Opala Insula
Levaram horas para dar a volta na ilha, mas nenhuma pista de Kira fora encontrada, nem mesmo outro objeto que pertencia a ela, indicando que estavam no cainho certo.
Seus estômagos roncavam e já se encontrava bastante cansados devido a longa caminhada debaixo do sol quente. Petrus era o único que se mantinha firme, sem reclamar da enorme fome, ele queria encontrar Kira logo, se o garoto estava certo, o lugar era aquele, percorreram tudo, a única “passagem visível” pelo meio da mata era a de frente onde estavam parados.
— Devíamos ter comprado algo para comer, antes de vir. — Sr. Willians disse pela décima vez.
— Eu já entendi que são um bando de maricas, mas temos problemas maiores. — Petrus resmungou.
— Se me permite dizer, nem ao menos gosta da capitã!
— Ela é minha filha acima de tudo, e tem um navio, recursos... — deu de ombros — O mínimo que pode fazer é me recompensar pela perda do meu navio.
— Mas não é um navio amaldiçoado? — Oscar questionou.
— Sim, sim, ele é bem resistente e rápido, ou melhor, era. — coçou o queixo — Porém é extremamente velho, o navio vai se cansando de afundar, bom, quem sabe ele não resolve aparecer.
Escutaram barulhos vindos da mata fechada, pelo “caminho” a frente deles vislumbraram uma silhueta se aproximando devagar, silenciosamente. Estavam todos prontos para atacar o que fosse, com exceção do garoto que se escondia atrás de Petrus, a silhueta ficara mais próxima, então puderam ver Malesinmar cambaleando.
A criatura estava terrivelmente machucada, uma gosma escorria pelos cortes em seu corpo, um dos olhos fora arrancado, assim com o braço esquerdo. Com mais alguns passos ele tombou aos pés do três, ofegando, parecia estar lúcido, porém, sentia uma dor excruciante.
Petrus se agachou e usando seu sabre, virou a criatura com a barriga para cima.
— Quem te atacou? — questionou.
— Kira... Kira... Perigo... Kira... — sussurrava fracamente — Salvar... Kira... Perigo... Kira...
— Isso não é nada bom! — Sr. Willians arfou em desespero — Se fizeram isso com ele, imagina como está a capitã?
— Vamos adentrar. — Petrus se levantou confiante.
— Enlouqueceu? — o marujo praticamente berrou — Nem sabemos o que está escondido nessas matas!
O capitão se aproximou com a face distorcida em ódio.
— Nós vamos adentrar essa mata e ponto. — resmungou.
Se virou de volta para Malesinmar antes de afastar-se.
— O garoto vai ficar com o bichinho da Kira, se quiserem, fiquem também, mas eu vou adentrar. — disse e então abaixou a voz — Molengas.
Se embrenhou pelo caminho estreito, sendo seguido apenas por Oscar.
— Se a capitã está em perigo, irei também.
Sr. Willians permaneceu parado, achou por bem ficar ali, não seria muito útil a eles mesmo, sua perna de pau atrapalharia a caminhada na mata fechada. Além do mais, queria tentar ajudar Malesinmar, talvez conseguisse aliviar a dor da criatura marinha.
Petrus usava seu sabre para cortar galhos e cipós que dificultavam seu avanço, Oscar observava sempre atento a tudo, qualquer movimento e ele atacaria sem nem hesitar, mesmo que mal conseguissem ver a sua frente, não conseguiam enxergar por onde Malesinmar havia passado, a mata parecia intocada.
A medida que avançavam ficava mais difícil até para se mexer, tudo ali era verde, os troncos cobertos de musgo, o ar úmido, porém abafado, os castigava a cada passo, sentiam o suor escorrendo mais do que quando estava na praia debaixo do sol. Aquela parte da ilha não deveria ser tão fechada, ao menos não daquela maneira, Petrus imaginou que isso também podia ter a ver com a maldição ou com quem a jogou no antigo mundo.
— Este lugar é quente como o inferno! — o capitão bradou — E olha que já estive perto de lá.
Sua gargalhada ressoava alta pela mata, apenas a voz dele podia ser ouvida.
Oscar permanecia em silencio, o marujo detestava a presença do capitão, preferiu mil vezes a sua capitã de volta, ele nem ao menos confiava em Petrus. Seus passos eram cautelosos, jamais se mantinha a frente dele, não sabia onde estava se metendo, aquilo podia muito bem ser uma armadilha. Kira acreditou no capitão, mas ele pensava que era tudo muito “fácil” demais.
— Parece que nunca chegaremos a algum lugar, será que não pegamos o caminho errado? — Petrus coçava a cabeça com seu sabre.
— Não sei se tem um caminho certo, Malesinmar veio dessa direção. — Oscar respondeu.
Continuaram andando até que Oscar avistou algo.
— Acho que estamos na direção certa. — ele diz apontando para uma árvore ao seu lado.
O tronco estava manchado com a mesma gosma que saía dos cortes em Malesinmar, e olhando para trás Petrus entendeu o motivo de o caminho parecer tão fechado.
— São árvores amaldiçoadas. — revirou os olhos irritado — Por isso não tinha um caminho, sempre que passamos, tudo volta ao normal.
— Melhor continuarmos então, pelo menos sabemos que não estamos perdidos.
A caminhada era ainda mais difícil naquele ponto, o chão tornou-se irregular, com várias protuberâncias e até alguns pontos onde tinha que subir.
— Sangue! — Petrus apontou para uma árvore.
Tinham manchas em algumas árvores próximas, enquanto subiam por uma parte mais íngreme, ao menos sabiam estra chegando perto. Ao chegarem no topo avistaram uma clareira, cheia de buracos, lama e sangue...
Se dirigiram ao local com cautela, inspecionando tudo o que viam, armas de todos os tipos, pedaços de roupas, sapatos e barris de rum vazios. Acontecera uma grande confusão naquele lugar, infelizmente chegaram tarde demais para descobrir o que ocorreu ou saber do paradeiro da capitã Kira.
— Esse casaco é da capitã! — Oscar levantou um pedaço de pano rasgado — Ou o que sobrou dele.
— Há mais alguma coisa dela?
— Sim, as botas, tenho certeza que aquelas pertencem a ela. — respondeu firme.
— Isso não é bom, esse casaco está manchado de sangue...
— O responsável por essa confusão não pode ter ido muito longe, não avistamos nenhum navio diferente chegando ou partindo. — observou bem ao redor — Se encontrarmos pistas de para onde foram, podemos os alcançar.
— Pelo estrago aqui posso dizer que foram pessoas e não estão sozinhos. — resmungou — Melhor pensarmos bem antes de agir, se Kira estiver viva vamos achá-la, mas primeiros precisamos de descanso e alimento, ne um de nós dois está em condições de enfrentar seja lá quem for.
Ambos apresentavam sinais de esgotamento, seria realmente mais prudente retornar e pensar numa nova abordagem, sempre importante ter uma boa estratégia e Petrus não era o tipo de homem que gostava de subestimar seus inimigos. Retornaram com mais pressa do que na ida, chegar a praia e ir para o comércio tentar descansar e comer algo era essencial, antes de começarem a planejar como iam descobrir quem estava por trás do sumiço de Kira. Petrus não queria admitir, mas começara a ficar preocupado com sua filha, mesmo que não desejasse o nascimento dela, sentia orgulho da capitã pirata que tinha se tornado, não se aproveitando apenas de sua magia.
— Posso perguntar uma coisa? — Oscar estava intrigado.
— Já perguntou. — Petrus revirou os olhos — O que que
Em questão dos últimos acontecimentos aconselho aos leitores que não iniciem a leitura, me recuso a continuar disponibilizando meus livros de graça e a plataforma render as minhas custas, assim como de outros autores, os capítulos foram cortados pela metade assim inviabilizando a leitura e consequentemente cortando os rendimentos.
Agradeço a compreensão de todos e preço desculpas pelos transtornos.
Enquanto Sr. Willians e Eliaquim se distanciavam cada vez mais, Oscar observava a linha do horizonte a procura de vislumbrar o Sombra do Oceano. — Eu sabia que teria problemas se fosse atrás de Kira, mas não imaginei que fossem tantos... — Petrus comentou. Ainda estava deitado, tirara o casaco para cobrir seu rosto da claridade. — Lembra que tentou matar ela? — Oscar questionou. — Isso é o de menos, Kira atraiu uma criatura mitológica para o meu navio. Oscar suspirou sem saber o que responder, a forma como Petrus pensava era intrigante. — Por que mudou de ideia, capitão? — Sobre o quê? — Sobre acusar Kira da maldição. Ele levantou o casaco para observar o marujo, que nem ao menos lhe olhava. — Não é bem assim, apenas quis ser justo, além disso, uma mulher que consegue me enfrentar sem medo merece respeito, não acha? — questionou. — A capitã costuma sentir mais ódio do qu
Turturem A lama sob seus pés e as pedras pelo caminho transformou em uma longa caminhada, o que poderia ter sido feito em quinze minutos, caso as condições fossem melhores. — Diabos de lugar imundo, essa é a pior humilhação que já passei na minha vida. — Petrus resmungou irritado — Quando eu encontrar o responsável por essa maldição, irei estrangulá-lo com minhas próprias mãos. Demoraria um pouco mais para o amanhecer, teriam que se contentar em permanecer ao ar livre. Chegando as ruas de pedras, que compunha metade da parte comerciante de Turturem, avistaram os mortos vivos vagando de um lado para o outro, em grande quantidade. Mesmo tentando se manterem longe das vistas, acabaram por ter sua localização entregue quando Petrus xingou alto. Sr. Willians queria cortar a garganta do capitão, mas sabia não ter força para isso e tinham coisas maiores para se preocupar. Dispararam pelo mesmo caminho que vieram, de volta a p
Ellenne caminhava com dificuldade enquanto carregava o baú, parecia pesa uma tonelada, mal conseguiu sair da cabine antes de o derrubar ao convés, próximo ao Sr. Willians. Oscar caminhou até ela com pressa, a ajudando a recolher as moedas de ouro que se espalharam. A garota sentiu-se ligeiramente envergonhada, queria se esconder no primeiro buraco que encontrasse, porém, tentou manter o semblante calmo e despreocupado. — Devia ter me chamado. — Oscar disse levantando o baú — Eu assumo daqui. Lhe deu uma piscadela discreta antes de se afastar. Ela respirou fundo antes de retornar a cabine do capitão, voltou ao seu trabalho, não demorou tanto quanto imaginava para ajustar a calça a camisa e o caso que encontrara, outrora pertencidos a Kira enquanto ainda comandava o Pesadelo Marinho. Sentiu o balanço do navio diminuindo, levantou para acordar Rubi que mesmo relutante abriu os olhinhos cansados. — A roupa está pronta, vou esperar lá fora.
Petrus acabou por beber ainda mais e desmaiou na proa do navio sobre o próprio vômito, suas roupas molhadas de rum e várias garrafas caídas ao redor, algumas quebradas. — Fique atenta a qualquer movimento suspeito, Ellenne, não sabemos quanto tempo iremos retornar. — Sr. Willians disse antes de descer pela prancha. Ela assentiu enquanto observava os três caminhando em direção a padaria. Não demorou muito para que eles sumissem de vista, como Rubi já estava dormindo, ela permaneceu perto da porta e Malesinmar se encolhera perto do timão, as vezes balbuciava chiados desconexos em tom baixo, mas a maior parte do tempo ficava em silencio. Ellenne sentou ao chão pensativa, a preocupação com a irmã era evidente, havia dito a sua mãe que retornaria em breve, mas agora só queria encontrar Kira. Sr. Willians, Oscar e Eliaquim se esgueiravam pelos fundos da padaria, ainda havia movimentação do lado de dentro, algumas velas acessas indicavam isso, além d
— Então por que está nos ajudando? — Rubi questiona a Calysto. — Não estou ajudando vocês, estou ajudando a capitã Kira. — Certo, então vamos logo cada um seguir o lado que precisa. — Sr. Willians cortou o assunto — Rubi terá que ir com Ellenne, será mais seguro para ela estar com a rainha das sereias. Assentindo, as duas descem da canoa para o mar gelado, sendo amparadas pelas sereias. Calysto segura a pequena Rubi, enquanto uma das servas apoia Ellenne, as outras três se posicionam atrás da canoa a guiando rumo a Ilha de Vinhas em alta velocidade. — Segure-se em meus ombros. — Calysto instrui a Rubi — Será mais fácil para mim. Quando a garotinha acata as ordens da rainha, e Ellenne faz o mesmo com a outra sereia, elas disparam nadando rapidamente na direção oposta, retornando a Nebula Insula, em busca da mãe da capitã Kira. — Ser uma sereia parece muito legal. — Rubi comenta sorrindo — Eu adoraria ser uma. — Tem certe
TRÊS ANOS ANTES – PRISÃO DE BELLUM A cela fétida e escura, no subterrâneo das minas de ferro do reino, abrigava apenas uma prisioneira, uma mulher de face amarga. Seus dias resumiam-se a murmurar e proferir maldições, o coração endurecido tomado pelo extremo rancor, desejava mais do que tudo sair daquele lugar, esperava pacientemente um momento crucial, onde escaparia torando seus sonhos realidades. Ela levantou-se do chão ao escutar passos próximos, queria saber quem era, talvez conseguisse fugir, passara sete anos trancafiada naquele maldito buraco por causa de um erro que acabara por cometera, culpava uma garotinha de cabelos negros e olhos azuis, a mesma que roubara o seu navio, o Sombra do Oceano, o qual desejou durante anos. se esforçou muito para encontrar a localização do velho navio amaldiçoado, fez planos de se tornar não apenas a bruxa mais poderosa de todas, mas uma capitã de um navio pirata, leva
REINO DE CRISTALLUM– PALACIO REAL. A festa em comemoração ao ano novo que viria dentro de alguns minutos se tornava cada vez mais animada. Apesar das falsas amizades era possível ver nos olhos de cada um o desejo de um começo de ano repleto de muita sorte, esperança e sem acontecimentos estranhos e desastrosos como o antigo. O rei Daniel, recepcionava a todos, acompanhado de seus pais... Estava tudo dando certo para eles, nada podia estragar essa festa maravilhosa. O príncipe Carter com sua esposa a duquesa Yasmim, brincavam com seu filho primogênito, a felicidade do casal, a recente nomeada arquiduquesa Léia, passava a mão carinhosamente sobre sua enorme barriga, enquanto observava o rei. O fim de ano tinha sido calmo para todos, porém isso estava prestes a mudar... — Preparem-se para a contagem regressiva! — o rei gritou animado. Todos se puseram em seus lugares, era chegada a hora de comemorar a vinda de um ano de ouro... Ou talvez de sombras! — Talvez você veja que ela nunc
Dois anos depois – Em algum lugar do Mar Turbulento O Sombra do Oceano navegava com certa dificuldade pelo Mar Turbulento, no Oceano Fantasma. A capitã Kira observava a tudo com certo interesse, havia explorado aquelas águas com determinação, enfrentando criaturas místicas, o que para ela não eram grandes surpresas, tinha Magnadaemon como bichinho de estimação, e já obterá controle sobre outros. O Mar Assombrado não lhe tinha sido muito atrativo, mas ali onde estava, com as ondas gigantes tentando afundar seu navio, aquilo sim era emoção. Adorava a sensação de não saber o que viria, do coração acelerado, a cada nova investida violenta do mar, desejando sempre mais e mais. Iriam retornar logo para Turturem, já estava quase sem suprimentos, os quais duraram menos do que o previsto. Pretendiam passar mais tempo navegando, Kira tentaria encontrar o Oceano Infernal, aquele que nenhum pirata até aquele momento, conseguira encontrar. Mesmo todos acreditando ser apenas um mito, ela sentia