Sete anos... Aquilo era menos como se esquecer e mais como viajar no tempo, pra sete anos no futuro; era menos como estar passando por uma amnésia após um acidente grave, e mais como estar aos poucos lendo um diário, enviado por ele mesmo ao si do passado. E naqueles fragmentos de memória esparsos, Ivan sabia que algo havia acontecido, mesmo que não pudesse se lembrar claramente, e mesmo que Vinícius estivesse escondendo dele a verdade tão desesperadamente.
Ler mais— Hmmm... — Ivan acordou com o sininho irritante do despertador. — Mh... — Com os olhos ainda apertados ele se ergueu e engatinhou na cama até alcançar o seu celular na estante do abajur e tocar em desligar. — Uah... — Bocejou... — Uoh! — ...e ia se esticar, mas um braço compridos enlaçou sua cintura e o puxou de volta pra cama.— Mmhh...— Bom dia, Vini.— Bom dia, não. — O apertou nos braços, esfregando a franja ruiva no seu rosto. — Tá de noite ainda...— Não tá. — Riu. — Já são... Mh! — Vinícius beijou sua boca, de repente, sem mais nem menos. — Mh... — S
— Os cabelos dele ficaram cinza... — Comentou com o médico certo dia, acariciando os cabelos do marido, deitado estático ali ao seu lado.— É normal. — Respondeu. — O corpo está economizando o máximo que pode de proteínas pra usar na recuperação, por isso a falta de pigmento nos fios.— Então ele está se recuperando bem?— Está, e de forma impressionante.— Então aquilo dele não poder voltar a dançar...— Bom, isso eu acredito que seja inevitável.Inevitável. Aquela palavra vinha atormentando V
— Então, como está se sentindo antes dessa "estréia inédita"?— Nervoso, eu acho.— Como acha que vão reagir? Digo, você é um dançarino bem renomado, as pessoas vão ficar surpresas de te ver cantando também!— Espero que seja uma boa surpresa.— Tenho certeza de que vai! Aliás, você está trabalhando nesse álbum faz... Um ano e meio?— Dois anos.— Com o produtor Yuri a cargo, certo?— Sim! Yuri é um gênio da música, não poderia estar tend
Estavam na cozinha, sentados nas banquetas altas comendo o resto de pizza gelada que tinha sobrado do outro dia. Ivan ficou surpreso de acordar e ver Vinícius ainda ali: o marido costumava ficar bem bravo quando insistia pra transar estando bêbado, e naquelas condições em que estavam...— Você está muito longe. — Quebrou o silêncio, finalmente.— Estou bem aqui. — Vinícius continuava clicando no celular, comendo a borda do seu pedaço, a praticamente um braço de distância dele. Um braço, ou um pouco menos, já que não precisou se esticar muito pra alcançar sua cintura e o puxar pro seu colo num laço. — Ei! — Ele reclamou, de boca cheia. — Eu disse que estava bem. — Então, Vinícius, como estão as gravações?— Estão indo bem.— É ótimo ouvir isso!— É ótimo falar isso, também.— Bom, mas eu não posso ficar só nas coisas ótimas: vamos aos assuntos polêmicos?— Por que não?— Bem, parece que vazaram fotos de um casamento que supostamente seria o seu com um dançarino bem famoso: me diga, são só boatos, ou realmente eram você e Ivan naquelas fotos?— Sim. Estavam fazendo exatamente um ano de namoro, e poderia parecer muita pressa pra quem ficasse sabendo que aquela seria a forma extravagante de comemorar a data, mas os dois rapazes tinham uma promessa, e estavam levando muito a sério: iam se casar, um ano depois, se o namoro desse certo por todo esse tempo; e deu mais certo do que poderiam imaginar. Mas, mesmo assim, Vinícius...— Estou nervoso, — Mesmo prestes a unir laços eternos com seu melhor amigo e namorado Vinícius estava uma pilha de nervos, literalmente tremendo nas bases. — Estou nervoso, meu Deus! O que eu faço?!? Yuri, me ajuda, eu tô nervoso, o que eu faço?— Respire. — Yuri aconselhou.— Respire? Como assim, "respire"? Eu já estou respirando, não estou?&nbsRelacionamentos
Casamento
— Então vocês vão mesmo...— Não, claro que não, ele só... — Os olhos de Ivan encheram de lágrimas, de novo; ele virou um gole de cerveja da caneca grande na boca pra disfarçar, mas foi tão afoito que deixou um pouco de bebida escapar no canto. — É claro que a gente não vai divorciar, ele só quer... Morar... Sozinho...— E não é a mesma coisa? — Jean perguntou, ao que ele bateu a caneca tão forte na mesa que a cerveja pulou pra fora numa onda.— E eu sei lá se é a mesma coisa, tô pouco me fudendo, o que importa é que eu vou cuidar dele, não importa aonde ele esteja. — tomou o que sobrou da cerveja, apesar de mais da metade esta
— Droga, você tem dedos tão pequenos. — Vinícius finalmente quebrou o gelo com uma risada embargada. — Vem cá.— Mgh! — Vinícius o puxou pra si com as mãos no seu rosto, e ele fez o mesmo com as mãos no rosto dele. — Você é muito...mh... muito chato.— E você é insuportável. — Passou os braços pelo seu pescoço. — Mas eu te amo tanto... tanto... Mmg... — Apertou o abraço, ao que Ivan passou um braço pela sua cintura. — Tanto, amor, eu te amo tanto!...— Eu te amo mais. — Ele disse, sério, como se fosse uma confissão, e muito secreta, andando com ele até tropeçarem ao pé da cama e caírem
— Aonde você estava? — Perguntou quando sentiu o colchão afundar do seu lado; perguntar "por que chegou tão tarde?" não adiantava mais mesmo, não ia nem tentar.— Aonde você acha que eu estava? — Ivan retrucou com impaciência, puxando o edredom pra cima das pernas e o abraçando por trás, ao que ele só abraçou mais o próprio travesseiro. — Mh?— Em algum lugar que eu deveria saber, talvez? — Olhou pra trás de soslaio, vendo Ivan revirar os olhos, mesmo sob a luz fraca do abajur. — Você não estava na academia até essa hora, Ivan! Nem tenta mentir pra mim que você não consegue!— E alguma vez eu tentei? — Mesmo com raiva na voz, Ivan d