Chegou o grande dia. O momento que eu esperei por tanto tempo finalmente estava diante de mim. E, claro, eu estava nervosa. Minhas mãos suavam sem parar, as pernas bambas ameaçavam me trair a qualquer instante. Respirei fundo antes de entrar naquele escritório - o mesmo onde sonhei tantas vezes estar. Era a primeira vez, depois de muito tempo, que eu pisava ali não como estagiária, mas para trabalhar de verdade.
Eu amava meu estágio. De verdade. Acreditei que ficaria ali por um bom tempo, quem sabe até conseguir uma vaga fixa. Mas não foi o que aconteceu. Quando descobri a gravidez, tudo mudou. No começo, tentei me manter firme, fingir que estava tudo bem, mas as coisas começaram a desmoronar aos poucos. Acabei sendo afastada, e, por mais que doesse, eu entendia. Quem iria querer uma estagiária grávida? Então, me recolhi. Passei meses sozinha, carregando a Aurora na barriga e o peso do mundo nos ombros. Depois que ela nasceu, as portas de emprego pareciam se fechar ainda mais rápido. Quem iria contratar uma mãe solteira? Uma mulher que teria que sair mais cedo, faltar por causa de febres inesperadas ou reuniões da escolinha? Ninguém queria esse tipo de problema. Então, dediquei meu tempo inteiro à Aurora. Trabalhei em pequenos bicos daqui e dali, só o suficiente para manter as contas em dia. E, mesmo assim, eu estava feliz. Ela era tudo para mim. Mas agora... agora ela está crescendo. Já começa a andar com passinhos trêmulos e sorridentes. Já me dá tchauzinho com a mãozinha gordinha quando eu saio. E mesmo que isso parta meu coração, eu sei que ela precisa que eu faça isso. Precisa que eu lute por nós duas. Esse emprego... era exatamente o que eu precisava. Um salário fixo, plano de saúde para mim, para ela, e até para a minha avó, que já está velha demais para se preocupar com qualquer coisa. Eu sabia que o trabalho não seria fácil. O homem para quem eu iria trabalhar era conhecido por ser arrogante, difícil, e impiedoso com quem errasse. Mas eu não me importava. Podia ser o próprio diabo - eu faria o possível e o impossível para manter essa vaga. Coloquei meu terninho novo - o mais barato que consegui encontrar - e os sapatos que, por enquanto, não machucavam meus pés. Ainda não tinha corrido para pegar o ônibus, então a dor viria depois. Me abaixei para dar um último beijo na testa da Aurora, que brincava com um bichinho de pelúcia. Foi difícil sair. Mais difícil do que eu imaginava. Dessa vez o expediente seria longo. Sem pausas. Sem voltar para vê-la no almoço. Deixei-a aos cuidados da minha avó, sabendo que ela não poderia fazer isso por muito tempo. Era velha demais, e Aurora merecia mais. Talvez um dia pudesse passar mais tempo com o pai, se ele quisesse isso. Mas, por enquanto, era isso que eu tinha. E eu faria dar certo. Saí de casa com o coração apertado, mas a cabeça cheia de promessas. Eu conseguiria esse emprego. Eu seria a melhor secretária que aquele homem já teve. Porque por trás do nervosismo, do medo e das incertezas, estava o amor incondicional por minha filha. E por ela, eu faria qualquer coisa. - Não precisa se preocupar - minha avó disse com um sorriso suave, enquanto colocava a Aurora sobre o tapetinho colorido, rodeada de brinquedos espalhados ao redor. A pequena soltou um risinho, batendo as mãos no chão, completamente alheia ao turbilhão de sentimentos que crescia dentro de mim. Eu respirei fundo, tentando afastar a angústia do peito. Me aproximei da minha avó e a abracei com força, sentindo sua fragilidade e, ao mesmo tempo, sua força que parecia inabalável. Depositei um beijo em sua testa enrugada. - Eu sei, vó... só não quero te dar muito trabalho. A Aurora ainda é tão pequena, e às vezes ela chora tanto... Ela segurou meu braço com firmeza, me interrompendo com aquele olhar cheio de ternura e autoridade que só ela sabia fazer. - Não importa, querida. Eu vou cuidar dela assim como cuidei de você. Engoli em seco. Ouvir isso mexia comigo mais do que eu imaginava. - Vai dar tudo certo - ela continuou -. Foque no trabalho. É o seu sonho, e você merece isso. Assenti, mesmo com o nó na garganta. Dei mais um beijo em sua testa e me virei para sair. Cada passo em direção à porta parecia pesar mais que o anterior. Quanto mais eu ficava ali, mais eu queria desistir, sentar no chão e passar o dia inteiro com elas. Mas minha avó estava certa. Era hora de focar. Por nós três. Desci os lances de escada apressada, sentindo o coração apertado e a ansiedade fervendo por dentro. Peguei o ônibus no último segundo, respirando aliviada ao me sentar em uma das cadeiras vazias. Apoiei a testa na janela fria, observando as ruas de Nova York passarem em borrões. Meus pensamentos logo se perderam no passado, naquele período escuro que eu evitava lembrar. Mas ele sempre voltava. O momento em que tudo desmoronou. Aquele desgraçado que cruzou meu caminho e arruinou minha vida em questão de meses. Ele havia me ligado uma última vez, como se fosse algum tipo de despedida, e eu esperava do fundo da alma nunca mais vê-lo novamente. O barulho da campainha do ônibus me trouxe de volta à realidade. Percebi, com um pulo, que quase tinha perdido meu ponto. Levantei apressada, pedindo licença, e desci correndo pelas portas antes que elas se fechassem. Agora precisava caminhar mais alguns quarteirões até o prédio da TEC Corporation - a nova sede onde começaria minha jornada. Aquele arranha-céu, imponente e frio, parecia me engolir viva enquanto eu me aproximava. Meu estômago se revirava a cada passo. O que eu estava prestes a enfrentar era mais do que apenas um novo emprego. Havia lido sobre o meu futuro chefe - arrogante, perfeccionista e conhecido por não ter paciência com erros. Depp, meu antigo colega, também havia me alertado sobre ele, descrevendo sua personalidade com detalhes que me deixaram em alerta. Mas nada disso importava. Eu suportaria tudo - seus olhares duros, suas críticas afiadas - qualquer coisa, para me manter ali. Eu precisava desse emprego. Precisava provar que era capaz. Apertei a bolsa contra o corpo, respirei fundo e entrei no prédio. Hoje seria o primeiro dia do resto da minha vida. Entrei pela porta giratória junto com o fluxo de pessoas, sentindo o coração acelerar a cada passo. Passei meu crachá na catraca e esperei o bip confirmar minha entrada. Um som simples, mas que me trouxe uma estranha sensação de realidade. Eu estava mesmo ali. Segui em direção aos elevadores, onde uma pequena multidão já se aglomerava, todos apressados, checando relógios ou murmurando bom-dia. Entrei em um dos elevadores abarrotados, espremida entre um homem de terno e uma moça que cheirava a perfume doce demais. Meus olhos se fixaram no painel iluminado enquanto o elevador subia lentamente. A cada andar, meu estômago dava um nó mais apertado. Ansiedade, nervosismo... e, de certo modo, até um pouco de empolgação. Eu queria comemorar por estar ali, mas a incerteza sobre o que me esperava me travava. Não fazia ideia de como seria o dia ao lado dele. O homem que me deixava nervosa só de pensar. Seu olhar firme e penetrante já havia me desarmado na primeira vez que o vi. Ele tinha uma beleza quase irreal, daquelas que você vê em revistas ou filmes. Uma beleza marcante, com traços fortes, herança óbvia do pai - eu sabia o suficiente sobre a família dele para reconhecer isso. Mas o que eu me perguntava era se sua personalidade arrogante também era um presente hereditário. O elevador foi esvaziando aos poucos, andar por andar. Um suspiro de alívio escapou quando fiquei sozinha. O visor marcava o último andar executivo. Quando as portas se abriram, me deparei com um corredor silencioso e intimidador. Parecia que o prédio inteiro respirava sofisticação ali. Coloquei um pé para fora e caminhei devagar, absorvendo cada detalhe. O chão tão polido que parecia molhado, as plantas estrategicamente posicionadas em vasos altos e minimalistas, as paredes adornadas com quadros modernos. Cada sala era separada por enormes portas de vidro, revelando ambientes impecáveis. Respirei fundo e segui até meu posto. Minha mesa estava ali - simples, mas elegante. Um computador de última geração, uma cadeira confortável, canetas alinhadas perfeitamente. Quase não acreditei. Um sorriso bobo escapou, e percebi minhas bochechas doendo de tanto sorrir. Era como estar em um daqueles sonhos bons... mas que você sabe que vai acabar em breve. Eu precisava me recompor. E rápido. Deby havia me dado as orientações mais importantes antes do meu primeiro dia. A principal delas? O café. "Preto, forte e dois pingos de adoçante. Nem mais, nem menos." Aparentemente, o humor dele dependia daquela xícara perfeita logo pela manhã. Segui para a copa com passos hesitantes, tentando não deixar a ansiedade me dominar. Meus pensamentos martelavam a receita em um mantra repetitivo enquanto eu preparava o café, medindo cuidadosamente cada detalhe. O cheiro forte invadiu o ambiente, mas eu mal consegui relaxar. O som distante de passos firmes ecoou pelo corredor. Meu coração disparou. Ele estava chegando. Apertei a alça da xícara, tentando não tremer, e respirei fundo. Eu precisava acertar isso. Era só café. Não tinha como errar... certo? Mas, mesmo assim, meu estômago revirava, e o barulho do relógio parecia gritar no silêncio. O primeiro encontro real estava prestes a acontecer. E eu precisava estar preparada. Quando voltei à minha mesa, ele ainda não havia chegado. Um pequeno alívio percorreu meu corpo, mas não durou muito. Coloquei a bandeja com o café em cima da mesa, mas minhas mãos ainda tremiam de nervosismo. Meus dedos mexiam inquietos no anel fino que eu usava - o único que restara da minha mãe. Era meu amuleto, meu lembrete silencioso de força. Mas, naquela manhã, minhas mãos estavam tão suadas que o anel escorregou. - Droga - sussurrei, vendo-o quicar no chão polido antes de rolar embaixo da mesa dele. Me abaixei imediatamente, sentindo o coração acelerar. Aquele lugar era tão grande e silencioso que até o som do anel rolando parecia ecoar. Enquanto eu tateava pelo chão frio, o barulho de passos firmes e ritmados ecoou pelo corredor. Ele estava chegando. Encontre o anel, agora!, pensei, apressada. Mas o maldito parecia ter se escondido de mim de propósito. Eu já estava ajoelhada atrás da mesa dele, procurando desesperadamente, quando ouvi sua voz fria e impassível: - Atrasada. Não estou surpreso. É claro que ela estaria atrasada. Um ponto a menos. Meu estômago revirou, e só então meus dedos encontraram o anel, enroscado perto de uma das pernas da mesa. Levantei-me apressada, batendo levemente o topo da cabeça na madeira. Quando finalmente me endireitei, ele estava ali - parado, olhando para a frente, completamente alheio à minha presença atrás da mesa. - Bom dia, chefe - falei, limpando a garganta para chamar sua atenção. Ele se virou tão rápido que quase deixou cair a maleta que carregava. Seus olhos se arregalaram por um segundo antes de estreitarem, desconfiados. - O que você estava fazendo aí? - perguntou, cruzando os braços. Levantei a mão, mostrando o anel entre os dedos antes de colocá-lo de volta no lugar. - Deixei isso cair. Contornei a mesa e voltei ao meu lugar, tentando agir com a maior naturalidade possível. - O café está pronto - informei, dando um pequeno sorriso. - E vou começar o meu trabalho agora. Não se preocupe, sou bem pontual. Não precisa me dar pontos negativos por isso. Houve um breve silêncio enquanto ele me observava. Senti seu olhar percorrer meu corpo dos pés à cabeça - e, mesmo me dizendo para ignorar, não pude evitar o leve arrepio que subiu pela minha espinha. Mas esse não era um encontro casual com um estranho bonito na rua. Esse era meu trabalho. E ele era meu chefe. O homem finalmente desviou o olhar, colocando seus pertences sobre a mesa antes de notar a xícara de café fumegante. - Será que você acertou? - murmurou, pegando a xícara com uma sobrancelha arqueada. Eu segurei o fôlego enquanto ele levava o café aos lábios. Aposto que ele queria encontrar algum defeito só para me criticar. Mas eu tinha certeza que havia seguido as instruções à risca. Ele tomou um gole, franziu a testa e depois experimentou outro. Por um segundo, achei que ele fosse apontar algo, mas então balançou a cabeça levemente. - É... aparentemente está bom - disse, um sorriso confiante surgindo em seu rosto. Me observou por mais alguns segundos antes de dar um passo em direção à mesa. - Volte ao trabalho. Você ainda tem muito o que aprender. Engoli em seco, mas mantive o sorriso no rosto. - Claro. Pode deixar. E assim o jogo começava. Eu só precisava aguentar. E, quem sabe, até vencer.Noah tamborilava os dedos contra a mesa, o som seco ecoando pela sala silenciosa. Estava mais nervoso do que o normal - e ele sabia disso. Aquele lugar, que antes representava um refúgio de ordem e previsibilidade, agora parecia uma armadilha onde sua mente vagava para longe do trabalho. Precisava se concentrar. Havia prazos, números, decisões importantes. Mas, em vez disso, sua atenção escorregava para a nova secretária.Ele mesmo a havia escolhido, com cuidado. O currículo era impecável, a postura profissional, o olhar focado. Era tudo o que Noah esperava - alguém que cumprisse suas funções sem interrompê-lo, sem atrapalhar seu fluxo de trabalho. E, ainda assim, ali estava ele, completamente tenso, como se ela tivesse feito algo errado. Mas ela não tinha.Ele se odiava por isso. Odiava a forma fria e distante com que a tratava, mesmo sabendo que ela não merecia. Não conhecia a mulher além de seu nome e cargo, mas havia algo ali, algo que o incomodava de uma maneira inexplicável. E i
Era o meu primeiro dia, e a mistura de empolgação e nervosismo fazia meu estômago revirar. Eu tentava me concentrar no trabalho, mas tudo mudou quando Noah me chamou até sua sala. Esperei por uma bronca ou um comentário ríspido - afinal, minha visão sobre ele era clara: um chefe arrogante, hiperpotente e acostumado a ter todos aos seus pés. Mas ele me surpreendeu."Me desculpe se fui ríspido mais cedo", ele disse, sua voz soando firme, mas com um toque de honestidade. Por um segundo, fiquei desconcertada. Eu não esperava isso. Ele parecia ser o tipo de homem que jamais admitiria um erro, mas ali estava, olhando nos meus olhos com uma sinceridade quase desconcertante.Saí da sala sem saber o que pensar. Era só um pedido de desculpas, certo? Mas algo em sua postura, no jeito como suas palavras soaram, não saía da minha cabeça. Eu devia confiar nisso? Ou era apenas uma fachada bem construída?"Você é só a secretária dele, Emma", murmurei para mim mesma, tentando afastar qualquer pensamen
A comida chegou pontualmente, exatamente como eu havia reforçado no telefone. O entregador trouxe a embalagem elegante em uma bandeja de três andares, cada um perfeitamente organizado. Suspirei aliviada e levei tudo direto para a copa, onde me dediquei a organizar o almoço de Noah seguindo as instruções detalhadas deixadas pela antiga assistente.Ele tinha manias peculiares - e isso era dizer pouco. Os talheres precisavam estar dispostos em uma ordem específica, o guardanapo dobrado em um triângulo exato, e cada prato posicionado em um ângulo quase matemático na bandeja. Uma parte de mim queria rir, mas a outra entendia perfeitamente que errar um detalhe mínimo poderia arruinar o humor dele pelo resto do dia - e, quem sabe, até me custar o emprego. Eu não podia arriscar. Esse trabalho era minha chance de dar uma vida melhor para minha família, e eu faria o que fosse preciso para mantê-lo.Ainda assim, eu me pegava pensando nas razões por trás dessas manias. O que levava alguém a quere
Esse homem pretende me enlouquecer no primeiro dia. De uma hora pra outra, ele se tornou alguém estranhamente diferente do que eu conheci. Ainda havia aquela pitada de arrogância, claro, mas agora vinha acompanhada de uma preocupação que me deixava inquieta. Ele não me conhecia. Foi absurdamente arrogante quando me contratou e, agora, tentava cuidar de mim? Oferecendo seu próprio prato para que eu comesse?Não, isso eu não podia aceitar. Seria humilhante. Como se eu fosse uma necessitada, alguém incapaz de garantir a própria refeição. Não que aceitar comida fosse um crime, mas eu me recusava a ser vista por ele com esse olhar de caridade.Respirei fundo, mantendo a postura e esboçando um sorriso elegante. Aprendi que, em situações como essa, manter a compostura era essencial.- Eu agradeço bastante, mas estou confortável com a minha posição. E quando digo que estou satisfeita com o que trouxe, é porque realmente estou, senhor. - Minha voz soou firme, embora por dentro eu me sentisse r
O ambiente ao nosso redor parecia se dissolver à medida que caminhávamos lado a lado. Eu ainda tentava entender por que Noah Novack, um homem de status intocável, havia abandonado seu jantar refinado para me acompanhar até a lanchonete. Quer dizer, não era exatamente uma lanchonete qualquer – aquele lugar, dentro do enorme prédio da empresa, parecia mais um restaurante disfarçado de cafeteria. Mesmo assim, não fazia sentido. Ele poderia estar na sua sala, cercado de luxo, mas estava ali, comigo.Não sei se o acho estranho ou... Não sei. Educado demais? Cuidadoso? O homem nem me conhece e já está fazendo tanto drama só porque recusei comer a comida que, de certa forma, eu mesma pedi para ele. Ou melhor, que paguei com o dinheiro dele. Bom, não exatamente paguei – apenas fiz o pedido, e tudo saiu do cartão ilimitado do chefe.Mas, de alguma forma, essa pequena escolha virou um evento. Agora, caminhávamos juntos entre as mesas lotadas, e eu sentia os olhares curiosos ao nosso redor. Não
Eu realmente não fazia ideia do que tinha dado em mim naquele último dia. Parecia que, de uma hora para outra, eu tinha me transformado completamente. Não que eu não fosse educado ou gentil com as pessoas-eu era. Mas com a minha nova secretária, foi diferente. Havia algo nela que, de forma inesperada, me fez respeitá-la de um jeito que não fazia com qualquer um.Acredite, eu odiava sair da minha rotina. Gostava do mesmo restaurante, das mesmas comidas, dos mesmos horários. Não havia surpresas, e era assim que eu gostava. Mas bastou essa mulher chegar para tudo mudar. E o mais estranho? Eu nem estava chateado com isso.Não era como se eu tivesse largado tudo para ir até a cantina-não que houvesse algo de errado com isso. Mas eu odiava estar perto de pessoas. Sempre fui assim, e muitos achavam estranho, como se fosse um defeito. Para mim, era apenas uma opção confortável.A questão era Emma.Quando soube que ela comeria apenas um sanduíche, aquilo me pareceu um absurdo. Trabalhara o dia
Noah estava mais distraído do que o normal. Mais do que gostava de admitir. Afinal, distrações eram algo que ele odiava. Mas, por mais que tentasse se concentrar, sua mente sempre voltava para Emma. Nunca antes havia prestado tanta atenção em uma mulher. Nunca antes havia notado com tanta precisão os detalhes de alguém-o formato sutil dos lábios dela quando sorria, o brilho sedoso de seus cabelos que ele queria sentir entre os dedos, ou a suavidade de sua pele, que parecia tão delicada ao toque.Ela não havia contado muito sobre sua história, mas apenas o suficiente para que ele se sentisse intrigado. Para que sentisse aquela conexão inexplicável. E isso o incomodava.Noah não percebeu que estava imerso em seus próprios pensamentos até ouvir a risada baixa do irmão.Luke estava encostado no batente da porta, os braços cruzados e um sorriso zombeteiro no rosto. Desde que foi adotado, ele nunca tinha visto Noah assim. Nunca o vira perder o foco por causa de alguém. E, claro, não perderi
Eu estava confusa. Muito confusa com tudo o que acontecia.Meu chefe... bem, eu achei que estivesse preparada para lidar com o jeito arrogante dele desde o início. Mas foi estranho. No primeiro dia, ele passou de um homem presunçoso para um sedutor educado, atento aos detalhes que me agradavam. Isso me pegou desprevenida. A primeira impressão me deixou assustada, na defensiva. Mas, de alguma forma, ele corrigiu as coisas.E acho que fez a coisa certa.Não que eu devesse esperar isso dele. Afinal, ele é meu chefe. Não me deve nada. Apenas respeito. E, convenhamos, um chefe respeitoso já era mais do que suficiente.Agora, sentada no tapete da sala, observando minha menininha brincar, me pego pensando naquele homem.Eu nem notei o que ela segurava, muito menos o que tentava colocar na boca. Só percebi quando a voz da minha avó me puxou de volta à realidade.- Querida, você está bem?Balancei a cabeça, espantando os pensamentos. O olhar dela, curioso e atento, me analisava como se tentass