma força motriz para seu futuro. Seus dias eram preenchidos com treinamentos árduos, estudos de estratégia e imersão nos códigos de honra da máfia.Enquanto isso, o espectro de Enzo Rivale pairava sobre ele como uma sombra ameaçadora. Domenic não sabia quando ou como o confronto aconteceria, mas sabia que estava se preparando meticulosamente para esse dia inevitável. Cada músculo treinado, cada estratégia planejada, era uma preparação silenciosa para o embate que mudaria o curso de sua vida mais uma vez.Nos momentos de solidão, Domenic refletia sobre o que tinha perdido e o que ganhara desde que escapara da prisão de Enzo. Ele sentia uma profunda gratidão pela família Bartoli, que o acolhera quando ele mais precisava. Alex tornara-se mais do que um amigo; era um irmão de armas, um companheiro cuja co
Domenic, agora com 20 anos de idade, tinha se tornado uma figura proeminente na máfia Bartoli. Seu talento e habilidade o haviam elevado ao posto de braço direito de Alex Bartoli, que se tornara o novo capo da família. Os anos de treinamento e experiência haviam moldado Domenic não apenas fisicamente, mas também em termos de liderança e estratégia.Na véspera da cerimônia em que Alex seria oficialmente entronizado como capo, Domenic estava ocupado coordenando os últimos preparativos. Ele era conhecido dentro da família como "O Executor", um título conquistado por sua habilidade em resolver problemas de forma decisiva e eficaz.Na manhã da cerimônia, enquanto supervisionava a segurança e a logística do evento, Domenic avistou Lorenzo, seu antigo mentor, entre os convidados. A lembrança das palavras não cumpridas de Lorenzo ainda queimava em sua mente. Quando Lorenzo se aproximou com um sorriso amistoso, Domenic se manteve reservado e frio.— Domenic, meu rapaz, como você cresceu — diss
Nos corredores silenciosos da majestosa mansão Castellano, cujas paredes de pedra testemunhavam séculos de glória e obscuridade, o mordomo Vittorio percorria seu caminho com a elegância de um monarca solitário em seu reino sombrio. Seu rosto, esculpido pelas rugas do tempo e pela dor silenciosa, refletia a serenidade de quem conhecia os segredos mais profundos daquele lugar.Desde os tempos imemoriais, a mansão Castellano era o epicentro do poder e da intriga na região, um bastião sombrio onde as lealdades eram tão frágeis quanto a própria vida. E, no coração desse império de trevas, estava a família Castellano, cujo nome ecoava como um sinônimo de terror e respeito.Foi nesse cenário de grandiosidade e desolação que Giovanni e Isabella Castellano, os soberanos daquela fortaleza, tomaram uma decisão que moldaria o destino de seus filhos para sempre. Com apenas cinco anos de idade, Domenic, o primogênito, e sua irmã mais nova, Sofia, foram deixados aos cuidados de Vittorio, o fiel mord
A luz do sol filtrava-se pelas altas janelas com vitrais da mansão Castellano, desenhando padrões intricados no chão de mármore polido. O silêncio matinal era quebrado apenas pelo canto distante dos pássaros, criando uma atmosfera de tranquilidade que contrastava fortemente com o destino sombrio que aguardava o jovem Domenic Castellano. A vastidão da propriedade, cercada por densos bosques e colinas ondulantes, conferia uma sensação de isolamento absoluto, uma prisão dourada para o herdeiro de uma das famílias mafiosas mais poderosas da Itália.Vittorio, o mordomo fiel, estava na cozinha preparando o café da manhã para Domenic e Sofia. O aroma de café fresco e pão recém-assado preenchia o ar, criando um contraste reconfortante com o peso da responsabilidade que pairava sobre seus ombros. Vittorio sabia que, apesar da aparência serena da manhã, aquele dia marcaria o início de uma jornada árdua para Domenic.Domenic, com seus cinco anos, já demonstrava uma curiosidade inquieta e uma int