Dois anos depois – Em algum lugar do Mar Turbulento
O Sombra do Oceano navegava com certa dificuldade pelo Mar Turbulento, no Oceano Fantasma.
A capitã Kira observava a tudo com certo interesse, havia explorado aquelas águas com determinação, enfrentando criaturas místicas, o que para ela não eram grandes surpresas, tinha Magnadaemon como bichinho de estimação, e já obterá controle sobre outros.
O Mar Assombrado não lhe tinha sido muito atrativo, mas ali onde estava, com as ondas gigantes tentando afundar seu navio, aquilo sim era emoção. Adorava a sensação de não saber o que viria, do coração acelerado, a cada nova investida violenta do mar, desejando sempre mais e mais.
Iriam retornar logo para Turturem, já estava quase sem suprimentos, os quais duraram menos do que o previsto.
Pretendiam passar mais tempo navegando, Kira tentaria encontrar o Oceano Infernal, aquele que nenhum pirata até aquele momento, conseguira encontrar. Mesmo todos acreditando ser apenas um mito, ela sentia que era um lugar real, que escondia centenas de segredos, maravilhas e quem sabe até ouro, pedras preciosas.
— Sr. Willians, quanto tempo ainda falta? — questionou aos gritos.
Era a única maneira de serem escutados, o Mar Turbulento era barulhento.
— Bastante, capitã. — respondeu.
Pensava que já estavam perto, mas sabia que após tanto tempo navegando, o Sombra do Oceano estava exausto, não duraria muito, se tornou lento.
— Poderia chamar alguma besta aquática, que está sob seu controle, para levar o navio, seria bem mais rápido.
Não era uma má ideia, e Kira tinha em mente a besta perfeita para a ocasião.
Em meio aos relâmpagos, raios e trovões, avistou a enorme calda da arraia gigantesca, a Stingriant, ao se aproximar, enrolou sua calda em volta do navio, era bem mais flexível do que parecia, mas também podia enrijecer, transformando se um esporão venenoso.
Puxou o navio entre as águas sem muita dificuldade, os tripulantes se seguravam onde conseguiam.
Pria havia amarrado Rubi, no mastro principal, as duas estavam muito bem seguras e pareciam se divertir com a situação, a viagem se tornara mais emocionante do que elas imaginavam.
Kira ficou tensa, sentia o Sombra estalar, como resmungos.
Não demorou muito para chegarem ao Mar nevoento, no Oceano escuro, estavam bem próximos de Turturem, dali em diante, poderiam navegar sem a ajuda de Stingriant.
A capitã o dispensou rápido e assumiu o timão, sentia que o navio estava extremamente furioso, teriam que ficar um tempo na ilha pirata, até que ele se recuperasse, e nem sabia quanto tempo duraria dessa vez.
Hás alguns meses, ele os abandonara em uma ilha desconhecida do Mar Assombrado, por pelo menos três semanas, parte da tripulação foi perdida, um número expressivo e inesperado. Acima de tudo, reconhecia que estava a exigir demais do pobre navio, o qual nuca navegou por tanto tempo ou passara por tanta dificuldade.
Aumentando sua velocidade, rumou para Turturem.
— Capitã, estamos todos molhados e com frio, por favor, diga que passaremos a noite em Turturem. — Pria questiona.
Estava mais velha agora, aprendera rápido, ao mesmo tempo em que ajudava Rubi em sua adaptação, o que poupou muito trabalho a Kira.
— Não temos muita escolha, o Sombra do Oceano está bem irritado e cansado. — respondeu.
— Sabe, capitã, fala do navio como se ele estivesse realmente vivo. — Rubi comenta.
Uma das cordas soltas é levitada em direção a garota, que cai no chão bruscamente.
— Se eu fosse você, tomava cuidado. — Sr. Willians a ajuda levantar.
— O Sombra é um navio amaldiçoado, realmente está “vivo”. — Pria a encara sorrindo.
A capitã se concentrou no timão, enquanto o controlava, em pouco tempo avistou pequenas luzes piscando, era a ilha pirata mais famosa de todas, onde se reuniam para festejar, buscar suprimentos ou procurar alguém de má índole. Também era um ótimo lugar para se conseguir informações, já que os piratas se tornam extremamente linguarudos após umas garrafas de rum.
Quando aportaram, observaram estar pouco movimentado, não era tão tarde da noite, mesmo se fosse, as festas não costumam acabar tão cedo.
— Certo, retirem tudo que ainda tivermos de valor, que seja útil e suas coisas pessoas. — bradou rumando a sua cabine.
Encheu uma bolsa de ouro, seria o suficiente por enquanto, depois recolheu algumas roupas, um par extra de botas, e alguns outros pertences, em uma segunda bola, maior.
Colocou o chapéu em sua cabeça, sobre os cabelos soltos e encharcados, e saiu, descendo do navio.
Pria e Rubi já a esperava, junto com Sr. Willians e Oscar. Fora eles, não restara muito da tripulação, teria que fazer novas entrevistas em breve, provavelmente antes de partir.
— Não tinha muito o que pegar, as roupas estão bastante molhadas. — Rubi resmunga.
Kira entregou algumas moedas de ouro a ela, assim como para Pria.
— Vejam se conseguem roupas secas, o suficiente para uma ou duas semanas. — ordenou — Sr. Willians, precisamos de um lugar para passar a noite e Oscar, leve os tripulantes que restaram para alguma taverna, ou qualquer lugar que queiram ir, será por minha conta.
Entregou uma parte considerável de ouro a cada um. As meninas estavam já longe de vista e Oscar reuniu a tripulação, os levando para se divertirem.
— Capitã, por que não chama o Pesadelo Marinho? — Sr. Willians questiona, ainda parado — Ele está parado há muito tempo, não teria mal algum em usá-lo.
— Tem razão, já que Julius Black não irá usar o navio, posso mantê-lo como substituto, será bem útil.
O Sombra já estava longe, mal podiam avistá-lo.
— Pelo visto, não tiraram muito do navio. — resmungou.
Haviam apenas cinco caixas com suprimentos, provavelmente estragados pela água, dois barris de rum, algumas armas e um barril de pólvora molhada.
— Acho que deveríamos passar a noite no Pesadelo, com os homens se divertindo, teremos muito trabalho para embarcar tudo e ainda providenciar mais. — Sr. Willians comenta.
— Tudo bem, enquanto chamo o navio, providencie lençóis limpos, algum colchão para Pria e Rubi e comida quente. — ordena.
Ele se retira rapidamente, com sua perna de pau fazendo barulho.
— Capitã, a tripulação se embrenhou em um bordel, mas não sei se estarão dispostos amanhã. — Oscar diz, retornando.
— Passaremos a noite aportados aqui, o Pesadelo Marinho chegará em breve. — informa — Devia estar com eles, se divertir um pouco faz bem pro moral.
Ele apenas negou com a cabeça.
— A decisão é sua...
Os olhos dela se tornaram brilhantes, enquanto se voltava ao mar, para chamar o navio, primeiro precisava encontra-lo mentalmente e estabelecer uma conexão.
Encontrou-o, ancorado na gruta do medo, da mesma forma que o deixara. Estava relutante, o velho navio resistia em despertar, mas Kira não iria desistir, aos poucos, as cordas iam se mexendo, a madeira estalava, o timão passou a se mexer e o Pesadelo Marinho começou a navegar, com um brilho azulado lhe envolvendo.
Não era tão rápido quanto seu navio, porém seria bem útil, era maior e mais reforçado.
Kira suspirou, o navio já estava a caminho, agora bastava esperar sua chegada, embarcariam para descansar durante o resto da noite.
— Capitã, só consegui isso para comermos. — Sr. Willians havia retornado — Mas nada de lençóis.
O velho marujo estava acompanhado das duas garotas, que ajudavam a carregar a comida. Basicamente, a banda de um porco pequeno assado, sopa de alguma coisa não identificada e grãos cozidos com legumes.
— Estava praticamente sem comida, o lugar está muito vazio, alguns bares fechados, não é normal para Turturem. — ele comenta.
— Também não encontramos roupas ou qualquer coisa seca para vestir. — Pria suspira.
— Realmente, o bordel também não estava muito movimentado. — Oscar complementa.
A capitã estava apreensiva, em nenhum dos seus doze anos de pirataria, havia presenciado cenas como essa, Turturem era um lugar cheio, tanto de pessoas, como de suprimentos e tudo o que se podia imaginar. Alguma coisa estava acontecendo e ela iria descobrir, mas não naquela noite, precisava descansar.
— Há um navio, ali. — Rubi aponta.
Era o Pesadelo Marinho, vinha lento, como se estivesse de má vontade.
— É a nossa carona. — informou.
O navio aportou no cais, e Kira usou magia para descer a rampa, já que não havia ninguém no navio.
— Oscar, me ajude a levar essas caixas a bordo, vocês três embarquem com a comida. — ordenou.
Ergueu uma das caixas, enquanto Oscar segurava duas, subiram pela rampa, colocando-as perto do mastro principal.
Sr. Willians estava verificando tudo, para saber o estado do navio e quais medidas deviam tomar antes de se acomodarem.
— Com licença, eu procuro a capitã Kira! — uma voz feminina chama a atenção deles.
Kira observa a garota a frente da rampa com certo espanto e perplexidade.
Eram idênticas, praticamente irmãs gêmeas, salvo algumas características, o tom de pele, a moça era menos pálida que a capitã e os olhos eram castanhos e não azuis.
— Este é o navio da capitã Kira? — questionou paciente.
— Não... — Kira respondeu — Mas está falando com ela.
Retirou o chapéu da cabeça e desceu pela rampa, até se colocar de frente a garota, que engoliu em seco, antes de abrir um grande sorriso nos lábios. Ficaram em silencio por um tempo, sem saber o que falar, apenas se observando.
Sr. Willians estava incrédulo com o que via, duas Kiras, não lhe parecia algo que imaginou acontecer algum dia. Oscar colocou o barril de rum, que segurava, no chão, atento ao que acontecia.
Pria e Rubi ficaram curiosas com a recém chegada.
— Eu me chamo Ellenne. — apresentou-se — Estou há um tempo lhe procurando.
Kira suspirou, milhões de perguntas povoavam sua mente, estava exasperada, queria saber tudo sobre aquela garota, mas não sabia se estava disposta a se envolver em outra família, tivera experiências ruins demais para uma vida.
— E o que quer de mim? — questionou.
Ellenne colocou os braços envoltos no próprio corpo, ainda era algo novo para ela, procurou Kira por tanto tempo, quando finalmente a encontrou, não sabia o que dizer, estava paralisada, na verdade, imaginou que o encontro delas seria totalmente diferente.
Mas dada a aparência de Kira, olheiras escuras sobre os olhos, estava mais magra e de semblante cansado, sabia que não seria uma boa hora para despejar tudo o que queria.
— Quero conversar, sobre algo importante. — respondeu por fim.
A capitã arqueou as sobrancelhas curiosa, queria perguntar mais, porém, não queria aparentar estar desesperada por informação, sendo que primeiro queria saber sobre a personalidade de Ellenne, se poderia depositar algum tipo de confiança.
— Pois bem, fique a vontade, suba a bordo. — saiu da prancha indicando o caminho — Irei terminar de carregar o pouco que temos e já lhe acompanho.
Ela assentiu com a cabeça já subindo.
— Sr. Willians... — disse apenas.
O marujo entendeu que deveria recepcionar e observar a moça.
— Sou o Sr. Willians e estas são Pria e Rubi. — falou indicando uma caixa para ela sentar — Sua semelhança a capitã, é espantosa.
Ela demonstrou um tímido sorriso.
— Quando ela retirou o chapéu, pensei a mesma coisa. — respondeu.
— Tem muitas diferenças, a capitã é mais pálida, e está muito magra, a cor dos olhos também não é igual. — Rubi diz cutucando Ellenne — Eu prefiro Kira.
— Não estou tentando ocupar o lugar da sua capitã. — comentou sorrindo — Acabei de chegar e você já tirou conclusões precipitadas.
A menina deu de ombros, estava um pouco maior agora, mas ainda era a mesma curiosa de sempre.
— Sr. Willians, veja como está a cabine do capitão e Pria, se quiserem dormir em um lugar limpo e confortável, melhor se organizarem logo. — ordenou.
Sr. Willians seguiu para a cabine e Pria, Oscar e Rubi desceram para o convés inferior, a fim de verificar se tinha algo aproveitável, o qual pudessem usar.
— Se não se importa, Ellenne, estamos cansados e famintos, — disse sentando de frente a ela — se puder ser rápida, serei grata.
— Na verdade, não tem como. — suspirou — Posso retornar amanhã.
— Onde está hospedada?
— Ainda não tenho um lugar para dormir, mas sei me virar bem. — respondeu.
Kira a observou atentamente.
— Temos espaço, se você quiser, só não garanto conforto. — informou — O navio é velho e faz tempo que não é usado, mas já que o meu não está disponível, usaremos esse temporariamente.
— Obrigada e não se preocupe, eu não me importo com isso, durmo onde me colocarem.
Assentiu com a cabeça, mecanicamente.
— Pria, arranje um lugar para Ellenne dormir. — bradou próxima as escadas que levam ao convés inferior.
— Capitã, sua cabine está pronta para uso. — Sr. Willians descia os pequenos degraus lentamente.
— Ótimo, organize a segunda cabine, os velhos também precisam de descanso.
Ele apenas gargalhou se retirando.
Kira encarou Ellenne que a observava com olhos brilhantes.
— Se quiser, pode servir-se da comida, não é muito, mas é boa.
Ela apenas lhe devolveu um leve sorriso.
Na manhã seguinte, antes de amanhecer, Kira saíra da cabine do capitão e caminhou até a proa, observando o mar. Não dormira, passara a noite sentada sobre a cadeira, encarando o mar, entre curtos cochilos e longos suspiros, pressentia vibrações ruins e o Pesadelo Marinho estava inquieto, o que a irritava muito. Logo, Sr. Willians aparece ao seu lado, ainda sonolento. — Não conseguiu dormir, capitã? — questionou entre bocejos. — E pelo visto nem você... Estava tudo calmo, ela se encheu de preocupação, àquela hora, deveriam ter alguns barcos atracando no porto, ou pelo menos Gibbs já estaria se preparando para vender suas mercadorias. — Está um clima estranho. — comentou — Até para os padrões de Turturem. — Sim, mas creio que logo estaremos a par de tudo. — Sr. Willians se move até o mastro principal, onde Oscar estava parado. Kira se dirigiu aos degraus que levam ao convéns inferior, se deparando com uma Pria sonolenta, subindo os mesmos. — Já está muito tarde? — questionou. —
— Foi no ano novo, há dois anos, poucas semanas após você sumir. — Gibbs coça a barba — No começo, apareciam poucos, mas depois as coisas pioraram e fomos obrigados a mudar nossos hábitos, nem sequer podemos navegar a noite. — Não sabe o que pode ter causado? — Kira estava mais interessada no assunto. — Dizem que há um capitão amaldiçoado, rondando pelas ilhas piratas, durante a noite. — respondeu — Petrus Bezalel. Ellenne encarou a irmã, então engoliu em seco, temerosa. — Os rumores são de que ele foi aprisionado, não sabemos onde e nem porque, mas o certo é que quando retornou, estava muito mais cruel e sádico, porém, não costuma atacar, simplesmente soltou a maldição dos mortos, trazendo-os a vida. — sua voz era de tom amedrontado — Magicae praticamente não existe mais, os poucos sobreviventes se refugiaram em ilhas longe do reino e agora Bellum está degradando. — Quanto a Cristallum? — É o único reino que se mantém ainda estável, o rei tomou medidas provisórias ainda o iníc
PORTO DOURADO – MAR DE PÉROLA Quando anoiteceu, estavam em Porto Dourado, devidamente alojado em uma estalagem. A ilha parecia uma prisão, com altos muros de pedras, portões de ferros, guardas transitando por todos os lados, diferente do que Kira se lembrava. Se instalou em um quarto com duas camas de casal, ela dividiria uma delas com Pria, que estava muito mal, mesmo após as bebidas horríveis, ela tinha os espasmos de vez em quando, e Rubi, que apenas dormia, ficou com Ellenne. Oscar estava dividindo o quarto com o Sr. Willians, em camas separadas e Daniel permaneceu só, em um enorme quarto, o mais aconchegante de todos, assistência dos donos da estalagem. Não se importaria de estar ali, se pudesse dividi-lo com Kira, mas como não era o caso, estava enfadonho, desejando que a noite passasse logo, mesmo relutante, deitou sobre a cama, permaneceu por certo tempo acordado, nem sequer lembrava quando adormecera, simplesmente ap
MAR DOS ENCANTOS – TERRA CRUZ Era noite, haviam chegado ao Oceano Ilusório e vagavam pelo Mar dos Encantos, o lar das sereias. Kira perdera o dia, entoou a canção Niger Luna tantas vezes que estava rouca, sua garganta ardia e sua boca estava seca. Bebera água como nunca na vida, porém, nenhuma movimentação na água, nem ao mesmo as vibrações comuns causadas pelo canto, ela conseguiu sentir. Ficou frustrada, a situação era pior do que pensava, Calysto não perdia uma oportunidade de aparecer. Ao longe, avistaram o aglomerado de pedras, conhecido como ilha de Terra Cruz, onde algumas sereias costumavam pegar sol, era raro, mas não impossível, encontrar uma acima da água. As rochas pontudas e afiadas se estendiam por toda a ilha, o lugar menos perigoso era a estreita faixa de areia negra, que formava a pequena praia. O lugar não era grande, minúsculo, na verdade, porém, servia de parada para alguns pirat
ILHA DE MORTUUM Estavam aportados desde o amanhecer, o lugar não tinha uma viva alma, totalmente vazio e silencioso, algo inesperado para uma ilha pirata. Kira levantou da cadeira, Oscar estava no convés inferior, providenciado algo para comerem, depois de forçar os doentes a beber o sumo amargo. Ellenne não aparecia desde a noite passada, estava evitando qualquer contato com a capitã. Ela se dirigiu a cama onde as garotas estavam deitadas, Rubi estava com a aparência um pouco melhor, mas Pria estava com uma cor estranha. Kira se aproximou tocando a garota, percebeu que estava morta, já gelada. Pegou Rubi no colo e a levou para longe, se a menina tivesse outro contato com um morto vivo, morreria com certeza. — Oscar! — berrou. O homem subiu e passos apressado, até chegar a capitã que lhe entregou a criança. — Coloque-a em outro lugar. — E Pria? — questionou confuso. — Não resistiu. — respondeu c
CRISTALLUM – PALÁCIO REAL Daniel estava parado em frente a porta de vidro da sacada do quarto de Léia, a qual dormia pesadamente, mesmo que tenham dado a bebida a ela, ainda permanecia cansada, precisava de mais tempo de descanso. Nos braços dele, Derick se remexia inquieto, queria brincar, correr pelo chão, tinha pego gosto por andar, não demoraria muito para falar, o rei pensava. — Irei alimentar o pequeno príncipe. — Yasmin entra sorridente como sempre. Desde o nascimento de seu primeiro filho, ela havia mudado totalmente o humor, era mais amável e agora esperava pelo segundo. Ele entregou a criança para a tia, que saiu cantarolando, sem seguida, caminhou até o pé da cama, sentando sobre ela, observando a mulher que estava pálida. Daniel podia ter seu coração inteiro a Kira, porém, negar que o tempo não o tinha feito nutrir novos sentimentos por Léia seria uma grande mentira. Sentiu-se dividido, pois ela sempre esteve ao la
A tempestade havia chegado de repente, os pegando de surpresa, Sr. Willians e Oscar não tinham ideia do que fazer, Kira estava adormecida, nem sequer conseguiu tomar a bebida, seu estomago recusava sempre e agora não aceitava nem alimento ou água. Ellenne segurava no mastro principal, apavorada, o Sombra do Oceano não obedecia a ninguém, estava estático, parado há bastante tempo os deixando a deriva pela falta do timão, não tinham ventos fortes para usar as velas. — Nós vamos afundar! — Oscar bradou. O navio estava encharcado, tanto pela água da chuva, quanto pela água do mar, que entrava aos montes por causa das ondas, imaginavam que o convés inferior estaria inundado depois de tanto tempo. Na cabine a capitã rolava de um lado para o outro, a pequena Rubi estava sentada no canto, agarrada as paredes com os olhos fechados em desespero pelo balanço insistente do navio. Quando uma enorme onda virou o Sombra de lado, quase o afundando,
O navio do capitão Petrus Bezalel navegava impetuoso sobre o mar, sem se preocupar com nada ao seu redor. Sr. Willians tentava manter-se acordado, mas estavam exaustos, sentia a doença regredindo com força e a pequena Rubi permanecia desfalecida. Sentia-se triste pela menina, tinha muito o que viver, mal foi liberta das maldades de Darkson, se viu no meio de algo pior. Não sabia aonde estavam nem para onde iam, o caminho parecia familiar, mas ao mesmo tempo tinha certas dúvidas. A frente estendia-se uma pequena ilha, nunca avistara aquela ilha antes, a vegetação era diferente de todo o antigo mundo, com várias árvores gigantescas, onde as folhas brilhavam. Penetraram por uma entrada na lateral, e eles podiam sentir como se ela estivesse viva, e de fato estava, não passava de um enorme crocodilo adormecido. — Bem-vindos a Curabituran! — Petrus dizia encarando a sua frente. A caverna era enorme, com algumas construções, caixas de suprimentos, b