A formatura do curso de barista foi num clube parecido com o da festa da SB Koffee. O estilo também foi bem parecido. Parecia uma festa de debutante. Eu estava um pouco triste por Pierre não estar lá mas feliz por todas as outras pessoas que amo estarem presentes.
— Valeu mesmo por ter me chamado, fia. Tu tá um filezinho, viu? — disse Fábio.
Sim, até mesmo o traste do Fábio estava presente.
— Fábio… Quando é que tu vai parar de me chamar de fia? Além de ser um apelido ridículo, ainda mais agora que eu tô com outra pessoa!
— Menina!... Ainda tô besta! Nunca pensei que uma formação de c
Meses depois…— Que invenção é essa, Fábio?— Deixa de besteira, Lis. Vê como a menina tá feliz!— Um cachorrinho!!! Brigada painho!!!— É uma cachorrinha. — disse Fábio.— Uma cachorra, Fábio? Fêmea? Que vai dar cria e tu ainda inventa de trazer aqui pra cafeteria? — gritei.— Deixe do seu preconceito, mulher! Logo tu que disse que aqui era um lugar de acolhimento e sem preconceito.— Tu vai ter que conve
Apoiando-se sobre os cotovelos ele olhou em volta:Roupas dobradas com cheiro de amaciante.Uma TV desligada.Um aroma de café tomava conta do ambiente.Luzes abundantes entravam pelas janelas abertas e convidativas.Frutas lustrosas coloriam a mesa.Com muita determinação, ele levantou do sofá.Olhou para si mesmo.Olhou ao redor.Fazia tempo que ela não vinha.
Roupas espalhadas.Imagens numa TV sem som.Um odor rançoso rouba o ar.Luzes intrometidas invadem o ambiente pelas frestas da persiana.No chão, garrafas vazias de whisky.Sobre a caixa de pizza aberta, uma mosca.Atônito, ergueu-se do sofá.Olhou para si mesmo.Olhou ao redor.Calmaria após tornado.De novo. 
Respirei bem fundo quando li o letreiro diante de mim.SB Koffee.Imediatamente dei início ao meu mantra mental: "Eu vou conseguir. Não importa o que aconteça. Eu vou conseguir."Puxei minha trança por sobre o ombro, passei as mãos pela blusa desfazendo qualquer aspecto amarrotado, deixado pela viagem no ônibus lotado do qual tinha acabado de descer e, antes de dar um passo sequer, o ônibus arrancou do ponto espalhando sobre mim a lama do meio fio.A fúria me tomou por completo. Virei na direção do ônibus e fechei o punho para o alto gritando com toda a força dos meus pulmões: — Além de boca suja, é mal educada. — disse meu gerente — Não te ensinaram bons modos lá na Bahia? — completou sacudindo a mão para que eu apertasse.Obedientemente eu apertei a mão estendida diante de mim e forcei um sorriso, tentando de algum modo anular a minha primeira impressão.— Me chamo Flor de Lis. Desculpe e é um desprazer! — rosnei entredentes. Eu não conseguia me controlar, era mais forte que eu.O sorriso preguiçoso se abriu para mim e foi a primeira vez que percebi como ele era bonito, apesar de babaca.— Fica sussa! — tomou-me pela mão me puxando para a cafeteria — V2. Calango com Farinha
— Boa tarde, posso ajudar? — perguntei colocando minhas mãos suadas dentro dos bolsos do avental e logo senti uma caderneta e uma caneta.Demorei alguns segundos para perceber que eram para anotar os pedidos. Empunhei a caderneta como um escudo e a caneta como uma espada.Ele estava concentrado na tela do notebook, me dando a oportunidade de contemplar sua beleza.Cabelos escorridos e castanhos se espalhavam um pouco de lado por sua testa quase cobrindo os olhos — que eu não sabia de qual cor eram — a pele era clara e ele parecia enorme a julgar pelo tamanho dos braços, pernas e tronco; os lábios eram rosados e carnudos. Eu senti um súbito desejo de beijá-lo. — Calma! Deixa ver se eu entendi... Lá na missa da Bahia eles tomavam Cachaça no lugar de vinho, e tapioca no lugar de hóstia?!...— Pernambuco!!! — Corrigimos eu e Suzy pela milésima vez.— Lá as comidas são meio limitadas, né? Por isso vocês comem calango...— Ulisses cara, com todo o respeito, cala boca! — disse Suzy.As bochechas dele coraram e eu não sabia se sentia pena ou se dava um tapa.— É uma pergunta sincera. — disse ele, ajustando os óculos no rosto.— Na ve4. O Pacto
— Mainha? É tu que tá aí?— Sou eu filha.— Mainha, tenha vergonha. Isso é hora de tu chegar em casa?— E isso é hora de tu tá acordada, Maria Flor? — perguntei eu segurando o riso.— Mainha... Que frio da merda! — disse ela ignorando minha pergunta.— Maria Flor Silva de Lima! Que boca suja é essa?— Oxe, tu fala merda o tempo todo.— Eu posso, v