Um Bebê para o meu chefe arrogante
Um Bebê para o meu chefe arrogante
Por: Danny Veloso
Minha luz

Eu estava exausta. Não era apenas o cansaço físico de quem andava horas pelas ruas de Nova York, batendo de porta em porta com um currículo nas mãos. Era um cansaço mais profundo, que pesava nos ombros e se infiltrava nos ossos. Um cansaço que vinha da vida, das perdas, das decepções, dos erros.

Perdi minha mãe cedo demais. Meu pai? Bem, nem sei quem ele era. Mas minha avó me criou com todo o amor que podia oferecer, e isso me bastou. Fiz de tudo para ser a menina perfeita, para não dar trabalho, para não correr o risco de perder a única pessoa da minha família que restava. Mas, mesmo assim, cometi erros. Um deles me trouxe a pessoinha mais especial do mundo, e hoje, olhando para ela, sei que cometeria esse erro mil vezes se fosse preciso.

Só que o pai dela... Ele era um idiota. Um idiota que nem sabia da existência dela e fazia questão de continuar assim. E era melhor que fosse desse jeito. Já bastava tudo o que ele tinha feito comigo, a dor, a decepção, os estragos que deixou para trás. Eu não deixaria que ele entrasse na minha vida de novo, muito menos na dela. Minha filha não precisava desse tipo de confusão. Eu não precisava.

Então, todos os dias, eu me levantava cedo e saía para procurar um emprego. Fiz faculdade, me formei. Conheci aquele bando de idiotas que, no fim das contas, só me trouxeram problemas. Engravidei logo depois de pegar o diploma, e os estágios que consegui? Me dispensaram assim que minha barriga começou a crescer. Desde então, tive que me virar de todas as formas possíveis para garantir o sustento da minha filha. Agora ela tem um ano e cinco meses, e eu preciso encontrar algo fixo, algo que me dê segurança.

Sei que muitas empresas querem experiência, e eu tenho. Mesmo que tenha sido por pouco tempo, mesmo que ninguém pareça enxergar o valor do que fiz. Só preciso de uma chance.

E é por ela, por aquela menininha que me olha com olhos cheios de confiança, que eu continuo. Todos os dias, atravesso a cidade com meu currículo em mãos, esperando que, em algum lugar, alguém me estenda essa oportunidade.

A TEC Corporation era imponente. Um gigantesco prédio de vidro que refletia a imensidão de Nova York. Quando ergui os olhos para encarar aquela estrutura, senti meu estômago se revirar. Trabalhar ali parecia um sonho distante, algo quase inalcançável. A concorrência era absurda, mas eu tinha ouvido falar sobre uma vaga de secretária executiva. Não para o Todo-Poderoso, claro, mas para o chefe do setor de tecnologia e desenvolvimento.

Eu havia estudado para isso. E mesmo sabendo que havia candidatos muito mais experientes e qualificados do que eu, eu precisava tentar. Aquela era minha última parada do dia. Entreguei meu currículo, já tarde, e saí apressada. Minha melhor amiga estava cuidando da minha filha, mas logo precisaria sair para o trabalho, e eu tinha que correr para substituí-la.

Peguei o ônibus e me joguei no assento, o cansaço pesando sobre mim como um bloco de concreto. Olhei pela janela, sem realmente enxergar nada. "Vamos ligar." Eles sempre diziam isso. Sempre. E nunca ligavam.

Talvez fosse por isso que eu estivesse tão desanimada. Eu queria voltar para casa sorrindo, feliz por mais um passo dado, esperançosa de que, em algum momento, poderia dar um futuro incrível para minha filha. Mas tudo parecia tão difícil. Tão impossível.

Engoli em seco e pisquei rápido, tentando conter a umidade que ameaçava se formar nos meus olhos. Eu não sou assim. Eu não choro.

Bati levemente no meu rosto, forçando-me a sair daquele ciclo de frustração. Respirei fundo e balancei a cabeça. Eu não posso desabar. Não na frente da minha filha. Ela precisava de uma mãe forte. Quando eu chegasse em casa, eu a receberia nos braços com um sorriso. Porque ela não podia achar, nem por um segundo, que sua mãe era uma fracassada.

Eu vou conseguir.

Quando meu ponto chegou, levantei-me e desci do ônibus, acelerando o passo em direção ao pequeno apartamento onde morava. Dividia o espaço com minha avó, que já estava cansada demais para lidar com tudo sozinha. Por isso, eu pagava o aluguel, mesmo que ela insistisse em recusar. O tempo que ela passava com Aurora era precioso. E se eu conseguisse um emprego decente, ela ficaria feliz. Seria por ela também.

Subi os cinco lances de escada-não havia elevador ali-e, ao chegar, sentia como se meus pés estivessem pegando fogo. Eu estava exausta.

Girei a maçaneta, entrei e fechei a porta atrás de mim. O alívio de estar em casa durou apenas um segundo antes de eu me impulsionar para a sala, onde ela estava.

Minha menina.

Aurora, que começava a criar coragem para dar seus primeiros passos sozinha, sorriu assim que me viu. Seus bracinhos se ergueram na minha direção, as perninhas tropeçando enquanto tentava vir até mim.

Eu me abaixei e a tomei nos braços, apertando-a contra meu peito.

Eu não queria mais soltá-la dali.

Nunca mais.

- Você fica cada dia mais fofa, sabia? - murmurei, beijando o rostinho de Aurora, sentindo sua pele macia sob meus lábios.

O riso dela ecoou pela sala, uma gargalhadinha gostosa que fazia meu peito se aquecer. Minha avó devia estar na cozinha, preparando seu chá como sempre. Eu já havia reclamado muitas vezes, dizendo que ela deveria descansar mais, mas era teimosa.

Aurora era tão pequenininha, tão fofinha, que parecia frágil como um cristal, mas ao mesmo tempo era cheia de energia. Seu cabelo loiro formava pequenos cachinhos nas pontas, e suas bochechas ficavam coradas sempre que eu a pegava no colo. Seus olhinhos brilhavam de alegria, como se eu fosse a melhor coisa do mundo.

- Obrigada, Jess. - Suspirei, vendo minha melhor amiga levantar-se do sofá depois de ter cuidado da minha filha o dia inteiro. Caminhei até ela e a abracei forte. - Prometo que quando eu finalmente for contratada, eu vou te recompensar de verdade.

Jessica revirou os olhos, soltando um meio sorriso.

- Eu já disse que você não me deve nada. Somos melhores amigas, e eu não quero nada de você. - Ela se abaixou para apertar de leve as bochechas de Aurora, que riu ainda mais. - Além do mais, eu adoro ficar com essa hiperativa. Ser madrinha dela foi a melhor coisa que aconteceu comigo, sabia? Porque, sinceramente, acho que nunca vou ter filhos. Pelo menos, vou ter ela para olhar por mim quando eu estiver velha.

Nós duas rimos, e o som da nossa alegria fez Aurora pular nos meus braços, acompanhando a brincadeira.

- Eu amo você, sabia? Você é a melhor amiga do mundo. - Meu tom foi sincero, porque era a verdade. Se não fosse por Jessica e pela minha avó, eu não sabia o que teria sido de mim. - Olha, eu não tenho nada agora, mas prometo que no fim de semana vou te recompensar.

Dessa vez, Jessica cruzou os braços e me lançou um olhar severo, as mãos firmes na cintura.

- Se você não parar com isso, eu juro que nunca mais venho aqui.

Revirei os olhos, dando um passo para trás.

- É sério, Emma. - O tom dela agora era firme. - Eu não quero dinheiro. Vocês precisam disso mais do que eu. E cuidar da Aurora não é trabalho nenhum. Afinal, sou a madrinha dela, não sou?

Suspirei, derrotada, e Jessica sorriu, satisfeita.

- Você vai conseguir esse emprego, eu sei que vai. E eu não quero nada em troca. Só a sua amizade eterna. - Ela olhou para o relógio e suspirou. - Agora eu preciso ir. Meu turno começa logo, e ainda tenho algumas coisas para fazer em casa.

Ela morava no apartamento ao lado, então tecnicamente não ia para muito longe, mas mesmo assim, não a deixei sair sem me despedir direito.

- Obrigada, de verdade.

Ela sorriu, deu um beijo na bochecha de Aurora e piscou para mim antes de sair.

Eu a observei fechar a porta e suspirei, olhando para minha filha, que ainda sorria, completamente alheia às dificuldades que eu enfrentava.

E por ela, por aquele sorriso, eu continuaria tentando.

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