O domingo amanheceu ensolarado, um convite irresistível para a praia. Sofia e Angel, precisando desesperadamente de um descanso, decidiram aproveitar o dia livre. Kim e Jun se juntaram a elas, o clima levemente tenso pela confusão emocional dos dias anteriores. Na areia, enquanto os rapazes jogavam vôlei, Sofia e Angel aproveitaram para colocar as coisas em pratos limpos. Angel, apesar do clima romântico que se instalou entre ela e Kim – os abraços constantes, a proximidade, o jeito como se olhavam – ainda não conseguia se declarar. A insegurança a paralisava, a vergonha a prendia em um ciclo de desejos não expressos. Kim, sentiu-se mal, um enjoo súbito o fez cair na água, interrompendo a conversa.
Enquanto isso, Sofia tentava explicar a situação para Jun. -Jun, eu preciso que você entenda. Eu gosto muito de você, tenho um sentimento forte, mas não é amor. Não consigo sentir aquela conexão, aquela centelha que você merece. O que aconteceu no passado me deixou… marcada. Eu te valorizo como amigo, mas não posso te amar como você espera, e não posso te prometer algo que não sei se poderei cumprir. As palavras saíram em um sussurro, carregadas de sinceridade e uma ponta de tristeza. Jun ouviu atentamente, seus olhos escuros refletiam a compreensão, misturada a uma profunda decepção. Ele respirou fundo, buscando serenidade. _Eu entendo, Sofia. Não vou desistir de você, mas não vou ficar em cima. Preciso de um tempo, um espaço para não confundir as coisas. Se, em algum momento, você sentir algo por mim, ou sentir minha falta, pode me procurar. Podemos voltar a ser amigos, como antes. Mas preciso desse afastamento, até por mim também. A decisão de Jun, embora dolorosa, era razoável. Ele precisava de espaço para lidar com seus próprios sentimentos, para não alimentar uma esperança que, naquele momento, parecia infrutífera. A praia, palco de um encontro casual, tornou-se o cenário de uma separação necessária, um adeus temporário carregado de uma esperança tênue, mas real. O sol da tarde, antes um símbolo de descanso, agora testemunhava o início de uma nova fase, incerta, mas carregada de uma profunda compreensão mútua. Sofia, sentindo a necessidade de relaxar após os eventos recentes e a ausência de Jun, decidiu convidar Kim e Angel para uma noite de vinho. Tudo estava preparado para uma noite descontraída, mas uma reviravolta inesperada aconteceu. Quando Kim chegou, Sofia confessou que não estava se sentindo bem e sugeriu que Angel saísse com Kim sem ela. Angel ficou perplexa, seus olhos arregalados em surpresa e preocupação. Ela percebeu o esforço de Sofia em facilitar as coisas para ela e Kim, mas também sentiu uma pontada de culpa. Kim, porém, reagiu com calma e tranquilidade. -Tranquilo, vamos deixar ela descansar. Ela precisa, amanhã tem trabalho. Só nós dois então? Tudo bem! Ele sorriu, e Angel sentiu seu coração acelerar. A proximidade com Kim, agora sem a presença de Sofia, era eletrizante. As semanas de encontros casuais e olhares furtivos culminaram naquele momento, em uma oportunidade única. Sofia, apesar de querer distrair, fica feliz em deixar os dois sozinhos. Ela sabia que era o melhor para todos. Kim e Angel foram para um restaurante, e depois para uma festa. Em meio à música e às luzes, enquanto Kim a observava com admiração, Angel sentiu-se mais próxima do que nunca de declarar seus sentimentos. Mas, dessa vez, foi Kim quem tomou a iniciativa. Em um momento de profunda conexão, após um longo olhar apaixonado, ele se declarou, expressando seus sentimentos com sinceridade e intensidade. Foi uma confissão inesperada, mas profundamente desejada por Angel, que, apesar de seu desejo, não havia conseguido se declarar antes. A noite terminou sob o encanto de uma declaração de amor, um novo capítulo na história de Angel e Kim.O ambiente da festa pulsava ao redor deles, mas para Kim e Angel, só existia o momento presente. Kim, com um misto de nervosismo e paixão nos olhos, aproximou-se de Angel. Ele hesitou por um instante, a mão tremendo levemente enquanto buscava o ponto certo para começar, a timidez era uma novidade para ele que sempre foi tão extrovertido e com palavras na ponta da língua, quase gaguejando ele começa a falar, e toma coragem, depois das primeiras palavras não tem como voltar atrás — Olha, eu não sei se este é o momento ideal, mas não consigo mais guardar isso para mim. Eu preciso te dizer como me sinto. Assim como Jun se declarou para Sofia, mesmo que as coisas não tenham dado certo entre eles, eu resolvi me abrir para você, porque a ideia de perder essa chance me assusta demais. Angel, eu não consigo esconder mais. Ultimamente, nossa proximidade tem sido intensa, e isso despertou em mim um sentimento profundo, algo que vai muito além de uma simples atração. Eu não sei se você se
Kim e Angel chegaram ao restaurante, um lugar aconchegante com iluminação suave. Enquanto esperavam a mesa, uma figura familiar surgiu na entrada: Akari, um antigo amor de Kim. O sorriso de Akari era brilhante, mas Angel sentiu um aperto no peito ao perceber o olhar insistente que ela lançava em Kim. — Kim! Que surpresa te encontrar aqui! — exclamou Akari, se aproximando da mesa. — Não te vejo há anos! — Akari… Olá, — respondeu Kim, um pouco sem jeito. — Angel, essa é Akari, uma amiga de longa data. Akari, essa é Angel. — Prazer em conhecê-la, — disse Akari, lançando um olhar superficial para Angel, que sentiu um nó na garganta. O tom de Akari era frio, quase arrogante. — Imagino que vocês estejam comemorando algo especial? — Estamos sim, — respondeu Kim, envolvendo a mão de Angel em um gesto reconfortante. Angel sentiu um calor reconfortante diante da demonstração de Kim. — É um momento importante para nós dois. Akari sorriu, mas o sorriso não alcançou seus olhos. Ela com
Seul. A palavra soava como um sussurro gélido, um contraste brutal com o calor sufocante das lembranças que Sofia tentava, em vão, deixar para trás. Vinte e cinco anos, uma idade que deveria vibrar com a promessa de um futuro radiante, mas que para ela carregava a amarga poeira da traição. O golpe duplo, a facada nas costas desferida pelo ex-namorado e pela melhor amiga, havia deixado cicatrizes profundas em sua alma, cicatrizes que a acompanhavam na longa viagem até a Coreia do Sul. Seus cabelos cacheados, negros como a noite mais escura, emolduravam um rosto que refletia a força e a resiliência de uma guerreira. A força de uma mulher negra que havia se erguido da pobreza da favela, conquistando dois idiomas e um diploma universitário com suor e determinação. Mas os olhos, ah, os olhos… neles ainda pairava a sombra da desilusão, a frieza de um coração fechado para o amor, blindado contra novas decepções. A entrevista na renomada empresa de tecnologia era mais do que uma oportunida
O prédio de vidro se erguia imponente, um monólito de vidro e aço refletindo o céu azul de Seul. um símbolo de poder e sucesso da empresa de tecnologia Um jardim exuberante emoldurava a entrada, um contraste elegante entre a natureza e a tecnologia de ponta que pulsava dentro. Sofia, ainda carregava o peso das lembranças dolorosas, mas com o coração batendo forte no peito, atravessou os portões, sentindo uma mistura de expectativa e nervosismo. aos poucos ela ia deixando os pesadelos do passado A entrevista para a vaga de recepcionista na renomada empresa era apenas o primeiro passo, mas a oportunidade parecia promissora. O hall de entrada, moderno e minimalista, a envolveu com sua elegância discreta. Uma recepcionista impecável a conduziu até a sala de entrevistas, onde a Senhorita Amanda, uma mulher de quarenta anos com um olhar perspicaz e um sorriso gentil, a aguardava. A conversa fluiu naturalmente, misturando assuntos profissionais e pessoais, criando uma atmosfera de c
O elevador subiu silenciosamente, transportando Sofia para o topo do imponente edifício. O nervosismo, contido até então, voltou com força total. Era seu primeiro dia como secretária do Sr. Arthur, e a responsabilidade era imensa. A imagem da Senhorita Amanda, com seu sorriso confiante e olhar perspicaz, voltou à sua memória, acalmando um pouco a agitação interior. Ao sair do elevador, Sofia foi recebida por um corredor amplo e silencioso, decorado com obras de arte abstratas e plantas exóticas que contrastavam com a frieza do aço e do vidro. O escritório do Sr. Arthur era uma suíte espaçosa e moderna, com duas amplas janelas: uma oferecia uma vista panorâmica da cidade de Seul, um mar de prédios e luzes cintilantes; a outra, uma visão serena e relaxante do jardim exuberante que emoldurava o edifício, um oásis de verde em meio à selva de concreto. Uma secretária auxiliar, uma mulher de meia idade com um ar profissional e eficiente, a recebeu com um sorriso discreto e a conduziu at
Após um dia frenético, a companhia de Angel foi um bálsamo para Sofia. O encontro não foi em uma balada agitada, como Angel inicialmente sugeriu, mas em um cinema aconchegante, seguido por sorvete artesanal em uma sorveteria charmosa. A atmosfera descontraída permitiu que Sofia relaxasse, compartilhando suas experiências e emoções com a prima e seus amigos. Angel apresentou Sofia a um grupo animado e diversificado. Havia alguns homens atraentes entre eles, alguns com atitudes mais ousadas, outros mais respeitosos. Entre eles, um em particular chamou a atenção de Sofia: Kim Junmyeon, um jovem arquiteto com um sorriso encantador e um olhar gentil. Kim era diferente dos outros; havia nele uma inteligência e uma sensibilidade que a cativou imediatamente. A conversa fluiu naturalmente entre eles, e logo Sofia se sentia à vontade na companhia de Kim e Angel, o trio se encaixando com uma facilidade surpreendente. Enquanto saboreavam seus sorvetes, Sofia começou a contar sua história, a
A semana havia sido um turbilhão de emoções para Sofia. A adaptação à nova vida em Seul, o trabalho desafiador na empresa de Arthur, e a alegria das novas amizades com Angel, Kim e Jun, haviam se mesclado em uma experiência intensa e transformadora. Mas, por trás do sorriso e da aparente felicidade, Sofia carregava consigo as marcas do passado. A lembrança da traição do ex-namorado, a dor da cumplicidade da amiga, a opressão e o controle que sofrera, ainda ecoavam em seu coração, como sombras teimosas que se recusavam a se dissipar. A distância da família, a saudade da vida que deixara para trás no Brasil, tudo isso contribuía para uma sensação de melancolia que, por vezes, a invadia como uma onda implacável. A pressão do novo emprego, a necessidade de provar seu valor em um ambiente competitivo, tudo isso adicionava mais peso à sua jornada. Em um final de semana, buscando um escape da rotina intensa, o grupo decidiu fazer uma viagem à praia. Angel, sempre animada e cheia de energ
A mensagem vibrou no celular de Sofia, interrompendo abruptamente a atmosfera romântica deixada pela declaração de Jun. As palavras na tela eram curtas e diretas, mas carregavam um peso que transcendia as letras impressas. Um comando, mais do que um pedido, ressoando com a autoridade inquestionável de um CEO acostumado a ser obedecido: "Estou chegando de viagem em 4 dias. Peça para que arrumem minha sala, deixem tudo limpo e a papelada em ordem. Tenho muita coisa para fazer e muita coisa para pôr em dia." A assinatura eletrônica: Arthur choi. A ficha de Sofia caiu lentamente. Arthur, o CEO da empresa, o homem que ela ainda não havia visto pessoalmente em seus 30 dias de trabalho, havia lhe enviado uma mensagem. A palidez tomou conta de seu rosto. Normalmente, Amanda, que estava sendo sua assistente temporária ate a chegada do Sr Choi, era a intermediária de todas as comunicações com o CEO, que estava viajando havia três meses. A ausência de contato de Arthur não era incomum, mas