Capítulo 8

BRUNO

Depois que pegamos Miguel na casa da Nádia, o menino veio correndo em minha direção, passando os braços ao redor do meu pescoço e deu um beijo na minha bochecha. Era tão bom poder revê-lo depois de tanto tempo.

— Você conhece o tio Bruno? — ouvi Caetano perguntar para o amiguinho enquanto voltava para o banco do motorista.

— Claro, né.

— Legal!

— Por que você não disse que conhecia o Miguel, tio Bruno?

— Queria fazer surpresa para você.

— Você me enganou. — Ele fingiu estar irritado e cruzou os braços na frente do corpo.

— Preparados para aprender a soltar pipa?

— Sim! — Eles disseram em uníssono.

— Que cor você vai querer a sua pipa, Miguelito? — chamei-o pelo apelido carinhoso que tinha lhe dado no primeiro dia que tinha ficado com ele.

— Vermelho.

— Eu sabia!

Levar os meninos para brincar fora de casa foi a melhor coisa que já fiz. Conhecendo Miguel, sabia que ele tinha muita energia acumulada para gastar, com Caetano não era diferente e os dois juntos era impensável. Depois de comprar os materiais, passamos na casa de Nádia para pegar o segundo pestinha e ela deu para ver o quanto ela tinha ficado grata por poder tirar essa responsabilidade dela, mesmo que por pouco tempo.

Quando chegamos ao clube, deixei os materiais sobre uma mesa debaixo de um guarda-sol e comecei a usar minhas antigas habilidades de fazer pipa para montar uma para cada um. Eles estavam curiosos para ver como eu faria as pipas e a todo momento pediam para ajudar.

Fiquei surpreso com a rapidez com que eles aprenderam e logo estavam correndo pelo gramado sorrindo, vendo as pipas voando alto no céu, aproveitei para tirar uma foto para enviar para Ester. Assim que se cansaram, nos jogamos na grama e tirei mais uma foto.

— Tio Bruno, eu estou com fome.

— Eu também! — Miguel afirmou.

— O que vocês querem comer?

— Hambúrguer!

— Mas a sua mãe não gosta que você coma essas coisas, Caetano.

— Ela não precisa saber, tio.

— Você sabe que mentir é feio, ainda mais se for para a sua mãe.

— Eu sei. — Ele pareceu arrependido por ter dado a ideia.

— Vamos para casa e vou fazer uma comida bem gostosa para nós três.

bom. O Miguel pode ir lá para casa?

— Mas é claro que ele vai com a gente.

Enquanto eles corriam mais um pouco, aproveitei para juntar as coisas que tínhamos trazido e fomos caminhando até o estacionamento, onde tínhamos deixado o carro. A volta para casa, foi mais sienciosa já que ambos estavam cansados de tanto fazer bagunça.

Assim que chegamos na casa de Ester, tratei de começar a fazer o almoço enquanto eles foram tomar banho para trocar a roupa suada por uma limpa. Enquanto temperava a carne, olhei pela janela da cozinha e vi que o tempo estava ficando muito nublado, nuvens escuras começavam a preencher o que ainda restava do azul.

— Tio Bruno! — Ouvi a voz de Caetano vindo do quarto.

— O que foi, pequeno?

— A gente pode jogar video-game?

Pensei em dizer que não, mas com a tempestade que estava se formando, não teria como eles brincarem do lado de fora e para que não colocassem a casa impecável de Ester abaixo, acabei cedendo.

— Só até o almoço ficar pronto. Pode ser?

bom.

Macarrão com almôndegas. A comida que marcou a minha infância e tinha certeza de que os dois pestinhas também iam adorar. Dito e feito, eles comeram como se fosse a melhor comida da face da Terra e ainda pediram para comer de novo.

Pouco tempo depois, a chuva que tinha se formado, resolveu desabar. Forte, com ventania e raios. Um verdadeiro pesadelo para qualquer um. Para completar a confusão, a luz ainda tinha acabado, fazendo com que os meninos ficassem indignados por ter interrompido a partida que eles estavam jogando.

Sem ter mais nada para fazer, eles vieram me ajudar a lavar a louça e depois fomos nos sentar no tapete da sala e comecei a contar histórias para entretê-los. Graças a Deus a luz voltou rápido e a chuva tinha ficado mais branda, sem raios e vento, acabei deixando que eles fossem brincar na chuva. Eles podiam reviver o que eu adorava fazer quando era criança. Deixar eles serem crianças de verdade e não miniaturas de suas mães.

Enquanto eles brincavam na chuva, fiquei abrigado na cadeira da varanda e aproveitei dar uma adiantada no meu desenho. Pretendia fazer uma animação sobre dois amigos que vivem muitas aventuras juntos ao redor do mundo, tinha tudo para ser um sucesso se eu conseguisse alguém que acreditasse no meu potencial e me desse uma chance. Cheguei a pensar em pedir para Ester, mas desisti porque achei que seria inapropriado e muito incoveniente, até porque a gente nem se conhecia direito.

Meu celular começou a tocar dentro da casa e corri para pegar o aparelho, vi que era uma ligação de Nádia então tratei de atender. Ela pediu que levasse Miguel para casa porque eles tinham que ir para o aniversário da sogra dela, avisei que o levaria imediatamente e encerrei a ligação.

— Miguel! Caetano! Venham se secar e trocar de roupa.

— Deixa a gente brincar só mais um pouquinho?

— A mãe do Miguel disse que ele precisa ir embora.

— Mas por quê? — Foi a vez de Miguel parecer contrariado.

— Ela disse que você tem que ir no aniversário da sua avó.

— Que chato. Eu tenho mesmo que ir?

— Sim, mocinho.

Coloquei os dois para dentro de casa e tratei de secá-los com toalhas secas e limpas. Miguel vestiu a roupa seca e sacudiu a cabeça, fazendo com que seus cachinhos arremessassem gotinhas de água por todo o banheiro.

Depois de deixar Miguel em casa, peguei o caminho de volta com Caetano. O pestinha estava muito silencioso e quando olhei pelo retrovisor, vi que ele tinha adormecido sentado na cadeirinha, provavelmente estava muito cansado. Isso era o resultado das atividades feitas ao ar livre.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo