Ecos da Traição
Ecos da Traição
Por: ana_mor
Capítulo 1: O Guardião da Escuridão

Nos corredores silenciosos da majestosa mansão Castellano, cujas paredes de pedra testemunhavam séculos de glória e obscuridade, o mordomo Vittorio percorria seu caminho com a elegância de um monarca solitário em seu reino sombrio. Seu rosto, esculpido pelas rugas do tempo e pela dor silenciosa, refletia a serenidade de quem conhecia os segredos mais profundos daquele lugar.

Desde os tempos imemoriais, a mansão Castellano era o epicentro do poder e da intriga na região, um bastião sombrio onde as lealdades eram tão frágeis quanto a própria vida. E, no coração desse império de trevas, estava a família Castellano, cujo nome ecoava como um sinônimo de terror e respeito.

Foi nesse cenário de grandiosidade e desolação que Giovanni e Isabella Castellano, os soberanos daquela fortaleza, tomaram uma decisão que moldaria o destino de seus filhos para sempre. Com apenas cinco anos de idade, Domenic, o primogênito, e sua irmã mais nova, Sofia, foram deixados aos cuidados de Vittorio, o fiel mordomo que há décadas servia à família com devoção inabalável.

Longe dos olhos curiosos do mundo exterior, a mansão Castellano erguia-se como uma fortaleza intransponível, isolando Domenic e Sofia do tumulto do mundo lá fora. Sob o olhar vigilante de Vittorio, os dois irmãos foram criados entre os salões imponentes e os jardins sombrios da mansão, onde cada sombra parecia ocultar segredos insondáveis.

Enquanto o tempo passava e as estações mudavam, Domenic crescia sob a sombra opressiva da herança de sua família. Seus primeiros passos no mundo sinistro da máfia foram guiados pela mão firme de Vittorio, que, apesar de sua fidelidade inabalável, não podia evitar sentir uma pontada de pesar ao ver a inocência de Domenic ser corrompida pelas trevas que o rodeavam.

E, no centro desse turbilhão de mistério e intriga, Vittorio permanecia como uma figura solitária e enigmática, um guardião das sombras que envolviam os destinos entrelaçados dos Castellano. Enquanto os dias se transformavam em anos e os segredos se acumulavam como poeira nas velhas tapeçarias da mansão, ele permanecia como o último bastião de esperança em meio à escuridão que ameaçava consumir tudo à sua volta.

Foi assim que, na quietude sepulcral da mansão Castellano, os destinos de Domenic, Sofia e Vittorio se entrelaçaram de forma indissolúvel, lançando-os em um abismo de mistério e perigo do qual não havia retorno. E, enquanto o mundo lá fora continuava sua marcha implacável em direção ao desconhecido, eles permaneceram, prisioneiros de um passado que se recusava a ser esquecido e de um futuro que ainda estava por ser escrito.

Vittorio, Domenic chamou, sua voz ecoando pelos corredores silenciosos da mansão.

— Preciso falar com você.

Vittorio ergueu os olhos do livro antigo que lia, seu olhar penetrante fixando-se no jovem herdeiro da família Castellano.

— Em que posso ajudá-lo, senhor Domenic? — sua voz era calma e serena, como sempre.

— Eu... eu tive um sonho estranho esta noite, — Domenic começou, lutando para articular as palavras que se agitavam em sua mente.

— Parecia tão real, como se... como se fosse um aviso.

Vittorio observou-o com atenção, seus olhos expressando uma mistura de curiosidade e preocupação.

— E o que você viu nesse sonho, senhor Domenic?

Domenic hesitou por um momento, relutante em compartilhar os detalhes perturbadores de sua visão.

— Vi... vi sangue, muitos rostos... e uma sombra que parecia me seguir em todos os lugares.

Vittorio assentiu lentamente, compreendendo a gravidade da situação.

— Sonhos são janelas para o subconsciente, senhor Domenic. Talvez seja melhor não ignorar esse aviso. A escuridão que nos cerca pode ser mais perigosa do que imaginamos.

Domenic engoliu em seco, sentindo o peso das palavras de Vittorio se abater sobre ele como um manto sombrio.

— Eu sei, — ele murmurou, seu coração apertado por um pressentimento de inquietação.

— Mas o que podemos fazer para enfrentar essa escuridão, Vittorio? Como podemos proteger o que é nosso?

Vittorio olhou para ele com uma intensidade que fez Domenic se arrepiar.

— Devemos estar vigilantes, senhor Domenic. E nunca esquecer que, no jogo das sombras, a verdadeira batalha é aquela que travamos dentro de nós mesmos.

Domenic assentiu, sabendo que as palavras de Vittorio continham uma sabedoria antiga que transcendia o tempo e o espaço.

— Obrigado, Vittorio, — ele disse, sentindo-se reconfortado pela presença do mordomo ao seu lado.

— Eu... eu não sei o que faria sem você.

Vittorio sorriu, um sorriso que continha tanto mistério quanto compaixão.

— Você nunca estará sozinho, senhor Domenic, — ele disse suavemente.

— Enquanto eu estiver aqui, estarei sempre ao seu lado, guardando as sombras que nos rodeiam.

E, com essas palavras sussurradas no vento da noite, os dois se separaram, cada um mergulhando em seus próprios pensamentos e medos enquanto a escuridão da mansão Castellano os envolvia mais uma vez.

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