Duas mulheres vivem realidades paralelas, conectadas apenas por uma tela: Luna, uma jovem solitária que sobrevive ao bullying escolar publicando lives sensuais, e Sophia, uma poderosa vice‑presidente de empresa em busca de inovação. Quando Sophia descobre a misteriosa performer, nasce uma obsessão recíproca. Seus mundos colidem na Faculdade de Tecnologia, onde Luna é contratada para liderar um ambicioso programa de inovação. Entre desejos ocultos e máscaras de poder, elas terão de enfrentar suas próprias emoções — e a possibilidade de um encontro que pode explodir tudo. ( ATENÇÃO: O ESTILO DO TEXTO É CORRIDO. )
Ler maisQuinta-feira à noite / Apartamento de Sophia Luna subiu os últimos degraus até o apartamento de Sophia com o coração martelando no peito. Não quis esperar o elevador. Nem pensou em mandar mensagem. Só foi. Precisava acabar com aquilo. Com o nó que se apertava mais a cada dia, mais a cada mensagem não enviada, mais a cada olhar cruzado sem coragem. O corredor estava silencioso. Um tapete elegante diante da porta de madeira escura. E, por um momento, ela hesitou. Mas era tarde demais pra recuar. Então bateu. Três toques firmes. Passos suaves do outro lado. E então a porta se abriu. Sophia estava ali, de moletom e camiseta, os cabelos soltos e os olhos um pouco cansados — mas ainda assim intensos, quase furiosos de beleza. Surpresa. — Luna? — a voz saiu quase um sussurro. — Eu preciso falar com você. Agora. — Ela não esperou resposta. Entrou. Sophia fechou a porta devagar, virando-se com o corpo tenso. — Aconteceu alguma coisa? Luna virou-se para ela, os olhos brilhando com uma
Dois dias depois / Sexta-feira de tarde Luna caminhava pelo corredor da faculdade com os olhos baixos, os fones no ouvido tocando uma playlist suave. Seus dedos tamborilavam contra a lateral do celular, mas nada distraía o nó que sentia no estômago desde a visita de Sophia. Desde aquele olhar. Ela não deveria se sentir assim. Tinha feito a escolha certa, racional: cortar o contato, seguir com a vida, proteger o que precisava ser protegido. Mas tudo nela ainda vibrava com a lembrança do perfume, da presença, do toque que nunca aconteceu — e talvez nunca fosse acontecer. Na tela do celular, uma notificação do app adulto piscou brevemente: “LadyInSilk, sua live de ontem foi a mais comentada da semana.” Luna suspirou. Como se pudesse apagar aquela parte dela só porque Sophia estava por perto. Como se pudesse ser só “a menina do estágio” novamente. Mas ela não era. E Sophia… agora sabia disso. Ou quase. Escritório da Stuart & Co. / Final do dia Sophia estava senta
Quinta-feira / Tarde abafada no campus O céu estava cinza e pesado sobre a cidade, como se a qualquer momento fosse desabar em chuva. O campus da faculdade fervilhava com a rotina de sempre — alunos correndo entre prédios, grupos sentados em bancos discutindo trabalhos, cafés descartáveis nas mãos, fones nos ouvidos. Luna atravessava o pátio com a mochila pendurada em um ombro e a blusa de manga arregaçada até o cotovelo. Seus passos eram rápidos, mas os pensamentos vagavam. Tinha uma entrega de relatório na disciplina de UX e uma apresentação oral dali a dois dias, mas o foco estava distante. O foco… estava sempre voltando para Sophia. A maneira como ela desviava o olhar quando a tensão era demais. O toque suave, acidental, quando lhe entregava um relatório impresso. As palavras que nunca foram ditas. As noites silenciosas desde o fim do estágio. Desde que Luna tentou cortar o laço. A faculdade, agora, era o único espaço onde Luna podia respirar sem medo de ser descoberta. Ma
O ar condicionado gelava a sala, mas o calor que subia pela espinha de Luna era outro. Ela entrou com a equipe, os passos firmes mas alertas. Sophia já estava ali — cabelo solto, camisa de seda escura, decote sutil. Os olhos que a seguiram quando entrou eram impossíveis de ignorar.— Vamos começar — disse Sophia, cruzando as pernas com uma elegância calculada.Apresentações se sucederam. Gráficos. Argumentos. Código. A voz de Luna foi a última — segura, mas carregada de uma tensão que ninguém ali captava. Só Sophia.— …e a IA interna se adapta com base no histórico emocional, o que garante uma experiência personalizada e eficiente — concluiu Luna.Silêncio. Sophia sorriu.— Impressionante.Olhou para os demais diretores.— Temos aprovação unânime?Todos assentiram.Sophia se levantou, caminhando pela sala com passos lentos.— Então está aprovado. Parabéns, equipe.Virou-se para Luna. O olhar era brasa pura.— Luna, pode ficar um instante?O grupo se retirou. Luna permaneceu. Sophia tr
Manhã, campus da faculdade O grupo do projeto se reuniu em um dos laboratórios do bloco de tecnologia. Isadora falava com empolgação sobre a integração de notificações push no app. Bruno mostrava o novo design da tela inicial. Mas Luna mal ouvia. O corpo presente, a mente a mil. — Terra chamando LadyInSilk — murmurou Isa, cutucando o ombro da amiga. Luna piscou, riu sem graça. — Foi mal. Tô só… cansada. Isadora encarou ela com mais atenção, como se percebesse algo. — Quer mesmo continuar com a live hoje? Luna hesitou por um segundo, depois assentiu. — Quero. Preciso. Mas o que ela não dizia era: Preciso me sentir viva. Preciso provar que ainda tenho controle. ** Escritório, 15h30 Luna digitava frenética, ajustando as últimas rotinas do módulo emocional. Sophia se aproximou em silêncio, como uma sombra. Encostou na divisória da mesa. — Consegue me mostrar agora? Luna engoliu seco. — Claro… vem comigo. Entraram na sala de reuniões vazia. Luz natural. Cadeiras ergonôm
A gravação ainda estava pausada no mesmo segundo.O momento em que Luna — LadyInSilk — sussurra seu nome, entre gemidos e olhos vidrados na câmera.Sophia estava sentada no chão, as costas na parede, o notebook no colo e uma garrafa de vinho pela metade ao lado. O cabelo solto, o robe torto. Uma imagem de alguém que atravessou a linha do controle.Ela havia assistido à live inteira mais de cinco vezes.Cada olhar, cada movimento, cada palavra. Ela sabia. Ela tinha certeza.Mas dizer em voz alta tornaria real demais.“Luna é LadyInSilk.”Era um pensamento proibido. Um segredo de vidro.**Sophia passou o dia inteiro fingindo normalidade. Reuniões, relatórios, aprovação de orçamentos. Mas por dentro, estava em combustão lenta.Luna passou duas vezes por sua sala. A primeira com Isadora, rindo de alguma piada sobre o bug no app. A segunda sozinha, concentrada, olhando o celular.Sophia segurou a vontade de chamá-la. De dizer eu sei.Mas não disse.Só a observou.E sentiu um misto de fasc
Dois dias. Dois dias sem nenhuma mensagem. Sophia olhou o chat fixado no topo: Luna Ferreira. A última conversa era de segunda, um emoji de risada e um “boa noite” após um comentário bobo sobre o café da firma. Desde então: vazio. Ela havia tentado iniciar duas vezes. Um “você tá bem?” e depois, mais tarde, “precisa de alguma coisa?”. Nenhuma resposta. Visualizado. Mas ignorado. Sentia-se ridícula. Uma mulher feita, vice-diretora de uma empresa, orbitando emocionalmente uma garota que provavelmente só queria distância. Mas por quê? Ela puxou o notebook pro colo. Tentou mergulhar nos relatórios, nos números, nos projetos. Mas o maldito canal da LadyInSilk seguia aberto numa aba secundária. Inativo. Sem lives novas. O silêncio era duplo. E doía. ** A cama estava bagunçada. O código do app aberto no notebook. A janela entreaberta deixava entrar o ar fresco da noite. Luna estava deitada de lado, os olhos fixos na tela do celular. Várias mensagens não respondidas. De Sophia. El
O laboratório de desenvolvimento estava silencioso, exceto pelo som dos teclados e do café pingando na máquina. Luna estava sentada com as pernas cruzadas na cadeira giratória, os olhos grudados na tela, concentrada no código do protótipo do app. Isadora falava com Kelvin e Bruno em voz baixa sobre os últimos ajustes. — Tá ficando incrível, Lu — disse Isadora, olhando por cima do ombro dela. — Precisa ficar — respondeu Luna, sem tirar os olhos da tela. — Essa entrega vai definir nosso estágio aqui dentro. Se a Sophia aprovar o MVP na próxima reunião, a gente pode ser efetivado. Ou não. — Uau, falou como uma adulta traumatizada — brincou Isadora, cutucando-a de leve. Luna riu, mas por dentro estava em transe. O rosto colado ao monitor escondia o coração inquieto — ela precisava se afastar um pouco de Sophia. Precisava entregar o app, garantir estabilidade. E manter a outra parte da vida… invisível. Enquanto isso, em outro andar, Sophia estava trancada na própria sala. O monitor d
O teclado da Luna tilintava em ritmo constante. Ela usava os fones, fingia concentração, mas os olhos vez ou outra se desviavam para a sala envidraçada no fundo do andar. Sophia andava de um lado pro outro, falando ao telefone com alguém da diretoria. O tom era cortês, mas o olhar… o olhar estava longe. Travado. Sempre que passava perto da parede de vidro, seus olhos procuravam, mesmo sem querer, a mesa da estagiária de cabelo preso em um coque bagunçado. Luna sentiu o arrepio quando percebeu o olhar. Não retribuiu de imediato. Esperou mais um pouco. Quase como um jogo. Minutos depois, recebeu uma notificação no chat interno da empresa. Sophia: Preciso revisar contigo os relatórios de uso do app. Agora. Luna mordeu um sorriso e respondeu: Luna: Na sua sala ou no drive? Sophia: Sala. Agora. ** Quando entrou, Sophia estava sentada à mesa, com a postura ereta demais, como se tivesse ensaiado aquilo mil vezes. O notebook aberto, a planilha brilhando em azul e branco na tela. M