BRUNODepois de um longo voo sem escalas, finalmente chegamos nas terras da rainha na manhã do dia seguinte. Seguimos para o hotel e decidimos passar o dia no quarto já que estávamos cansados e o jetlag estava nos afetando. Claro que aproveitamos para curtir o momento sozinhos e acabamos dormindo o dia inteiro.Quando abri os olhos, notei que o céu já estava escuro e a lua brilhava alto, Ester não estava deitada ao meu lado e, rapidamente, me levantei e comecei a procurá-la pela suíte, para encontrá-la vestida com um roupão, sentada no sofá e folheando o cardápio do restaurante.— Está acordada a muito tempo? — Ela acabou se assustando.— Alguns minutos só.— E o que está fazendo sozinha aqui?— Escolhendo alguma coisa para comer porque acordei faminta.— Não prefere sair e conhecer a cidade?— Prefiro terminar a noite por aqui mesmo.— E já decidiu o que vai pedir?— Uma Steak and Ale Pie e uma garrafa de vinho tinto.— Não sei o que pedir.— Porque não pede um Beef Wellington?— E o
ESTERComo eu já esperava, a viagem para Londres na companhia do Bruno, tinha sido totalmente diferente de quando viajei para as terras da rainha sozinha. Não sei pelo fato de estar apaixonada por ele, mas eu estava vendo a cidade de um jeito diferente.Obviamente que levei meu marido para conhercer alguns dos pontos turísticos mais famosos de Londres e ele adorou, mas Bruno preferiu conhecer a cidade como um nativo, como se fosse um autêntico morador dali e, para isso, contratou um guia. Quando ele me contou, fiquei um pouco receosa, mas acabe aceitando porque poderia ser muito interessante.Do lado de fora podia estar frio, mas as nossas noites eram quentes e Bruno sempre arrumava um jeito de me surpreender na cama.Acordamos cedinho no dia seguinte, tomamos um delicioso e reforçado café da manhã, pois andaríamos bastante o dia quase todo. Já estávamos de volta ao quarto e terminando de nos arrumar quando o telefone da suíte tocou e a recepcionista informou que o guia já tinha chega
BRUNOAlguns meses depois...A volta para casa foi muito mais tranquila do que a nossa ida para Londres. Caio nos recepcionou no aeroporto e nos deu carona até em casa, onde um certo pestinha nos esperava ansiosamente. Aos poucos fomos voltando a nos adaptar a antiga rotina agitada. Eu permaneci como estagiário por mais um tempo, para não dizerem que ela estava me beneficiando, até que fui promovido e assumi um cargo efetivo na empresa.Minha mãe começou a passar os finais de semana com a gente em casa e mesmo Ester tentando convencê-la a vir morar com a gente, ela se recusou e disse que a intimidade de um casal era algo valioso e que não queria impor sua presença, além de não querer ficar longe dos amigos a quem tinha se apegado durante todos os anos em que ficou na casa de repouso.Sempre que nossas famílias se reuniam, tudo virava uma verdadeira festa. Minha mãe e a de Ester pareciam velhas amigas que tinham se reencontrado depois de anos sem se verem, até mesmo Lia passou a freque
ESTERCinco anos depois...Era um sábado ensolarado e sem nenhuma nuvem no céu, um ótimo dia para curtir a praia e foi exatamente isso que tínhamos feito. Estava sentada sobre uma toalha quadriculada enquanto meu marido corria pela areia atrás de Caetano e de Rebeca. Nossa menininha tinha nascido perfeita e era uma verdadeira bonequinha. Tinha cabelos escuros como os do pai realavam ainda mais seus olhos acinzentados como os meus.Rebeca rapidamente se tornou a princesinha da casa, afinal era a única menininha de ambas as partes da família e uma menina muito doce e calma, bem diferente do irmão. Meu irmão e Ananda descobriram, pouco tempo depois da gente, que seriam pais de um menino e Augusto nasceu com três dias de diferença da nossa menininha.Nunca poderia imaginar que Caetano se tornaria um irmão mais velho tão carinhoso e atencioso com a irmãzinha. Sempre que ela chorava, ele era o primeiro a correr para ver o que estava acontecendo, ele deixava que ela brincasse com seus brinqu
ESTER Deu certo. Eram essas duas palavras que eu mais desejava ouvir quando me arrumei para ir ao consultório médico pela manhã. Já fazia quase duas semanas que tinha passado pelo procedimento e estava ansiosa para saber se tinha dado tudo certo. Um exame de sangue tinha sido feito e agora eu estava ansiosa para saber o resultado. Fiquei sozinha na sala esperando a médica voltar trazendo o resultado e cada minuto de espera que passava era como uma tortura. Quando ouvi a porta ser aberta, notei que a médica trazia o envelope com o resultado do teste de Beta HCG e comecei a ficar nervosa, já sentindo as mãos suadas. — E qual foi o resultado, doutora? — A inseminação foi um sucesso e você está grávida. Eu tinha certeza de que naquele momento eu tinha me tornado a pessoa mais feliz do mundo. Eu, finalmente, realizaria o sonho de todo casal: gerar o próprio filho. A diferença era que eu estaria sozinha durante esse processo. — E está tudo bem com o... meu bebê? — tentei não soar mui
ESTER Seis anos depois... Enquanto esperava Caetano na frente da escolinha, aproveitei para abrir meu e-mail pelo celular só para dar uma última conferida no dia e quase desmaiei quando vi o convite para participar Pixel Show, um festival internacional da criatividade, pois uma das minhas animações tinha sido escolhida como a melhor do ano. Agora vinha a pior parte, porque eu precisaria desesperadamente arrumar alguém que pudesse ficar com meu pequeno no final de semana para que eu pudesse fazer a viagem tranquila para São Paulo. Sem pensar duas vezes, disquei para minha mãe, mas a resposta que recebi foi desanimadora, ela tinha um retiro da igreja. Tentei minha irmã, mas ela tinha uma viagem marcada com o namorado. — Meu jesus amado! O que eu vou fazer agora? Tentei não me desesperar, eu encontraria uma solução. Quando desci do carro e me juntei as outras mães, encontrei Nádia, mãe do melhor amiguinho do meu filho e que também tinha se tornado minha amiga. — Ester, como você es
ESTER A noite de sexta-feira chegou mais rápido do que esperava. Já estava próximo do horário de sair para o aeroporto quando ouvi a campainha tocar e, instintivamente, corri para abrir a porta, mesmo estando descalça. Sabia que devia ser a babá, mas para minha surpresa, dei de cara com um homem, muito bonito por sinal.— Senhora Ester? — Sim, sou eu. — Estranhei ele saber meu nome e estar na minha porta. — Quem é você? — Meu nome é Bruno. Fui enviado pelo My nany para ficar com o seu filho durante o final de semana. — Deve haver algum engano, pois eu solicitei uma babá. — Não há engano algum, senhora. Eu sou o babá que vai ficar com o seu filho. — Mas você... Você é um homem. — Isso é um problema para a senhora? — Não. Quero dizer, sim, porque não tenho certeza se conseguirá lidar com um garotinho de 6 anos. — Não tem motivo para se preocupar porque eu fui muito bem treinado para ficar com crianças de qualquer idade, senhora. — Como poderei ter certeza disso? — perguntei de
BRUNO Eu só comecei a trabalhar de babá no My Nany porque uma amiga me indicou a empresa e eu precisava de um emprego que pudesse me ajudar a terminar de pagar a minha faculdade. O que eu não esperava era que fosse ter tantos clientes fiéis. Eu estava fazendo minha corrida matinal na beira da praia quando meu celular começou a tocar. Parei e desconectei os fones de ouvido e levei o aparelho ao ouvido. — Bom dia, Bruno. — A voz da velha recrutadora soou do outro lado da linha. — Bom dia, Paulina. — Você está disposto a trabalhar no final de semana? — Ela foi direto ao assunto. — Sim. — Então eu tenho o trabalho perfeito para você. O menino tem seis anos e a mãe precisa de alguém que possa cuidar dele durante o final de semana porque ela tem uma viagem de trabalho. — Mas e o pai? — Ao que tudo indica não existe ou simplesmente não faz parte da vida do garoto. — Posso te passar as informações por e-mail? — Fico no aguardo! Depois que encerrei a ligação, reconectei os fones e