O navio do capitão Petrus Bezalel navegava impetuoso sobre o mar, sem se preocupar com nada ao seu redor.
Sr. Willians tentava manter-se acordado, mas estavam exaustos, sentia a doença regredindo com força e a pequena Rubi permanecia desfalecida. Sentia-se triste pela menina, tinha muito o que viver, mal foi liberta das maldades de Darkson, se viu no meio de algo pior.
Não sabia aonde estavam nem para onde iam, o caminho parecia familiar, mas ao mesmo tempo tinha certas dúvidas. A frente estendia-se uma pequena ilha, nunca avistara aquela ilha antes, a vegetação era diferente de todo o antigo mundo, com várias árvores gigantescas, onde as folhas brilhavam. Penetraram por uma entrada na lateral, e eles podiam sentir como se ela estivesse viva, e de fato estava, não passava de um enorme crocodilo adormecido.
— Bem-vindos a Curabituran! — Petrus dizia encarando a sua frente.
A caverna era enorme, com algumas construções, caixas de suprimentos, barris cheios de rum e enormes gaiolas com grossas barras de ferro.
Aportaram em uma doca pequena, e logo os homens foram descendo, carregando caixas grandes e pesadas. Os quatro foram levados para fora do navio, onde Petrus recolheu o corpo de Rubi e desapareceu entre as construções. Sr. Willians, Ellenne e Oscar foram trancados nas gaiolas e pendurados acimas de pedras pontudas, a uma altura, que se caíssem, teriam uma morte dolorosa.
— O que vão fazer com Rubi? — Ellenne questionou em sussurros.
— Não sei, talvez jogue o corpo dela em alguma cova. — Sr. Willians respondeu temeroso.
Desejava que sua capitã estivesse ali, sempre tinha uma carta na manga, não importava a situação ou o grau de dificuldade.
O capitão retornou com uma pequena cuia em mãos, ordenou que descessem Sr. Willians, entregando o recipiente a ele, que encarou o liquido desconfiado de seu conteúdo e serventia.
— Lágrimas de sereia, veneno da serpente de fogo e o sangue de uma bruxa. — disse diante da recusa do velho marujo — A menos que queira morrer e retornar como uma alma amaldiçoada, sugiro que beba.
O fez, lentamente, tentando não vomitar diante do gosto intragável.
— A criança ficará bem, desde que sigam minhas ordens. — encarou o três — O grandão se juntará a tripulação e será como meus homens, o velho trabalhará com a contagem dos saques e distribuição igual entre os marujos e a garota ficará disponível caso alguém solicite seus serviços femininos, se é que me entende.
Gargalhou alto, percebendo o quanto deixara-os bravos.
Sr. Willians foi intimado a começar seu trabalho imediatamente, Oscar começou a carregar as pesadas caixas, empilhando em um só canto, junto com a tripulação do capitão. Ellenne não sabia o que fazer, começou a caminhar pelos fundos das construções, com cuidado para não ser pega, queria encontrar uma forma de fugir daquele lugar, com os outros, sem levantar suspeitas.
Não tinha muito o que ver, apenas pedras e mais pedras, buracos, poças de águas.
Suspirou insatisfeita, queria ser como sua irmã e pensar em uma solução tão facilmente quanto ela, para o problema que tinha em mãos.
Enquanto todos estavam ocupados, continuou adentrando a caverna, encontrando uma passagem estreita e longa, parcialmente escurecida, dificultando a visão sobre o que havia mais adiante. Não aparentava ter algo de útil, mas todo esforço era válido, esperava se surpreender ao final. Acabou em outra caverna, muito menor que a de onde viera, o teto era baixo e o chão muito escurecido, sem prestar atenção onde pisava, acabou por cair em buraco, não muito fundo, mas o suficiente para provocar dores, e ralara as mãos e o antebraço, durante a queda, causando ardências.
Era só o que lhe faltava, pensava furiosa, ficar presa em um buraco escuro, sabe-se lá com o que, à espreita.
Avistou alguma coisa cintilante, engatinhou lentamente até lá, percebendo que o chão ficava mais úmido, e logo estava com as mãos sobre uma poça de água.
Algo segurou seu pulso, forte, a fazendo gritar desesperada e se sacudir, seja lá o que fosse, não podia ser boa coisa, estando no escuro e dentro da água. Por um momento, temeu ser a mesma criatura que levara Kira.
— Acalme-se! — escutou uma voz suave dizer.
Ficou quieta, e logo percebeu duas figuras cintilarem, eram sereias, belas e curiosas.
— Quem é você? — uma delas questionou.
Ellenne engoliu em seco, sabia da fama delas.
— Eu sou Adela e essa é Nerissa. — insistiu observando-a.
— Você me lembra a capitã Kira. — Nerissa comenta.
— Somos irmãs. — respondeu —— Me chamo Ellenne.
As duas se encararam surpresas.
— Que sorte a sua, mas não tem metade da beleza da capitã. — Adela a encara sorrindo.
Ellenne ficou constrangida, porém, preferiu não prolongar o assunto.
— O que fazem aqui? — questionou sentando-se.
— Podíamos perguntar a mesma coisa. — Nerissa rebate.
— O capitão Petrus Bezalel afundou o navio de Kira, e ela foi levada por uma criatura marinha, enquanto nós fomos feitos de refém. — respondeu impaciente.
— Como era essa criatura?
— Olhos roxos, membranas nas mãos, aparência assustadora e muito insistente.
— É Malesinmar. — Adela b**e palmas de felicidade — Nossa rainha o mandou a procura da capitã Kira, há meses.
Ellenne estava confusa.
— Ele não queria matar Kira?
— Não, sua boba, Malesinmar só ataca se for atacado. — Nerissa riu debochando — Se a capitã está com Calypso, nem ficaremos muito tempo neste buraco minúsculo e escuro.
— Kira estava muito doente e machucada, não tenho certeza se poderá fazer algo por nós por enquanto.
As sereias se encararam.
— Ela precisa, Petrus está nos mantendo aqui desde que nos “salvou”. — Adela tinha um tom mais ríspido.
— As salvou de quê, exatamente?
— Magnainfernum! — ela estremeceu apenas por fala
Em questão dos últimos acontecimentos aconselho aos leitores que não iniciem a leitura, me recuso a continuar disponibilizando meus livros de graça e a plataforma render as minhas custas, assim como de outros autores, os capítulos foram cortados pela metade assim inviabilizando a leitura e consequentemente cortando os rendimentos.
Agradeço a compreensão de todos e preço desculpas pelos transtornos.
Kira sentia todo o seu corpo dolorido, queria abrir os olhos, mas os mesmo se recusavam a obedecer. Alguém passava a mão delicadamente pelos seus cabelos, enquanto encostava algo gelado em suas bochechas, entretanto, era uma sensação boa, aliviava a dor que sentia no local. A verdade é que ela não queria acordar, naquele momento os problemas haviam desaparecido e tudo o que restava era o desejo de paz. — Sei que está acordada, Kira. — uma voz familiar a chamava em tom baixo — Compreendo seu cansaço, porém, há muito a ser feito. Abriu os olhos lentamente avistando Calysto, com um sorriso triste. — As coisas estão fora de controle... A capitã passou as mãos sobre o rosto, mesmo tendo desavenças com a rainha das sereias, aquele momento, deitada sobre o colo dela era incrivelmente bom, nem lembrava da última vez que relaxara. — Onde estou? — a voz saiu rouca e esganiçada. — Realmnereid. — respondeu passando algo em sua bochecha — S
Kira caminhou lentamente pelo porto, procurando por algum sinal de mortos vagando ou pelo menos pessoas vivas. Se dirigiu a estalagem, com passos curtos e vagarosos, abraçando o próprio corpo. A roupa ensopada lhe deixou extremamente agoniada, o frio deixara as pontas dos dedos arroxeadas, precisava dar um jeito de conseguir vestimentas secas e alimento quente. Bateu com força na porta do local, a qual foi aberta em uma pequena fresta, onde um brutamontes a observava desconfiado, permaneceu em silencio, não perguntou quem era ou tão pouco pareceu a reconhecer, e isso a irritou levemente. — Há algum quarto vazio? — questionou. — Depende. — respondeu vago. A capitã o encarou por um tempo, apenas ponderando o que faria. Sem aviso prévio, chutou a porta, arrebentando-a e arremessando o grandalhão por sobre as mesas, onde serviam comida e bebida, naquele andar. Adentrou calmamente o local, ajeitando a bolsa sobre o ombro, e observou os serventes a
Turturem Após dias presa em Turturem, Kira sentia-se fatigada e pronta para enfiar suas unhas na garganta de alguém, não importava quem fosse, apenas o queria fazer. Enviara os frascos com lágrimas de sereias para a rainha de Magicae e o rei de Bellum, com uma carta, avisando que era ela quem o estava fazendo e que cobraria o favor muito em breve. Não sabia a real situação dos três reinos e nem se importava, tudo o que queria era sair da ilha e encontrar Sr. Willians, caso ainda estivesse vivo, depois pensaria no que fazer, em como encontraria o responsável por trazer a maldição e dá-lhe uma bela surra. Levantou da areia da pequena praia, onde passou os últimos dias, os quais usou para descansar mais e receber a visita de Malesinmar, que lhe trazia notícias de Calysto. Ao longe, vindo em sua direção, o Sombra do Oceano navegava velozmente, cortando a água de forma imponente, com o brilho azulado lhe rondando. Kira nunca se sentira tão
Petrus e Kira se mantinham em uma disputa acirrada, nenhum dos dois dava o braço a torcer, ambos revidavam com fúria, atacavam com seus sabres sem piedade. Ao redor, um círculo se formou com toda a tripulação, estavam afoitos para ver seu capitão lutando com ela, urravam e gritavam. Sr. Willians e Oscar ficaram próximos, prontos para qualquer coisa, mesmo sabendo que a capitã estava melhor, tanto fisicamente quanto mentalmente, ainda sentiam-se preocupados com ela, estavam em menor número. Ellenne permaneceu junto ao timão, longe de toda a confusão, não queria ver aquela briga, sentia-se desconfortável. — Esse é o seu melhor? — Kira questionou o derrubando. Petrus se levantou e investiu com seu corpo contra, a prensando contra o mastro principal, onde ela ficou levemente atordoada. Ele desferiu dois socos no estomago da capitã que acabou acertando uma cotovelada em seu nariz e quando ele a soltou, foi chutado com força, o arremessando sobre a roda de marujos.
Enquanto penteava os cabelos, Kira escutou batidas na porta. — Posso entrar? — escutou Ellenne perguntando. — A vontade! — respondeu. A garota entrou rápido e fechou a porta atrás de si, depois passou a observar Kira. — Qual o problema? — a capitã questionou com as sobrancelhas arqueadas. — Eu só queria pedir desculpas, mal tivemos tempo para conversar e eu não quero ter uma relação ruim como irmãs. — respondeu dando de ombros — Mamãe me mandou ficar, disse que eu irei te atrapalhar, então quero aproveitar nossos últimos momentos juntas. — Não se preocupe, não estou brava com você e tenho certeza que nos veremos em breve. — colocou o pente sobre a cômoda — Sempre pensei que não desejava ter outra irmã depois de Yasmin, a experiência não foi boa, mas acho que posso me acostumar com você. — Assim espero... — sussurrou — Mas ainda sim quero me desculpar e pedir para que tome cuidado, desejo que um dia possamos passar um tempo junt
Opala Insula Quando o capitão Petrus acordou no dia seguinte, havia uma fogueira ao seu lado e os dois marujos dormiam ainda profundamente. Observando a sua volta não encontrou nenhum sinal de Kira ou de Malesinmar, vasculhou pelos lados, chamou por ela, mas sem resposta alguma. Berrou alto assustando Sr. Willians e Oscar, que levantaram rápido. — Onde está a sua capitã? — questionou irritado. — Não sabemos, ela estava aqui quando adormecemos. — Sr. Willians respondeu. Insatisfeito, Petrus caminhou por entre as árvores de volta a praia, tentando encontrar alguma pista sobre a capitã. Sr. Willians e Oscar o acompanharam ainda sonolentos, porém, bastante preocupados com a situação. Chegando a areia branca, encontraram Malesinmar vagando de forma débil, com as mãos sobre a cabeça tapando os olhos do sol da manhã. — KIRAAA! — berrou fazendo-os tapar os ouvidos — KIRAAA! — Parece que ele também está procurando pela
Opala Insula Levaram horas para dar a volta na ilha, mas nenhuma pista de Kira fora encontrada, nem mesmo outro objeto que pertencia a ela, indicando que estavam no cainho certo. Seus estômagos roncavam e já se encontrava bastante cansados devido a longa caminhada debaixo do sol quente. Petrus era o único que se mantinha firme, sem reclamar da enorme fome, ele queria encontrar Kira logo, se o garoto estava certo, o lugar era aquele, percorreram tudo, a única “passagem visível” pelo meio da mata era a de frente onde estavam parados. — Devíamos ter comprado algo para comer, antes de vir. — Sr. Willians disse pela décima vez. — Eu já entendi que são um bando de maricas, mas temos problemas maiores. — Petrus resmungou. — Se me permite dizer, nem ao menos gosta da capitã! — Ela é minha filha acima de tudo, e tem um navio, recursos... — deu de ombros — O mínimo que pode fazer é me recompensar pela perda do meu navio.
Enquanto Sr. Willians e Eliaquim se distanciavam cada vez mais, Oscar observava a linha do horizonte a procura de vislumbrar o Sombra do Oceano. — Eu sabia que teria problemas se fosse atrás de Kira, mas não imaginei que fossem tantos... — Petrus comentou. Ainda estava deitado, tirara o casaco para cobrir seu rosto da claridade. — Lembra que tentou matar ela? — Oscar questionou. — Isso é o de menos, Kira atraiu uma criatura mitológica para o meu navio. Oscar suspirou sem saber o que responder, a forma como Petrus pensava era intrigante. — Por que mudou de ideia, capitão? — Sobre o quê? — Sobre acusar Kira da maldição. Ele levantou o casaco para observar o marujo, que nem ao menos lhe olhava. — Não é bem assim, apenas quis ser justo, além disso, uma mulher que consegue me enfrentar sem medo merece respeito, não acha? — questionou. — A capitã costuma sentir mais ódio do qu