BRUNOEu estava quase terminando a minha animação quando o meu telefone tocou, não reconheci o número, mas aida bem que atendi porque a voz feminina do outro lado da linha se identificou como sendo a secretária de Ester.— Senhor Bruno?— Sim, sou eu.— Estou te ligando para avisar que o seu horário marcado com a senhora Ester, foi remarcado para amanhã porque ela teve um compromisso e os compromissos da tarde foram cancelados.— Tudo bem. Obrigado por me avisar.Assim que encerrei a chamada, larguei o celular em cima da mesa e respirei mais aliviado por saber que teria mais tempo para terminar a minha animação e, com mais calma, tinha certeza de que sairia bem melhor e bem mais profissional.Deixando o computador em cima da mesa, fui até a cozinha preparar alguma coisa para comer já que meu estômago estava roncando. Dei uma olhada nos armários e me dei conta de que teria que ir ao supermercado para fazer compras e reabastecer meus armários e geladeira.Peguei minha carteira e as chav
ESTERDepois da apresentação de dia das mães na escola de Caetano, estávamos a caminho de casa quando meu celular começou a tocar, conectei o fone de ouvido sem fio e atendi a ligação. Era meu irmão Caio.— Ester! Está ocupada?— Estou no trânsito a caminho de casa.— Será que posso te encontrar lá?— Claro! Aconteceu alguma coisa?— Não! Está tudo bem.— Chego em cinco minutos.— Te encontro lá então.Assim que encerrei a ligação, ouvi a voz de Caetano vindo do banco de trás. Como o menino era curioso. Jesus amado.— Quem era, mamãe?— O tio Caio, querido.— Ele voltou?— Sim.— Quando eu vou poder ver ele?— Assim que a gente chegar em casa.— Oba!Mal tinha entrado com o carro na garagem quando Caio apareceu no portão, Caetano saiu correndo e abraçou as pernas do tio, de quem ele gostava muito. Meu irmão logo depois de se desvencilhar do meu pestinha, me abraçou e pude notar que ele estava preocupado, a ruga no meio de sua testa deixava evidente.— Oi, irmãzinha — falou enquanto me
BRUNODepois de colocar Miguel para dormir, fui me sentar no sofá para ver série, mas acabei pegando no sono. Acordei assustado com meu celular tocando, quando olhei a tela, descobri que era Lia, uma garota com quem eu saía as vezes.— Alô? — Minha voz saiu sonolenta.— Oi, Bruno.— Lia! Que surpresa receber uma ligação sua.— Você está em casa, bonitão?— Sim, mas...— Então abre a porta para mim.Meu Deus! Lia simplesmente resolveu aparecer na minha porta justamente quando eu estava tomando cuidando de uma criança. Como eu ia explicar para ela que eu estava trabalhando? Me levantei do sofá e fui fechar a porta do quarto para não correr o risco de Miguel acordar.Assim que abri a porta do meu apartamento, me deparei com Lia usando um vestido preto brilhoso que mal chegava até o meio de suas coxas torneadas, sandálias de salto alto, o cabelo estava solto e levemente bagunçado.— O que veio fazer aqui, Lia?— Eu estava com saudades de você. — O cheiro de bebida chegou ao meu nariz.— V
ESTERDepois da correria, deixei meu pequeno no colégio e me preparei psicologicamente para o longo dia que teria pela frente. Cumprimentei os funcionários que encontrei no caminho até a minha sala e ao passar pela minha secretária, ela já veio atrás de mim com um monte de papéis. Antes de entrar, notei um homem sentado em um dos bancos e quando ele levantou a cabeça, quase caí para trás.— Bruno?— Ah, oi. — O que está fazendo aqui?— Ele tem uma reunião marcada com a senhora agora de manhã.— Reunião?— Sim, era para ter sido ontem, mas como a senhora precisou desmarcar tudo, remarquei para hoje de manhã.— É que você tinha falado que era para te procurar e é isso que vim fazer. — Ele ficou de pé e passou a mão pelos cabelos, parecia envergonhado.— Pode levá-lo para a sala de reuniões enquanto eu assino esses documentos, Márcia?— Claro!Entrei na minha sala, deixando a bolsa pendurada no suporte, comecei a assinar os documentos e em poucos segundos já estava a caminho da sala de
BRUNOAssim que Lia foi embora do meu apartamento, tratei de me arrumar, decidindo vestir uma calça jeans e uma camisa social. Logo depois de guardar na mochila tudo o que eu ia precisar para a apresentação da minha animação para Ester e pedi um carro de aplicativo.Como já era esperado, cheguei mais cedo na empresa e a gentil mulher atrás do balcão me informou que Ester ainda não tinha chegado e decidi me sentar em uma das cadeiras para esperar e aproveitei para repassar tudo o que pretendia falar.A reunião foi muito mais tranquila do que imaginei que seria, Ester adorou a minha apreentação e só recebi elogios e, consequentemente, ela me ofereceu uma vaga de estagiário. Não ia ganhar muito, mas era o suficiente para complementar a renda que eu ganhava como babá. O clima mudou quando a secretária dela apareceu e disse que a escola de Caetano tinha ligado e parecia ter acontecido alguma coisa com o pequeno.Fui levado até o andar do RH, onde fui oficiliazado como um estagiário, nem pu
ESTERQuando cheguei em casa, já começava anoitecer, encontrei a casa silenciosa, no começo achei um pouco estranho, mas a medida que me aproximei do quarto do meu pequeno, ouvi a voz dele. Coloquei a cabeça para dentro do quarto para espiar e encontrei os dois jogando dominó, Caetano sentado na sua cadeirinha e Bruno sentado no chão para ficar na altura da mesinha.— Mamãe! — Meu pequeno veio correndo em minha direção quando me viu.— Ei, meu pequeno.— Ester! — Bruno rapidamente ficou de pé.— O tio Bruno estava me ensinando a jogar dominó.— E quem estava ganhando?— Eu!— Você é mesmo muito esperto, garoto. — Bruno terminou de juntar as peças do dominó e guardou na caixinha. — Agora eu preciso ir.— Muito obrigada por ter ficado com ele, Bruno.— É sempre um prazer.Ele saiu do quarto do meu pequeno e caminhou até a sala, onde pegou sua mochila e começou a ir em direção a porta.— Te vejo amanhã então.— As sete já estarei aqui para não te atrasar.Bruno se despediu e foi embora.
BRUNONo caminho de volta para casa, com o céu já escuro, fiquei pensando no que Caetano tinha me falado e me peguei lembrando do meu pai. Ele tinha sido um bom homem, mas era bronco e muito bravo, gostava das coisas do jeito dele e se não estivesse do agrado dele, ele brigava com os filhos.Estava tão cansado que decidi comprar churrasquinho de frango na barraquinha da esquina do meu prédio e quando cheguei ao meu apartamento, aquele medalhão de frango com farofa e molho vinagrete parecia ser a comida mais gostosa do mundo. Depois de um banho relaxante, me deitei no sofá para assistir um filme que estava passando na televisão, mas acabei adormecendo antes mesmo de chegar a metade.Pela manhã, acordei com um som irritante soando em algum lugar e xinguei mentalmente quem quer que fosse o responsável por aquele barulho, mas depois percebi que o som vinha do despertador do meu próprio celular. Assim que me dei conta de que já eram seis horas da manhã, levantei correndo do sofá e fui troc
ESTERDepois que cheguei em casa, Bruno rapidamente disse que iria embora, deu para perceber que alguma coisa estava errada e pensei em não me meter, mas fiquei curiosa e resolvi perguntar:— Está tudo bem, Bruno?— Na verdade, não.— Quer conversar sobre?— A gente precisa mesmo conversar.Pelo tom de voz dele e a seriedade com que falou, fiquei muito preocupada. Será que tinha acontecido alguma coisa com o meu filho durante o dia? Ou será que meu irmão tinha feito alguma piadinha sobre ele ser babá? Olhei para o sofá, onde o meu pequeno estava entretido jogando o videogame.— Venha ao meu escritório, para conversarmos com mais privacidade.Indiquei o caminho e ele me seguiu, percebi que ele tinha ficado surpreso. As estantes de livros ia do chão ao teto repleta de livros, a mesa de mogno estava no centro e a mesa de desenho junto da janela, porque eu adorava observar a vista enquanto mergulhava de cabeça nos desenhos.— Sente-se — indiquei a cadeira à frente da minha mesa, mas Bruno