No Rio de Janeiro, Lili é contratada para cuidar de Collin, um jovem que perdeu a visão após um acidente na adolescência. Enfrentando depressão e fobia social, Collin não sai de casa há anos e rejeita a presença de Lili. Arrogante e cruel, ele testa sua paciência, mas Lili, com seu jeito especial, persevera. Ela começa a ler para Collin, abrindo uma porta para seus medos e sentimentos. Juntos, enfrentam o desafio de ajudá-lo a reencontrar seu lugar no mundo, enfrentando obstáculos e redescobrindo a vida.
Ler maisSete meses depois... Por volta das oito horas da manhã, quando Sulivan acordou, Dirceu não estava na cama. Ela o chamou para conferir se estava no banheiro, mas não houve resposta. Então, se levantou e foi até o quarto vizinho. Todo seu rosto se iluminou com a cena encantadora do marido embalando a pequena criança nos braços, enquanto cantarolava baixinho. Ele sorriu ao levantar os olhos e vê-la parada na porta com um sorriso derretido, e cara de boba. — Bom dia, minha querida! — Bom dia! Vejo que se vira muito bem sem mim. O quarto havia sido redecorado recentemente. As paredes foram revestidas com papel de parede de poá; e a decoração lançava mão de adesivos e objetos que combinavam diferentes tons de r
Os olhos arregalavam-se, alarmados, enquanto Lily encarava a porta. O coração saltava dentro do peito, cada vez que ouvia uma maca se aproximando. Quando a via passar direto, sua expressão se descontraia e ela respirava aliviada.Em um dado momento iniciou uma correria incomum nos corredores. Sócrates colocou a cabeça para fora buscando entender o que acontecia. Quando ele olhou de volta para dentro, seus olhos pousaram direto na filha, e nenhum dos presentes precisou tentar decifrar a aflição que encobriu seu rosto. Todos ouviram, alto e claro, quando alguém em meio aquela movimentação, deixou escapar que o paciente no quarto ao lado havia falecido, naquele instante. O pranto desesperado de um familiar que acabara de receber a triste notícia, ainda ecoou no quarto antes que Sócrates fechasse a porta, na
Dr. Eric, era simpático e tinha um sorriso relaxado. Sua fala não era carregada de termos técnicos, como a maioria de seus colegas de profissão, mas, era simples, clara e passava confiança. De início ele conversou com Lily e a família, interessado pela sua história. Na sequência, solicitou novos exames, e discutiu reservadamente com Dr. Alberto, por alguns minutos, que para Lily pareceram horas inacabáveis. Não era a primeira vez que ela se via naquela situação. Imaginando-se a ré em um tribunal, aguardando a deliberação do júri para receber a sentença. Olhando para os pais, e dos pais para Sulivan e Dirceu e deles para Collin, sentiu ainda mais angústia por ver tantas pessoas sofrendo com ela. De repente foi tomada por um sentimento de pânico. E se o prognóstico fosse igual aos anteriores? Se n&
— Você disse, casar? — Sócrates coçou a barba, em baixo do queixo, transparecendo seu nervosismo. Após conversarem, os jovens convocaram a presença de todos no quarto e Collin fez o comunicado deixando-os atônitos.— Sim. Quando a Lily entrar na sala de cirurgia, será como minha esposa. — Ele disse beijando a mão dela.Dirceu foi o que primeiro se recuperou do choque, e se aproximou para felicitar os dois. Deu uns tapinhas nas costas de Collin, e o elogiou por ter compreendido a conversa que tiveram. Helena, emocionada, abraçou a filha.— Crianças, vocês sabem que planejar um casamento não é simples. É um tempo muito curto. — Sulivan, ponderou antes de abso
Helena ficou emocionada quando finalmente conheceu Collin.— Sou a mãe da Emily. Estava ansiosa para te conhecer. Meu Deus! Você é tão bonito! — exclamou puxando-o para dentro de seus braços. E antes de soltá-lo deu um beijo no rosto, fazendo-o corar. — E alto! — Helena tinha a mesma altura de Lily.— Sou Sócrates, o pai. — falou em tom grave e sisudo.Collin se recuperou da recepção calorosa da mãe de Lily, e estendeu a mão para cumprimentar o sogro, que aferrou o aperto de mão, quase quebrando seus dedos.— É um prazer, conhecer vocês! — Collin falou tentando relaxar a mão que por pou
Cada músculo do seu corpo doía por conta do embate com as ondas, mas sua mente simplesmente não parava. Collin tinha estado ansioso para ficar sozinho e tentar digerir tudo que havia acontecido na noite passada. Até tentar dormir um pouco, se conseguisse. Então, quando Leonardo apareceu naquela tarde acompanhado dos meio-irmãos, ele de início, não apreciou a invasão. Mas, passado algum tempo, se conformou e até gostou da companhia.Ser parte daquele pequeno grupo, trouxe um pouco de leveza para sua alma, e por alguns breves momentos, mantivera sua mente distante de pensamentos negativos. Era bom ter irmãos, e já que os filhos mais novos de Dirceu, se mudariam para sua casa em breve, aquelas reuniões serviam também para se aproximarem. Pena, que ele estava no seu pior estágio.
Por volta de três horas da madrugada, Sócrates chegou no hospital em Porto Seguro, atordoado, buscando notícias da filha. Sulivan sentada no fundo da recepção, ouviu quando ele pronunciou o nome de Lily para a mulher do balcão, e levantou os olhos no instante em que a mesma mulher apontou na sua direção. Eles se entreolharam e Sócrates acenou a distância com um gesto de cabeça. Antes que ela conseguisse, se livrar de Collin que dormia apoiado ao seu corpo e se levantar, o homem seguiu a enfermeira e desapareceu pela porta da ala restrita. Cerca de meia hora depois ele retornou apressado, e trocou algumas poucas palavras, com ela e Dirceu, agradecendo o apoio. Assegurou que os aguardaria no Rio para conversarem e esclarecerem algumas coisas, e então partiu, levando Lily e deixando-os para trás, somente com a exaustão no corpo e a confusão
Os olhos de Dirceu brilhavam de paixão enquanto observava sua esposa cuidar da pele levemente queimada de sol antes de se deitar. Instantes mais tarde, eles estavam deitados, aconchegados, trocando beijos e juras de amor, em clima de lua-de-mel. O assobiar de uma ventania forte provocou calafrios em Sulivan, quando invadiu o quarto agitando as cortinas e as páginas do livro de cabeceira que Dirceu folheava antes dela se deitar. Sulivan se desprendeu do abraço do marido e levantou para fechar a janela. O mar estava agitado e o céu encobria-se de nuvens, parecia que estava vindo uma frente fria. Ela tocou a janela na intenção de fechá-la, antes, porém, teve o ímpeto de dar uma última olhada no jovem casal que havia ficado conversando na areia próximo à casa. Mas não viu o filho, nem a nora. Ela apertou os olhos tentando localizá-los na praia.
— Desculpa, Lily! Mas eu não compreendi o que você disse.— Você tem razão, fez tudo certo naquele dia. Era improvável que algo desse errado. E não teria acontecido nada, se eu não tivesse sabotado você.— Fala algo que eu entenda, porque até agora, o que você falou não fez nenhum sentido. Você está brincando comigo? — Ele continuava se negando a entender.Lily, pensou em retroceder, fingir que era realmente uma brincadeira, fugir dali, mas se quisesse provar que o amava precisava contar a verdade. Ela ajoelhou-se diante dele, as lágrimas desciam abundantemente, a respiração dela era entrecortada, precisa falar devagar, ter cuidado com as palavras para que