Ele andava de um lado para o outro, ansioso como sempre. Não estava buscando uma pousada com ares acolhedores, mas fora o melhor que encontrou. Ao menos estava longe o suficiente de todas as terríveis lembranças... esperava apenas que não lhe fizessem muitas perguntas, especialmente aquelas que não estava disposto a responder.
Além de perguntas, ele também odiava surpresas. Odiava não saber o que o esperava, odiava ser surpreendido, mas fora exatamente o que acontecera quando a porta daquele lugar foi aberta. Não esperava ser recebido, àquela hora, em uma noite tão fria, por uma mulher tão jovem. E, céus, como ela era bonita! Tinha uma expressão assustada, vulnerável e inocente, em um rosto angelical e delicado. Parecia uma daquelas mulheres de filmes antigos que sua mãe gostava de assistir quando ele era pequeno.
Aquela mulher conseguira deixá-lo nervoso. Ele não costumava dar atenção a hóspedes nos hotéis onde se acomodava ou clientes dos locais que frequentava, porque nunca sabia quando iria encontrar um fã obcecado querendo fazer amizade e descobrir coisas indiscretas. Tudo bem que seu rosto não era o mais famoso da banda, na maioria das vezes passava despercebido, mas algumas pessoas que os acompanhavam o conheciam. Além disso, mulheres bonitas não faltavam em sua vida, embora desejasse apenas uma. A pior de todas, não apenas por tê-lo traído da pior forma possível, mas porque não podia odiá-la. Não depois do que acontecera.
A ruiva assustada era apenas mais uma garota bonita que cruzava seu caminho. Ou assim deveria ser, porém, em apenas um primeiro contato com aquela atraente mulher ela já o tinha feito revelar por quanto tempo pretendia ficar naquela pousada. Pelo menos não lhe dera um tempo exato, fora vago; mas por pura sorte. Com aquela voz tão doce e a expressão inocente, ela seria capaz de descobrir até mesmo o nome de seu tataravó, se ele soubesse qual era. Seria capaz de descobrir muitas coisas que ele preferia manter em segredo. Portanto, estava decidido a se manter afastado. O bom era que ela parecia ter o mesmo desejo.
Não deixou, porém, de ficar curioso pelos motivos que ela poderia ter para tanta reserva. Estava estampado em seu rosto que havia uma espécie de dor, causada por um passado traumático. Tinha experiência suficiente com pessoas maltratadas para saber que ela era uma delas. Normalmente não possuía muito tato para lidar com essas pessoas, portanto, preferia imaginar que aquela linda ruiva que o recebera fora simplesmente magoada por um homem, traída ou trocada por outra. Era melhor que não ficasse tentando imaginar coisas piores ou acabaria curioso. E a curiosidade era um sentimento perigoso, especialmente para uma pessoa como ele.
Estava quase desistindo de se hospedar naquele lugar, uma vez que ninguém mais viera atendê-lo. Era bem provável que todos estivessem dormindo, o que a fizera desistir. Quase podia imaginar que ela já estava em seu quarto, debaixo das cobertas, e que ele ficaria ali, naquele hall, esperando por toda a noite, até que tivesse que se acomodar no pequeno sofá que não sustentaria com conforto nem metade de seus um metro e noventa e três de altura. E tudo que ele queria naquele momento era um bom banho quente, um colchão macio e um edredom que o esquentasse. Queria também alguma coisa gostosa para comer, levando em consideração que não pudera almoçar, mas até não se importava se tivesse que abdicar daquela parte, já que estava muito tarde, se pudesse ao menos ter uma boa noite de sono.
Mas, quando já estava quase desistindo de esperar, ele viu uma coisa que chamou sua atenção.
Havia uma menina, vestida de forma quase masculina ─ com uma calça jeans desbotada e muito larga e uma camiseta de botão quadriculada, além de usar tênis All Star nos pés ─ sentada na borda da piscina. Ela parecia fitar a água com atenção e quase fascínio, enquanto os últimos e finos pingos de chuva ainda caiam do céu e a movimentavam, formando pequenas ondas, que mais pareciam um balé melancólico. Ele podia perceber que ela movimentava os lábios como se falasse sozinha... Não. Ela estava cantando.
Ele poderia simplesmente ter ignorado aquela menina e ido embora, para algum lugar que o atendesse com mais rapidez, mas outra coisa lhe chamou a atenção na adolescente que observava: ela era uma versão mais jovem, menos feminina e morena da linda ruiva que lhe abrira a porta. Com certeza era de sua família, mas com uma diferença de idade muito pequena para serem mãe e filha. Só podiam ser irmãs.
Mas o que aquela menina fazia ali, tão tarde da noite, naquele frio, parecendo tão triste e solitária? Era como se ela tivesse procurado aquela solidão. Realmente havia algo de errado nas moças daquela família, mas ele achava melhor nem saber o que era, antes que começasse a se sentir envolvido ou interessado em ajudar.
Foi então que passos interromperam seu momento. Mesmo de longe ele podia sentir que se tratavam de duas pessoas que se aproximavam ‒ a ruiva bonita e um homem loiro que era pouca coisa mais baixo do que ele mesmo.
─ É você que está interessado em se hospedar na pousada? ─ Sérgio começou falando, com um ar um pouco desconfiado.
─ Sim. Desculpe pela hora.
Karen percebeu que o belo homem parecia um pouco inquieto, mantendo as mãos nos bolsos, diferente de quando chegara. E, quando o olhar dele parou sobre ela novamente, teve a certeza de que aquela estranha atitude tinha a ver com sua pessoa.
─ Tem algum quarto disponível por aqui?
─ Temos alguns, sim. Alguma preferência de vista ou número? ─ Sérgio perguntou, enquanto começava a caminhar na direção da mesa da recepção e ligava o computador.
─ Preferência de número? ─ estranhou.
─ Bem, o senhor não sabe o tipo de pessoas que aparecem por aqui com essa história de numerologia e feng shui. Nunca se sabe.
─ Não, não. Nada disso, quero apenas um quarto confortável.
─ Temos dois tipos de acomodação. Quartos que são projetados como miniapartamentos, com dois quartos, saleta e...
─ Quero um mais simples, por favor — interrompeu.
Uma resposta curta, quase grosseira e impaciente.
Sérgio apressou-se em verificar as disponibilidades e quando anunciou em que quarto o estranho ficaria, Karen estremeceu. Ele se hospedaria no 203, ao lado do dela. De acordo com Sérgio, era o único disponível nas condições que ele solicitou.
─ Seu nome, por favor, senhor... ─ Sérgio perguntou, assim que ele concordou com o quarto que lhe foi oferecido.
A pergunta era a mais simples possível, mas o homem hesitou antes de responder. Como se tivesse algo a esconder.
─ Marcos... Marcos Guimarães ─ respondeu, mas não parecendo muito satisfeito em fazê-lo.
Sérgio, por sua vez, não reparou o mesmo, apenas escreveu o nome que lhe foi informado no computador.
─ Preciso de seus documentos e do número de seu cartão de crédito como garantia ─ complementou Sérgio.
Marcos apenas assentiu, cumprindo com as exigências, demonstrando ainda mais nervosismo ao entregar o RG ao rapaz, mas relaxou quando o documento foi devolvido. A verdade era que sendo principal guitarrista de uma banda famosa, não era difícil ser reconhecido por seu sobrenome artístico — Vandreoli. Por isso, sempre fornecia o nome de sua mãe, que era comum e anônimo.
─ Isso é tudo que você precisa?
─ Sim. Obrigado.
Todos os dados foram preenchidos no software utilizado pela pousada para registro de hóspedes. Não havia mais nada que Sérgio precisasse indagar, mas ele, sentindo-se intrigado e zelando pela segurança do local, ainda fez mais uma pergunta:
─ Está em Vilamares a trabalho ou a lazer, senhor Guimarães? ─ Claro que a pergunta foi feita com um sorriso, como se ele quisesse soar casual.
— Nem um, nem outro — Marcos respondeu seco, dando a entender que aquele tipo de pergunta não era muito bem-vinda. Sérgio olhou para Karen muito desconfiado, com o cenho franzido, mas deu de ombros, enquanto tirava a chave do claviculário e a entregava a Marcos. ─ Obrigado. ─ Sem nem esperar qualquer orientação ou boas vindas, o homem misterioso virou-se na direção das escadas, pronto para ir para seu quarto, mas antes que pudesse começar a subi-las, voltou-se diretamente para Karen e disse: ─ Há uma mocinha à beira da piscina que eu acho que é sua... ela parece muito sozinha.
Em uma reação instantânea, Karen olhou na direção informada por Marcos e caminhou até lá. Já tinha olhado para a piscina e não a tinha visto, mas exatamente como ele dissera, lá estava ela, o que a fez suspirar de alívio.
Estava encolhida, parecendo mais perdida do que nunca. Seu coração se derretia e sofria tentando imaginar o que tanto assolava aquela cabecinha. Porém, ainda tinha medo de se aproximar, pois simplesmente não sabia o que dizer.
─ Acho que ela parece capaz de passar a noite inteira ali se você não for falar com ela. ─ Uma voz masculina surgiu de detrás de Karen. Ela sabia que se tratava de Sérgio, mas mesmo assim ele conseguiu surpreendê-la por um breve segundo.
Karen não soube o que responder, especialmente porque Sérgio não fazia ideia do que acontecia entre elas. Não fazia ideia de todo o passado violento que compartilharam, muito menos sabia sobre o tempo em que passaram separadas, o tempo em que Karen tivera que abandonar a irmã até ter condições suficientes para resgatá-la. Ninguém sabia de suas histórias, talvez nem elas mesmas.
Por isso, Karen não respondeu nada ao rapaz, e foi se aproximando de Anne com cautela. Sabia que qualquer movimento brusco ou comentário errado que fizesse poderia desencadear uma reação completamente indesejada.
─ Anne? ─ chamou baixinho, com toda a doçura que pôde encontrar em sua alma. Estava cansada, e sua nova vida sequer tinha começado.
A menina a olhou com um estranho sentimento em seus olhos; era algo entre mágoa e esperança. Ela parecia muito inocente, muito próxima à criança que Karen conhecera há algum tempo. Seus olhos brilhavam com as lágrimas que ainda insistiam em cair, mas que ela tanto tentava esconder e disfarçar.
─ O que você quer? ─ falou cheia de ressentimento, limpando o rosto com as costas de sua mão.
─ Volte para o quarto, querida. Está frio aqui. Vai acabar ficando resfriada.
─ Não. ─ Sua resposta foi ríspida e rápida demais, e o que ela disse em seguida soou como um arrependimento. ─ Por favor, deixe-me ficar...
Ao ouvi-la falando daquela forma, nenhuma pessoa seria capaz de lhe negar qualquer coisa. Então, em uma segunda tentativa, Karen se sentou ao lado dela, retirando seus chinelos para poder colocar os pés na água, que parecia um pouco gelada, mas gostosa. A chuva já havia parado, mas o tempo não parecia querer esquentar; ainda assim, aquela era uma oportunidade de se aproximar de Anne, que era tudo que ela queria.
─ Eu posso ficar um pouco também, então? ─ indagou, e Anne respondeu com um dar de ombros, que dizia que, para ela, tanto fazia se Karen lhe fizesse companhia ou não.
De início, Karen ficou em silêncio. Não que procurasse o que deveria dizer, pois não queria ensaiar ou preparar nada, apenas deixar que seu coração falasse.
─ Você se lembra das noites de tempestade, quando você corria para o meu quarto assustada?
Anne não disse nada a principio. Permaneceu olhando para o chão, com a mesma expressão concentrada e ferida. Karen sabia que ela não iria dar o braço a torcer, não deixaria seu orgulho de lado, então, teria que ser ela a induzir os primeiros contatos.
— Talvez você não se lembre, mas houve uma noite em que entrou no meu quarto gritando e correndo, como se tivesse visto um fantasma. Seu rosto estava todo retorcido de medo e quem ficou assustada fui eu. No final das contas, ficaram as duas gritando, e mamãe apareceu desesperada. — Karen ria, mas ao mencionar a mãe, ficou séria e em silêncio. Ela mesma sabia que jamais iria superar a perda, porém, acreditava que para Anne era ainda pior. Mas a resposta que ela deu foi surpreendente.
— Sim, eu me lembro. — Riu a garota, mas logo mudou sua expressão, quando se recordou que era melhor não abrir o coração para a irmã. Pelo menos não tão cedo. — Mas já faz muito tempo; eu não sou mais aquela menininha medrosa — falou com a mesma rispidez de antes.
— Nós duas mudamos, querida — suavizou o tom de voz. — É parte do crescimento, do amadurecimento. Tanto eu quanto você passamos por dias difíceis, mas não podemos deixar que isso molde nosso caráter. Sobrevivemos, e é isso que importa.
— Você acha mesmo? — Havia dúvida e até um pouco de sarcasmo na voz da mais nova. — Eu poderia ser uma pessoa melhor se você tivesse pensado em mim antes. — Ela fez uma pausa. — Sei o que veio fazer aqui... quer que eu volte para o quarto, não é? Pode ficar tranquila que não vou ficar te dando trabalho.
E Anne se virou e foi para o quarto, sem dizer mais nada. Karen respirou bem fundo, sem saber o que fazer. Aquilo era uma guerra que ela teria que vencer a cada batalha, dia após dia. O problema era que não fazia ideia se sairia vitoriosa no fim.
Ele só podia estar ficando louco. Louco! Estava ali naquela cidade para se curar, para reunir os pedaços de seu coração partido e colá-lo outra vez. Já era sua segunda parada naquela estranha e solitária road trip[1] de férias, e esperava não levar muito mais tempo para resolver aquele problema. A mamata não poderia durar para sempre. Sendo assim, não conseguia compreender por que se preocupara com a garota, muito menos com a irmã. Elas não eram problema seu. Não eram sua responsabilidade. A única pessoa de quem deveria ter cuidado, protegido, traíra sua confiança e estava agora no fundo do poço. Passara a sentir-se um pouco solitário nos últimos meses, mas talvez fosse melhor assim. Quanto
Havia vozes animadas conversando, o tilintar de copos, pratos e xícaras encostando uns nos outros, havia risadas e um cheiro delicioso de pão fresquinho no ar. Karen estava no paraíso. Era bem verdade que preferia que Anne estivesse ali com ela, sentada à mesa, comendo com vontade e começando a se abrir; ou pelo menos apenas conversando sobre qualquer coisa. De fato, estava tão preocupada por ela não comer que nem se importaria se ficasse somente em silêncio. Já havia descido há pelo menos quinze minutos e estava ansiosa, sempre olhando para a entrada do pequeno salão que servia como restaurante, ainda acreditando que ela iria aparecer. Contudo, um rosto familiar apareceu no lugar da adolescente. Era Sérgio, parecendo muito bonito com sua blusa polo branca
Anne não voltara para o quarto, porém, Karen não estava preocupada, porque conseguia enxergá-la na piscina, tomando sol. Usava um maiô um pouco gasto, mas que com certeza fora escolhido estrategicamente para esconder seus hematomas, cuja origem ela ainda desconhecia. Enquanto a menina estivesse ali, tudo estaria bem, e ela precisava concordar que aquele quarto, talvez, fosse pequeno demais para elas. O silêncio entre duas pessoas podia ser ainda mais sufocante do que a solidão, mais torturante do que os gritos e as discussões. E cada vez que Anne lhe dirigia um olhar indiferente ou que lhe cuspia uma de suas palavras ríspidas, Karen sentia-se morrer um pouco. Não era uma morte de corpo, era seu espírito que morria lentamente. Seu único propósito na vida sempre fora recuperar a irmã, cumprir a promessa que fizera par
Já que tinha uma festa para ir, Karen decidiu que seria uma boa hora para comprar algo novo para vestir. Para si mesma e para Anne. Odiava fazer gastos desnecessários, mas sabia que se revirasse sua mala de cima a baixo não encontraria nada legal para uma festa. E o mesmo aconteceria com a irmã. Pediu que Sérgio e Amália ficassem de olho na garota por algumas horinhas e partiu para o centro de Vilamares, pronta para comprar algo que fosse charmoso e fresco ao mesmo tempo, já que o tempo parecia começar a esquentar. Vasculhou as lojas em busca de algo ideal e encontrou para si um lindo floral acinturado, em tons de azul e branco, com uma saia delicada e rodada, frente única. Possuía uma sandália não muito nova de salto alto, preta, que combinaria perfeitam
Capítulo Quatro Bem, não era exatamente o que ela imaginava. O mar não tinha ondas, apenas marolas, e a praia era tão pequena que mal poderia caber uma família inteira. Mas o que ela poderia saber sobre uma família, se jamais tivera uma, pelo menos não uma que fosse normal. O cheiro e o barulho do mar eram inebriantes. Sentada na areia, sem nem se importar se iria estragar ou sujar o belo vestido, que ganhara de presente de alguém que ela nem sabia quem era, Anne contemplava o horizonte. Nunca tivera oportunidade de ver o mar, o que poderia ser considerado um absurdo, afinal nascera e crescera no Rio de Janeiro, mas a verdade era que ela sequer havia começado a viver. Não queria pensar que sua irmã fora responsável por qualquer coisa boa, porém, precisava admitir que aquele er
Já era quase meia-noite, e Karen olhava de um lado para o outro, procurando por Anne. Perguntara para algumas pessoas, inclusive para Tauan, o menino que estivera conversando com ela horas atrás, mas ele também não a vira desde que o deixara praticamente falando sozinho. Karen também presenciara a cena, mas pensara que Anne iria para o quarto, porém, estivera lá e nada. Estava vazio. Decidida a procurá-la, começou a sair da pousada, mas Sérgio veio correndo em sua direção e a chamou. — Ei, está na hora de partir o bolo. — aproximou-se sorrindo. — Eu sei, mas a Anne desapareceu. Outra vez. — mostrou-se desanimada. &
Embora não conhecesse nada de Vilamares, ela podia acreditar que eles já tinham percorrido a cidade inteira e todas as praias da região. Marcos acreditava que a menina deveria ter ido a uma delas, já que Karen suspeitava que Anne nunca tinha visto o mar. Era estranho ela simplesmente suspeitar coisas sobre a irmã que deveria conhecer muito bem. Quando Anne nascera e que Karen tivera a oportunidade de contemplar aquele bebezinho pequeno e delicado, jurou para si mesma que jamais permitiria que alguém lhe fizesse mal. Prometera que estaria ao seu lado a cada choro, a cada riso, que a aconselharia e a guiaria para o caminho correto, mas o destino quis que tudo acontecesse de uma forma diferente. Agora, depois de tanto tempo, ela esperava que ainda tivesse tempo suficiente para reparar os erros do passado.&nb
E realmente conseguiu. Quando chegaram ao automóvel, Karen estava quase chorando de dor, mas manteve-se firme. Coisa que Marcos não deixou de reparar. Aquela mulher tão pequena era muito mais corajosa do que ele poderia imaginar. E também era muito silenciosa, mas isso ele até achou preferível, pois não tinham muito o que dizer, especialmente com a adolescente rebelde no banco de trás. Assim que chegaram à pousada, Anne saltou do carro furiosa e disparou escadas acima, abandonando Karen e Marcos sozinhos. — Ela é bem difícil mesmo — Marcos comentou, completamente sem paciência. — Não sei mais o que fazer... — Karen levou ambas as mãos ao rosto, m