Capítulo 7

ESTER

O dia tinha começado tão bem, nada era melhor do que poder dormir confortavelmente e acordar sem precisar me preocupar com horário e nem com criança. Aproveitei para descer e desfrutar do farto café da manhã oferecido pelo hotel e depois fui curtir a piscina e um pouco da sauna.

Assim que voltei ao meu quarto, já comecei a me arrumar para ir ao evento, estava enrolando meu cabelo na toalha quando meu celular começou a tocar, peguei o aparelho em cima da cama e deslizei o dedo pela tela sem nem ver quem estava ligando.

— Oi, mamãe.

— Oi, meu amorzinho. Como você está?

— Eu tô bem.

— Dormiu direitinho?

— Sim e nem tive pesadelo.

— Mas que notícia boa.

— Eu tô com saudades, mamãe.

— Eu também estou, filhotinho.

— Quando você vai voltar?

— Amanhã quando você acordar, já vou estar aí com você.

— Tá bom. Eu te amo, mãe.

— Eu também te amo, filho.

Assim que encerrei a ligação, voltei a me arrumar, pois sabia que um carro passaria para me buscar por volta das dez e meia. Eu estava nervosa por ter que falar para tanta gente e ansiosa para receber esse prêmio que mudaria positivamente a minha carreira de animation designer.

Quando já estava pronta, recebi uma mensagem de Nádia, achei um pouco estranho já que ela não era de ficar me enviando mensagem. Meus pensamentos pensaram logo se voltaram para algo de ruim que pudesse ter acontecido.

"Fiquei sabendo que você conseguiu o Bruno para ficar com o Caetano."

Meu Deus. As notícias correm mais rápido em cidade pequena. 

"Você o conhece?"

"Sim, é sempre ele que fica com o Miguel quando eu preciso."

"Você não sabe o quanto é bom saber que ele é confiável. Eu estava muito receosa de ter deixado um homem como babá do Caetano."

"Confio nele de olhos fechados."

"E como você sabe que é o mesmo  Bruno que está com o meu filho?"

"Ele veio aqui ainda agora buscar o Miguel, disse que ia levar os meninos para brincar ao ar livre."

"Entendi. E você deixou?"

"Claro! Foi até um alívio para mim porque a Antônia hoje está muito chorosa e enjoadinha."

Eu fiquei imaginando o quanto devia ser difícil cuidar de um menino levado de seis anos e uma recém nascida e não queria estar no lugar dela. Tudo bem que o marido e a família dela a ajudava , o que deixava a maternidade um pouco mais leve, mas certas coisas, só a mãe era capaz de resolver.

"Você viu como ele é bonito? E aquela voz rouca é capaz de deixar qualquer calcinha molhada."

"Não fiquei reparando muito." — menti, porque não precisava que ficassem sabendo e depois começassem a inventar mentiras. — "A voz dele é muito bonita mesmo, parece de locutor de rádio."

"Vou precisar sair, mais tarde a gente volta a conversar porque vou querer saber um pouco mais sobre esse Bruno."

Interrompi a troca de mensagens com Nádia e tratei logo de pegar a minha bolsa em cima da mala, guardei meu celular e desci para o saguão do hotel, onde um motorista já me esperava para levar ao local do evento.

O dia passou tão rápido, tinha tantas pessoas querendo falar comigo, jovens desenhistas com curiosidades sobre a profissão e pessoas que já trabalhavam no ramo da ilustração, além das enrevistas com os jornalistas, que nem consegui pegar o telefone para ver se alguém tinha me enviado mensagem ou ligado.

Quando voltei ao quarto de hotel, liguei o celular e vi que tinha recebido cinco mensagens do número de Bruno, curiosa e, ao mesmo tempo, preocupada, abri as mensagens. A primeira era uma foto de Caetano e Miguel soltando pipa, ambos com um sorriso estampado no rosto. A segunda era uma foto dos três jogados na grama rindo. Bruno estava fazendo tão bem ao meu pequeno, que até me senti um pouco mal por ter duvidado das habilidades de Bruno como babá. Que mãe não ficaria preocupada em deixar o filho com um estranho.

Comecei a recolher e guardar as minhas coisas na mala, até que decidi ligar para o meu pequeno, para desejar boa noite antes que eu embarcasse de vlta para casa. Depois de dois toques, a voz rouca de Bruno soou do outro lado da linha.

— Alô?

Meu Jesus cristinho, a voz dele era mesmo maravilhosa de ouvir e seria capaz de ficar ouvindo ele falar por um dia inteiro sem enjoar. Tratei de afastar tais pensamentos porque sabia que era errado por vários motivos. Primeiro, eu não sabia se ele era solteiro, em segundo lugar, eu era mais velha que ele e em terceiro lugar, porque eu já sabia que iam falar de mim por ter colocado um homem estranho dentro de casa para cuidar do meu filho.

— Oi, Bruno. — Finalmente consegui falar.

— Ester!

— Como estão as coisas por aí?

— Ótimo!

— Caetano está podendo falar?

— Ele acabou de entrar no banho, mas posso pedir para ele te retornar assim que sair.

— Tudo bem. Obrigada.

A chamada foi encerrada e continuei a arrumar as minhas coisas, tentei distrair a mente com um programa qualquer sobre a vida selvagem em algum canto da África. Cinco minutos depois, meu celular começou a tocar, era o número de Bruno então, rapidamente, tratei de atender.

— Mamãe!

— Oi, filhotinho.

— O tio Bruno falou que você queria falar comigo.

— Como foi o seu dia?

— Foi bom. Sabia que o tio Bruno ensinou eu e o Miguel a soltar pipa.

— É mesmo?

— Sim! Ele que fez as pipas.

— Mas esse tio Bruno não tem juízo, não?

Pude ouvir a risada gostosa da minha criança do outro lado da linha e meu peito se apertou com a saudade que estava sentindo dele.

— E o que mais vocês fizeram?

— A gente brincou de pique-pega e depois a gente voltou para casa para comer um almoço muito gostoso.

— Que legal, meu filho.

com saudades, mamãe.

— Eu também estou, meu pequeno.

— Você já vindo para casa?

— Vou chegar aí quando você já estiver dormindo.

bom.

— Por isso obedeça o tio Bruno e escova bem esses dentes antes de dormir.

— Eu sei.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo