O Preconceito do poder - entre o Ódio e o Amor
O Preconceito do poder - entre o Ódio e o Amor
Por: Lua nova
Capítulo 1: Das cinzas a Seul

Seul. A palavra soava como um sussurro gélido, um contraste brutal com o calor sufocante das lembranças que Sofia tentava, em vão, deixar para trás. Vinte e cinco anos, uma idade que deveria vibrar com a promessa de um futuro radiante, mas que para ela carregava a amarga poeira da traição. O golpe duplo, a facada nas costas desferida pelo ex-namorado e pela melhor amiga, havia deixado cicatrizes profundas em sua alma, cicatrizes que a acompanhavam na longa viagem até a Coreia do Sul.

Seus cabelos cacheados, negros como a noite mais escura, emolduravam um rosto que refletia a força e a resiliência de uma guerreira. A força de uma mulher negra que havia se erguido da pobreza da favela, conquistando dois idiomas e um diploma universitário com suor e determinação. Mas os olhos, ah, os olhos… neles ainda pairava a sombra da desilusão, a frieza de um coração fechado para o amor, blindado contra novas decepções.

A entrevista na renomada empresa de tecnologia era mais do que uma oportunidade de emprego; era uma chance de recomeçar, de construir uma nova história em um novo território. Seul era a tela em branco onde ela pintaria um futuro livre das sombras do passado. Segunda-feira. Senhorita Amanda. O nome soava distante, um eco em um mundo que parecia ainda distante, um mundo que ela estava decidida a conquistar. A ansiedade latejava em suas veias, mas não era a ansiedade paralisante do medo; era a ansiedade da luta, a ansiedade de quem sabe que a vitória só será alcançada com suor e coragem. Ela carregava as cinzas do seu passado, mas em seu coração, uma fagulha de esperança ainda brilhava, teimosa e indomável.

Entre o turbilhão de emoções e a iminência da entrevista, Sofia aproveitou os dias que antecederam o grande momento para se preparar, não apenas profissionalmente, mas também emocionalmente. A semana se tornou um refúgio de autocuidado e uma jornada de descoberta pelas ruas de Seul, cidade onde sua mãe havia vivido na juventude. Refazer os passos da mãe, explorar os lugares que ela frequentara, era uma forma de se conectar com suas raízes, de reviver, em espírito, os sonhos e as experiências de uma mulher que a inspirara profundamente.

Na quarta-feira, ela visitou sua prima, que a acolhera com tanto carinho, e juntas, foram a um salão especializado em cabelos cacheados. Sofia optou por tranças elaboradas, um penteado que valorizava seus traços e a deixava confiante. A transformação no salão foi mais do que uma mudança de visual; foi um ritual de empoderamento, um ato de autoafirmação antes do grande desafio.

Nos dias seguintes, Seul se tornou um cenário vivo das memórias de sua mãe. Sofia explorou as ruas vibrantes, mergulhando na cultura local, experimentando novos sabores e visitando lugares históricos, guiada pelas fotografias e histórias contadas pela sua prima.

As compras foram uma parte importante dessa imersão. Sofia comprou roupas elegantes e modernas, peças que refletiam sua nova fase, sua nova identidade. Mas o item mais especial que ela adquiriu foi um delicado colar de prata com um pingente em forma de uma pequena flor de cerejeira. Para Sofia, a flor de cerejeira representava a beleza efêmera da vida, a necessidade de aproveitar cada momento, e a força da natureza para renascer a cada primavera – uma metáfora perfeita para sua própria jornada.

O colar se tornou um símbolo de sua jornada, um lembrete de sua resiliência e da beleza que ela carregava dentro de si, e uma homenagem à memória dos sonhos compartilhados com sua mãe.

Cinema, cafés aconchegantes e momentos de contemplação completaram a semana, preparando-a para enfrentar o desafio da entrevista com a alma leve e o coração fortalecido, conectada às suas raízes e pronta para abraçar o futuro.

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