REINO DE CRISTALLUM– PALACIO REAL.
A festa em comemoração ao ano novo que viria dentro de alguns minutos se tornava cada vez mais animada.
Apesar das falsas amizades era possível ver nos olhos de cada um o desejo de um começo de ano repleto de muita sorte, esperança e sem acontecimentos estranhos e desastrosos como o antigo.
O rei Daniel, recepcionava a todos, acompanhado de seus pais... Estava tudo dando certo para eles, nada podia estragar essa festa maravilhosa.
O príncipe Carter com sua esposa a duquesa Yasmim, brincavam com seu filho primogênito, a felicidade do casal, a recente nomeada arquiduquesa Léia, passava a mão carinhosamente sobre sua enorme barriga, enquanto observava o rei.
O fim de ano tinha sido calmo para todos, porém isso estava prestes a mudar...
— Preparem-se para a contagem regressiva! — o rei gritou animado.
Todos se puseram em seus lugares, era chegada a hora de comemorar a vinda de um ano de ouro... Ou talvez de sombras!
— Talvez você veja que ela nunca irá voltar e irá me pedir em casamento. — a arquiduquesa Léia sussurra para ele sem que ninguém perceba — É o meu desejo para o ano novo.
Ela pisca e sorri tentando parecer inocente, mas o rei a conhecia muito bem.
— Encham suas taças e vamos começar a contagem regressiva, por favor, assim que o rei começar a contar nós o acompanhamos! — a antiga rainha Cintia, pede pacientemente.
Logo, mais vinho branco é servido para que eles possam dar o primeiro gole e quebrar as taças na murada do palácio como é a tradição de todos os anos...
— E faltam vinte segundos. — o príncipe Carter informa.
Quando o relógio chega ao decimo primeiro segundo o rei começa a contagem a partir do decimo.
— Dez, nove, oito...
E todos o seguem, a cada número contado, um ser encapuzado sobe pelos degraus que vinham do porto direto ao jardim. Quanto mais ele se aproxima, mais as sombras o seguem e as nuvens de tempestade se põem a postos como que uma advertência a todos.
— 1... FELIZ ANO NOVO! — eles gritam animados.
Tomam o primeiro gole de vinho do ano e jogam as taças contra a murada.
O vidro quebrado soa como música no melódico tilintar dos estilhaços, no entanto, a alegria acaba assim que a porta b**e forte contra a parede e o ser que estava nas escadas agora se encontrava diante de todos, trazendo o vento e relâmpagos consigo.
Os convidados ficam assustados tentando entender o que está acontecendo.
— Quem é você? — o rei questiona.
O ser caminha perante todos, e por onde passa as pessoas se afastam temerosas. Os guardas se colocam a postos para qualquer sinal de perigo.
— Não devem comemorar... A desgraça irá tomar conta de tudo e as pestes voltarão com força, esse será o ano dos mortos! As almas estão retornando do submundo para assombrar os vivos, tomem cuidado com o desconhecido... Só uma pessoa é capaz de tirá-los desse ano de azar, a capitã Kira, ela conhece a morte, conhece os mortos, as pestes e tudo que é ruim, quando ela se foi, alguém liberou as forças do mal! — ele falava com eco em meio a todo o silencio.
O rei e todos ficaram apreensivos, e isso não era bom presságio para o reino.
— Quem é você? — Daniel questiona irritado — Não perguntarei novamente.
O ser retirou o capuz, mostrando alguém inesperado, diante de todos se encontrava Louhin, uma velha bruxa que fora morta no mesmo dia em que o temido capitão Darkson.
Mas sua voz estava diferente e seu rosto um pouco deformado, porém o que mais chamou a atenção foram as feridas profundas nos braços e os sinais de putrefação, um morto vivo diante de todos, o cheiro ruim não deixava dúvidas!
— Eu me arrependi dos meus erros, por isso usei tudo o que tinha para avisá-lo rei Daniel, sua amada corre perigo, pois é a única que pode acabar com tudo isso, os mortos virão pegá-la, virão pegar a todos. Corra enquanto é tempo, traga a Rainha dos mortos de volta e salve seu reino, salve o mundo dos vivos ou o veja a todos perecerem.
A bruxa começou a se contorcer e a repetir a mesma palavra, Darsmorsem, antes de seu corpo cair sem vida no chão, mas dessa vez, Daniel não se convencera que era para sempre.
Darsmorsem, nada mais do que a palavra usada para se referir a um grande mal que se aproximava, como o fim do mundo. As nuvens carregadas começavam a despejar suas primeiras gotas e o vento frio arrepiava os convidados já aterrorizados.
— Levem todos para dentro, por favor! — Daniel pediu a seus pais que assentiram rapidamente.
— Peço que entre, por favor, está começando um temporal. — Cintia grita e os convidados acatam sem pestanejar.
O rei observa o corpo caído aos seus pés e se perde em meio a pensamentos antigos.
— Tirem o corpo e o enterrem o mais longe possível! — ele ordena.
Os soldados acatam as ordens e se retiram o deixando só em meio a tempestade iminente e tudo o que logo ocorrerá. Só uma certeza ele possuía, precisava encontrar a mulher que acreditava amava, necessitava da capitã Kira!
No antigo mundo, existiam três reinos: Cristallum (Reino das riquezas), Magicae (Reino da magia habitado por feiticeiros, bruxos e magos) e Bellum (habitado por guerreiros e carrascos sem honra).
Cristallum é o principal deles, sendo o reino da prosperidade. Há várias ilhas espalhadas entre os reinos, dentre elas estão: Tereza do Norte, Tereza do Sul, Porto Dourado, Porto da Rocha, Caravela do Oeste e Caravela do Leste.
As ilhas piratas mais conhecidas e temidas são: Porto do medo, Terra Cruz, Turturem, Opala Insula, Mortuum, Immitis Pirate e a Cova da Serpente.
Há seis oceanos que cercam esses reinos e dez mares correspondentes.
1- Oceano de Diamante: possui águas cristalinas e calmas, é o oceano que se estende pelo reino de Cristallum. Há dois mares correspondentes a esse oceano, Mar de Pérola e Mar de Cristal.
2- Oceano Ilusório: possui águas perigosas, são habitadas por sereias, muitos barcos somem nesse oceano. Também é conhecido por confundir os marinheiros e piratas com uma fumaça roxa que cobre suas águas, é o Oceano que se estende pelo reino de Magicae. Os mares correspondentes a esse oceano são o Mar Púrpuro e o Mar dos Encantos (ou das sereias).
3- Oceano Lamacento: Suas águas são difíceis de navegar devido às rochas pontudas ao longo do seu trajeto. Muitos evitam passar por esse oceano, pois os barcos nem sempre conseguem, a maioria afunda, e quando passam é aos pedaços. É o Oceano que se estende pelo reino de Bellum. Os mares correspondentes a esse oceanozão, o Mar de Pedras e o Mar Barroso.
4- Oceano escuro: suas águas, como o próprio nome já diz, são escuras e perigosas. Existem vários relatos de criaturas lendárias passeando por essas águas. Todos os anos vários piratas somem sem deixar vestígios, é o Oceano que se estende pelas ilhas piratas, onde eles se refugiam. Há dois mares correspondentes a esse oceano, o Mar Sombrio e o Mar Nevoento.
5- Oceano Fantasma: suas águas são desconhecidas, nenhum pirata corsário ou aventureiro se arrisca a navegar por esse oceano. Dizem que suas águas são habitadas por criaturas horríveis e fantasmas amaldiçoados. Tempestades e ondas gigantescas formam uma barreira natural que nenhum ser em sã consciência se atreve a quebrar. Há dois mares correspondentes a esse oceano. Mar assombrado e Mar Turbulento.
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6- Oceano Infernal: Não há registros sobre suas águas, acredita-se que sua existência seja um mito!
Dois anos depois – Em algum lugar do Mar Turbulento O Sombra do Oceano navegava com certa dificuldade pelo Mar Turbulento, no Oceano Fantasma. A capitã Kira observava a tudo com certo interesse, havia explorado aquelas águas com determinação, enfrentando criaturas místicas, o que para ela não eram grandes surpresas, tinha Magnadaemon como bichinho de estimação, e já obterá controle sobre outros. O Mar Assombrado não lhe tinha sido muito atrativo, mas ali onde estava, com as ondas gigantes tentando afundar seu navio, aquilo sim era emoção. Adorava a sensação de não saber o que viria, do coração acelerado, a cada nova investida violenta do mar, desejando sempre mais e mais. Iriam retornar logo para Turturem, já estava quase sem suprimentos, os quais duraram menos do que o previsto. Pretendiam passar mais tempo navegando, Kira tentaria encontrar o Oceano Infernal, aquele que nenhum pirata até aquele momento, conseguira encontrar. Mesmo todos acreditando ser apenas um mito, ela sentia
Na manhã seguinte, antes de amanhecer, Kira saíra da cabine do capitão e caminhou até a proa, observando o mar. Não dormira, passara a noite sentada sobre a cadeira, encarando o mar, entre curtos cochilos e longos suspiros, pressentia vibrações ruins e o Pesadelo Marinho estava inquieto, o que a irritava muito. Logo, Sr. Willians aparece ao seu lado, ainda sonolento. — Não conseguiu dormir, capitã? — questionou entre bocejos. — E pelo visto nem você... Estava tudo calmo, ela se encheu de preocupação, àquela hora, deveriam ter alguns barcos atracando no porto, ou pelo menos Gibbs já estaria se preparando para vender suas mercadorias. — Está um clima estranho. — comentou — Até para os padrões de Turturem. — Sim, mas creio que logo estaremos a par de tudo. — Sr. Willians se move até o mastro principal, onde Oscar estava parado. Kira se dirigiu aos degraus que levam ao convéns inferior, se deparando com uma Pria sonolenta, subindo os mesmos. — Já está muito tarde? — questionou. —
— Foi no ano novo, há dois anos, poucas semanas após você sumir. — Gibbs coça a barba — No começo, apareciam poucos, mas depois as coisas pioraram e fomos obrigados a mudar nossos hábitos, nem sequer podemos navegar a noite. — Não sabe o que pode ter causado? — Kira estava mais interessada no assunto. — Dizem que há um capitão amaldiçoado, rondando pelas ilhas piratas, durante a noite. — respondeu — Petrus Bezalel. Ellenne encarou a irmã, então engoliu em seco, temerosa. — Os rumores são de que ele foi aprisionado, não sabemos onde e nem porque, mas o certo é que quando retornou, estava muito mais cruel e sádico, porém, não costuma atacar, simplesmente soltou a maldição dos mortos, trazendo-os a vida. — sua voz era de tom amedrontado — Magicae praticamente não existe mais, os poucos sobreviventes se refugiaram em ilhas longe do reino e agora Bellum está degradando. — Quanto a Cristallum? — É o único reino que se mantém ainda estável, o rei tomou medidas provisórias ainda o iníc
PORTO DOURADO – MAR DE PÉROLA Quando anoiteceu, estavam em Porto Dourado, devidamente alojado em uma estalagem. A ilha parecia uma prisão, com altos muros de pedras, portões de ferros, guardas transitando por todos os lados, diferente do que Kira se lembrava. Se instalou em um quarto com duas camas de casal, ela dividiria uma delas com Pria, que estava muito mal, mesmo após as bebidas horríveis, ela tinha os espasmos de vez em quando, e Rubi, que apenas dormia, ficou com Ellenne. Oscar estava dividindo o quarto com o Sr. Willians, em camas separadas e Daniel permaneceu só, em um enorme quarto, o mais aconchegante de todos, assistência dos donos da estalagem. Não se importaria de estar ali, se pudesse dividi-lo com Kira, mas como não era o caso, estava enfadonho, desejando que a noite passasse logo, mesmo relutante, deitou sobre a cama, permaneceu por certo tempo acordado, nem sequer lembrava quando adormecera, simplesmente ap
MAR DOS ENCANTOS – TERRA CRUZ Era noite, haviam chegado ao Oceano Ilusório e vagavam pelo Mar dos Encantos, o lar das sereias. Kira perdera o dia, entoou a canção Niger Luna tantas vezes que estava rouca, sua garganta ardia e sua boca estava seca. Bebera água como nunca na vida, porém, nenhuma movimentação na água, nem ao mesmo as vibrações comuns causadas pelo canto, ela conseguiu sentir. Ficou frustrada, a situação era pior do que pensava, Calysto não perdia uma oportunidade de aparecer. Ao longe, avistaram o aglomerado de pedras, conhecido como ilha de Terra Cruz, onde algumas sereias costumavam pegar sol, era raro, mas não impossível, encontrar uma acima da água. As rochas pontudas e afiadas se estendiam por toda a ilha, o lugar menos perigoso era a estreita faixa de areia negra, que formava a pequena praia. O lugar não era grande, minúsculo, na verdade, porém, servia de parada para alguns pirat
ILHA DE MORTUUM Estavam aportados desde o amanhecer, o lugar não tinha uma viva alma, totalmente vazio e silencioso, algo inesperado para uma ilha pirata. Kira levantou da cadeira, Oscar estava no convés inferior, providenciado algo para comerem, depois de forçar os doentes a beber o sumo amargo. Ellenne não aparecia desde a noite passada, estava evitando qualquer contato com a capitã. Ela se dirigiu a cama onde as garotas estavam deitadas, Rubi estava com a aparência um pouco melhor, mas Pria estava com uma cor estranha. Kira se aproximou tocando a garota, percebeu que estava morta, já gelada. Pegou Rubi no colo e a levou para longe, se a menina tivesse outro contato com um morto vivo, morreria com certeza. — Oscar! — berrou. O homem subiu e passos apressado, até chegar a capitã que lhe entregou a criança. — Coloque-a em outro lugar. — E Pria? — questionou confuso. — Não resistiu. — respondeu c
CRISTALLUM – PALÁCIO REAL Daniel estava parado em frente a porta de vidro da sacada do quarto de Léia, a qual dormia pesadamente, mesmo que tenham dado a bebida a ela, ainda permanecia cansada, precisava de mais tempo de descanso. Nos braços dele, Derick se remexia inquieto, queria brincar, correr pelo chão, tinha pego gosto por andar, não demoraria muito para falar, o rei pensava. — Irei alimentar o pequeno príncipe. — Yasmin entra sorridente como sempre. Desde o nascimento de seu primeiro filho, ela havia mudado totalmente o humor, era mais amável e agora esperava pelo segundo. Ele entregou a criança para a tia, que saiu cantarolando, sem seguida, caminhou até o pé da cama, sentando sobre ela, observando a mulher que estava pálida. Daniel podia ter seu coração inteiro a Kira, porém, negar que o tempo não o tinha feito nutrir novos sentimentos por Léia seria uma grande mentira. Sentiu-se dividido, pois ela sempre esteve ao la
A tempestade havia chegado de repente, os pegando de surpresa, Sr. Willians e Oscar não tinham ideia do que fazer, Kira estava adormecida, nem sequer conseguiu tomar a bebida, seu estomago recusava sempre e agora não aceitava nem alimento ou água. Ellenne segurava no mastro principal, apavorada, o Sombra do Oceano não obedecia a ninguém, estava estático, parado há bastante tempo os deixando a deriva pela falta do timão, não tinham ventos fortes para usar as velas. — Nós vamos afundar! — Oscar bradou. O navio estava encharcado, tanto pela água da chuva, quanto pela água do mar, que entrava aos montes por causa das ondas, imaginavam que o convés inferior estaria inundado depois de tanto tempo. Na cabine a capitã rolava de um lado para o outro, a pequena Rubi estava sentada no canto, agarrada as paredes com os olhos fechados em desespero pelo balanço insistente do navio. Quando uma enorme onda virou o Sombra de lado, quase o afundando,