Capítulo 5

MAR DOS ENCANTOS – TERRA CRUZ

Era noite, haviam chegado ao Oceano Ilusório e vagavam pelo Mar dos Encantos, o lar das sereias.

Kira perdera o dia, entoou a canção Niger Luna tantas vezes que estava rouca, sua garganta ardia e sua boca estava seca. Bebera água como nunca na vida, porém, nenhuma movimentação na água, nem ao mesmo as vibrações comuns causadas pelo canto, ela conseguiu sentir. Ficou frustrada, a situação era pior do que pensava, Calysto não perdia uma oportunidade de aparecer.

Ao longe, avistaram o aglomerado de pedras, conhecido como ilha de Terra Cruz, onde algumas sereias costumavam pegar sol, era raro, mas não impossível, encontrar uma acima da água.

As rochas pontudas e afiadas se estendiam por toda a ilha, o lugar menos perigoso era a estreita faixa de areia negra, que formava a pequena praia. O lugar não era grande, minúsculo, na verdade, porém, servia de parada para alguns piratas.

— Capitã, precisa ver isso... — Oscar lhe entrega a luneta.

Kira observou a areia negra da praia, onde pontos brilhantes se estendiam por onde a vista pudesse alcançar. Seus olhos se arregalaram diante da visão, eram corpos de sereias, as escamas de suas caldas reluzindo a luz da lua.

A medida que se aproximavam, a capitã ficava mais angustiada, se não tivessem sereias vivas, como iriam curar os doentes?

Não estava disposta a perder Pria, Rubi e principalmente, Sr. Willians, seu conselheiro pessoal, amigo e única figura paterna real que tivera, alguém que esteve com ela desde o começo e se comprometeu a ir até o fim.

Desembarcou assim que o navio aportou, desceu pelo pequeno porto até a praia, caminhando entre os corpos. Cheirava mal, como carne apodrecida sob o sol quente, as peles delas estavam com uma coloração esverdeada e as escamas perderam os brilhos coloridos, estavam apenas prateadas, quase translúcidas.

Centenas delas, mortas por todos os lados...

Ela engoliu em seco e começou a procurar Calysto, se não encontrasse a rainha das sereias ali, ainda tinha uma pequena chance, mesmo que o tempo estivesse acabando. Passaram-se dois dias inteiros, há qualquer momento, metade da sua tripulação escassa, poderia morrer e pior ainda, retornar com mortos vivos.

— Oscar, Ellenne, procurem por Calysto, se a encontrarem, gritem! — berrou.

— Qual a aparência dela? — questionou Ellenne — Nunca tinha visto uma sereia antes.

Os corpos estavam um tanto deformados, mas a cor dos cabelos e as joias de pérolas permaneciam intactas.

— Ruiva, cheia de joias, com uma coroa na cabeça. — Oscar responde.

Ela assentiu e começou a procurar, levariam muito tempo para verificar todos os corpos, a luz da lua dificultava diferenciar os cabelos ruivos de castanhos.

A cada passo dado, ou corpo observado, sentia-se levemente aliviada, por não encontrar Calysto entre elas, apesar de terem suas desavenças, precisava da rainha naquele momento, não apenas ela, mas todos necessitavam das lágrimas.

— Encontrei! — Ellenne grita.

O coração de Kira errou uma batida, nem que fosse ao inferno buscar a m*****a sereia de volta, mas ela conseguiria as lágrimas para sua tripulação.

Chegou próximo, suspirando de alívio.

— Essa é Coral, uma das irmãs de Calysto. — comentou — Continue procurando.

A sereia estava inchada e cheia de marcas, diferente de outros corpos, o dela estava muito machucado.

Rodou a praia, até onde necessitou ir, retornou olhando tudo novamente, queria ter certeza de que não deixara passar, seria imprescindível terem certeza de ela não estar ali.

— Capitã, Calysto não está aqui. — Oscar informa.

— Eu percebi e isso é muito bom.

— O que faremos agora? — Ellenne questionou.

— Retornaremos ao navio, passaremos a noite por aqui, amanhã, pensarei em algo.

— Acha que é seguro, Capitã? — Oscar pergunta receoso — Seja lá o que matou essas sereias, não foi a doença, muitos corpos estão cheios de arranhões, mordidas, o que significa...

— Significa que pode ser a criatura que me procura. — ela cortou — Eu sei, Oscar, mas até agora não tivemos o desprazer de encontrar, seja lá o que for.

Caminhou de volta ao navio, a noite estava abafada ali, sem a brisa fresca do mar, a água parada, refletindo a lua e o silencio ensurdecedor.

— Kira, eu concordo com Oscar, é muito perigoso! — Ellenne estava um tanto apavorada — Nós dependemos totalmente de você, lembre-se disso.

Ela revirou os olhos, não dera ouvidos, iria ficar ali e pronto, a menos que algo que não pudesse lidar lhe atacasse, permaneceria esperando o dia amanhecer.

Kira sentou sobre a beirada da popa, se entediou devido a situação que se encontrava.

Calysto era um ser vingativo e muito mais poderoso do que muitos acreditam, mas a capitã tinha pleno conhecimento das habilidades da sereia, por isso, contava com o fato de acreditar que ela estava viva, para continuar navegando.

— Capitã, pode ser que a rainha sereia esteja na cidade submersa. — Oscar comenta.

— Não é um lugar muito protegido, salvo a enorme barreira de corais que expele toxinas, seria o último lugar em que ela permaneceria. — resmungou — Mas ela certamente deve ter ido para as profundezas, o abismo negro.

— Não é um local perigoso, cheio de criaturas?

— Sim, mas não acha que as sereias permaneceriam por séculos no mar, sem ter seus próprios truques? — perguntou o encarando — Justamente por ser um lugar perigoso, que é bom para se manter escondida.

— Faz bastante sentido, na verdade, visto as coisas que já passamos. — responde.

Ela balançou a cabeça em afirmação.

— Veja como está o Sr. Willians e acho que está na hora de dar a bebida a eles.

Oscar assentiu se retirando.

Ela abraçou o próprio corpo, sentindo fortes calafrios, percebeu algumas leves tremidas, como um pressentimento ruim. A pior parte de tudo, sentir-se sozinha, não tinha Sr. Willians para aconselhá-la ou simplesmente preencher o vazio de sua mente com os comentários dele, os quais podiam parecer banais, porém, possuíam certo significado.

Lembrou-se Daniel, poderia muito bem ter pedido para ele ficar e a acompanhar, mas diferente dela, ele tinha um filho pequeno, alguém de pura inocência que aguardava seu retorno. Talvez um dia, ela também tivesse alguém para voltar, como antes, fazia tempo que não via Amélia, talvez devesse ir conhecer sua mãe, quem sabe poderia gostar dela, mas certamente sua vida estava conturbada no momento, tinha receio de estar tão dependendo emocionalmente de alguém, a ponto de sofrer caso tivesse uma perda.

Com Sr. Willians, já era difíc

Em questão dos últimos acontecimentos aconselho aos leitores que não iniciem a leitura, me recuso a continuar disponibilizando meus livros de graça e a plataforma render as minhas custas, assim como de outros autores, os capítulos foram cortados pela metade assim inviabilizando a leitura e consequentemente cortando os rendimentos.

Agradeço a compreensão de todos e preço desculpas pelos transtornos.

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