ALEXANDER
Ser pai é algo que você poderia achar difícil. Muito difícil.
Para mim apenas estava sendo um desafio que devia ser alcançado constantemente. Mas difícil? Não. Simon facilitou tudo.
Para a minha esposa, nem tanto.
Caterine estava surtando, mas de uma forma totalmente positiva.
Eu estava com medo de perdê-la novamente. Conforme a data de morte do nosso bebê se aproximava, ela ia se transformando novamente. No ano anterior tinha sido doloroso, mas com a chegada de Simon, novos gatilhos foram disparados deixando minha esposa cada vez mais insegura.
Carter precisava seguir em frente.
De um jeito ou de outro.
Houve momentos em que poderia ver em seus olhos uma certa decepção por eu não estar lamentando a morte do nosso filho como ela. Ela pensava que eu não sofria, eu só estava sendo forte para sustentar
SIMONO tempo passou rapidamente. Como um turbilhão, eu diria. A escola, minha família e Kennedy tomaram conta de tudo. Eu fui ao orfanato algumas vezes também, ver as crianças e Lori. Ela estava tão feliz em me ver que começou a chorar. Acho que acabei me tornando um símbolo de esperança para ela e as outras crianças mais velhas. Existiam muito mais crianças como eu.Infelizmente, não existiam muito mais seres humanos como os Hartnett.Faltava dois meses para o meu aniversário de dezoito anos e meu pai e eu estávamos caçando um carro bom e barato para mim. Seria o presente de aniversário perfeito, segundo ele.Eu não acho que ele sabia, mas o meu presente eu havia ganhado muito antes, meses atrás quando eu ganhei um bom quarto e uma jaqueta de couro novinha.Quando eu ganhei meus pais.Minha namorad
SIMONNão é uma lembrança verdadeira.É como se eu fizesse aquelas reconstituições de crimes que fazem nos noticiários em minha mente. Onde simulam o que aconteceu com, ao que parece, personagens malfeitos do The Sims[1]. Mas costumava imaginar como foi quando minha mãe biológica morreu.Me imaginava ao seu lado, chorando por horas tentando acordá-la desesperadamente.Às vezes imaginava que peguei o telefone e disquei 911. O socorro chegou, ela foi salva, ficou limpa e nunca precisei ir para o sistema de adoção.Às vezes eu tentava imaginar como seria se minha mãe não fosse viciada, se meu pai fosse um corretor de seguros com os dentes excessivamente brancos, camisas bem alinhadas e um carro novo na garagem, minha mãe seria aquelas senhoras de filmes dos anos cinquenta, com vestidos e aventais me esp
ALEXANDERDois anos depois...Nem tudo dura para sempre.A vida constantemente nos ensina isso.E aquele era um dia triste para nós, ainda que forçássemos nossos sorrisos para que nosso filho não percebesse a falta que ele faria. Mas Simon era inteligente.Simon estava indo para a faculdade.Mississipi.A porra do Mississipi.Simon fora aceito em duas faculdades e Mississipi era o mais próximo. Ele tentaria transferência no próximo ano de volta para Nova Iorque. Enquanto colocava suas malas no carro, Caterine chorava sem parar. Ela aguentou o quanto pôde, mas naquele dia, vendo o nosso menino se preparando para partir, ela quebrou.— Já disse que posso ficar, mãe — Simon disse solícito, como sempre, quando fechou o porta-malas. — Posso ficar mais alguns meses.Ele estava tão m
Não é carne da minha carne, Nem osso dos meus ossos, Mas ainda milagrosamenteMeuNunca se esqueçaPor um só minuto;Você não nasceu em meu coração,Mas dentro dele.Poema — A resposta[1]PRÓLOGO[1] O poema A resposta (a um filho adotivo) foi extraído da Fanfiction Parachute de autoria de KitsuShel e traduzido com autorização pelas tradutoras do Perva’s Place. Não foi encontrado o nome do autor e no texto de KitsuShel também não há menções de quem é a autoria do poema, desta forma registro que embora se encaixe perfeitamente em minha história, este poema, lindo como é, não me pertence.SIMONA primeira v
SIMONPor algum motivo, acabei escapando de Lori e tendo o final de semana livre e sem qualquer castigo. Era um alívio, mas também sabia que na semana seguinte eu pagaria o preço. Lori não era má. Ela era boa para mim, o único adulto que realmente se preocupou comigo durante a minha vida toda. Eu tinha respeito e carinho por ela, mas a última parte eu dificilmente admitiria algum dia.Quando a segunda-feira chegou, Lori me chamou no escritório dela assim que voltei da escola. Eu tinha certeza que era para falar sobre as minhas notas.— Entre, querido. Sente-se. — Seu tom não era de alguém que estava bravo ou preocupado. Sentei e fiquei tentando entender o sorriso que se formava em seu rosto.— Como tem passado, Simon?— Bem — respondi simplesmente, começando a me sentir desconfortável com o seu sorriso esquisito.Se
ALEXANDERNo momento em que Caterine viu o garoto, a emoção em seus olhos se transformou em algo que eu não sabia identificar. Mas eu podia dizer com convicção uma coisa: Era o mesmo olhar de quando ela me contou que estava grávida. Bem, era o olhar depois que ela me contou sobre a gravidez e viu que eu não ia surtar com um bebê.O mesmo do dia em que nos casamos.Não tinha outra alternativa.Nós tentaríamos adotar um menino de dezessete anos.— Onde paramos? Ah! Sim, as crianças até cinco anos voltaram e... — Lori voltou a falar, mas Caterine continuava me fitando com aquela expressão determinada e apaixonada.— Na verdade, Lori — Interrompi. —, gostaríamos de saber mais sobre Simon, é possível? — Lori olhou para o menino por um momento e olhou para nós com certa dúv
SIMONAs visitas se fizeram muito mais fáceis depois que descobri que os H. tinham uma parede enorme de livros em sua casa, passávamos a maior parte do tempo falando sobre os livros que gostávamos. Contei que gostava de fantasia e terror.— Quais livros você tem? — senhora H. perguntou entusiasmada.— Eu não tenho muitos — respondi sem graça.— Ah! — disse também sem graça. — Você lê na escola, então?— E às vezes vou à livraria e sento lá para ler os livros. — Dei de ombros, como se não fosse grande coisa. Depois disso, os Hartnett passaram a aparecer com sacolas de livros. Lori chamou a atenção deles, dizendo que não era saudável e podia ser interpretado como suborno para eu aceitar ir com eles. Mas a senhora Hartnett tinha algo nela que fazia as pes
SIMONA casa dos Hartnett ficava em Tribeca. Era um bairro legal. Bem diferente dos lugares que eu havia frequentado.Os H. são ricos? Pensei comigo enquanto olhava para os prédios e ruas bem cuidadas do bairro.Eles moravam em um loft, era impressionante, para ser honesto, parecia casa de revista. Era grande e com decoração legal. Tinha uma cozinha imensa, sem contar o número de janelas.— Vamos subir, depois você vê tudo com calma — senhora H. disse pegando a minha mão e subindo para o segundo andar comigo sendo praticamente arrastado por ela. Eu podia ouvir o seu marido resmungando e rindo atrás de nós, mas não consegui entender bem o que ele dizia. Ela parou em frente a uma porta e engoliu em seco, quando me olhou, percebi que havia uma pontada de tristeza em seus olhos, mas rapidamente se apagaram e a tristeza deu lugar ao entusiasmo. E no