Ellenne caminhava com dificuldade enquanto carregava o baú, parecia pesa uma tonelada, mal conseguiu sair da cabine antes de o derrubar ao convés, próximo ao Sr. Willians.
Oscar caminhou até ela com pressa, a ajudando a recolher as moedas de ouro que se espalharam. A garota sentiu-se ligeiramente envergonhada, queria se esconder no primeiro buraco que encontrasse, porém, tentou manter o semblante calmo e despreocupado.
— Devia ter me chamado. — Oscar disse levantando o baú — Eu assumo daqui.
Lhe deu uma piscadela discreta antes de se afastar.
Ela respirou fundo antes de retornar a cabine do capitão, voltou ao seu trabalho, não demorou tanto quanto imaginava para ajustar a calça a camisa e o caso que encontrara, outrora pertencidos a Kira enquanto ainda comandava o Pesadelo Marinho.
Sentiu o balanço do navio diminuindo, levantou para acordar Rubi que mesmo relutante abriu os olhinhos cansados.
— A roupa está pronta, vou esperar lá fora. — sussurrou.
A menina assentiu se levantando.
Do lado de fora, Ellenne pôde ver o navio ancorado próximo da praia, porém, não via nenhum sinal de Malesinmar, acreditava que talvez ele tivesse partido ou mesmo estivesse morto e fora carregado pelas ondas do mar.
— Oscar e Petrus, desçam para ver se encontram Malesinmar então o tragam a bordo. — Sr. Willians berrou — Não demorem, ainda temos que comprar suprimentos.
Oscar já se preparava para descer enquanto Petrus resmungava retirando as botas para não molhar.
— Eu é que deveria estar no comando.
— Está dizendo isso há duas horas. — Oscar balançou a cabeça.
Desceram para a água a procura da criatura que fora deixada para trás no dia anterior, procuraram perto da praia, até que Petrus o avistou, ainda deitado no mesmo lugar.
O olho arrancado parecia estar crescendo de novo, o braço esquerdo também, apesar de ter sido apenas um pouco, era um grande avanço, os cortes estavam totalmente cicatrizados e ele estava aparentemente melhor do que quando o deixaram.
O ergueram com cuidado levando-o de volta ao navio, tiveram um pouco de dificuldade de subi-lo, mas com um pouco de esforço, foram capazes de colocá-lo a bordo. A criatura caminhava cambaleante e silenciosa pelo convés, observava a todos os presentes como se procurasse por algo, ou melhor, alguém.
Rubi saiu da cabine devagar, intrigada com a criatura ali no convés, ainda não tinha muita confiança em se aproximar de Malesinmar.
— Vamos atracar no porto agora, Ellenne e Oscar irão descer, Petrus e Eliaquim fica responsável pela vigília e eu vou verificar se está tudo em ordem com o navio. — Sr. Willians dizia com pulso firme — Não queremos surpresas quando estivermos em alto mar.
— E eu? O que farei? — Rubi questionou cruzando os braços.
— Você pode vir conosco se quiser. — Ellenne respondeu.
A garota assentiu feliz.
O navio se movimentou novamente, dessa vez mais lento devido o destino ser bem próximo dali, quando atracaram, Ellenne, Rubi e Oscar desceram rapidamente.
Eliaquim respirava devagar, detestava ficar perto de Petrus, mas parecia que tudo conspirava para que eles ficassem no mesmo local. Seguia-o de longe, com medo de que o capitão descontasse suas frustrações e raivas contra ele.
— Ei, moleque. — Petrus virou-se.
O garoto parou no lugar, esperando para saber o que Petrus queria.
— Você vai subir para o cesto da gávea, será bem mais útil lá do que me seguindo como uma sombra. — resmungou.
Ele assentiu engolindo em seco, nunca tinha estado no cesto da gávea antes, na verdade tinha um certo medo de altura, lhe dava vertigem só de pensar em subir àquela altura e ficar por lá observando tudo.
— O que está esperando? — berrou — Trate de subir logo!
Assustado, o garoto se dirigiu para o mastro principal, subindo o mais rápido que pôde, apesar de não haver ventania, ar cordas balançavam muito deixando-o amedrontado ao perceber que a cada minuto estava mais longe do convés.
Sr. Willians observava a tudo sem falar nada, sua mente ainda estava concentrada em Kira, não sabia a real situação de sua capitã, queria ter certeza de ela estava bem, onde quer que estivesse.
Suspirou enquanto caminhava pelo convés, queria verificar tudo, não podiam se dar ao luxo de ter alguma surpresa inesperada, ainda mais que ele não tinha magia como sua capitã, não poderia controlar o Pesadelo Marinho habilmente, o velho navio era ainda mais arisco do que o Sombra do Oceano.
Malesinmar sentou-se nos pequenos degraus que levavam a cabine do capitão de forma débil, a criatura não parecia esta raciocinando corretamente.
No comércio, Ellenne olhava a tudo atentamente, muitos comerciantes vendiam alimentos de procedência duvidável, porém, depois da maldição, era ainda mais arriscado comprar qualquer coisa para se alimentarem, tinham que escolher bem o que levariam, não podiam se dar ao luxo de adoecer de novo.
— Tudo aqui parece “não comível”! — Rubi fez caretas com o rosto — Kira sempre sabia qual alimento podíamos comer, apenas olhando para ele.
— A capitã tem anos de experiência com piratas, corsários e comerciantes fajutos. — Oscar comentou — Já tivemos muitas histórias, ela se usou de cobaia várias vezes para testar sua intuição, deviam tê-la conhecido antes, era uma piada ambulante.
— Eu queria muito ter passado a minha infância com Kira... — Ellenne suspirou.
— Quando você se tornou membro da tripulação da capitã, ela já era adulta? — Rubi o encarou com olhos pidões.
— Não, era um pouco mais velha que você, porém, bochechuda e muito mandona, apesar da pouca idade ela mostrava competência. — ele respondeu dando de ombros — Não sei o que aconteceu, mas algo mudou no meio do caminho, a capitã não se preocupava muito com rotas, regras... de repente ela estava sempre preocupada com tudo o tempo todo.
— Quando crescemos, as coisas que pareciam divertidas parecem mudar, talvez ela tenha percebido que ser capitã era mais do que uma brincadeira. — Ellenne se virou para ele.
— Pode ser... — Oscar parou em frente a uma barraca que vendia frutas d’água.
Pareciam frutos frescos, porém, queriam ter certeza, aqu
Em questão dos últimos acontecimentos aconselho aos leitores que não iniciem a leitura, me recuso a continuar disponibilizando meus livros de graça e a plataforma render as minhas custas, assim como de outros autores, os capítulos foram cortados pela metade assim inviabilizando a leitura e consequentemente cortando os rendimentos.
Agradeço a compreensão de todos e preço desculpas pelos transtornos.
Petrus acabou por beber ainda mais e desmaiou na proa do navio sobre o próprio vômito, suas roupas molhadas de rum e várias garrafas caídas ao redor, algumas quebradas. — Fique atenta a qualquer movimento suspeito, Ellenne, não sabemos quanto tempo iremos retornar. — Sr. Willians disse antes de descer pela prancha. Ela assentiu enquanto observava os três caminhando em direção a padaria. Não demorou muito para que eles sumissem de vista, como Rubi já estava dormindo, ela permaneceu perto da porta e Malesinmar se encolhera perto do timão, as vezes balbuciava chiados desconexos em tom baixo, mas a maior parte do tempo ficava em silencio. Ellenne sentou ao chão pensativa, a preocupação com a irmã era evidente, havia dito a sua mãe que retornaria em breve, mas agora só queria encontrar Kira. Sr. Willians, Oscar e Eliaquim se esgueiravam pelos fundos da padaria, ainda havia movimentação do lado de dentro, algumas velas acessas indicavam isso, além d
— Então por que está nos ajudando? — Rubi questiona a Calysto. — Não estou ajudando vocês, estou ajudando a capitã Kira. — Certo, então vamos logo cada um seguir o lado que precisa. — Sr. Willians cortou o assunto — Rubi terá que ir com Ellenne, será mais seguro para ela estar com a rainha das sereias. Assentindo, as duas descem da canoa para o mar gelado, sendo amparadas pelas sereias. Calysto segura a pequena Rubi, enquanto uma das servas apoia Ellenne, as outras três se posicionam atrás da canoa a guiando rumo a Ilha de Vinhas em alta velocidade. — Segure-se em meus ombros. — Calysto instrui a Rubi — Será mais fácil para mim. Quando a garotinha acata as ordens da rainha, e Ellenne faz o mesmo com a outra sereia, elas disparam nadando rapidamente na direção oposta, retornando a Nebula Insula, em busca da mãe da capitã Kira. — Ser uma sereia parece muito legal. — Rubi comenta sorrindo — Eu adoraria ser uma. — Tem certe
TRÊS ANOS ANTES – PRISÃO DE BELLUM A cela fétida e escura, no subterrâneo das minas de ferro do reino, abrigava apenas uma prisioneira, uma mulher de face amarga. Seus dias resumiam-se a murmurar e proferir maldições, o coração endurecido tomado pelo extremo rancor, desejava mais do que tudo sair daquele lugar, esperava pacientemente um momento crucial, onde escaparia torando seus sonhos realidades. Ela levantou-se do chão ao escutar passos próximos, queria saber quem era, talvez conseguisse fugir, passara sete anos trancafiada naquele maldito buraco por causa de um erro que acabara por cometera, culpava uma garotinha de cabelos negros e olhos azuis, a mesma que roubara o seu navio, o Sombra do Oceano, o qual desejou durante anos. se esforçou muito para encontrar a localização do velho navio amaldiçoado, fez planos de se tornar não apenas a bruxa mais poderosa de todas, mas uma capitã de um navio pirata, leva
REINO DE CRISTALLUM– PALACIO REAL. A festa em comemoração ao ano novo que viria dentro de alguns minutos se tornava cada vez mais animada. Apesar das falsas amizades era possível ver nos olhos de cada um o desejo de um começo de ano repleto de muita sorte, esperança e sem acontecimentos estranhos e desastrosos como o antigo. O rei Daniel, recepcionava a todos, acompanhado de seus pais... Estava tudo dando certo para eles, nada podia estragar essa festa maravilhosa. O príncipe Carter com sua esposa a duquesa Yasmim, brincavam com seu filho primogênito, a felicidade do casal, a recente nomeada arquiduquesa Léia, passava a mão carinhosamente sobre sua enorme barriga, enquanto observava o rei. O fim de ano tinha sido calmo para todos, porém isso estava prestes a mudar... — Preparem-se para a contagem regressiva! — o rei gritou animado. Todos se puseram em seus lugares, era chegada a hora de comemorar a vinda de um ano de ouro... Ou talvez de sombras! — Talvez você veja que ela nunc
Dois anos depois – Em algum lugar do Mar Turbulento O Sombra do Oceano navegava com certa dificuldade pelo Mar Turbulento, no Oceano Fantasma. A capitã Kira observava a tudo com certo interesse, havia explorado aquelas águas com determinação, enfrentando criaturas místicas, o que para ela não eram grandes surpresas, tinha Magnadaemon como bichinho de estimação, e já obterá controle sobre outros. O Mar Assombrado não lhe tinha sido muito atrativo, mas ali onde estava, com as ondas gigantes tentando afundar seu navio, aquilo sim era emoção. Adorava a sensação de não saber o que viria, do coração acelerado, a cada nova investida violenta do mar, desejando sempre mais e mais. Iriam retornar logo para Turturem, já estava quase sem suprimentos, os quais duraram menos do que o previsto. Pretendiam passar mais tempo navegando, Kira tentaria encontrar o Oceano Infernal, aquele que nenhum pirata até aquele momento, conseguira encontrar. Mesmo todos acreditando ser apenas um mito, ela sentia
Na manhã seguinte, antes de amanhecer, Kira saíra da cabine do capitão e caminhou até a proa, observando o mar. Não dormira, passara a noite sentada sobre a cadeira, encarando o mar, entre curtos cochilos e longos suspiros, pressentia vibrações ruins e o Pesadelo Marinho estava inquieto, o que a irritava muito. Logo, Sr. Willians aparece ao seu lado, ainda sonolento. — Não conseguiu dormir, capitã? — questionou entre bocejos. — E pelo visto nem você... Estava tudo calmo, ela se encheu de preocupação, àquela hora, deveriam ter alguns barcos atracando no porto, ou pelo menos Gibbs já estaria se preparando para vender suas mercadorias. — Está um clima estranho. — comentou — Até para os padrões de Turturem. — Sim, mas creio que logo estaremos a par de tudo. — Sr. Willians se move até o mastro principal, onde Oscar estava parado. Kira se dirigiu aos degraus que levam ao convéns inferior, se deparando com uma Pria sonolenta, subindo os mesmos. — Já está muito tarde? — questionou. —
— Foi no ano novo, há dois anos, poucas semanas após você sumir. — Gibbs coça a barba — No começo, apareciam poucos, mas depois as coisas pioraram e fomos obrigados a mudar nossos hábitos, nem sequer podemos navegar a noite. — Não sabe o que pode ter causado? — Kira estava mais interessada no assunto. — Dizem que há um capitão amaldiçoado, rondando pelas ilhas piratas, durante a noite. — respondeu — Petrus Bezalel. Ellenne encarou a irmã, então engoliu em seco, temerosa. — Os rumores são de que ele foi aprisionado, não sabemos onde e nem porque, mas o certo é que quando retornou, estava muito mais cruel e sádico, porém, não costuma atacar, simplesmente soltou a maldição dos mortos, trazendo-os a vida. — sua voz era de tom amedrontado — Magicae praticamente não existe mais, os poucos sobreviventes se refugiaram em ilhas longe do reino e agora Bellum está degradando. — Quanto a Cristallum? — É o único reino que se mantém ainda estável, o rei tomou medidas provisórias ainda o iníc
PORTO DOURADO – MAR DE PÉROLA Quando anoiteceu, estavam em Porto Dourado, devidamente alojado em uma estalagem. A ilha parecia uma prisão, com altos muros de pedras, portões de ferros, guardas transitando por todos os lados, diferente do que Kira se lembrava. Se instalou em um quarto com duas camas de casal, ela dividiria uma delas com Pria, que estava muito mal, mesmo após as bebidas horríveis, ela tinha os espasmos de vez em quando, e Rubi, que apenas dormia, ficou com Ellenne. Oscar estava dividindo o quarto com o Sr. Willians, em camas separadas e Daniel permaneceu só, em um enorme quarto, o mais aconchegante de todos, assistência dos donos da estalagem. Não se importaria de estar ali, se pudesse dividi-lo com Kira, mas como não era o caso, estava enfadonho, desejando que a noite passasse logo, mesmo relutante, deitou sobre a cama, permaneceu por certo tempo acordado, nem sequer lembrava quando adormecera, simplesmente ap