ILHA DE MORTUUM
Estavam aportados desde o amanhecer, o lugar não tinha uma viva alma, totalmente vazio e silencioso, algo inesperado para uma ilha pirata.
Kira levantou da cadeira, Oscar estava no convés inferior, providenciado algo para comerem, depois de forçar os doentes a beber o sumo amargo. Ellenne não aparecia desde a noite passada, estava evitando qualquer contato com a capitã.
Ela se dirigiu a cama onde as garotas estavam deitadas, Rubi estava com a aparência um pouco melhor, mas Pria estava com uma cor estranha. Kira se aproximou tocando a garota, percebeu que estava morta, já gelada.
Pegou Rubi no colo e a levou para longe, se a menina tivesse outro contato com um morto vivo, morreria com certeza.
— Oscar! — berrou.
O homem subiu e passos apressado, até chegar a capitã que lhe entregou a criança.
— Coloque-a em outro lugar.
— E Pria? — questionou confuso.
— Não resistiu. — respondeu com a voz entristecida — Vou tirar o corpo dela do navio antes de adoeça mais alguém.
Ele assentiu levando Rubi para o convés inferior.
A capitã suspirou cansada, voltou a cabine, encontrando Pria de pé, encarando com olhos acinzentado. A garota avançou contra Kira que conseguiu segurá-la, puxando com força até o baú de roupas, o esvaziou com dificuldade, jogando-a dentro, fechando a tampa em seguida.
Ela não estava em sua melhor forma física, diferente de Pria e Rubi que se alimentavam e descansavam bastante, era impossível dizer quanto tempo tinha.
Pegou sua pistola e retirou toda a pólvora, abriu o baú despejando a pólvora sobre o corpo de Pria, que se debatia, Kira a segurou no lugar e tocou fogo, observou a garota queimando e aos poucos se tornando inerte. O cheiro de carne queimada era insuportável.
Observando suas mãos, percebeu diversos arranhões.
Suspirou tentando manter a calma, iria manter segredo, ninguém precisava saber que ela estava doente agora e possivelmente morreria mais rápido que sua tripulação, de quatro pessoas.
— Capitã, está tudo bem?
Olhou para trás, se deparando com Sr. Willians, bem mais disposto.
— Devia estar descansando. — falou virando de volta ao baú.
— Me recuso a permanecer dessa maneira, serei muito mais útil aqui, estou bem melhor. — resmungou.
— Certo, não vou discutir.
Ela cruzou os braços, mantendo as mãos fora de visão, quando Sr. Willians se aproximou, como um velho marujo de olhar atento, bastava um vislumbre, para ele entender o que tinha acontecido.
— Tinha que fazer algo em respeito a ela. — comentou.
Balançou a cabeça, em concordância.
— Queime os lençóis também, iremos voltar ao Mar das Sereias, tentarei chegar ao Abismo Negro, com sorte, Calysto estará por lá. — informou prendendo o cinto e embainhando seu sabre.
— Capitã! — ele a chama — Prefiro que voltemos a Turturem, está com a aparência horrível, descanse um pouco, então retornaremos.
— Não sabemos quanto tempo vocês ainda têm, estão com sorte de terem durado tanto. — resmungou — Pria se foi, a próxima pode ser Rubi.
Ele ponderou o que diria, sabia que sua capitã era cabeça dura, não costumava desistir com facilidade, mas de certa forma tinha razão, estavam correndo contra o tempo. Pegou os lençóis e jogou no baú, atiçando o fogo.
— Eu irei comandar o navio, enquanto você descansa. — disse firme — Não me importo de morrer, Kira, mas se você não descansar, nem ao menos poderá fazer algo por nós.
Ela respirou profundamente, mesmo que tentasse, não iria dormir.
— Ficarei na cabine, mas não iremos a Turturem.
Sr. Willians se retirou, um tempo depois, Oscar aparece com lençóis limpos para forrar a cama, saindo após entrega-los, a capitã cobriu a cama e se dirigiu ao baú, fechando-o e empurrando para fora da cabine.
— Oscar, termine de queimar isso. — gritou.
Ele estava com Rubi nos braços, a menina havia aberto os olhos, com certa dificuldade, tudo o que fazia era gemer de dores.
Kira pegou-a no colo e levou de volta a sua cabine.
— Rubi, consegue me ouvir? — questiona
Em questão dos últimos acontecimentos aconselho aos leitores que não iniciem a leitura, me recuso a continuar disponibilizando meus livros de graça e a plataforma render as minhas custas, assim como de outros autores, os capítulos foram cortados pela metade assim inviabilizando a leitura e consequentemente cortando os rendimentos.
Agradeço a compreensão de todos e preço desculpas pelos transtornos.
CRISTALLUM – PALÁCIO REAL Daniel estava parado em frente a porta de vidro da sacada do quarto de Léia, a qual dormia pesadamente, mesmo que tenham dado a bebida a ela, ainda permanecia cansada, precisava de mais tempo de descanso. Nos braços dele, Derick se remexia inquieto, queria brincar, correr pelo chão, tinha pego gosto por andar, não demoraria muito para falar, o rei pensava. — Irei alimentar o pequeno príncipe. — Yasmin entra sorridente como sempre. Desde o nascimento de seu primeiro filho, ela havia mudado totalmente o humor, era mais amável e agora esperava pelo segundo. Ele entregou a criança para a tia, que saiu cantarolando, sem seguida, caminhou até o pé da cama, sentando sobre ela, observando a mulher que estava pálida. Daniel podia ter seu coração inteiro a Kira, porém, negar que o tempo não o tinha feito nutrir novos sentimentos por Léia seria uma grande mentira. Sentiu-se dividido, pois ela sempre esteve ao la
A tempestade havia chegado de repente, os pegando de surpresa, Sr. Willians e Oscar não tinham ideia do que fazer, Kira estava adormecida, nem sequer conseguiu tomar a bebida, seu estomago recusava sempre e agora não aceitava nem alimento ou água. Ellenne segurava no mastro principal, apavorada, o Sombra do Oceano não obedecia a ninguém, estava estático, parado há bastante tempo os deixando a deriva pela falta do timão, não tinham ventos fortes para usar as velas. — Nós vamos afundar! — Oscar bradou. O navio estava encharcado, tanto pela água da chuva, quanto pela água do mar, que entrava aos montes por causa das ondas, imaginavam que o convés inferior estaria inundado depois de tanto tempo. Na cabine a capitã rolava de um lado para o outro, a pequena Rubi estava sentada no canto, agarrada as paredes com os olhos fechados em desespero pelo balanço insistente do navio. Quando uma enorme onda virou o Sombra de lado, quase o afundando,
O navio do capitão Petrus Bezalel navegava impetuoso sobre o mar, sem se preocupar com nada ao seu redor. Sr. Willians tentava manter-se acordado, mas estavam exaustos, sentia a doença regredindo com força e a pequena Rubi permanecia desfalecida. Sentia-se triste pela menina, tinha muito o que viver, mal foi liberta das maldades de Darkson, se viu no meio de algo pior. Não sabia aonde estavam nem para onde iam, o caminho parecia familiar, mas ao mesmo tempo tinha certas dúvidas. A frente estendia-se uma pequena ilha, nunca avistara aquela ilha antes, a vegetação era diferente de todo o antigo mundo, com várias árvores gigantescas, onde as folhas brilhavam. Penetraram por uma entrada na lateral, e eles podiam sentir como se ela estivesse viva, e de fato estava, não passava de um enorme crocodilo adormecido. — Bem-vindos a Curabituran! — Petrus dizia encarando a sua frente. A caverna era enorme, com algumas construções, caixas de suprimentos, b
Kira sentia todo o seu corpo dolorido, queria abrir os olhos, mas os mesmo se recusavam a obedecer. Alguém passava a mão delicadamente pelos seus cabelos, enquanto encostava algo gelado em suas bochechas, entretanto, era uma sensação boa, aliviava a dor que sentia no local. A verdade é que ela não queria acordar, naquele momento os problemas haviam desaparecido e tudo o que restava era o desejo de paz. — Sei que está acordada, Kira. — uma voz familiar a chamava em tom baixo — Compreendo seu cansaço, porém, há muito a ser feito. Abriu os olhos lentamente avistando Calysto, com um sorriso triste. — As coisas estão fora de controle... A capitã passou as mãos sobre o rosto, mesmo tendo desavenças com a rainha das sereias, aquele momento, deitada sobre o colo dela era incrivelmente bom, nem lembrava da última vez que relaxara. — Onde estou? — a voz saiu rouca e esganiçada. — Realmnereid. — respondeu passando algo em sua bochecha — S
Kira caminhou lentamente pelo porto, procurando por algum sinal de mortos vagando ou pelo menos pessoas vivas. Se dirigiu a estalagem, com passos curtos e vagarosos, abraçando o próprio corpo. A roupa ensopada lhe deixou extremamente agoniada, o frio deixara as pontas dos dedos arroxeadas, precisava dar um jeito de conseguir vestimentas secas e alimento quente. Bateu com força na porta do local, a qual foi aberta em uma pequena fresta, onde um brutamontes a observava desconfiado, permaneceu em silencio, não perguntou quem era ou tão pouco pareceu a reconhecer, e isso a irritou levemente. — Há algum quarto vazio? — questionou. — Depende. — respondeu vago. A capitã o encarou por um tempo, apenas ponderando o que faria. Sem aviso prévio, chutou a porta, arrebentando-a e arremessando o grandalhão por sobre as mesas, onde serviam comida e bebida, naquele andar. Adentrou calmamente o local, ajeitando a bolsa sobre o ombro, e observou os serventes a
Turturem Após dias presa em Turturem, Kira sentia-se fatigada e pronta para enfiar suas unhas na garganta de alguém, não importava quem fosse, apenas o queria fazer. Enviara os frascos com lágrimas de sereias para a rainha de Magicae e o rei de Bellum, com uma carta, avisando que era ela quem o estava fazendo e que cobraria o favor muito em breve. Não sabia a real situação dos três reinos e nem se importava, tudo o que queria era sair da ilha e encontrar Sr. Willians, caso ainda estivesse vivo, depois pensaria no que fazer, em como encontraria o responsável por trazer a maldição e dá-lhe uma bela surra. Levantou da areia da pequena praia, onde passou os últimos dias, os quais usou para descansar mais e receber a visita de Malesinmar, que lhe trazia notícias de Calysto. Ao longe, vindo em sua direção, o Sombra do Oceano navegava velozmente, cortando a água de forma imponente, com o brilho azulado lhe rondando. Kira nunca se sentira tão
Petrus e Kira se mantinham em uma disputa acirrada, nenhum dos dois dava o braço a torcer, ambos revidavam com fúria, atacavam com seus sabres sem piedade. Ao redor, um círculo se formou com toda a tripulação, estavam afoitos para ver seu capitão lutando com ela, urravam e gritavam. Sr. Willians e Oscar ficaram próximos, prontos para qualquer coisa, mesmo sabendo que a capitã estava melhor, tanto fisicamente quanto mentalmente, ainda sentiam-se preocupados com ela, estavam em menor número. Ellenne permaneceu junto ao timão, longe de toda a confusão, não queria ver aquela briga, sentia-se desconfortável. — Esse é o seu melhor? — Kira questionou o derrubando. Petrus se levantou e investiu com seu corpo contra, a prensando contra o mastro principal, onde ela ficou levemente atordoada. Ele desferiu dois socos no estomago da capitã que acabou acertando uma cotovelada em seu nariz e quando ele a soltou, foi chutado com força, o arremessando sobre a roda de marujos.
Enquanto penteava os cabelos, Kira escutou batidas na porta. — Posso entrar? — escutou Ellenne perguntando. — A vontade! — respondeu. A garota entrou rápido e fechou a porta atrás de si, depois passou a observar Kira. — Qual o problema? — a capitã questionou com as sobrancelhas arqueadas. — Eu só queria pedir desculpas, mal tivemos tempo para conversar e eu não quero ter uma relação ruim como irmãs. — respondeu dando de ombros — Mamãe me mandou ficar, disse que eu irei te atrapalhar, então quero aproveitar nossos últimos momentos juntas. — Não se preocupe, não estou brava com você e tenho certeza que nos veremos em breve. — colocou o pente sobre a cômoda — Sempre pensei que não desejava ter outra irmã depois de Yasmin, a experiência não foi boa, mas acho que posso me acostumar com você. — Assim espero... — sussurrou — Mas ainda sim quero me desculpar e pedir para que tome cuidado, desejo que um dia possamos passar um tempo junt