Capítulo 4

ESTER

Se eu tinha achado estranho um homem como babá? Achei muito estranho, mas não tinha nada que eu pudesse fazer e meu pequeno parecia estar gostando de ter um homem como babá. Pensando pelo lado do meu filho, era mais fácil se identificar com um homem do que com uma babá.

Depois que consegui descansar um pouco, comecei a me arrumar para ir até o evento, queria dar uma volta, por lá, conhecer o ambiente e até fazer networking com outras pessoas do ramo de animações, era a oportunidade perfeita para divulgar a minha empresa e recrutar novos talentos.

Estava andando em meio a multidão quando senti meu celular vibrar no bolso de trás da calça e quando o peguei, vi que tinha recebido uma mensagem de Bruno, rapidamente abri porque sabia que eram notícias do meu pestinha. Quando deslizei o dedo pela tela, uma foto abriu, Caetano estava brincando com Heitor, filho da vizinha, e um sorriso surgiu em meu rosto.

— Desculpa interromper, mas você é Ester Aguilar? — Alguém perguntou atrás de mim.

— Sim.

— Ai. Meu. Deus. Eu sou muito sua fã e assisti todas as animações que você já fez.

— Sério? — perguntei surpresa por saber que uma garota da idade dela já tinha assistido meus filmes e não eram poucos.

— Ela passa o final de semana vendo os seus filmes. — A mãe confirmou.

— Uau. Fico muito feliz por saber disso.

— Será que você pode tirar uma foto comigo?

— Mas é claro! — devolvi o celular para o bolso da calça e a abracei enquanto a mãe da garota batia a foto com o celular. — Qual o seu nome?

— Mariana e essa aqui é a minha mãe, Jéssica.

— É um prazer conhecer vocês.

— Você me inspirou a continuar desenhando e quero chegar ao seu nível quando ficar aduta.

— Isso mesmo, nunca desista dos seus sonhos e quem sabe daqui a alguns anos você possa estar trabalhando comigo.

— É meu maior sonho. Pode me dar um autógrafo?

Peguei o caderninho que ela me entregou e enquanto assinava uma folha em branco, logo me vi rodeada por uma multidão de pessoas, todas fãs do meu trabalho e fiquei surpresa pela quantidade de pessoas. Não sabia que tinha tantos fãs. Todos queriam um autógrafo e, fiquei me sentindo uma celebridade com meus cinco minutos de fama.

Assim que consegui me desvencilhar do grupinho animado de adolescentes que tinha se formado ao meu redor, aproveitei para continuar andando para conhecer o local e logo encontrei o responsável pela organização, que me levou para a área vip juntamente com outros convidados da área.

Quando peguei o celular novamente, aproveitei para olhar novamente a foto que Bruno tinha me enviado. Meu menino estava feliz brincando com o amiguinho e nem parecia estar sentindo minha falta tanto quanto eu estava sentindo dele.

BRUNO

Enquanto os meninos brincavam no jardim, fiquei sentado no degrau da pequena escadinha da varanda, aproveitei para enviar uma foto para Ester e, em seguida, comecei a rascunhar a cena que se desenrolava na minha frente. Eles eram frenéticos então tive que contar um pouco com a minha imaginação para terminar.

— Tio Bruno! — A vozinha do Caetano soou a medida que se aproximava. — O que você está fazendo?

— Não é nada — fechei rapidamente o caderno.

— Você não vai jogar bola com a gente?

— Tenho uma ideia melhor. O que acham de brincarmos de esconde-esconde?

— Oba! Você quer brincar disso, Heitor?

— Pode ser.

Deixei o caderno e o lápis sobre uma das cadeiras da varanda e fui com os meninos para o jardim, teria que terminar esse desenho depois que Caetano fosse dormir. Era gostoso ouvir a risada das crianças felizes. Brincamos de várias bricadeiras diferentes quase a tarde toda e quando dei por mim, o céu já estava escurecendo.

A mãe de Heitor o levou para casa e falei para Caetano ir direto para o banho porque ia pedir uma pizza para nós dois. Era final de semana então poderíamos sair um pouquinho da rotina que a Ester tinha estabelecido para o menino.

— Sua mãe deixa você comer pizza?

— Claro, né.

— Qual sabor de pizza você gosta?

— Pode ser de calabresa?

— É a minha preferida também.

Caetano saiu correndo para o banheiro então aproveitei para ligar e fazer o pedido na pizzaria, também peguei dois pratos e os copos para colocar na mesa para nós dois e em poucos minutos, o pestinha voltou à cozinha, vestindo seu pijama.

— Será que podemos jogar um pouco de video-game depois de comer?

Olhei para o relógio pendurado na parede da cozinha e vi que ainda era sete horas, então poderia deixá-lo jogar um pouco. Caetano não tinha ficado em frente a tela, nem do celular e nem da televisão, o que era ótimo.

— Pode sim.

— Uhull. — Ele fez uma dancinha estranha que acabou me fazendo rir.

— Antes você vai ligar para a sua mãe.

— Tudo bem. Eu estou com saudades dela mesmo.

— Você tem dever de casa para fazer?

— Não.

— Tem certeza, mocinho?

— Sim! Eu já fiz com a minha mãe ontem.

Enquanto esperávamos pela chegada da nossa pizza, ficamos jogados no sofá assistindo um dos desenhos favoritos dele: Scooby-Doo. Já fazia muito tempo que eu não via desenhos assim, já que as crianças só querem saber daqueles desenhos esquisitos e chatos, onde os personagens tinham a cabeça maior do que o corpo e olhos grandes.

O meu celular começou a tocar e tive que me levantar para pegá-lo porque o tinha esquecido cozinha. Assim que olhei a tela, vi que tinham umas cinco ligações de Ester e, rapidamente, resolvi retornar a ligação.

— Bruno, aconteceu alguma coisa com o Caetano?

— Não, ele está bem.

— E por que não atendeu as minhas ligações?

— Eu estava ocupado e não tinha escutado o celular tocar.

— Posso falar com o meu filho?

— Claro, só um instante que vou entregar o celular a ele.

Entreguei o aparelho para o pequeno e fui atender a campainha. Meu Deus. Como Ester pode ser uma mulher tão paranóica? Já achando que tinha acontecido alguma coisa com o filho dela só porque eu não atendi a ligação no momento em que ela ligou.

Paguei ao entregador e entrei com a pizza, bem a tempo de ouvir Caetano contar do que tinha brincado durante a tarde. Um sorriso de satisfação surgiu em meu rosto. Eu tinha conseguido deixar o viciado em celular sem mexer no aparelho durante o dia inteiro. Mais uma coisa para acrescentar no meu currículo.

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