Emma Ver Patrick ontem me deixou apavorada. Aquele homem voltando para a minha vida, sem ser chamado ou anunciado, me deixou em pânico. Ele era o meu maior medo. O que faria se descobrisse sobre Aurora? Bem, pelo visto, sua missão era me atormentar. Sair mais cedo da empresa realmente me ajudou a lidar com o susto. Ficar perto da minha menina, abraça-la, sabendo que estava bem, era tudo o que eu mais desejava. Mal consegui dormir à noite, como se Patrick estivesse no escuro, no canto da parede, apenas a espera de que eu fechasse os olhos só para me atormentar. Mas era coisa da minha cabeça. Acredito que o cansaço me venceu, pois nem me lembro quando finalmente adormeci. O despertador me acordou no susto. Logo levantei, fui ao banheiro, escovei os dentes e ouvi o chamado de Aurora. Com ela nos braços eu tentei fazer tudo ao mesmo tempo, mas acredito que acabei me atrapalhando toda. Graças a Deus eu tinha a minha avó, que me ajudou com as coisas, e logo a babá, que eu conseguia pag
emma aquela manhã estava sendo estranha pelo fato do meu chefe está agindo calmamente e educado, como se no dia anterior ela não tivesse mudado, completamente, de personalidade, depois do café. Claro, ele poderia está pegando leve por conta do que aconteceu no escritório. Contudo, no geral, Noah me deixou confusa de muitas formas. era até sufocante, pensando no que se passava em sua cabeça. No carro, o silencio era ensurdecedor. Eu nem queria respirar, para não gerar alguma irritação nele, achando que, novamente, ele mudaria. Contudo, fiquei surpresa quando foi ele quem começou uma conversa. - Então – Apertei os punhos, como se já esperasse algo ruim. Ou ele apenas me lembraria de algum compromisso inesperado. – Sei que não é da minha conta – E por aí eu já sabia que vinha alguma pergunta desconfortável. – Mas, aquele babaca não faz ideia que tem uma filha com você? Ok. Eu não estava esperando por isso. Suportaria qualquer grosseria, vinda dele, contudo, essa pergunta? Pigarrei
Quando eu recebi aquela mensagem, fiquei paralisada. Meus olhos corriam pelas palavras, lendo e relendo, como se, ao repetir, pudesse mudar o significado. Mas não mudava. O peso daquela realidade caiu sobre mim como um soco no estômago.Eu não conseguia pensar direito, sequer respirar de forma estável. Apenas levantei.Meus dedos estavam trêmulos enquanto reunia minhas coisas às pressas, enfiando tudo dentro da bolsa de qualquer jeito. O zíper enganchou na borda, e um xingamento escapou dos meus lábios. Minhas pernas fraquejaram, mas eu segurei firme na beira da mesa. Não era a hora de desmoronar.Não agora.Engoli em seco, puxei o ar e forcei meu corpo a se mover. Eu não podia me dar ao luxo de hesitar.Mal percebi quando as lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto, quentes e silenciosas, enquanto meu peito afundava em desespero. Meus passos estavam incertos, como se o chão estivesse longe demais, como se meu corpo já não me obedecesse.Eu nem sabia como chegaria em casa. Só cons
A sala era pequena, mas não acolhedora. A luz amarelada do lustre lançava sombras duras nas paredes bege, criando um jogo de luz e escuridão que refletia perfeitamente a tensão no ar. A mobília era simples-um sofá escuro, uma mesa de centro com marcas de uso, estantes baixas com livros desarrumados. Mas nada daquilo importava. O ambiente parecia menor do que realmente era, sufocante, porque a presença dele tornava tudo mais pesado.Eu podia ouvir minha própria respiração, profunda e descompassada, enquanto tentava conter o impulso de atravessar a sala e esmagar o rosto daquele desgraçado contra a parede. Meus punhos já estavam cerrados, os músculos do meu corpo retesados como se tivessem sido programados para atacar.Ele estava ali, diante de mim, com aquele maldito olhar de deboche, como se realmente achasse que eu não faria nada. Como se acreditasse que podia tocá-la, ameaçá-la, sem consequências. Eu havia avisado. E eu não costumo fazer ameaças vazias.Ela estava ao lado, um pouco
Eu estava exausta. Não era apenas o cansaço físico de quem andava horas pelas ruas de Nova York, batendo de porta em porta com um currículo nas mãos. Era um cansaço mais profundo, que pesava nos ombros e se infiltrava nos ossos. Um cansaço que vinha da vida, das perdas, das decepções, dos erros.Perdi minha mãe cedo demais. Meu pai? Bem, nem sei quem ele era. Mas minha avó me criou com todo o amor que podia oferecer, e isso me bastou. Fiz de tudo para ser a menina perfeita, para não dar trabalho, para não correr o risco de perder a única pessoa da minha família que restava. Mas, mesmo assim, cometi erros. Um deles me trouxe a pessoinha mais especial do mundo, e hoje, olhando para ela, sei que cometeria esse erro mil vezes se fosse preciso.Só que o pai dela... Ele era um idiota. Um idiota que nem sabia da existência dela e fazia questão de continuar assim. E era melhor que fosse desse jeito. Já bastava tudo o que ele tinha feito comigo, a dor, a decepção, os estragos que deixou para t
Muitas pessoas reclamam do meu jeito, mas não ligo. Sou o filho mais velho-pelo menos, o mais velho da minha mãe-de uma família grande. Meus pais eram o casal perfeito, daqueles que pareciam ter saído de um livro. Amavam os filhos com um amor incondicional, algo que sempre invejei. Minha infância foi perfeita. Nasci em uma família rica, cercado de conforto e privilégios. Tive irmãos adotivos, mas a mais nova, essa sim, era minha lógica.Minha mãe tinha uma história complicada, e talvez por isso fosse tão desconfiada das pessoas. Mas, com o tempo, ela mudou. Se transformou por causa dos filhos. E era invejável. Eu cresci observando o relacionamento dela com meu pai-um amor que só se intensificava com os anos. Meu pai sempre foi meu espelho. Ele protegia a família como um cão de guarda, mas dentro de casa... era outra pessoa. Minha mãe o dominava com um olhar. Tudo o que queria, conseguia com um estalar de dedos ou um silêncio carregado. E ele obedecia. Eu queria ser como ele.Afinal, h
Acordei cansada. Aurora dormira a noite inteira, mas o peso em meu corpo não vinha da falta de sono. Vinha do medo, da exaustão de estar sempre alerta.Despertei quando senti seu corpinho se remexer ao meu lado. Dormíamos na mesma cama porque não tínhamos um colchão extra, não tínhamos móveis supérfluos, nem mesmo lixo acumulado - eu não podia me dar ao luxo de desperdiçar nada. Mas, no fundo, não era só a falta de dinheiro que me fazia querer tê-la tão perto. Era o medo. Medo de que alguém aparecesse no meio da noite, arrombasse a janela e levasse minha menina de mim. Claro, era uma fantasia absurda... Mas, para uma mãe, era um medo real, constante, impossível de ignorar.E talvez esse pavor viesse do próprio pai dela.Eu não sabia que ele era um cafajeste quando o conheci. Não sabia que, por trás dos gestos carinhosos e das palavras doces, se escondia um homem perigoso. Durante meses, ele me tratou como uma rainha, fez eu me sentir especial, desejada, amada. E então, quando já não h
Eu estava completamente nervosa, sentindo como se o peso do mundo estivesse pressionando meus ombros. Aquela era a minha chance - a oportunidade de mudar tudo. Fechei os olhos por um breve segundo e respirei fundo, tentando acalmar o coração acelerado. Eu era grata pelo que tinha, claro. O emprego na lanchonete, por mais desgastante que fosse, pagava o aluguel do meu minúsculo apartamento em Nova York - o que já era uma vitória por si só. Também dava para comprar os remédios da minha avó e colocar comida na mesa. Mas estava longe de ser suficiente.E era por isso que eu estava ali. O cargo de secretária de um executivo significava um novo patamar. Um salário digno. Digno o bastante para me dar um respiro e cuidar da minha filha sem me preocupar se o dinheiro acabaria antes do mês. Eu precisava desse emprego. Não por mim, mas por ela.Me ajeitei na cadeira da sala de espera, alisando inutilmente o tecido amassado da minha saia. O som ritmado do meu salto batendo contra o chão quebrava