A tempestade havia chegado de repente, os pegando de surpresa, Sr. Willians e Oscar não tinham ideia do que fazer, Kira estava adormecida, nem sequer conseguiu tomar a bebida, seu estomago recusava sempre e agora não aceitava nem alimento ou água.
Ellenne segurava no mastro principal, apavorada, o Sombra do Oceano não obedecia a ninguém, estava estático, parado há bastante tempo os deixando a deriva pela falta do timão, não tinham ventos fortes para usar as velas.
— Nós vamos afundar! — Oscar bradou.
O navio estava encharcado, tanto pela água da chuva, quanto pela água do mar, que entrava aos montes por causa das ondas, imaginavam que o convés inferior estaria inundado depois de tanto tempo.
Na cabine a capitã rolava de um lado para o outro, a pequena Rubi estava sentada no canto, agarrada as paredes com os olhos fechados em desespero pelo balanço insistente do navio. Quando uma enorme onda virou o Sombra de lado, quase o afundando, Kira despencou da cama, num baque surdo.
— Mas o que diabos está acontecendo? — gritou irritada.
Todo o seu corpo doía, a pele já estava acinzentando, mesmo assim, colocou-se de pé, suspirando de exaustão, o azul da íris se tornou fosco e a esclera passara de branca para avermelhada. Os arranhões e cortes mantinham a coloração roxo esverdeada.
Das paredes da cabine escorriam água, o chão estava com poças por todos os lados, os pés de Kira trouxeram calafrios, pelo chão gelado, estava descalça.
Caminhou lentamente para fora, se agarrando em tudo que estava firme, por não conseguir se manter de pé sozinha, ao abrir a porta, fora recebida com enxurradas, ensopando completamente suas roupas e cabelos. Rubi estava atrás, assustada, não queria ficar sozinha, tinha medo de morrer afogada, mesmo sabendo que podia morrer a qualquer momento, pela doença.
A capitã usou o pouco de força que ainda tinha, para despertar o navio, sentiu qual era o problema, o leme estava partido, não respondia ao navio, tinham buracos no casco, em pouco tempo afundariam. O Sombra ficaria bem, a única preocupação era a tripulação, que acabaria à deriva no meio de uma tempestade.
O tom roxeado sobre as águas indicavam que ainda se encontravam no Oceano Ilusório, provavelmente bem próximos de Magicae.
— Capitã, devia estar na cabine. — Sr. Willians berrou por cima do barulho alto.
Passaram por tempestades piore no Oceano Fantasma, mas na ocasião, o navio estava em boas condições, assim como a capitã, e tinham o apoio das criaturas marinhas sob comando de Kira.
— O navio está muito avariado, iremos afundar de qualquer maneira. — bradou o mais forte que pode.
O velho não conseguia compreender bem o que ela dizia, o tom era fraco e a voz ainda estava rouca, nem ao menos tivera chance de se recuperar.
Bufando, ela desceu os pequenos degraus, com bastante dificuldade, segurando o mais firme que pode, as ataduras já se manchavam de sangue, pelo esforço, o rosto dela ardia, onde a criatura havia arranhado.
Oscar se aproximou para ampará-la, segurou os braços dela com cuidado, devido as bandagens sobre as feridas.
— Se conseguir colocar o leme no lugar, o Sombra fará o resto. — disse o encarando.
— É muito perigoso. — Sr. Willians resmunga — Oscar irá morrer afogado, o mar está muito violento.
— Iremos morrer afogados de qualquer maneira. — o marujo deu de ombros.
— O navio está tentando navegar de todas as maneiras, consegue se movimentar usando o vento, mas sem o leme, a tempestade nos leva aonde quiser. — Kira gritou — O Sombra se avariou muito, tenta fazer o possível para nos manter na superfície, porém, em algum momento ele vai ceder e afundar.
Ficaram em silencio, sabiam ser a única chance que tinham.
— Ele vai ficar bem depois, sempre fica, mas nós não temos muita escolha. — complementou.
— Não tenho medo, irei descer capitã. — Oscar fala decidido.
— Sr. Willians, ajude-o a amarrar uma corda na cintura. — Kira ordena — A única maneira é pela água mesmo, algo deve estar prendendo o leme fora do lugar.
Eles tratam de fazer o que foi ordenado.
Oscar estava pronto para pular, verificaram se a corda estava bem presa, tanto nele, quanto no navio. Quando saltou, sentiu a violenta pressão do mar, o puxando e empurrando para todos os lados, seus pulmões encheram-se de água, quase sufocou.
Pegou na corda e começou a puxar-se, até encostar no navio, onde pôde tomar fôlego, antes de afundar de novo, agora, preso ao casco, com cautela. Precisou subir várias vezes para respirar, enquanto tentava colocar o leme no lugar, o mesmo estava preso por algas, que o entortaram na direção errada. O marujo usou uma faca para cortá-las, conseguindo assim cumprir o seu objetivo.
Agora precisava subir de volta, porém, mal conseguia ficar na superfície, não tinha como avisá-los. Nem mesmo precisou, o próprio navio o fez, em pouco tempo Oscar estava no convés e o Sombra navegava para longe da tempestade, ainda com certa dificuldade, porém, não estavam à deriva.
— Muito bem, Oscar! — Sr. Willians
Em questão dos últimos acontecimentos aconselho aos leitores que não iniciem a leitura, me recuso a continuar disponibilizando meus livros de graça e a plataforma render as minhas custas, assim como de outros autores, os capítulos foram cortados pela metade assim inviabilizando a leitura e consequentemente cortando os rendimentos.
Agradeço a compreensão de todos e preço desculpas pelos transtornos.
O navio do capitão Petrus Bezalel navegava impetuoso sobre o mar, sem se preocupar com nada ao seu redor. Sr. Willians tentava manter-se acordado, mas estavam exaustos, sentia a doença regredindo com força e a pequena Rubi permanecia desfalecida. Sentia-se triste pela menina, tinha muito o que viver, mal foi liberta das maldades de Darkson, se viu no meio de algo pior. Não sabia aonde estavam nem para onde iam, o caminho parecia familiar, mas ao mesmo tempo tinha certas dúvidas. A frente estendia-se uma pequena ilha, nunca avistara aquela ilha antes, a vegetação era diferente de todo o antigo mundo, com várias árvores gigantescas, onde as folhas brilhavam. Penetraram por uma entrada na lateral, e eles podiam sentir como se ela estivesse viva, e de fato estava, não passava de um enorme crocodilo adormecido. — Bem-vindos a Curabituran! — Petrus dizia encarando a sua frente. A caverna era enorme, com algumas construções, caixas de suprimentos, b
Kira sentia todo o seu corpo dolorido, queria abrir os olhos, mas os mesmo se recusavam a obedecer. Alguém passava a mão delicadamente pelos seus cabelos, enquanto encostava algo gelado em suas bochechas, entretanto, era uma sensação boa, aliviava a dor que sentia no local. A verdade é que ela não queria acordar, naquele momento os problemas haviam desaparecido e tudo o que restava era o desejo de paz. — Sei que está acordada, Kira. — uma voz familiar a chamava em tom baixo — Compreendo seu cansaço, porém, há muito a ser feito. Abriu os olhos lentamente avistando Calysto, com um sorriso triste. — As coisas estão fora de controle... A capitã passou as mãos sobre o rosto, mesmo tendo desavenças com a rainha das sereias, aquele momento, deitada sobre o colo dela era incrivelmente bom, nem lembrava da última vez que relaxara. — Onde estou? — a voz saiu rouca e esganiçada. — Realmnereid. — respondeu passando algo em sua bochecha — S
Kira caminhou lentamente pelo porto, procurando por algum sinal de mortos vagando ou pelo menos pessoas vivas. Se dirigiu a estalagem, com passos curtos e vagarosos, abraçando o próprio corpo. A roupa ensopada lhe deixou extremamente agoniada, o frio deixara as pontas dos dedos arroxeadas, precisava dar um jeito de conseguir vestimentas secas e alimento quente. Bateu com força na porta do local, a qual foi aberta em uma pequena fresta, onde um brutamontes a observava desconfiado, permaneceu em silencio, não perguntou quem era ou tão pouco pareceu a reconhecer, e isso a irritou levemente. — Há algum quarto vazio? — questionou. — Depende. — respondeu vago. A capitã o encarou por um tempo, apenas ponderando o que faria. Sem aviso prévio, chutou a porta, arrebentando-a e arremessando o grandalhão por sobre as mesas, onde serviam comida e bebida, naquele andar. Adentrou calmamente o local, ajeitando a bolsa sobre o ombro, e observou os serventes a
Turturem Após dias presa em Turturem, Kira sentia-se fatigada e pronta para enfiar suas unhas na garganta de alguém, não importava quem fosse, apenas o queria fazer. Enviara os frascos com lágrimas de sereias para a rainha de Magicae e o rei de Bellum, com uma carta, avisando que era ela quem o estava fazendo e que cobraria o favor muito em breve. Não sabia a real situação dos três reinos e nem se importava, tudo o que queria era sair da ilha e encontrar Sr. Willians, caso ainda estivesse vivo, depois pensaria no que fazer, em como encontraria o responsável por trazer a maldição e dá-lhe uma bela surra. Levantou da areia da pequena praia, onde passou os últimos dias, os quais usou para descansar mais e receber a visita de Malesinmar, que lhe trazia notícias de Calysto. Ao longe, vindo em sua direção, o Sombra do Oceano navegava velozmente, cortando a água de forma imponente, com o brilho azulado lhe rondando. Kira nunca se sentira tão
Petrus e Kira se mantinham em uma disputa acirrada, nenhum dos dois dava o braço a torcer, ambos revidavam com fúria, atacavam com seus sabres sem piedade. Ao redor, um círculo se formou com toda a tripulação, estavam afoitos para ver seu capitão lutando com ela, urravam e gritavam. Sr. Willians e Oscar ficaram próximos, prontos para qualquer coisa, mesmo sabendo que a capitã estava melhor, tanto fisicamente quanto mentalmente, ainda sentiam-se preocupados com ela, estavam em menor número. Ellenne permaneceu junto ao timão, longe de toda a confusão, não queria ver aquela briga, sentia-se desconfortável. — Esse é o seu melhor? — Kira questionou o derrubando. Petrus se levantou e investiu com seu corpo contra, a prensando contra o mastro principal, onde ela ficou levemente atordoada. Ele desferiu dois socos no estomago da capitã que acabou acertando uma cotovelada em seu nariz e quando ele a soltou, foi chutado com força, o arremessando sobre a roda de marujos.
Enquanto penteava os cabelos, Kira escutou batidas na porta. — Posso entrar? — escutou Ellenne perguntando. — A vontade! — respondeu. A garota entrou rápido e fechou a porta atrás de si, depois passou a observar Kira. — Qual o problema? — a capitã questionou com as sobrancelhas arqueadas. — Eu só queria pedir desculpas, mal tivemos tempo para conversar e eu não quero ter uma relação ruim como irmãs. — respondeu dando de ombros — Mamãe me mandou ficar, disse que eu irei te atrapalhar, então quero aproveitar nossos últimos momentos juntas. — Não se preocupe, não estou brava com você e tenho certeza que nos veremos em breve. — colocou o pente sobre a cômoda — Sempre pensei que não desejava ter outra irmã depois de Yasmin, a experiência não foi boa, mas acho que posso me acostumar com você. — Assim espero... — sussurrou — Mas ainda sim quero me desculpar e pedir para que tome cuidado, desejo que um dia possamos passar um tempo junt
Opala Insula Quando o capitão Petrus acordou no dia seguinte, havia uma fogueira ao seu lado e os dois marujos dormiam ainda profundamente. Observando a sua volta não encontrou nenhum sinal de Kira ou de Malesinmar, vasculhou pelos lados, chamou por ela, mas sem resposta alguma. Berrou alto assustando Sr. Willians e Oscar, que levantaram rápido. — Onde está a sua capitã? — questionou irritado. — Não sabemos, ela estava aqui quando adormecemos. — Sr. Willians respondeu. Insatisfeito, Petrus caminhou por entre as árvores de volta a praia, tentando encontrar alguma pista sobre a capitã. Sr. Willians e Oscar o acompanharam ainda sonolentos, porém, bastante preocupados com a situação. Chegando a areia branca, encontraram Malesinmar vagando de forma débil, com as mãos sobre a cabeça tapando os olhos do sol da manhã. — KIRAAA! — berrou fazendo-os tapar os ouvidos — KIRAAA! — Parece que ele também está procurando pela
Opala Insula Levaram horas para dar a volta na ilha, mas nenhuma pista de Kira fora encontrada, nem mesmo outro objeto que pertencia a ela, indicando que estavam no cainho certo. Seus estômagos roncavam e já se encontrava bastante cansados devido a longa caminhada debaixo do sol quente. Petrus era o único que se mantinha firme, sem reclamar da enorme fome, ele queria encontrar Kira logo, se o garoto estava certo, o lugar era aquele, percorreram tudo, a única “passagem visível” pelo meio da mata era a de frente onde estavam parados. — Devíamos ter comprado algo para comer, antes de vir. — Sr. Willians disse pela décima vez. — Eu já entendi que são um bando de maricas, mas temos problemas maiores. — Petrus resmungou. — Se me permite dizer, nem ao menos gosta da capitã! — Ela é minha filha acima de tudo, e tem um navio, recursos... — deu de ombros — O mínimo que pode fazer é me recompensar pela perda do meu navio.