Jéssica, uma adolescente de 18 anos e mãe de um menino, vê sua vida começar a mudar quando recebe uma promoção no trabalho. Casada com Leonardo, um músico interesseiro de 26 anos, ela tenta manter a harmonia em casa, apesar do comportamento irresponsável dele. Hugo, por outro lado, é um marido dedicado e pai amoroso de dois filhos. Um homem de negócios habilidoso que fez sua esposa, Clara, uma estrela da internet. O que Jéssica e Hugo não sabem é que Clara e Leonardo são amantes. Juntos, eles abandonam suas famílias, levando todo o dinheiro e deixando um rastro de mentiras e traições. Sem alternativas e humilhados, Jéssica e Hugo se veem forçados a se unir para proteger seus filhos. Seis anos depois, com a vida reconstruída e focada na felicidade das crianças, eles serão testados quando seus antigos parceiros retornam, buscando reaver os filhos e causando caos. Jéssica e Hugo descobrirão que, nesses anos, construíram algo muito maior que amizade. O que parecia seguro e tranquilo se tornará uma luta intensa para proteger o que têm — mesmo que ainda não saibam exatamente o que é. Às vezes, só percebemos o que realmente temos quando estamos prestes a perder tudo.
Ler maisJéssica não estava muito confiante em participar daquela festa. O centro acadêmico foi preparado para receber os foliões: um trio elétrico, paredão de som e tudo o que se tinha direito para parecer um pré-carnaval. Os veteranos pensaram nisso com cuidado.A música podia ser ouvida a pelo menos dois quarteirões de distância. Jovens seminus pulavam e festejavam, com corpos suados que se encontravam em batidas descoordenadas, dancinhas coreografadas ou beijos ardentes e desinibidos, despreocupados em saber se iniciavam um romance ou uma ocorrência de atentado ao pudor.— Não acredito que te arrastei! — Jonathan estava muito empolgado com a festa. Desde as provas de fim de semestre, não se envolvia em agitos na universidade e estava em abstinência de novas bocas para beijar.— Olha aquele carinha de camisa verde. Não tira os olhos de você — Mariana deu a dica, e ele se virou disfarçadamente para verificar. O rapaz tinha ombros largos, altura de jogador de vôlei e usava apenas uma bermuda.
— Ele só tem sete anos, Hugo. E nem você fica mais na loja. Jéssica queria que Breno tivesse uma infância normal. Temia que, se o menino se inserisse demais nesse meio, não terminasse os estudos adequadamente. — Posso levá-los por algumas horas. Os três ou quem quiser. Isso será muito bom pra ele. Eu amava ficar na loja com meu pai quando tinha a idade dele. São minhas melhores lembranças. Ele jogou baixo de propósito. — Tudo bem. Mas, por favor, não exagera. E leva a Maria também, mesmo que ela faça cara de quem não quer ir. — Jéssica alertava seriamente. A fase quase adolescente de Maria tirava Hugo do sério. — Como descobriu sobre o Vitor? — Não acredito que você sabia e não me contou. Hugo pagou e seguiram conversando até o carro. O clima entre eles era agradável como antes. Ele fingia um ar de ofendido. Jéssica adorava as performances teatrais que ele fazia em certos momentos. Riu facilmente do gesto. O coração dele disparou ao ver o sorriso. Como essa mulher é linda. E fica a
— Não é incomodo e você não está atrapalhando nada. Meu programa com Nicole será a noite. — Ele piscou para a garota como uma promessa de que ainda teriam seu momento a sós. — E temos mesmo que conversar sobre algumas coisas das crianças.Hugo caminhava para a porta ajeitando a camiseta. Seu interior vibrava ao perceber que ainda era importante para Jéssica. Nicole não queria deixar Jéssica com a sensação de vitória. Pensou rápido para marcar seu território. Ela o segurou e deu um último beijo apaixonado.— Não vou me esquecer disso. Te quero inteiro a noite. Disse discretamente no ouvido dele. Jéssica rolou os olhos e saiu da sala para esperar no corredor. Não suportava esse agarramento da Nicole em cima de Hugo.Parecia que estava constantemente tentando provocar. Causar um atrito entre eles. Não confiava nada nela perto dos seus filhos.Hugo saiu da sala limpando o batom dos lábios. Um sentimento de que tinha feito algo terrivelmente errado o invadia. Odiava quando a Nicole fazia ce
Seis anos se passaram. Jéssica está parada em frente a uma parede, verificando a lista de admitidos na residência médica. Mariana e Jonathas chegam para conferir também. Os três estão tensos e ansiosos. Às vezes, nem toda a dedicação garante o resultado. Há muita coisa envolvida nesse processo. Prendendo a respiração, eles percorrem a lista com cuidado. De cabeça baixa, se encaminham para a sala vazia mais próxima. Jonathan fecha a porta, garantindo que ninguém está chegando. Assim que se vira, eles soltam gritinhos de alegria. Aprovados e para o mesmo hospital! — Não acredito que vamos ficar juntos. Mariana é a primeira a sair do abraço em grupo. Aprenderam a comemorar as conquistas em segredo depois de um episódio com uma aluna muito desagradável. — Gente, olha pra mim. Futura ginecologista! Jéssica está sem acreditar no tamanho da mudança que sua vida está dando. — Empresária e ginecologista, você quer dizer, né? Pare de se menosprezar, gata. Você é incrível. Mariana não gostav
Jéssica nunca assumiu, mas sua cabeça estava voltada apenas para o dia do resultado. Fez várias outras provas com a mesma atenção e determinação. Não se dedicou menos em nenhuma delas. A que fazia seu coração bater acelerado era a da Unicamp. Buscava no calendário, todos os dias, a data em que sairia o resultado.Hugo, preocupado com a reação dela diante do resultado, procurou distraí-la. Propositalmente, marcou um dia de Bopi-Bari para toda a família. Célia e sua filha também foram convidadas.As crianças estavam superempolgadas, vendo tanta novidade. Maria era a mais feliz. Corria de um brinquedo para outro com uma velocidade difícil de acompanhar.— Anda, gente! Quero ir naquele elevador agora! — ela anunciava, chegando primeiro na fila.Sua risada era contagiante. Estava vivendo um sonho de menina.— Que bom que viemos. Olha a alegria dela! — Jéssica sorria, observando a menina girando no carrossel. Fez questão de ir sozinha.— Nunca vi Maria tão feliz como vejo nos últimos meses.
Era véspera da prova da Unicamp. Jéssica mal conseguia acreditar que se passou quase um ano desde que tudo aconteceu. Sua vida mudou tanto que, às vezes, ela não conseguia acreditar no que estava vivendo.Se esforçou bastante para ter um dia tranquilo, mas a saúde de Breno trouxe preocupações.— Nada da febre baixar? — Hugo chegou enquanto ela amamentava. Breno teve uma crise de choro que só parou quando recebeu o peito.— Nada. Acho que terei de levá-lo à emergência. — Ela falou com pesar. Ver o filho doente abalava muito sua confiança.— Não acho que seja uma boa ideia. São 19h e você vai ficar muito tempo esperando atendimento. — Hugo pensava na prova. Jéssica não assumia, mas ele sabia que seu maior objetivo era passar nessa universidade.— O que posso fazer? Tenho que ir com ele. Isso fica para depois. — Ela falou desanimada. Nada importava mais que a saúde de Breno.— Eu vou levá-lo. Você fica aqui com os meninos e descansa. Ele sabia que era o que precisava ser feito agora. — N
A abertura da loja trouxe novidades para Hugo. Descobriu um mercado bastante competitivo, repleto de concorrentes ferozes. Ser mentorado por Edgar teve seus benefícios.Conheceu Alexandre, um homem de 28 anos, com grandes ambições, mas recursos limitados. De bom coração e mente perspicaz, Alexandre se tornou sócio da loja e um bom amigo.— Cara, se as vendas continuarem nesse patamar, vamos bater a meta logo. — disse, empolgado, enquanto analisava os gráficos.— Espero que sim. Vai dar para contratar alguém. Só nós dois está apertado e o feirão está chegando. — Hugo se desdobrava nos atendimentos.— Dá para contratarmos vendedores freelancers para o feirão. Nós cuidaríamos apenas da parte burocrática. — Alexandre ponderava, com a mão no queixo.— Não gosto dessa ideia. Um atendimento de qualidade é o que garante a venda. Freelancers não estariam comprometidos conosco. — Hugo explicou, quando foi interrompido por uma voz suave e gentil.— Não gosta de quê, ideia? — Jéssica chegou, sorri
Jéssica saiu do curso conversando com as novas colegas. Se entrosou rapidamente com o pessoal. Eram leves, mais não tão despreocupados como ela julgou. Esse lance de vestibular e faculdade pesa na cabeça de todos.Imaginou que sua situação de mãe adolescente formada no supletivo iria atrapalhar seu entendimento e o domínio das matérias. Foi apenas o primeiro dia e deu pra ver que seria desafiador, mas não impossível.— Jéssica, você se saiu bem na redação. Precisa de ajustes, mas tem potencial. Fique para o laboratório que faremos mais tarde. O professor elogiou depois de fazer a correção.Esse elogio encheu seu coração de esperança. Agarraria as oportunidades com tudo. Mas infelizmente não poderia comparecer à aula de hoje. Tinha uma coisa muito importante para fazer.— Hugo, tenho que ir a um lugar. Você pode me levar? Ela ligou porque queria mostrar que era realmente importante.— Claro, vou preparar os meninos. Ele se animou para sair um pouco.— Não. Deixe os meninos com a Célia.
As visitas às escolas foram bem animadas. Quando Maria viu como era o ambiente e o que acontecia lá, ficou super empolgada para ir. Percebeu que as amiguinhas estavam mentindo quando falaram de todas as coisas ruins e que havia muitas coisas legais para fazer.Uma pesquisa criteriosa ocupou as mentes de Jéssica e Hugo. Verificavam cada detalhe das instituições, questionavam os profissionais e checavam todas as informações que pudessem oferecer segurança na escolha do local que abrigaria os filhos.Juntos, decidiram qual seria o melhor para a menina e para os meninos que ingressariam depois. Tiveram um pequeno impasse quando Hugo preferia uma escola especializada em educação infantil e Jéssica dava mais importância à metodologia de ensino.Após uma conversa tranquila e a exposição das opiniões, conseguiram chegar a um acordo e optaram pela escola com a melhor metodologia e especializada em desenvolvimento infantil.— Fase um, concluída. Agora, a fase dois! — disse Hugo, afivelando o cin