Gaya Matarazzo, do dia para a noite, vê seu mundo ruir e a vida perfeita que pensava ter se transformar num caos. Tal qual uma flor de lótus, durante períodos de escuridão, ela se fecha e submerge. André Burck, por sua vez, carrega cicatrizes profundas da tragédia que arrancou dele parte do que mais amava na vida. Desde então é conhecido por ser um promotor criminal linha dura, arrogante, mal-humorado e que dificilmente expõe sua vida particular. Contudo, levado pelo sentimento de gratidão, decide ajudar a filha do homem que um dia foi generoso com sua família. O que eles têm em comum? Ambos estão quebrados. Ainda que lute contra os próprios sentimentos, a coragem e o amor que André oferece a Gaya, são como raios de sol, que fazem com que a flor de lótus reapareça sobre a água ao clarear do dia e abra suas pétalas novamente. No entanto, antes de entregar seu coração, ela precisará reaprender a CONFIAR.
Ler mais***GAYA MATARAZZO***— Festa! — Luca exclama, lançando um balão para o alto.— Sim, filho. Por isso tem que ficar quietinho pro papai terminar de arrumar seu cabelo. Só assim podemos ir curtir sua festa de aniversário. — André pede com carinho.— Nivelsário bebê! — Luca comemora, ainda atropelando as letras.— Isso mesmo, meu pequeno experto!Paro na porta, meu coração derretendo com a visão do momento pai e filho, sempre tão cúmplices e parceiros.André, mesmo com alguns fios de cabelo prateados, que surgiram no último ano, continua com sua forma física impecável. Ele mantém sempre a postura séria e imponente quando está no modo trabalho, mas se transforma em um bobo quando está comigo e com o filho.Luca, com seus dois aninhos, é uma cópia em miniatura do pai, mesmo tendo herdado meus cabelos escuros e encaracolados. Além disso, apesar de estar apenas começando a desenvolver sua fala, ele já mostra um talento incrível na arte da comunicação, se expressando com uma habilidade impressi
***GAYA MATARAZZO***Dois anos depois…Faltando uma semana para o aniversário de dois anos de Luca, nos reunimos com a família para verificar como ficou a conclusão das obras na área de lazer da fazenda, que agora é propriedade da dona Vilma e dos filhos.— Ficou muito boa essa área, Gaya. Agora meu netinho vai poder se divertir ainda mais quando passa os dias aqui. — minha sogra fala entusiasmada.— Netinhos, no plural né, dona Vilma… — falo para provar Kiara, que me olha de cara feia. Ela ainda não confirmou, mas eu desconfio que minha cunhada esteja grávida.— Netinhos… você está grávida, Gaya? — o rosto da minha sogra se ilumina.— Não, sogra. Ainda não, talvez daqui a um ano pensemos em uma irmãzinha pro Luca. Mas o que eu quero dizer é que a fazenda agora é oficialmente sua, vai poder ver todos os netinhos que venha a ter, correndo por esse pátio.— É verdade, sou muito grata a você e seu irmão por isso.— Não tem o que agradecer, a senhora merece. — digo e recebo um sorriso agr
Abro os olhos e a escuridão do quarto me envolve. O relógio do despertador marca três horas no instante em que a quietude da noite é quebrada pelo suave murmúrio de Luca, através da babá eletrônica.Me levanto e percebo Gaya se remexer para acender o abajur.— Tá na hora? — pergunta sonolenta enquanto senta na cama.— Parece que Luca precisa de fralda limpa e delivery de leite. — brinco e ela ri.— Já vou.Do outro lado do corredor, a luz suave revela nosso pequeno pacote de alegria se agitando no berço.— Olá, pequenino! Papai vai te deixar mais confortável, ok?Com suas bochechas rosadas e olhos curiosos, Luca sorri quando me vê. Com cuidado, troco a fralda, enquanto Gaya se prepara para amamentar.Muitos insistem que devíamos contratar babás para as noites, mas preferimos ser os pais que cuidam do filho. Não por economia, já que temos recursos de sobra. A verdade é que queremos vivenciar todas as etapas e momentos do nosso Luca, aproveitando não apenas os momentos agradáveis, mas ta
***GAYA MATARAZZO *** — Respira! — André segura firme em minha mão enquanto Dani dirige para o hospital.— Tô respirando… AhhhhAs contrações fortes começaram quando estávamos descendo para a garagem, até então eram apenas fisgadas leves.Mesmo com o rompimento da bolsa, ainda consegui tomar um banho enquanto Beta terminava de preparar o Kit maternidade, que eu já havia deixado quase pronto, e Déco ligava para o doutor Ricardo Aires**, meu obstetra.Sob as orientações do meu médico, partimos para a maternidade, mas a cada contração a dor parece mais intensa, nem mesmo o carinho e apoio de André tem o poder de me distrair.— Calma, eu tô com você, meu amor. Vai ficar tudo bem. Logo estaremos com nosso Luca nos braços. — meu marido diz, tentando respirar na mesma frequência que eu.O trajeto até o hospital parece infinito, ou talvez seja apenas a dor distorcendo a noção de tempo. Ao chegarmos, a equipe já está nos aguardando, sou levada imediatamente para a maternidade, onde meu médico
***GAYA MATARAZZO *** Olho para a roupinha tão pequena nas mãos de Daniel, bordadas com as letras MB e não consigo esconder o sorriso bobo. — Ouw, Dani, que amor! MB, de Matarazzo Burck, adorei. Muito, linda. Obrigada! Luca já vai sair da maternidade estilizado. Abraço meu cunhado com carinho. Escolhemos ele e Ceci para serem os padrinhos do nosso pequeno e agora eles não param de trazer presentes. Luca nem nasceu e está sendo muito mimado. Com trinta e oito semanas de gestação, já temos o quartinho dele pronto, à espera do nosso principezinho. — Você e Ceci estão tão empolgados, poderiam providenciar logo um primo ou prima pro Luca, né? — falo rindo, mas ele não me acompanha. — Confesso que dá vontade, mas não é tão simples. — ele dá um sorriso desanimado e suspira — Minha vida e a da Ceci são muito agitadas, um dia ela tá aqui no outro, tá do outro lado do mundo. Que tempo teríamos para um bebê? — Tenho certeza que quando for a hora vocês vão dar um jeito. — pisco um olho e ap
***CLÁUDIO SAMPAIO ***Chego à clínica psiquiátrica, disfarçado como enfermeiro. Desde que voltei para a cidade, há alguns meses, não tinha conseguido vir ver minha mãe. Finalmente consegui subornar um dos funcionários para que me ajudasse a entrar sem que ninguém suspeitasse de nada. Minha mãe vive aqui há anos. Ela sofre de um tipo de demência, passa o tempo todo em estado catatônico, sob efeito da medicação pesada.Entro pela porta de vidro que range levemente e o enfermeiro, um sujeito com olhos cansados, me olha com desconfiança.— Só alguns minutos, senhor Sampaio. Não faça nada que possa perturbar os pacientes. — Ele parece prestes a acrescentar algo, mas desiste, deixando suas palavras suspensas no ar.Atravesso o corredor em silêncio. As paredes amareladas parecem sugar a luz do ambiente, como se a própria clínica estivesse mergulhada na melancolia que atormenta seus pacientes. Finalmente, alcanço o quarto de minha mãe, o enfermeiro desliza uma chave na fechadura e empurra a
***ANDRÉ BURCK*** O sol nasce lentamente sobre Ravello, cidade italiana que escolhemos para passar uma semana em nossa lua de mel. Acordo cedo, depois de mais uma noite intensa com a minha pequena flor de lótus. Esses hormônios da gravidez a deixaram insaciável e eu não sou louco de reclamar. Saio da cama de mansinho para não acordá-la, fecho as cortinas, visto um roupão e em silêncio vou para a varanda que dá para uma vista deslumbrante do Mediterrâneo. “Gaya fez ótima escolha de viagem. Apesar de ser apenas uma semana, conseguimos relaxar e desopilar a mente de toda a tensão que nos envolve.” Enquanto contemplo a paisagem, uma brisa suave brinca com meus cabelos desarrumados. Revivo mentalmente os momentos deliciosos de intimidade, risadas e carinho que compartilhamos nessa semana. Sinto-me grato por ter Gaya ao meu lado. A cidade desperta lá embaixo, sigo perdido em pensamentos por um tempo, até ouvi-la chamar meu nome. — Déco, amor, onde você tá? Com um suspiro de contentam
***GAYA MATARAZZO***Sinto os lábios suaves de André deslizando pela minha pele. E enquanto suas mãos grandes se tornam inquietas, me aconchego ainda mais, encontrando o calor do seu corpo firme.— Hum…, Déco, eu adoro estar em seus braços!Um suspiro incontrolável escapa dos meus lábios quando seus dedos brincam delicadamente com meus seios sensíveis, enquanto sua mão desliza suavemente pela minha barriga, chegando ao ponto mais sensível. Ficamos nesse jogo de carícias por um tempo, até que as mãos fortes pressionam minha cintura. Num piscar de olhos, me encontro sentada em seu colo, de frente para ele. A rigidez quente e pulsante pressiona minha entrada, sem penetrar completamente. Começo a rebolar lentamente, buscando ainda mais contato, e ele não consegue conter um sorriso provocador— Ah! Alguém tá ansiosa, hein? Mas não se preocupe, amor, prometo que a espera vai valer a pena.Os sussurros seguidos pela respiração quente em meu pescoço são como uma droga alucinógena que invade m
***GAYA MATARAZZO***— Aonde estamos indo? — questiono enquanto permaneço com os olhos vendados.— Calma, já estamos chegando. É uma surpresa.A mão de André toca de leve meu joelho e, embora eu não possa ver, consigo perceber que está rindo da minha ansiedade.Deixamos nossa festa de casamento só depois de nos esbaldar na pista de dança com nossos convidados. Não foi uma festa para muitas pessoas, mas saiu tudo como planejamos, um evento acolhedor e intimista, com comida e bebida à vontade.Déco está dirigindo há alguns minutos e agora diminuiu a velocidade, aumentando minha expectativa.— Pronto, chegamos. Mas não tire a venda ainda, esposa.— Como quiser, marido.Rimos da provocação mútua enquanto ouço a porta do lado do motorista abrir e ele se movimentar para sair. Em seguida, a porta do meu lado é aberta, Déco segura minha mão e me ajuda a descer com cuidado. O ar fresco e o cheiro de mato verde me faz crer que não estamos longe da fazenda.— Agora, sim, pode olhar.A venda é re