Noah estava mais distraído do que o normal. Mais do que gostava de admitir. Afinal, distrações eram algo que ele odiava. Mas, por mais que tentasse se concentrar, sua mente sempre voltava para Emma. Nunca antes havia prestado tanta atenção em uma mulher. Nunca antes havia notado com tanta precisão os detalhes de alguém-o formato sutil dos lábios dela quando sorria, o brilho sedoso de seus cabelos que ele queria sentir entre os dedos, ou a suavidade de sua pele, que parecia tão delicada ao toque.Ela não havia contado muito sobre sua história, mas apenas o suficiente para que ele se sentisse intrigado. Para que sentisse aquela conexão inexplicável. E isso o incomodava.Noah não percebeu que estava imerso em seus próprios pensamentos até ouvir a risada baixa do irmão.Luke estava encostado no batente da porta, os braços cruzados e um sorriso zombeteiro no rosto. Desde que foi adotado, ele nunca tinha visto Noah assim. Nunca o vira perder o foco por causa de alguém. E, claro, não perderi
Eu estava confusa. Muito confusa com tudo o que acontecia.Meu chefe... bem, eu achei que estivesse preparada para lidar com o jeito arrogante dele desde o início. Mas foi estranho. No primeiro dia, ele passou de um homem presunçoso para um sedutor educado, atento aos detalhes que me agradavam. Isso me pegou desprevenida. A primeira impressão me deixou assustada, na defensiva. Mas, de alguma forma, ele corrigiu as coisas.E acho que fez a coisa certa.Não que eu devesse esperar isso dele. Afinal, ele é meu chefe. Não me deve nada. Apenas respeito. E, convenhamos, um chefe respeitoso já era mais do que suficiente.Agora, sentada no tapete da sala, observando minha menininha brincar, me pego pensando naquele homem.Eu nem notei o que ela segurava, muito menos o que tentava colocar na boca. Só percebi quando a voz da minha avó me puxou de volta à realidade.- Querida, você está bem?Balancei a cabeça, espantando os pensamentos. O olhar dela, curioso e atento, me analisava como se tentass
O sol brilhava suavemente sobre o parque, filtrando-se entre as folhas das árvores e criando padrões de luz e sombra na grama macia. Emma respirou fundo, tentando acalmar o nervosismo que insistia em borbulhar dentro dela. Era ridículo estar tão inquieta-estava apenas aproveitando um momento de tranquilidade com sua filha, algo que sempre quis fazer, mas que o medo lhe roubara tantas vezes antes. O medo. Sempre ele. Um fantasma que a acompanhava desde que aquele homem invadiu sua vida e transformou tudo em caos. Mas Emma recusava-se a continuar refém de sombras do passado. Não podia dar a ele esse poder.Ainda assim, a tensão permanecia ali, como um lembrete incômodo. Afastou os pensamentos e focou na filha, rindo baixinho ao ver a menina brincar com uma pequena flor em suas mãos. Era um momento simples, mas precioso.Do outro lado do parque, Noah estava distraído, o olhar perdido enquanto tentava afastar os pensamentos que seu irmão tinha plantado em sua cabeça. Era absurdo-ridículo,
O silêncio no carro era estranho, carregado por uma tensão que eu não sabia nomear. As luzes da cidade ficavam para trás, e a cada quilômetro percorrido, Nova Iorque se tornava uma lembrança distante. Eu deveria estar preocupada. Talvez até assustada. Mas havia algo em Noah que me prendia ali, mesmo sem entender o porquê.Eu ainda sentia o peso da decisão impulsiva. Não fazia sentido ter aceitado aquele convite, ainda mais com Aurora no colo. Eu deveria ter recusado. Deveria ter seguido meu caminho, voltado para casa e me protegido no meu pequeno mundo isolado. Mas, em vez disso, estava ali, observando o reflexo das luzes da estrada no vidro do carro, tentando decifrar o homem que dirigia ao meu lado.Noah segurava o volante com firmeza, os dedos tensos contra o couro, como se precisasse se agarrar a alguma certeza. Seu maxilar marcado estava rígido, os olhos presos na estrada à frente, mas eu sabia que ele me sentia ali, que notava cada pequeno movimento meu. Ele parecia tão nervoso
Eu não sabia o que estava fazendo ali, nem por que tinha aceitado aquele convite. Com o homem e o menino nos braços, caminhei lentamente pela propriedade, tentando entender meu lugar naquele cenário. O terreno era vasto, protegido por seguranças que mantinham um olhar atento à distância. Devia haver empregados, mas talvez estivessem escondidos nos campos que cercavam a imensa casa.Fiquei do lado de fora por um momento, absorvendo a paisagem ao redor. A arquitetura moderna se erguia imponente, contrastando com as árvores antigas que cercavam o caminho até o lago, não muito longe dali. Era tudo perfeito, quase irreal. Um mundo no qual eu nunca pensei que adentraria – e, no fundo, sabia que não fazia parte dele. Apenas havia sido convidada.Nossa realidade era bem diferente. Enquanto eu lutava para sobreviver com uma menina e uma senhora já de idade, meu chefe trabalhava sentado atrás de sua mesa, delegando ordens, tomando decisões que garantiriam seu futuro e o de muitas gerações. Para
Noah não sabia o que iria fazer. Simplesmente estava ferrado.Trouxe uma mulher que mal conhecia para o seu refúgio mais íntimo, um lugar onde costumava se sentir confortável, perdido entre as memórias do passado. Mas Emma era tão diferente. E aquela menininha... Aurora parecia trazer luz para uma casa que há tempos estava mergulhada na escuridão.Bem, ele gostava de ser melancólico. O silêncio, a solidão, a nostalgia que impregnava cada canto daquele espaço eram como velhos amigos. Desde que sua avó se foi, a casa perdeu o brilho. Ele perdeu tudo. A tristeza consumiu sua avó até o último suspiro. Diziam que ela morreu de saudade, de solidão, mesmo cercada por filhos e netos. Noah entendia isso. Talvez ele também estivesse seguindo pelo mesmo caminho, lentamente.A casa afastada do mundo era um refúgio acolhedor para ele. Um lugar onde poderia existir sem grandes expectativas, sem precisar sorrir ou fingir que estava bem. Mas trazer Emma para cá... foi inesperado.O mais estranho foi
O dia de ontem foi, no mínimo, surpreendente. A folga já tinha sido inesperada, mas depois veio todo o resto-e, sinceramente, ainda não sei como processar. Me encontrar com o meu chefe. Ser levada para um lugar estranho, que para ele era um refúgio. A casa enorme, luxuosa, completamente fora da minha realidade. E então, ele cozinhou para mim. Nós jantamos como se fôssemos velhos amigos, como se não houvesse hierarquia entre nós, como se tudo aquilo fosse normal.Mas não era.O tempo todo, tentei entender aquele homem, decifrar o que se passava em sua cabeça, mas era impossível. Ele parecia uma contradição ambulante-distante e acessível ao mesmo tempo. O que ele queria de mim? O que significava aquele momento? Talvez eu nunca descobrisse. Só sei que... Foi estranho. Estranho de um jeito que grudava na pele, que ficava martelando na mente sem parar. E eu sabia que, por mais que tentasse, aquilo nunca sairia completamente da minha cabeça.Quando finalmente deixei aquele lugar e voltei pa
Eu pigarreei, desviando a atenção, fingindo um interesse repentino na frigideira. Meus olhos se fixaram nela, como se aquele simples objeto pudesse me salvar da situação. Mas meu rosto... ah, meu rosto estava queimando. Não que eu estivesse fazendo algo errado, mas os meus pensamentos... bem, esses eram outra história. Pecaminosos. Intensos. E completamente fora de controle.Isso é uma loucura.Um calor subiu pelo meu corpo, e nem sequer pude me abanar. Isso entregaria o meu desconforto. Ou melhor, o que eu realmente senti ao ver aquele homem de peito nu, músculos definidos e apenas uma calça de moletom pendendo em seus quadris. Como se ele fosse um deus grego esculpido em carne e osso bem na minha frente. Droga. Se pelo menos ele fosse o diabo, seria mais fácil de lidar. Eu poderia detestá-lo. Mas não. Tudo nele era um convite para a perdição.O que eu vou fazer? Como posso controlar meus pensamentos se ele está tornando isso impossível?- Desculpe, eu não sabia que você tinha chegad