Flor de Lis, uma nordestina de vinte e seis anos, mãe solteira - assim como a sua própria mãe, muda-se para São Paulo a fim de ter ajuda da sua tia com sua mãe - vítima de glaucoma - e sua filha de seis anos, aproveitando também essa situação para mudar de vida e se afastar de Fábio - pai da sua filha. Batalhadora, começa a trabalhar em uma unidade de uma rede de cafeterias no centro da cidade, onde encontra alguém que mudará sua vida para sempre. Desse encontro logo surge uma paixão avassaladora. O que não sabia era que o alvo da sua paixão ocultava um grande segredo. E aquilo que parecia uma nova chance para o amor, viria a se tornar uma jornada cheia de mistérios e provações que fazem com que Lis questione tudo que pensava saber sobre o amor, sobre os seres humanos e, até, sobre si mesma.
Ler maisApoiando-se sobre os cotovelos ele olhou em volta:Roupas dobradas com cheiro de amaciante.Uma TV desligada.Um aroma de café tomava conta do ambiente.Luzes abundantes entravam pelas janelas abertas e convidativas.Frutas lustrosas coloriam a mesa.Com muita determinação, ele levantou do sofá.Olhou para si mesmo.Olhou ao redor.Fazia tempo que ela não vinha.
Meses depois…— Que invenção é essa, Fábio?— Deixa de besteira, Lis. Vê como a menina tá feliz!— Um cachorrinho!!! Brigada painho!!!— É uma cachorrinha. — disse Fábio.— Uma cachorra, Fábio? Fêmea? Que vai dar cria e tu ainda inventa de trazer aqui pra cafeteria? — gritei.— Deixe do seu preconceito, mulher! Logo tu que disse que aqui era um lugar de acolhimento e sem preconceito.— Tu vai ter que conve
A formatura do curso de barista foi num clube parecido com o da festa da SB Koffee. O estilo também foi bem parecido. Parecia uma festa de debutante. Eu estava um pouco triste por Pierre não estar lá mas feliz por todas as outras pessoas que amo estarem presentes.— Valeu mesmo por ter me chamado, fia. Tu tá um filezinho, viu? — disse Fábio.Sim, até mesmo o traste do Fábio estava presente.— Fábio… Quando é que tu vai parar de me chamar de fia? Além de ser um apelido ridículo, ainda mais agora que eu tô com outra pessoa!— Menina!... Ainda tô besta! Nunca pensei que uma formação de c
— Menino! Como é que tu rejeita uma proposta de voltar a ser gerente ainda mais ganhando aumento?— É que tá quase tudo certo pra eu ser gerente de uma outra cafeteria. — respondeu Ulisses.— E tu me escondendo esse tempo todo? Tu e Pierre escondendo as coisas de mim, né?— Eu só tava esperando o melhor momento pra falar com você.— E por que tu acha que só agora foi o melhor momento?— Em segundo lugar porque eu ouvi da sua própria boca você dizendo que ainda quer ter a sua própria cafeteria, mesmo trabalhando com o gigante lá.<
Alguns dias depois Pierre quis me encontrar no restaurante onde tivemos nosso primeiro encontro. Isso me deixou muito preocupada. — E aí como se sente em estarmos no restaurante do nosso primeiro encontro?… No caso o nosso primeiro encontro depois de adultos. — perguntou Pierre sorrindo. — Pierre… Confesso pra tu que eu tô preocupada. Sobre o que a gente conversou da última vez… — Desculpa, mas eu me vejo obrigado a interromper. Sobre o que você falou naquele dia eu só tenho a agradecer. Se ajudar, serei bem direto como você gosta: Eu estou aqui para avisar a você oficialmente que estou seguindo com a minha vida. — Meu filho, olhe… Seja específico e claro porque depois daquela sua mensagem eu fiq
“Venham no trabalho amanhã. Cheguem cedo. Entrem após o sinal. Vocês vão saber qual é o sinal. Confiem em mim.”.Essa foi a mensagem que Ulisses e eu recebemos de Suzy na noite anterior. Agora estávamos do outro lado da rua em frente à unidade em que Ulisses e eu costumávamos trabalhar.— Vocês tem certeza que não vão querer nada? — perguntou a atendente da farmácia onde estávamos aguardando o tal sinal.— Por enquanto não, obrigado. A gente tá só dando um tempinho. — respondeu Ulisses.— Desculpa é que o gerente disse que cês não podem fica
O céu estava cinza, mas não o cinza de costume. Eram nuvens carregadas, predição de chuva. Ainda assim, eu não deixaria de avançar rumo ao meu destino. Eu havia tomado uma decisão. E eu nunca volto atrás de uma decisão.Era um domingo à tarde e depois de pensar bastante decidi que teria a conversa definitiva que estava faltando para fechar esse loop da minha vida. Tentei ensaiar minhas palavras no caminho mas não consegui.Não tive dificuldade em passar pela portaria pois a minha entrada já estava autorizada. Diante da porta fechada inspirei fundo e bati. Uma cabeça com uma cabeleira cobrindo um par de olhos verdes surgiu na fresta da porta.— Oi. — cumprimentei.
Na escola, conversamos com a administração, explicamos a situação também sem entrar em detalhes pessoais e que eu iria falar com Fábio para depois retornar a eles. — O que é que eu vou fazer, Ulisses? Aquele estrupício mal consegue se sustentar em pé quanto mais pagar essa escola cara do jeito que é. Ainda tem as despesas lá de casa… O curso de barista que eu vou ter que sair… Eu realmente não sei o que fazer da minha vida! — Agora você pode até não saber, mas eu tenho certeza que cê já passou por coisa muito pior e não só sobreviveu como deu a volta por cima. É justamente dos problemas na resolução de problemas que a gente pode usar a criatividade pra fazer coisas novas e até muito melhores do que eram antes. Como disse Thomas Edison: “O sucesso é constituído por 10% de inspiração e 90% de transpiração. Então eu confio plenament
— Gente… Primeiramente muito obrigado pelo apoio e por terem vindo aqui hoje. Mas… Eu estaria enganado em achar que tem alguma coisa esquisita no ar? — perguntou Pierre ao sair da sessão vendo a cara de tacho minha e de Ulisses — Se não quiserem dizer não tem problema. Mas vocês dois estão parecendo… Diferentes.Fiquei intrigada com algo que eu sempre me perguntei: Quando a gente transa, será que as outras pessoas percebem?Em todo caso, se eu não sabia como dizer para ele, agora ele tinha me dado a deixa perfeita.— Pierre! — comecei — Eu vou dizer logo sem arrodeio porque se tem uma coisa que eu odeio é a tal da mentira inclusive, sugiro que sente que eu vou pedi