A manhã estava envolta em uma névoa suave quando Domenic saiu para o pátio da mansão, onde o treinamento diário estava prestes a começar. Ele havia passado os últimos meses mergulhado em um regime rigoroso de treinamento físico e mental, aprimorando suas habilidades de combate e desenvolvendo uma disciplina férrea. A determinação de Domenic se refletia em cada movimento, em cada golpe que praticava.
Lorenzo estava no centro do pátio, aguardando-o com uma expressão séria. Ele segurava duas espadas de madeira, entregando uma a Domenic assim que ele se aproximou. O garoto segurou a espada com firmeza, seus olhos fixos no mentor.
– Hoje – disse Lorenzo, ajustando a posição da espada – vamos testar tudo o que você aprendeu até agora. Estarei lutando com você, então não se contenha.
Domenic assentiu, ciente da importância daquele momento. Ele estava ansioso para mostrar a Lorenzo o quanto havia evoluído, mas também sabia que seria uma luta difícil. Lorenzo era um guerreiro experiente, e Domenic teria que usar todas as suas habilidades para estar à altura.
– Lembre-se das técnicas que ensinamos a você – continuou Lorenzo, adotando uma postura defensiva. – Concentre-se. Respire. Controle seus movimentos.
Domenic respirou fundo, encontrando aquele ponto de calma dentro de si que havia aprendido a acessar durante os treinos. Ele assumiu uma postura de combate, observando cada movimento de Lorenzo. O primeiro ataque veio rapidamente, Lorenzo avançando com uma estocada precisa. Domenic defendeu o golpe com sua espada, desviando o ataque e contra-atacando com um corte rápido.
A luta se intensificou, ambos se movendo com agilidade e precisão. Cada golpe, cada defesa era um teste de suas habilidades e de sua capacidade de manter a calma sob pressão. Lorenzo observava atentamente, avaliando cada movimento de Domenic.
– Bom, Domenic – disse Lorenzo, enquanto desviava de um golpe e contra-atacava com uma estocada. – Você está ficando mais rápido e preciso. Mas lembre-se, não se trata apenas de força, mas de estratégia.
Domenic assentiu, desviando-se do ataque e buscando uma abertura. Ele sabia que precisava ser mais astuto, usar a mente tanto quanto o corpo. Ele começou a antecipar os movimentos de Lorenzo, encontrando padrões e pontos fracos.
Finalmente, em um movimento rápido e calculado, Domenic conseguiu desarmar Lorenzo, a espada de madeira voando para fora das mãos do mentor e caindo no chão. Lorenzo sorriu, um brilho de orgulho em seus olhos.
– Muito bem, Domenic – disse ele, pegando a espada do chão. – Você está pronto para enfrentar desafios maiores. Mas lembre-se, sempre há mais a aprender.
Depois do treino, Domenic se sentiu exausto, mas também satisfeito. Ele sabia que havia dado um grande passo em sua jornada. No entanto, havia uma pergunta que o incomodava há muito tempo, uma que ele precisava fazer.
Domenic encontrou Vittorio na cozinha, preparando o almoço. O mordomo estava ocupado cortando legumes, mas parou quando viu Domenic entrar. Ele sorriu calorosamente.
– Como foi o treino hoje, Domenic? – perguntou Vittorio, continuando a cortar os legumes com habilidade.
– Foi bom, Vittorio. Lorenzo disse que eu estou melhorando – respondeu Domenic, sentando-se à mesa. Ele hesitou por um momento antes de continuar. – Vittorio, posso te fazer uma pergunta?
O mordomo olhou para ele com uma expressão de curiosidade e preocupação.
– Claro, Domenic. Pode perguntar o que quiser.
Domenic respirou fundo, sentindo a ansiedade crescer dentro de si.
– Por que eu e Sofia fomos deixados aqui, sozinhos, com você? – perguntou ele, finalmente. – O que aconteceu com nossos pais?
Vittorio parou de cortar os legumes, sua expressão se tornando séria. Ele colocou a faca de lado e se sentou à mesa em frente a Domenic, seus olhos refletindo uma tristeza profunda.
– Domenic, há coisas que você ainda não está pronto para entender completamente – disse Vittorio com suavidade. – Seus pais tomaram decisões difíceis para proteger você e Sofia. Eu estou aqui para garantir que vocês fiquem seguros e sejam preparados para o futuro.
Domenic franziu a testa, sentindo que havia mais na história do que Vittorio estava contando.
– Mas por que, Vittorio? – insistiu ele. – O que exatamente aconteceu? Por que fomos deixados aqui?
Vittorio suspirou, passando a mão pelo cabelo grisalho.
– Domenic, às vezes, a verdade é complicada e dolorosa – respondeu ele, olhando diretamente nos olhos do garoto. – Seus pais fizeram o que achavam ser o melhor. Um dia, você saberá de tudo. Mas, por enquanto, confie em mim e em Lorenzo. Estamos aqui para cuidar de vocês.
Domenic queria protestar, queria exigir respostas, mas sabia que Vittorio não diria mais nada. Ele assentiu lentamente, aceitando a resposta incompleta.
– Eu confio em você, Vittorio – disse ele, finalmente. – Só espero que, um dia, eu entenda tudo isso.
Vittorio sorriu tristemente e se levantou para voltar ao trabalho.
– Um dia, Domenic – disse ele suavemente. – Um dia você entenderá.
Os dias continuaram a passar, e Domenic mergulhou ainda mais fundo em seu treinamento. Ele aprimorou suas habilidades com diversas armas, tornando-se proficientemente letal com adagas, espadas e até mesmo armas de fogo. Lorenzo introduziu-o a tiros de precisão, ensinando-o a importância da paciência e do controle ao usar uma arma de longa distância.
– Um atirador deve ser calmo e calculista – disse Lorenzo, enquanto ajudava Domenic a ajustar a mira do rifle. – A pressão do momento não deve afetar sua precisão.
Domenic praticava por horas, aperfeiçoando sua mira e aprendendo a controlar sua respiração. Cada disparo era uma prova de sua habilidade de manter a calma sob pressão, de focar completamente na tarefa em mãos.
Além do treinamento físico e de combate, Domenic continuou seus estudos acadêmicos. Ele lia avidamente sobre táticas militares, estratégias de guerra e filosofia. Seus estudos de idiomas também avançaram, e ele começou a se comunicar com fluência em várias línguas. Vittorio e Lorenzo incentivavam esse aspecto de sua educação, cientes de que o conhecimento seria uma arma poderosa no futuro de Domenic.
Em uma tarde ensolarada, enquanto estudava na biblioteca, Domenic encontrou um livro sobre ética e moralidade. Ele ficou intrigado com os dilemas apresentados, as perguntas sobre o que é certo e errado, sobre a natureza do bem e do mal. Essas questões começaram a ressoar dentro dele, levando-o a refletir sobre suas próprias ações e o caminho que estava trilhando.
Ele procurou Vittorio novamente, desta vez na biblioteca. O mordomo estava organizando alguns livros, mas parou para ouvir quando Domenic entrou e se sentou à mesa com o livro de ética em mãos.
– Vittorio, estive lendo sobre ética e moralidade – começou Domenic, folheando as páginas do livro. – Há tantas questões sobre o que é certo e errado. Como podemos saber se estamos fazendo a coisa certa?
Vittorio se aproximou, sentando-se ao lado de Domenic.
– Domenic, a moralidade é um campo complexo – disse ele com um sorriso gentil. – Às vezes, o que parece certo para uma pessoa pode parecer errado para outra. É importante seguir seus próprios princípios e valores, e sempre considerar as consequências de suas ações.
Domenic franziu a testa, refletindo sobre as palavras de Vittorio.
– E quanto a nós? – perguntou ele. – Nós vivemos em um mundo onde às vezes temos que fazer coisas ruins para proteger aqueles que amamos. Como podemos reconciliar isso com a ideia de moralidade?
Vittorio suspirou, olhando para Domenic com uma expressão séria.
– Essa é uma pergunta difícil, Domenic – disse ele. – A vida que levamos exige escolhas difíceis. Às vezes, temos que fazer sacrifícios para proteger os nossos. Mas é importante nunca perder de vista seus próprios valores e sempre tentar agir com honra e integridade.
As palavras de Vittorio deixaram uma impressão profunda em Domenic. Ele continuou a refletir sobre essas questões enquanto avançava em seu treinamento e estudos. Sabia que o caminho à sua frente seria repleto de desafios morais e éticos, mas estava determinado a enfrentar cada um com a mesma coragem e determinação que havia demonstrado até agora.
O sol nascente lançava um brilho dourado sobre a vasta mansão e seus terrenos. O dia começava como qualquer outro, mas havia uma tensão no ar que Domenic não conseguia identificar. Vittorio e Lorenzo estavam especialmente silenciosos, e havia uma gravidade nas ações de todos ao seu redor.Lorenzo chamou Domenic ao pátio, mas, desta vez, o cenário era diferente. Em vez do campo aberto onde treinavam, havia uma pequena cabana de madeira, robusta e imponente, isolada do resto da propriedade. Lorenzo estava esperando na entrada, sua expressão era sombria.– Entre, Domenic – disse ele, sua voz baixa e séria. Domenic obedeceu, sentindo um calafrio percorrer sua espinha.Dentro da cabana, o ambiente era austero. Havia uma cadeira de metal no centro da sala, correntes pendendo do teto e paredes reforçadas. Domenic olhou para Lorenzo, confuso e um pouco apreensivo.– O que é isso, Lorenzo? – perguntou ele, tentando manter a calma.Lorenzo fechou a porta atrás de si, o som do tranco ecoando pel
A noite caíra sobre a mansão da família Castellano, envolvendo tudo em um manto de escuridão. Domenic estava sozinho em seu quarto, deitado em sua cama com o corpo dorido e cansado. As feridas infligidas por Lorenzo ainda latejavam, cada movimento era uma agonia agonizante que o consumia por dentro.Lorenzo e Vittorio não haviam cuidado dele, deixando-o à mercê de suas próprias dores. Domenic estava acostumado a cuidar de si mesmo, mas desta vez, a dor era insuportável. Ele se contorcia na cama, gemendo baixinho com cada movimento.Enquanto a noite avançava, Domenic mergulhou em um estado de semi-consciência, sua mente oscilando entre a realidade e a escuridão. Ele teve vislumbres de seus pais, Giovanni e Isabella, mas não eram lembranças reconfortantes. Em vez disso, eram imagens distorcidas, distorcidas pelo peso de sua ausência e traição. Seus rostos estavam cobertos por sombras, suas vozes sussurravam palavras de desdém e desapontamento.Domenic tentou afastar as alucinações, mas
O sol brilhava alto no céu da Itália, banhando a mansão Castellano em uma luz dourada. Era o dia 16 de agosto de 2009, um dia que ficaria gravado na memória de Domenic para sempre. Ele estava prestes a completar sete anos e, para celebrar esse marco, uma cerimônia de iniciação na máfia estava marcada.Domenic estava vestido impecavelmente em um terno sob medida, seu coração pulsando com uma mistura de excitação e nervosismo. Ele sabia que este dia marcaria sua entrada oficial no mundo sombrio e perigoso da máfia italiana.Ao seu lado, Lorenzo observava com um olhar sério e calculista. Ele era o mentor de Domenic, o homem que o havia treinado nas artes da máfia. Domenic admirava e temia Lorenzo em igual medida, sabendo que ele era tanto um guia quanto um desafio.Enquanto a cerimônia começava, Domenic sentiu um nó se formar em sua garganta. Sua família deveria estar presente para testemunhar esse momento importante em sua vida, mas eles estavam ausentes. Um vazio o consumia, uma sensaç
O lugar onde Domenic foi levado era um esconderijo subterrâneo da máfia Rivale, escondido nas profundezas das colinas sicilianas. O ar era pesado e úmido, o ambiente repleto de uma escuridão opressiva que parecia absorver qualquer vestígio de esperança. Domenic acordou em um calabouço frio e sujo, cercado por várias celas onde outros homens estavam presos. A visão era desoladora, com rostos pálidos e olhos vazios olhando para ele por entre as barras enferrujadas.Ele estava exausto, o corpo ainda latejando de dor dos eventos que haviam ocorrido. Suas roupas estavam rasgadas, quase inexistentes, mal cobrindo sua pele. O chão de pedra estava frio sob seu corpo, aumentando a sensação de desolação.De repente, um jato de água fria o atingiu com força, fazendo-o despertar completamente. Ele ofegou, seus músculos tensos com o choque da água gelada. Ao abrir os olhos, viu um homem alto e musculoso parado à sua frente, segurando um balde vazio. O homem tinha um sorriso cruel nos lábios e olho
Domenic acordou deitado no chão frio e úmido da cela. Seus músculos doíam, e seu corpo estava coberto de hematomas e feridas que não tinham tido tempo de cicatrizar. Ele sabia que havia passado semanas naquela prisão infernal, um período de tortura e sofrimento que parecia interminável.Enquanto lutava para se levantar, ele notou uma figura na cela à sua frente. Era um homem jovem, talvez com uns 20 anos, com o corpo marcado por cicatrizes. O olhar do homem era intenso e indecifrável, observando Domenic com uma curiosidade mista com desconfiança.Domenic sentiu uma estranha conexão com aquele homem. Ambos estavam presos naquele lugar terrível, ambos sofrendo nas mãos de Enzo e da máfia Rivale. Decidido a quebrar o silêncio, Domenic levantou a cabeça e falou, sua voz rouca e fraca.– Quem é você? – perguntou Domenic, forçando-se a manter a voz firme.O homem hesitou por um momento antes de responder.– Meu nome é Alessandro, mas pode me chamar de Alex – disse ele, sua voz grave e firme
Três anos haviam se passado desde que Domenic e Alex foram capturados pela máfia Rivale. O tempo parecia ter congelado naquela prisão escura e sufocante, onde a esperança era um luxo que não podiam mais se dar ao luxo de ter. Domenic, agora com 10 anos de idade, sentia-se como se tivesse vivido uma vida inteira naquele lugar infernal. Ao longo dos anos, ele e Alex haviam montado inúmeros planos de fuga, mas todos haviam fracassado. Enzo e seus capangas eram implacáveis, e qualquer tentativa de escapar era rapidamente frustrada. Mas Domenic se recusava a desistir. Ele lembrava da promessa de Lorenzo, de que um dia viriam buscá-lo. Mas no fundo de seu coração, ele sabia que aquela promessa era vazia, tão vazia quanto as sombras que o cercavam.Naquela noite, Domenic e Alex finalmente decidiram que era hora de tentar novamente. Eles haviam planejado meticulosamente cada detalhe, esperando pela oportunidade perfeita para escapar. Mas, como sempre, o destino tinha outros planos.Enquan
Cinco anos haviam se passado desde que Domenic fora capturado pela máfia Rivale. O tempo transformara-o de um jovem inocente em uma sombra coberta de cicatrizes físicas e emocionais. Cada dia era uma luta pela sobrevivência, uma batalha constante contra a dor e o desespero. Ele se tornara frio e distante, suas emoções seladas dentro de uma armadura de indiferença.Naquele dia fatídico, algo dentro de Domenic se quebrou. Ele sentiu a fúria borbulhando sob a superfície, uma energia pulsante que ansiava por ser liberada. Era como se um animal enjaulado finalmente tivesse encontrado uma brecha para escapar.Em um acesso de fúria e desespero, Domenic começou a lutar. Cada golpe, cada movimento era impulsionado pela dor e pela raiva acumuladas ao longo dos anos. Ele avançou pelos corredores escuros da prisão, enfrentando os capangas da máfia Rivale com uma ferocidade que surpreendeu até a si mesmo.Os corredores ecoavam com o som dos gritos e dos gemidos dos homens que se atreviam a cruzar
Domenic e Alex avançaram pelos corredores da mansão Bartoli com cautela, observando cada movimento ao seu redor. A atmosfera ali era diferente da prisão sufocante da máfia Rivale; havia uma tensão controlada, uma ordem que pairava no ar como um manto.O pai de Alex, Don Bartoli, os esperava em seu escritório. Era um homem de presença imponente, com olhos que pareciam ler a alma de qualquer um que entrasse em sua sala. Ele recebeu Domenic com um aceno calmo, mas penetrante, como se soubesse exatamente quem ele era e o que havia passado.— Alex me contou sobre você, Domenic — disse Don Bartoli, sua voz profunda e tranquila.— Você passou por muitas provações. Está seguro aqui agora.Domenic assentiu, sentindo um misto de alívio e tensão. Ele sabia que ainda não estava totalmente seguro, mesmo sob a proteção de Bartoli. A vida na máfia era implacável, e ele havia aprendido da pior forma o que acontecia com aqueles que abaixavam a guarda.— Obrigado por me acolher, Don Bartoli. Prometo qu