Turturem
A lama sob seus pés e as pedras pelo caminho transformou em uma longa caminhada, o que poderia ter sido feito em quinze minutos, caso as condições fossem melhores.
— Diabos de lugar imundo, essa é a pior humilhação que já passei na minha vida. — Petrus resmungou irritado — Quando eu encontrar o responsável por essa maldição, irei estrangulá-lo com minhas próprias mãos.
Demoraria um pouco mais para o amanhecer, teriam que se contentar em permanecer ao ar livre.
Chegando as ruas de pedras, que compunha metade da parte comerciante de Turturem, avistaram os mortos vivos vagando de um lado para o outro, em grande quantidade. Mesmo tentando se manterem longe das vistas, acabaram por ter sua localização entregue quando Petrus xingou alto.
Sr. Willians queria cortar a garganta do capitão, mas sabia não ter força para isso e tinham coisas maiores para se preocupar.
Dispararam pelo mesmo caminho que vieram, de volta a praia, mas não contava, que os mortos iriam segui-los tão avidamente, apertaram o passo, parecia ainda mais dificultoso retornar do que antes. A lua estava encoberta pelas nuvens negras, caso tivessem outros por ali, seriam facilmente emboscados.
Os chiados desconexos dos mortos lhes davam agonia, ao saírem na praia, avistaram o navio que os trouxera já navegando ao longe.
— Eu sabia que não devíamos ter confiado naquele rato do mar. — Petrus berrou.
— Não temos tempo para reclamações! — Oscar gritou apontando para os mortos que ainda os seguiam.
Dispararam com velocidade, usaram todas suas forças para correr pela praia, teriam que dar a volta na ilha, até conseguir os despistar.
— Essa situação está se tornando ridícula, espero que ninguém saiba dessas humilhações. — Petrus resmungava entre xingamentos.
O esgotamento físico tomava conta dos quatro, mal tinha descansado e agora estavam correndo pela praia para evitar pegar a doença dos mortos.
Eliaquim quase não conseguia respirar, o garoto estava mais atrás, com imensa dificuldade em manter o ritmo, em sua cabeça já imagina ser pego pelos mortos e se não o matassem, acabaria doente e se tornaria um deles. Nenhuma das opções era agradável, ele não havia chegado até ali “ileso” para morrer em uma praia.
Os mortos pareciam não se cansar, mantinham o mesmo ritmo inicial, aos poucos conseguiam se aproximar do quarteto ofegante.
— Aquilo é o que eu estou pensando? — Sr. Willians questionou entre suspiros pesados.
— O Pesadelo Marinho! — Oscar respondeu — Depressa.
O tempo passara tão rápido que os primeiros raios de sol se faziam presente na manhã turbulenta, mal o dia começara, e passavam por problemas sérios.
Avançaram pela água gelada até o navio, avistando uma garotinha saltando e balançando os braços freneticamente. Adentrando-o, perceberam que os mortos também os seguiam até ali, Petrus tomou o timão enquanto Oscar e Sr. Willians levantavam a ancora, em pouco tempo o navio navegava pelas águas escuras.
— Onde está Kira? — escutaram uma voz familiar os questionando.
Ao observarem bem, viram Rubi parada com os grandes olhos arregalados, a aparência da garota estava ótima, muito bem cuidada e usava um vestido caro. Atrás dela, Ellenne segurava um sabre enquanto os encarava com as sobrancelhas arqueadas.
— O que fazem aqui? — Sr. Willians questionou.
— Kira me enviou um bilhete por um pássaro mensageiro, dizia para buscar o Pesadelo Marinho na gruta e leva-lo para Ellenne. — Rubi respondeu.,
— Eu também recebi um bilhete, o qual me mandou esperar por Rubi no porto, depois as instruções me mandavam ir para Opala Insula busca-los, para então levar Rubi de volta a Cristallum.
— Chegamos ao anoitecer, procuramos para todo lado e não os encontramos. — Rubi complementou.
— Depois de muita procura, um marujo nos disse que um comerciante tinha partido com um quarteto, imaginei que Kira estivesse entre vocês. — Ellenne se aproximou mais — Onde ela está? E quem é ele?
Os quatro se entreolharam.
— Me chamo Eliaquim. — respondeu em tom baixo.
— Certo, onde está minha irmã?
— Foi sequestrada, capturada, levada, o que você quiser chamar. — Petrus deu de ombros.
— O QUÊ! — Rubi soltou um gritinho fino.
— Como isso aconteceu? — Ellenne parecia desconfiada.
— O navio do capitão Petrus foi atacado por Magnainfernun enquanto estávamos a caminho de Opala Insula. — Oscar responde.
— Paramos em uma parte da floresta para descansar, após termos sido salvos por Malesinmar, porém, ontem quando acordarmos a capitã havia
Em questão dos últimos acontecimentos aconselho aos leitores que não iniciem a leitura, me recuso a continuar disponibilizando meus livros de graça e a plataforma render as minhas custas, assim como de outros autores, os capítulos foram cortados pela metade assim inviabilizando a leitura e consequentemente cortando os rendimentos.
Agradeço a compreensão de todos e preço desculpas pelos transtornos.
Ellenne caminhava com dificuldade enquanto carregava o baú, parecia pesa uma tonelada, mal conseguiu sair da cabine antes de o derrubar ao convés, próximo ao Sr. Willians. Oscar caminhou até ela com pressa, a ajudando a recolher as moedas de ouro que se espalharam. A garota sentiu-se ligeiramente envergonhada, queria se esconder no primeiro buraco que encontrasse, porém, tentou manter o semblante calmo e despreocupado. — Devia ter me chamado. — Oscar disse levantando o baú — Eu assumo daqui. Lhe deu uma piscadela discreta antes de se afastar. Ela respirou fundo antes de retornar a cabine do capitão, voltou ao seu trabalho, não demorou tanto quanto imaginava para ajustar a calça a camisa e o caso que encontrara, outrora pertencidos a Kira enquanto ainda comandava o Pesadelo Marinho. Sentiu o balanço do navio diminuindo, levantou para acordar Rubi que mesmo relutante abriu os olhinhos cansados. — A roupa está pronta, vou esperar lá fora.
Petrus acabou por beber ainda mais e desmaiou na proa do navio sobre o próprio vômito, suas roupas molhadas de rum e várias garrafas caídas ao redor, algumas quebradas. — Fique atenta a qualquer movimento suspeito, Ellenne, não sabemos quanto tempo iremos retornar. — Sr. Willians disse antes de descer pela prancha. Ela assentiu enquanto observava os três caminhando em direção a padaria. Não demorou muito para que eles sumissem de vista, como Rubi já estava dormindo, ela permaneceu perto da porta e Malesinmar se encolhera perto do timão, as vezes balbuciava chiados desconexos em tom baixo, mas a maior parte do tempo ficava em silencio. Ellenne sentou ao chão pensativa, a preocupação com a irmã era evidente, havia dito a sua mãe que retornaria em breve, mas agora só queria encontrar Kira. Sr. Willians, Oscar e Eliaquim se esgueiravam pelos fundos da padaria, ainda havia movimentação do lado de dentro, algumas velas acessas indicavam isso, além d
— Então por que está nos ajudando? — Rubi questiona a Calysto. — Não estou ajudando vocês, estou ajudando a capitã Kira. — Certo, então vamos logo cada um seguir o lado que precisa. — Sr. Willians cortou o assunto — Rubi terá que ir com Ellenne, será mais seguro para ela estar com a rainha das sereias. Assentindo, as duas descem da canoa para o mar gelado, sendo amparadas pelas sereias. Calysto segura a pequena Rubi, enquanto uma das servas apoia Ellenne, as outras três se posicionam atrás da canoa a guiando rumo a Ilha de Vinhas em alta velocidade. — Segure-se em meus ombros. — Calysto instrui a Rubi — Será mais fácil para mim. Quando a garotinha acata as ordens da rainha, e Ellenne faz o mesmo com a outra sereia, elas disparam nadando rapidamente na direção oposta, retornando a Nebula Insula, em busca da mãe da capitã Kira. — Ser uma sereia parece muito legal. — Rubi comenta sorrindo — Eu adoraria ser uma. — Tem certe
TRÊS ANOS ANTES – PRISÃO DE BELLUM A cela fétida e escura, no subterrâneo das minas de ferro do reino, abrigava apenas uma prisioneira, uma mulher de face amarga. Seus dias resumiam-se a murmurar e proferir maldições, o coração endurecido tomado pelo extremo rancor, desejava mais do que tudo sair daquele lugar, esperava pacientemente um momento crucial, onde escaparia torando seus sonhos realidades. Ela levantou-se do chão ao escutar passos próximos, queria saber quem era, talvez conseguisse fugir, passara sete anos trancafiada naquele maldito buraco por causa de um erro que acabara por cometera, culpava uma garotinha de cabelos negros e olhos azuis, a mesma que roubara o seu navio, o Sombra do Oceano, o qual desejou durante anos. se esforçou muito para encontrar a localização do velho navio amaldiçoado, fez planos de se tornar não apenas a bruxa mais poderosa de todas, mas uma capitã de um navio pirata, leva
REINO DE CRISTALLUM– PALACIO REAL. A festa em comemoração ao ano novo que viria dentro de alguns minutos se tornava cada vez mais animada. Apesar das falsas amizades era possível ver nos olhos de cada um o desejo de um começo de ano repleto de muita sorte, esperança e sem acontecimentos estranhos e desastrosos como o antigo. O rei Daniel, recepcionava a todos, acompanhado de seus pais... Estava tudo dando certo para eles, nada podia estragar essa festa maravilhosa. O príncipe Carter com sua esposa a duquesa Yasmim, brincavam com seu filho primogênito, a felicidade do casal, a recente nomeada arquiduquesa Léia, passava a mão carinhosamente sobre sua enorme barriga, enquanto observava o rei. O fim de ano tinha sido calmo para todos, porém isso estava prestes a mudar... — Preparem-se para a contagem regressiva! — o rei gritou animado. Todos se puseram em seus lugares, era chegada a hora de comemorar a vinda de um ano de ouro... Ou talvez de sombras! — Talvez você veja que ela nunc
Dois anos depois – Em algum lugar do Mar Turbulento O Sombra do Oceano navegava com certa dificuldade pelo Mar Turbulento, no Oceano Fantasma. A capitã Kira observava a tudo com certo interesse, havia explorado aquelas águas com determinação, enfrentando criaturas místicas, o que para ela não eram grandes surpresas, tinha Magnadaemon como bichinho de estimação, e já obterá controle sobre outros. O Mar Assombrado não lhe tinha sido muito atrativo, mas ali onde estava, com as ondas gigantes tentando afundar seu navio, aquilo sim era emoção. Adorava a sensação de não saber o que viria, do coração acelerado, a cada nova investida violenta do mar, desejando sempre mais e mais. Iriam retornar logo para Turturem, já estava quase sem suprimentos, os quais duraram menos do que o previsto. Pretendiam passar mais tempo navegando, Kira tentaria encontrar o Oceano Infernal, aquele que nenhum pirata até aquele momento, conseguira encontrar. Mesmo todos acreditando ser apenas um mito, ela sentia
Na manhã seguinte, antes de amanhecer, Kira saíra da cabine do capitão e caminhou até a proa, observando o mar. Não dormira, passara a noite sentada sobre a cadeira, encarando o mar, entre curtos cochilos e longos suspiros, pressentia vibrações ruins e o Pesadelo Marinho estava inquieto, o que a irritava muito. Logo, Sr. Willians aparece ao seu lado, ainda sonolento. — Não conseguiu dormir, capitã? — questionou entre bocejos. — E pelo visto nem você... Estava tudo calmo, ela se encheu de preocupação, àquela hora, deveriam ter alguns barcos atracando no porto, ou pelo menos Gibbs já estaria se preparando para vender suas mercadorias. — Está um clima estranho. — comentou — Até para os padrões de Turturem. — Sim, mas creio que logo estaremos a par de tudo. — Sr. Willians se move até o mastro principal, onde Oscar estava parado. Kira se dirigiu aos degraus que levam ao convéns inferior, se deparando com uma Pria sonolenta, subindo os mesmos. — Já está muito tarde? — questionou. —
— Foi no ano novo, há dois anos, poucas semanas após você sumir. — Gibbs coça a barba — No começo, apareciam poucos, mas depois as coisas pioraram e fomos obrigados a mudar nossos hábitos, nem sequer podemos navegar a noite. — Não sabe o que pode ter causado? — Kira estava mais interessada no assunto. — Dizem que há um capitão amaldiçoado, rondando pelas ilhas piratas, durante a noite. — respondeu — Petrus Bezalel. Ellenne encarou a irmã, então engoliu em seco, temerosa. — Os rumores são de que ele foi aprisionado, não sabemos onde e nem porque, mas o certo é que quando retornou, estava muito mais cruel e sádico, porém, não costuma atacar, simplesmente soltou a maldição dos mortos, trazendo-os a vida. — sua voz era de tom amedrontado — Magicae praticamente não existe mais, os poucos sobreviventes se refugiaram em ilhas longe do reino e agora Bellum está degradando. — Quanto a Cristallum? — É o único reino que se mantém ainda estável, o rei tomou medidas provisórias ainda o iníc