O elevador subiu silenciosamente, transportando Sofia para o topo do imponente edifício. O nervosismo, contido até então, voltou com força total. Era seu primeiro dia como secretária do Sr. Arthur, e a responsabilidade era imensa. A imagem da Senhorita Amanda, com seu sorriso confiante e olhar perspicaz, voltou à sua memória, acalmando um pouco a agitação interior. Ao sair do elevador, Sofia foi recebida por um corredor amplo e silencioso, decorado com obras de arte abstratas e plantas exóticas que contrastavam com a frieza do aço e do vidro. O escritório do Sr. Arthur era uma suíte espaçosa e moderna, com duas amplas janelas: uma oferecia uma vista panorâmica da cidade de Seul, um mar de prédios e luzes cintilantes; a outra, uma visão serena e relaxante do jardim exuberante que emoldurava o edifício, um oásis de verde em meio à selva de concreto. Uma secretária auxiliar, uma mulher de meia idade com um ar profissional e eficiente, a recebeu com um sorriso discreto e a conduziu at
Após um dia frenético, a companhia de Angel foi um bálsamo para Sofia. O encontro não foi em uma balada agitada, como Angel inicialmente sugeriu, mas em um cinema aconchegante, seguido por sorvete artesanal em uma sorveteria charmosa. A atmosfera descontraída permitiu que Sofia relaxasse, compartilhando suas experiências e emoções com a prima e seus amigos. Angel apresentou Sofia a um grupo animado e diversificado. Havia alguns homens atraentes entre eles, alguns com atitudes mais ousadas, outros mais respeitosos. Entre eles, um em particular chamou a atenção de Sofia: Kim Junmyeon, um jovem arquiteto com um sorriso encantador e um olhar gentil. Kim era diferente dos outros; havia nele uma inteligência e uma sensibilidade que a cativou imediatamente. A conversa fluiu naturalmente entre eles, e logo Sofia se sentia à vontade na companhia de Kim e Angel, o trio se encaixando com uma facilidade surpreendente. Enquanto saboreavam seus sorvetes, Sofia começou a contar sua história, a
A semana havia sido um turbilhão de emoções para Sofia. A adaptação à nova vida em Seul, o trabalho desafiador na empresa de Arthur, e a alegria das novas amizades com Angel, Kim e Jun, haviam se mesclado em uma experiência intensa e transformadora. Mas, por trás do sorriso e da aparente felicidade, Sofia carregava consigo as marcas do passado. A lembrança da traição do ex-namorado, a dor da cumplicidade da amiga, a opressão e o controle que sofrera, ainda ecoavam em seu coração, como sombras teimosas que se recusavam a se dissipar. A distância da família, a saudade da vida que deixara para trás no Brasil, tudo isso contribuía para uma sensação de melancolia que, por vezes, a invadia como uma onda implacável. A pressão do novo emprego, a necessidade de provar seu valor em um ambiente competitivo, tudo isso adicionava mais peso à sua jornada. Em um final de semana, buscando um escape da rotina intensa, o grupo decidiu fazer uma viagem à praia. Angel, sempre animada e cheia de energ
A mensagem vibrou no celular de Sofia, interrompendo abruptamente a atmosfera romântica deixada pela declaração de Jun. As palavras na tela eram curtas e diretas, mas carregavam um peso que transcendia as letras impressas. Um comando, mais do que um pedido, ressoando com a autoridade inquestionável de um CEO acostumado a ser obedecido: "Estou chegando de viagem em 4 dias. Peça para que arrumem minha sala, deixem tudo limpo e a papelada em ordem. Tenho muita coisa para fazer e muita coisa para pôr em dia." A assinatura eletrônica: Arthur choi. A ficha de Sofia caiu lentamente. Arthur, o CEO da empresa, o homem que ela ainda não havia visto pessoalmente em seus 30 dias de trabalho, havia lhe enviado uma mensagem. A palidez tomou conta de seu rosto. Normalmente, Amanda, que estava sendo sua assistente temporária ate a chegada do Sr Choi, era a intermediária de todas as comunicações com o CEO, que estava viajando havia três meses. A ausência de contato de Arthur não era incomum, mas
A exaustão tomou conta de Sofia como uma onda gigante. Cada tarefa era um fardo, cada e-mail uma obrigação, cada documento uma montanha a ser escalada. A pressão imensa do trabalho, a responsabilidade de preparar tudo para a chegada de Arthur, a deixavam sem fôlego. Não havia ameaças, apenas a imensa quantidade de trabalho a ser feito, papeis a serem recolhidos de todas as áreas para apresentar ao Sr Choi A mensagem de Arthur, uma simples notificação de sua volta, sem qualquer tom agressivo, a havia lançado em uma frenética corrida contra o tempo. Dormir? Comer? Respirar fundo? Luxos inimagináveis. A pressão era uma força física, sufocando-a, deixando-a sem ar. A declaração de Jun, a vulnerabilidade em suas palavras, o pedido de desculpas subsequente – tudo isso ficou perdido no turbilhão. A primeira mensagem dele, a declaração novamente, vibrou em seu celular, mas a exaustão foi mais forte. A segunda, um pedido de desculpas, também passou despercebida. Sofia estava em um estado de a
O domingo amanheceu ensolarado, um convite irresistível para a praia. Sofia e Angel, precisando desesperadamente de um descanso, decidiram aproveitar o dia livre. Kim e Jun se juntaram a elas, o clima levemente tenso pela confusão emocional dos dias anteriores. Na areia, enquanto os rapazes jogavam vôlei, Sofia e Angel aproveitaram para colocar as coisas em pratos limpos. Angel, apesar do clima romântico que se instalou entre ela e Kim – os abraços constantes, a proximidade, o jeito como se olhavam – ainda não conseguia se declarar. A insegurança a paralisava, a vergonha a prendia em um ciclo de desejos não expressos. Kim, sentiu-se mal, um enjoo súbito o fez cair na água, interrompendo a conversa. Enquanto isso, Sofia tentava explicar a situação para Jun. -Jun, eu preciso que você entenda. Eu gosto muito de você, tenho um sentimento forte, mas não é amor. Não consigo sentir aquela conexão, aquela centelha que você merece. O que aconteceu no passado me deixou… marcada. Eu te valo
O ambiente da festa pulsava ao redor deles, mas para Kim e Angel, só existia o momento presente. Kim, com um misto de nervosismo e paixão nos olhos, aproximou-se de Angel. Ele hesitou por um instante, a mão tremendo levemente enquanto buscava o ponto certo para começar, a timidez era uma novidade para ele que sempre foi tão extrovertido e com palavras na ponta da língua, quase gaguejando ele começa a falar, e toma coragem, depois das primeiras palavras não tem como voltar atrás — Olha, eu não sei se este é o momento ideal, mas não consigo mais guardar isso para mim. Eu preciso te dizer como me sinto. Assim como Jun se declarou para Sofia, mesmo que as coisas não tenham dado certo entre eles, eu resolvi me abrir para você, porque a ideia de perder essa chance me assusta demais. Angel, eu não consigo esconder mais. Ultimamente, nossa proximidade tem sido intensa, e isso despertou em mim um sentimento profundo, algo que vai muito além de uma simples atração. Eu não sei se você se
Kim e Angel chegaram ao restaurante, um lugar aconchegante com iluminação suave. Enquanto esperavam a mesa, uma figura familiar surgiu na entrada: Akari, um antigo amor de Kim. O sorriso de Akari era brilhante, mas Angel sentiu um aperto no peito ao perceber o olhar insistente que ela lançava em Kim. — Kim! Que surpresa te encontrar aqui! — exclamou Akari, se aproximando da mesa. — Não te vejo há anos! — Akari… Olá, — respondeu Kim, um pouco sem jeito. — Angel, essa é Akari, uma amiga de longa data. Akari, essa é Angel. — Prazer em conhecê-la, — disse Akari, lançando um olhar superficial para Angel, que sentiu um nó na garganta. O tom de Akari era frio, quase arrogante. — Imagino que vocês estejam comemorando algo especial? — Estamos sim, — respondeu Kim, envolvendo a mão de Angel em um gesto reconfortante. Angel sentiu um calor reconfortante diante da demonstração de Kim. — É um momento importante para nós dois. Akari sorriu, mas o sorriso não alcançou seus olhos. Ela com