Alex e Carter resolveram ser felizes de qualquer maneira. E se adotar era o meio para que sua família finalmente acontecesse, era exatamente o que fariam. Mas quando Caterine coloca os olhos em um garoto mais velho do que as expectativas do casal para adoção, tudo muda novamente. Simon Heyes está acostumado a ver as pessoas pelas costas. Especialmente quando elas o estão deixando para trás. Quando um jovem casal decide adotá-lo, Simon tenta se manter afastado o máximo que pode. Ele não quer se envolver, não precisa de mais uma família para explorá-lo e depois jogá-lo fora. Ele só quer completar dezoito anos, terminar o ensino médio e cair no mundo. Mas seus novos pais e uma certa garota de olhos violeta na nova escola batem na porta do seu coração e lhe dão aquilo que ele mais repudia. Esperança.
Ler maisALEXANDERDois anos depois...Nem tudo dura para sempre.A vida constantemente nos ensina isso.E aquele era um dia triste para nós, ainda que forçássemos nossos sorrisos para que nosso filho não percebesse a falta que ele faria. Mas Simon era inteligente.Simon estava indo para a faculdade.Mississipi.A porra do Mississipi.Simon fora aceito em duas faculdades e Mississipi era o mais próximo. Ele tentaria transferência no próximo ano de volta para Nova Iorque. Enquanto colocava suas malas no carro, Caterine chorava sem parar. Ela aguentou o quanto pôde, mas naquele dia, vendo o nosso menino se preparando para partir, ela quebrou.— Já disse que posso ficar, mãe — Simon disse solícito, como sempre, quando fechou o porta-malas. — Posso ficar mais alguns meses.Ele estava tão m
SIMONNão é uma lembrança verdadeira.É como se eu fizesse aquelas reconstituições de crimes que fazem nos noticiários em minha mente. Onde simulam o que aconteceu com, ao que parece, personagens malfeitos do The Sims[1]. Mas costumava imaginar como foi quando minha mãe biológica morreu.Me imaginava ao seu lado, chorando por horas tentando acordá-la desesperadamente.Às vezes imaginava que peguei o telefone e disquei 911. O socorro chegou, ela foi salva, ficou limpa e nunca precisei ir para o sistema de adoção.Às vezes eu tentava imaginar como seria se minha mãe não fosse viciada, se meu pai fosse um corretor de seguros com os dentes excessivamente brancos, camisas bem alinhadas e um carro novo na garagem, minha mãe seria aquelas senhoras de filmes dos anos cinquenta, com vestidos e aventais me esp
SIMONO tempo passou rapidamente. Como um turbilhão, eu diria. A escola, minha família e Kennedy tomaram conta de tudo. Eu fui ao orfanato algumas vezes também, ver as crianças e Lori. Ela estava tão feliz em me ver que começou a chorar. Acho que acabei me tornando um símbolo de esperança para ela e as outras crianças mais velhas. Existiam muito mais crianças como eu.Infelizmente, não existiam muito mais seres humanos como os Hartnett.Faltava dois meses para o meu aniversário de dezoito anos e meu pai e eu estávamos caçando um carro bom e barato para mim. Seria o presente de aniversário perfeito, segundo ele.Eu não acho que ele sabia, mas o meu presente eu havia ganhado muito antes, meses atrás quando eu ganhei um bom quarto e uma jaqueta de couro novinha.Quando eu ganhei meus pais.Minha namorad
ALEXANDERSer pai é algo que você poderia achar difícil. Muito difícil.Para mim apenas estava sendo um desafio que devia ser alcançado constantemente. Mas difícil? Não. Simon facilitou tudo.Para a minha esposa, nem tanto.Caterine estava surtando, mas de uma forma totalmente positiva.Eu estava com medo de perdê-la novamente. Conforme a data de morte do nosso bebê se aproximava, ela ia se transformando novamente. No ano anterior tinha sido doloroso, mas com a chegada de Simon, novos gatilhos foram disparados deixando minha esposa cada vez mais insegura.Carter precisava seguir em frente.De um jeito ou de outro.Houve momentos em que poderia ver em seus olhos uma certa decepção por eu não estar lamentando a morte do nosso filho como ela. Ela pensava que eu não sofria, eu só estava sendo forte para sustentar
SIMONAs coisas pareceram se encaixar depois que chamei Carter de mãe, a palavra ainda travava um pouco na minha língua sempre que eu ia chamá-la, mas era um processo. Alexander parecia radiante no dia que ouviu eu a chamando de mãe. Assim que ela saiu da sala, ele me abraçou e agradeceu. Acho que ele entendeu que aquilo era uma chance de verdade. Nós tivemos a visita de uma assistente social que não ficou mais do que quinze minutos em nossa casa, ela pediu para conhecer o meu quarto, perguntou meia dúzia de coisas para mim e foi embora parecendo satisfeita. Nem os Hartnett, digo, meus pais, pareciam preocupados com aquela visita.Eu tive o meu primeiro B em química. O que resultou em uma promessa de carro se eu mantivesse aquela nota em matemática e física também. Bem, eu tinha uma excelente e empenhada professora particular que podia
SIMONMais tarde naquele dia, muito mais tarde, aliás, levantei para ir ao banheiro e novamente parei no corredor ao ouvir Carter e Alex conversando.— Você não está sendo racional. Ele tem dezessete anos. Pode namorar se quiser. — Um suspiro longo se fez e imaginei que seria de Carter. — Caterine, qual o problema, baby? Você sabe que pode conversar comigo.— Eu mal o tive, Alex. Eu nem o tive, na verdade. Ele parece gostar mais de você do que de mim e agora ele tem uma garota... — Ela soluçou.Estava chorando?— Ele não terá tempo para mim, eu não sei ser mãe e nem estou tendo a oportunidade de tentar porque você e a garota estão monopolizando o meu menino.Meu menino.Aquelas palavras me acertaram de uma maneira tão forte que senti meus olhos arderem e minha garganta se f
SIMONO beijo era maravilhoso, exatamente como eu imaginava que seria. Seus lábios eram macios, seu gosto doce, sua língua inteligente, como o resto dela, sabendo exatamente como se mover, como encontrar com a minha. Suas mãos acariciaram o meu rosto, meu cabelo e pescoço enquanto as minhas seguravam a sua cintura com força.Um suspiro...Dois suspiros...Mais beijo...Nossas bocas se separam...Nossos olhos se encontraram...Nós sorrimos...E nossas bocas se encontraram novamente.Nos beijamos sem mensurar o tempo, parecia longo. Nada sobre aquela garota era normal. Ela não esperou eu beijá-la embaixo de algum gazebo iluminado, ou sob a luz do luar em um banco no Central Park, ela apenas me beijou em um momento em que eu não esperava, com nada especial para lembrar o momento. Não precisava. Quando nossos lábios se tocar
SIMONNo dia do baile eu me atrasei para chegar à casa de Kennedy, um pouco porque Carter se certificou um zilhão de vezes de que meu terno estivesse alinhado, assim como meus cabelos.E um pouco porque eu não quis acreditar que o prédio onde a garota morava ficava literalmente no centro da cidade. Durante os primeiros meses de escola, Kennedy atravessava Manhattan toda para estudar em Tribeca, não tinha ideia do motivo, mas era estranho.Passei várias vezes em frente ao grande e espelhado prédio sem querer acreditar que Kennedy morava de frente para o Central Park. Foi a isso que Oliver havia se referido? O fato de Kenny ser muito rica e de família influente? Por isso ninguém tinha coragem de negar nada a ela e todos eram seus amigos?As pessoas sempre eram simpáticas com ela. Ninguém lhe dizia não, e nenhum grupo da escola parecia querer esnob&aa
SIMONEu continuava tendo aulas de direção com Alexander. Era a nossa forma de ter nosso momento de homens. Caterine ficava em casa fazendo o nosso jantar enquanto andávamos pela cidade de carro. Pegávamos as ruas paralelas às principais para evitar qualquer acidente no tráfego fodido de Nova Iorque. Naquele dia eu cheguei empolgado da escola para minha aula com Alex, era um pouco mais cedo já que Kennedy teve uma questão familiar para resolver, quando me deparei com uma cena que me fez querer passar álcool em gel em meus olhos.Pelo menos eles não estavam fazendo sexo.Argh.O hip hop alto ecoava pelo apartamento enquanto Carter e Alexander dançavam colados um no outro, Carter rebolava seu traseiro contra Alexander e aquilo era no mínimo enjoativo. Alex sorria enquanto KitCat cantava a música para ele. Os dois pareciam adolescentes