Refúgio

RefúgioPT

MS Mendes  concluído
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10
1 Classificação
40Capítulos
3.1Kleituras
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Resumo
Índice

Karen possui um passado traumático. Abusada pelo padrasto, viu a mãe ser morta pelas mãos deste homem e ainda foi separada de sua irmãzinha caçula, que foi levada a um orfanato. Contando com a ajuda de um velho amigo, ela consegue um emprego e, anos depois, uma herança lhe é deixada, dando-lhe a oportunidade de pegar, finalmente, a irmã para criar. Só que agora, Anne é uma adolescente rebelde que decidiu não perdoar Karen tão facilmente. Partindo para uma cidade paradisíaca para férias, onde tentará se reconectar à caçula, Karen conhece Marcos, um guitarrista sedutor disposto a quebrar todas as barreiras que ela impôs de nunca se apaixonar. Poderão os fantasmas do coração de Karen permitir que Marcos, com sua aparência de bad boy, cabelos compridos, jaqueta de couro e sua moto - ao invés do tradicional cavalo branco -, penetre no refúgio de seu coração e em sua vida bagunçada e cheia de segredos? Um livro sobre segundas chances e sobre encontrar a si mesmo

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Thais Vergilio
Eu simplesmente AMEI… Fiquei agoniada na medida certa, sofri, me entristeci, torci e me realizei com o desfecho lindo. Tocante, sensível, envolvente e lindo, muito lindo. Parabéns pra autora.
2022-04-25 07:29:44
0
40 chapters
Capítulo 1
Ela tinha medo da escuridão.            Todas as vezes que olhava pela janela e percebia que, lentamente, as estrelas começavam a dançar sobre o manto negro da noite, e que o breu lançava seu fascínio e seus mistérios sobre o mundo, ela sabia que os gritos, a violência e as longas horas de terror começariam. Mas a verdade era que estava começando a aprender a ser egoísta. As sessões de espancamento que sua mãe sofria não a abalavam tanto quanto as batidas em sua porta durante a madrugada.            Sabia que tudo dependia simplesmente de si mesma, de sua escolha. Se fosse uma boa menina, ninguém além dela sairia machucado. Se fizesse tudo que lhe era mandado, sua mãe e sua irmã estariam a salvo. E ela sentia o peso daquela r
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Capítulo 2
Seis Anos Depois - Janeiro             Amália Gonçalves amava o verão. Sua pousada, Refúgio, estava sempre pronta para receber a estação mais esperada por uma cidade praiana. O jardim do lugar despontava como se tivesse hibernado por anos e anos, e como se ainda fosse primavera. As rosas ainda tomavam suas formas, os girassóis procuravam os primeiros raios de luz e tudo estava colorido e vivo.            A pousada tornava-se cada dia mais linda, e Amália se orgulhava dela como se fosse um filho. Tanto que simplesmente não conseguia deixá-la.            Quando a criara, assim que o marido faleceu, deixando-a com o coração partido e uma situação financeira
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Capítulo 3
Enquanto observava a moça descer as escadas, pensava que fora ousada demais em sua primeira aproximação. Queria apenas verificar se ela podia vê-la assim como a irmã, mas não imaginara ter sucesso em sua tentativa. Por sorte encontrara aquela delicada fitinha de seda para poder ter o que falar ou seria uma situação constrangedora.            Mas não era isso que importava, o que realmente ocupava sua mente naquele momento era a constatação de que fora vista.  Aquilo lhe assustava e a deixava excitada ao mesmo tempo. Não haveria mais uma eternidade de solidão nem de silêncio, sua estranha existência teria um significado a partir daquele momento.            Porém, para tentar ajudar aquelas duas almas sofridas, precisava descobrir mais sobre elas. E
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Capítulo 4
Um raio cortou o ar, um trovão entoou sua canção assustadora e a tempestade se formou em poucos minutos. Anne não gostava de tempestades, e Karen sabia disso. Sabia que quando ela era pequena, sempre corria para seu quarto todas as vezes que havia a promessa de um temporal, ou quando o clarão de um relâmpago clareava a noite. Ela acreditava que era o anúncio da chegada de monstros ou fantasmas, e embora Karen sempre tivesse lhe ensinado que essas coisas não existiam, ela ainda procurava a proteção da irmã mais velha. Porém, daquela vez foi diferente.            Claro que já fazia muito tempo desde a última noite que passaram juntas, e Karen lamentava que logo a primeira já estivesse sendo coroada por uma chuva bem forte, porém, acreditava que velhos hábitos nunca desapareciam. Uma vez com medo de tempesta
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Capítulo 5
Ele andava de um lado para o outro, ansioso como sempre. Não estava buscando uma pousada com ares acolhedores, mas fora o melhor que encontrou. Ao menos estava longe o suficiente de todas as terríveis lembranças... esperava apenas que não lhe fizessem muitas perguntas, especialmente aquelas que não estava disposto a responder.            Além de perguntas, ele também odiava surpresas. Odiava não saber o que o esperava, odiava ser surpreendido, mas fora exatamente o que acontecera quando a porta daquele lugar foi aberta. Não esperava ser recebido, àquela hora, em uma noite tão fria, por uma mulher tão jovem. E, céus, como ela era bonita! Tinha uma expressão assustada, vulnerável e inocente, em um rosto angelical e delicado. Parecia uma daquelas mulheres de filmes antigos que sua mãe gostava de assistir quando el
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Capítulo 6
Ele só podia estar ficando louco. Louco! Estava ali naquela cidade para se curar, para reunir os pedaços de seu coração partido e colá-lo outra vez. Já era sua segunda parada naquela estranha e solitária road trip[1] de férias, e esperava não levar muito mais tempo para resolver aquele problema. A mamata não poderia durar para sempre.            Sendo assim, não conseguia compreender por que se preocupara com a garota, muito menos com a irmã. Elas não eram problema seu. Não eram sua responsabilidade. A única pessoa de quem deveria ter cuidado, protegido, traíra sua confiança e estava agora no fundo do poço.            Passara a sentir-se um pouco solitário nos últimos meses, mas talvez fosse melhor assim. Quanto
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Capítulo 7
Havia vozes animadas conversando, o tilintar de copos, pratos e xícaras encostando uns nos outros, havia risadas e um cheiro delicioso de pão fresquinho no ar. Karen estava no paraíso.            Era bem verdade que preferia que Anne estivesse ali com ela, sentada à mesa, comendo com vontade e começando a se abrir; ou pelo menos apenas conversando sobre qualquer coisa. De fato, estava tão preocupada por ela não comer que nem se importaria se ficasse somente em silêncio. Já havia descido há pelo menos quinze minutos e estava ansiosa, sempre olhando para a entrada do pequeno salão que servia como restaurante, ainda acreditando que ela iria aparecer.            Contudo, um rosto familiar apareceu no lugar da adolescente. Era Sérgio, parecendo muito bonito com sua blusa polo branca
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Capítulo 8
Anne não voltara para o quarto, porém, Karen não estava preocupada, porque conseguia enxergá-la na piscina, tomando sol. Usava um maiô um pouco gasto, mas que com certeza fora escolhido estrategicamente para esconder seus hematomas, cuja origem ela ainda desconhecia.            Enquanto a menina estivesse ali, tudo estaria bem, e ela precisava concordar que aquele quarto, talvez, fosse pequeno demais para elas. O silêncio entre duas pessoas podia ser ainda mais sufocante do que a solidão, mais torturante do que os gritos e as discussões. E cada vez que Anne lhe dirigia um olhar indiferente ou que lhe cuspia uma de suas palavras ríspidas, Karen sentia-se morrer um pouco. Não era uma morte de corpo, era seu espírito que morria lentamente. Seu único propósito na vida sempre fora recuperar a irmã, cumprir a promessa que fizera par
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Capítulo 9
Já que tinha uma festa para ir, Karen decidiu que seria uma boa hora para comprar algo novo para vestir. Para si mesma e para Anne. Odiava fazer gastos desnecessários, mas sabia que se revirasse sua mala de cima a baixo não encontraria nada legal para uma festa. E o mesmo aconteceria com a irmã.            Pediu que Sérgio e Amália ficassem de olho na garota por algumas horinhas e partiu para o centro de Vilamares, pronta para comprar algo que fosse charmoso e fresco ao mesmo tempo, já que o tempo parecia começar a esquentar.            Vasculhou as lojas em busca de algo ideal e encontrou para si um lindo floral acinturado, em tons de azul e branco, com uma saia delicada e rodada, frente única. Possuía uma sandália não muito nova de salto alto, preta, que combinaria perfeitam
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Capítulo 10
  Capítulo Quatro               Bem, não era exatamente o que ela imaginava. O mar não tinha ondas, apenas marolas, e a praia era tão pequena que mal poderia caber uma família inteira. Mas o que ela poderia saber sobre uma família, se jamais tivera uma, pelo menos não uma que fosse normal.             O cheiro e o barulho do mar eram inebriantes. Sentada na areia, sem nem se importar se iria estragar ou sujar o belo vestido, que ganhara de presente de alguém que ela nem sabia quem era, Anne contemplava o horizonte. Nunca tivera oportunidade de ver o mar, o que poderia ser considerado um absurdo, afinal nascera e crescera no Rio de Janeiro, mas a verdade era que ela sequer havia começado a viver. Não queria pensar que sua irmã fora responsável por qualquer coisa boa, porém, precisava admitir que aquele er
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