Petrus e Kira se mantinham em uma disputa acirrada, nenhum dos dois dava o braço a torcer, ambos revidavam com fúria, atacavam com seus sabres sem piedade. Ao redor, um círculo se formou com toda a tripulação, estavam afoitos para ver seu capitão lutando com ela, urravam e gritavam.
Sr. Willians e Oscar ficaram próximos, prontos para qualquer coisa, mesmo sabendo que a capitã estava melhor, tanto fisicamente quanto mentalmente, ainda sentiam-se preocupados com ela, estavam em menor número. Ellenne permaneceu junto ao timão, longe de toda a confusão, não queria ver aquela briga, sentia-se desconfortável.
— Esse é o seu melhor? — Kira questionou o derrubando.
Petrus se levantou e investiu com seu corpo contra, a prensando contra o mastro principal, onde ela ficou levemente atordoada. Ele desferiu dois socos no estomago da capitã que acabou acertando uma cotovelada em seu nariz e quando ele a soltou, foi chutado com força, o arremessando sobre a roda de marujos.
Estavam exaustos, depois de tanto tempo lutando, mas Kira sentia que nunca havia se divertido tanto quanto naquele momento, a adrenalina tomava conta do seu corpo. Oscar nunca tinha revidado com tanta força, quando treinavam, então a sensação nova era boa, queria continuar o máximo que pudessem, como se seu corpo estivesse finalmente despertando após um longo sono.
— Devo admitir, é uma ótima pirata. — Petrus se levantou a encarando com um sorriso.
— Já vai desistir? — questionou fingindo ofensa.
Ele apenas a encarou, ambos estavam com muitas marcas pelo corpo, sangue escorrendo pela boca e as mãos bastante machucadas.
— Voltem ao serviço, acabou a diversão! — ordenou e a multidão dispersou.
Petrus estava começando a ver semelhanças entre ele e Kira, não apenas a pele pálida e os olhos azuis brilhantes, mas na forma de agir, pensar e o fato de nenhum gostar de perder ou se rebaixar a ninguém.
— Não pense que acabou. — Petrus caminhou até o timão.
— Nunca passou pela minha cabeça.
Sr. Willians lhe entregou um lenço de algodão para que ela limpasse o sangue que manchava sua pele e enxugasse o suor que escorria do rosto.
— Não encontramos nada em Mortuum, quer escolher a próxima ilha? — questionou.
O dia já estava escurecendo, passaram parte da manhã e da tarde vasculhando a ilha atrás de informações ou qualquer pista, mas tudo o que encontraram foram mortos vagando em plena luz do dia.
— Posso sugerir algo? — Ellenne perguntou receosa.
— Claro. — Kira se escorou no timão, enquanto Petrus cruzou os braços encarando-a.
— Talvez nossa mãe tenha alguma pista para nos dar, podemos ir para minha casa falar com ela. — disse rapidamente.
Os dois capitães se encararam ponderando a situação, Kira aceitaria com facilidade, mas Petrus não compactuava com bruxas, era totalmente contra.
— Acredito que para liberar essa maldição seja necessária uma bruxa, então nada mais inteligente a fazer do que procurar respostas com uma, podemos ter bem mais sucesso dessa maneira. — Sr. Willians interveio.
O capitão os encarava com certa raiva no olha, poderia muito bem discordar, entretanto ele sabia que a lógica estava correta e precisariam realmente procurar uma bruxa para lhes ajudar.
— Tudo bem, concordarei dessa vez! — Petrus resmungou — Podemos deixar a sua “tripulação” por lá, não estão nos sendo muito úteis.
— Pode me xingar, desejar minha morte ou qualquer maldade contra mim a vontade, mas não fale nada contra minha tripulação, ou vai me deixar bem irritada. — o encarou friamente — E acredite, não vai querer me ver irritada.
— Se fosse qualquer um me ameaçando, teria um fim merecido, mas sabe de uma coisa? — ele coçou o queixo — Estou gostando um pouquinho de você, é bom saber que meu sangue não está sendo desperdiçado com uma mulher qualquer, achei que precisava que meu filho fosse homem, mas pode não ter sido tão ruim o seu nascimento.
— Não espere um abraço emocionado ou agradecimentos. — riu sem humor — Também estou gostando um pouquinho de você, mas não o suficiente para te colocar a frente da minha tripulação, Sr. Willians sempre foi a única figura paterna verdadeira que eu tive e Oscar é mais do que um marujo, além claro de minha irmã Ellenne, podemos ter nossas diferenças, mas ela atravessou o Oceano por mim, reconheço alguém esforçado quando vejo.
— Acima de tudo, respeito um capitão que se preocupa com sua tripulação e reconhece seus esforços, sem eles somos apenas um qualquer com chapéu na cabeça e um navio vazio... — encarou o céu — Vou me retirar, trace o curso e comande na minha ausência, darei essa honra.
Ele piscou rapidamente antes de se retirar.
Quando Petrus estava longe o suficiente para não escutar, Ellenne resolveu se manifestar novamente, mais aliviada.
— Pensei que vocês iam ter uma nova briga, mas dessa vez seria de verdade.
— Capitã, tenho medo de a qualquer momento ele decidir que não nos quer no navio. — Sr. Willians resmungou — Talvez seja melhor ficarmos com Ellenne, mas também tenho receio do que aconteceria com você.
— Fique calmo Sr. Willians, por enquanto está tudo sob controle. — comentou — Eu sei onde estou me metendo, quando achar que é a hora, mando-os de volta ao Sombra por precaução.
Segurou o timão com força.
— Para onde? — questionou para Ellenne.
— É uma ilha ainda não catalogada e pouco conhecida, passa a maior parte do tempo coberta por uma densa neblina, vai ter que tomar cuidado ao navegar. — respondeu — A chamamos de Nebula Insula, conhece?
— Costumo navegar por perto, mas nunca aportei na ilha. — traçou o curso — Acho que consigo chegar.
Virou o timão rapidamente.
— ABAIXEM AS VELAS E SUBAM A ÂNCORA. — berrou — O CURSO SERÁ TORTUOSO ENTÃO PREPAREM-SE PARA QUALQUER COISA!
— Quero ver suas habilidades de navegação. — Petrus se aproximou com uma expressão séria — Se conseguir aportar facilmente em Nebula Insula, ganhará o meu respeito.
— Não estou buscando sua aprovação, papai. — disse debochando.
— Podemos ter nossas diferenças Kira, mas isso não muda o fato de sermos pai e filha, caso você não seja mesmo a responsável pela maldição, pretendo deixa-la como minha sucess
Em questão dos últimos acontecimentos aconselho aos leitores que não iniciem a leitura, me recuso a continuar disponibilizando meus livros de graça e a plataforma render as minhas custas, assim como de outros autores, os capítulos foram cortados pela metade assim inviabilizando a leitura e consequentemente cortando os rendimentos.
Agradeço a compreensão de todos e preço desculpas pelos transtornos.
Enquanto penteava os cabelos, Kira escutou batidas na porta. — Posso entrar? — escutou Ellenne perguntando. — A vontade! — respondeu. A garota entrou rápido e fechou a porta atrás de si, depois passou a observar Kira. — Qual o problema? — a capitã questionou com as sobrancelhas arqueadas. — Eu só queria pedir desculpas, mal tivemos tempo para conversar e eu não quero ter uma relação ruim como irmãs. — respondeu dando de ombros — Mamãe me mandou ficar, disse que eu irei te atrapalhar, então quero aproveitar nossos últimos momentos juntas. — Não se preocupe, não estou brava com você e tenho certeza que nos veremos em breve. — colocou o pente sobre a cômoda — Sempre pensei que não desejava ter outra irmã depois de Yasmin, a experiência não foi boa, mas acho que posso me acostumar com você. — Assim espero... — sussurrou — Mas ainda sim quero me desculpar e pedir para que tome cuidado, desejo que um dia possamos passar um tempo junt
Opala Insula Quando o capitão Petrus acordou no dia seguinte, havia uma fogueira ao seu lado e os dois marujos dormiam ainda profundamente. Observando a sua volta não encontrou nenhum sinal de Kira ou de Malesinmar, vasculhou pelos lados, chamou por ela, mas sem resposta alguma. Berrou alto assustando Sr. Willians e Oscar, que levantaram rápido. — Onde está a sua capitã? — questionou irritado. — Não sabemos, ela estava aqui quando adormecemos. — Sr. Willians respondeu. Insatisfeito, Petrus caminhou por entre as árvores de volta a praia, tentando encontrar alguma pista sobre a capitã. Sr. Willians e Oscar o acompanharam ainda sonolentos, porém, bastante preocupados com a situação. Chegando a areia branca, encontraram Malesinmar vagando de forma débil, com as mãos sobre a cabeça tapando os olhos do sol da manhã. — KIRAAA! — berrou fazendo-os tapar os ouvidos — KIRAAA! — Parece que ele também está procurando pela
Opala Insula Levaram horas para dar a volta na ilha, mas nenhuma pista de Kira fora encontrada, nem mesmo outro objeto que pertencia a ela, indicando que estavam no cainho certo. Seus estômagos roncavam e já se encontrava bastante cansados devido a longa caminhada debaixo do sol quente. Petrus era o único que se mantinha firme, sem reclamar da enorme fome, ele queria encontrar Kira logo, se o garoto estava certo, o lugar era aquele, percorreram tudo, a única “passagem visível” pelo meio da mata era a de frente onde estavam parados. — Devíamos ter comprado algo para comer, antes de vir. — Sr. Willians disse pela décima vez. — Eu já entendi que são um bando de maricas, mas temos problemas maiores. — Petrus resmungou. — Se me permite dizer, nem ao menos gosta da capitã! — Ela é minha filha acima de tudo, e tem um navio, recursos... — deu de ombros — O mínimo que pode fazer é me recompensar pela perda do meu navio.
Enquanto Sr. Willians e Eliaquim se distanciavam cada vez mais, Oscar observava a linha do horizonte a procura de vislumbrar o Sombra do Oceano. — Eu sabia que teria problemas se fosse atrás de Kira, mas não imaginei que fossem tantos... — Petrus comentou. Ainda estava deitado, tirara o casaco para cobrir seu rosto da claridade. — Lembra que tentou matar ela? — Oscar questionou. — Isso é o de menos, Kira atraiu uma criatura mitológica para o meu navio. Oscar suspirou sem saber o que responder, a forma como Petrus pensava era intrigante. — Por que mudou de ideia, capitão? — Sobre o quê? — Sobre acusar Kira da maldição. Ele levantou o casaco para observar o marujo, que nem ao menos lhe olhava. — Não é bem assim, apenas quis ser justo, além disso, uma mulher que consegue me enfrentar sem medo merece respeito, não acha? — questionou. — A capitã costuma sentir mais ódio do qu
Turturem A lama sob seus pés e as pedras pelo caminho transformou em uma longa caminhada, o que poderia ter sido feito em quinze minutos, caso as condições fossem melhores. — Diabos de lugar imundo, essa é a pior humilhação que já passei na minha vida. — Petrus resmungou irritado — Quando eu encontrar o responsável por essa maldição, irei estrangulá-lo com minhas próprias mãos. Demoraria um pouco mais para o amanhecer, teriam que se contentar em permanecer ao ar livre. Chegando as ruas de pedras, que compunha metade da parte comerciante de Turturem, avistaram os mortos vivos vagando de um lado para o outro, em grande quantidade. Mesmo tentando se manterem longe das vistas, acabaram por ter sua localização entregue quando Petrus xingou alto. Sr. Willians queria cortar a garganta do capitão, mas sabia não ter força para isso e tinham coisas maiores para se preocupar. Dispararam pelo mesmo caminho que vieram, de volta a p
Ellenne caminhava com dificuldade enquanto carregava o baú, parecia pesa uma tonelada, mal conseguiu sair da cabine antes de o derrubar ao convés, próximo ao Sr. Willians. Oscar caminhou até ela com pressa, a ajudando a recolher as moedas de ouro que se espalharam. A garota sentiu-se ligeiramente envergonhada, queria se esconder no primeiro buraco que encontrasse, porém, tentou manter o semblante calmo e despreocupado. — Devia ter me chamado. — Oscar disse levantando o baú — Eu assumo daqui. Lhe deu uma piscadela discreta antes de se afastar. Ela respirou fundo antes de retornar a cabine do capitão, voltou ao seu trabalho, não demorou tanto quanto imaginava para ajustar a calça a camisa e o caso que encontrara, outrora pertencidos a Kira enquanto ainda comandava o Pesadelo Marinho. Sentiu o balanço do navio diminuindo, levantou para acordar Rubi que mesmo relutante abriu os olhinhos cansados. — A roupa está pronta, vou esperar lá fora.
Petrus acabou por beber ainda mais e desmaiou na proa do navio sobre o próprio vômito, suas roupas molhadas de rum e várias garrafas caídas ao redor, algumas quebradas. — Fique atenta a qualquer movimento suspeito, Ellenne, não sabemos quanto tempo iremos retornar. — Sr. Willians disse antes de descer pela prancha. Ela assentiu enquanto observava os três caminhando em direção a padaria. Não demorou muito para que eles sumissem de vista, como Rubi já estava dormindo, ela permaneceu perto da porta e Malesinmar se encolhera perto do timão, as vezes balbuciava chiados desconexos em tom baixo, mas a maior parte do tempo ficava em silencio. Ellenne sentou ao chão pensativa, a preocupação com a irmã era evidente, havia dito a sua mãe que retornaria em breve, mas agora só queria encontrar Kira. Sr. Willians, Oscar e Eliaquim se esgueiravam pelos fundos da padaria, ainda havia movimentação do lado de dentro, algumas velas acessas indicavam isso, além d
— Então por que está nos ajudando? — Rubi questiona a Calysto. — Não estou ajudando vocês, estou ajudando a capitã Kira. — Certo, então vamos logo cada um seguir o lado que precisa. — Sr. Willians cortou o assunto — Rubi terá que ir com Ellenne, será mais seguro para ela estar com a rainha das sereias. Assentindo, as duas descem da canoa para o mar gelado, sendo amparadas pelas sereias. Calysto segura a pequena Rubi, enquanto uma das servas apoia Ellenne, as outras três se posicionam atrás da canoa a guiando rumo a Ilha de Vinhas em alta velocidade. — Segure-se em meus ombros. — Calysto instrui a Rubi — Será mais fácil para mim. Quando a garotinha acata as ordens da rainha, e Ellenne faz o mesmo com a outra sereia, elas disparam nadando rapidamente na direção oposta, retornando a Nebula Insula, em busca da mãe da capitã Kira. — Ser uma sereia parece muito legal. — Rubi comenta sorrindo — Eu adoraria ser uma. — Tem certe