Acordei cansada. Aurora dormira a noite inteira, mas o peso em meu corpo não vinha da falta de sono. Vinha do medo, da exaustão de estar sempre alerta.
Despertei quando senti seu corpinho se remexer ao meu lado. Dormíamos na mesma cama porque não tínhamos um colchão extra, não tínhamos móveis supérfluos, nem mesmo lixo acumulado - eu não podia me dar ao luxo de desperdiçar nada. Mas, no fundo, não era só a falta de dinheiro que me fazia querer tê-la tão perto. Era o medo. Medo de que alguém aparecesse no meio da noite, arrombasse a janela e levasse minha menina de mim. Claro, era uma fantasia absurda... Mas, para uma mãe, era um medo real, constante, impossível de ignorar.
E talvez esse pavor viesse do próprio pai dela.
Eu não sabia que ele era um cafajeste quando o conheci. Não sabia que, por trás dos gestos carinhosos e das palavras doces, se escondia um homem perigoso. Durante meses, ele me tratou como uma rainha, fez eu me sentir especial, desejada, amada. E então, quando já não havia mais barreiras entre nós, ele mostrou quem realmente era. Se tornou obsessivo, possessivo. Até que a verdade veio como um golpe: ele era casado.
E não parava por aí. Quando tentei ir embora, ele me ameaçou. Disse que, se eu ousasse abrir a boca, ele mataria a esposa. Não era isso que eu queria. Eu só queria sumir, esquecer que ele existia. E, por um tempo, achei que conseguiria. Mas, quando finalmente achei que estava livre, descobri que estava grávida.
E eu soube, naquele instante, que ele jamais poderia saber da existência de Aurora.
Viver com esse medo é um fardo que carrego todos os dias. Às vezes, tenho pesadelos onde ele descobre sobre ela. Vejo a cena como um filme horrível: ele batendo à minha porta, exigindo vê-la, querendo tomar de mim a única coisa boa que restou de tudo aquilo. Talvez seja paranoia. Ou talvez seja apenas a certeza de que, se ele tivesse a chance, ele destruiria tudo.
Então, não importa o quão difícil seja. Prefiro trabalhar como garçonete, limpar banheiros, fazer qualquer coisa para sustentar minha filha, a pedir ajuda para ele. Isso, eu nunca faria.
Hoje, não sairia para entregar currículos. Depois de meses tentando, ninguém me ligara. A esperança começava a fraquejar, e a realidade se impunha cruelmente: talvez o único emprego que me restasse fosse mesmo o de garçonete. Talvez eu tivesse que me desdobrar em dois ou três turnos até Aurora crescer e ter um futuro melhor. Não sei.
O que sei é que farei qualquer coisa para garantir que ela tenha uma vida boa. Que ela nunca precise conhecer a sombra daquele homem. Que, ao contrário de mim, ela cresça sem medo.
A manhã começou como qualquer outra. Levantei, ainda sentindo o peso do cansaço nos ombros, e fui direto para a cozinha preparar o café da manhã. Para Aurora, um purê de frutas que ela adorava. Ainda tomava leite, mas aos poucos eu ia introduzindo alimentos naturais, tentando acostumá-la a outras opções. Seria mais fácil para nós duas se eu continuasse trabalhando. Ela precisava se alimentar bem, independente do meu leite.
Depois, fui preparar o café da minha avó. Ela já me ajudava tanto, cuidando de Aurora sempre que podia. Eu não queria colocar essa responsabilidade em suas costas, então contava também com a ajuda da minha amiga. Ela fazia isso de bom grado, mas eu sabia que não era justo. Mesmo assim, havia uma esperança sutil dentro de mim, uma voz baixinha que insistia: nossas vidas podem mudar.
Foi então que o telefone tocou. O som ecoou distante, vindo do quarto.
- Seu telefone está tocando, querida - avisou minha avó, surgindo na cozinha.
Ela adorava preparar o café da manhã, mesmo com as dores que o tempo havia deixado em seu corpo. Sempre dizia que seus ossos estavam se desgastando rápido demais.
Deixei o café no fogo e corri para atender. Poderia ser minha amiga, ou minha chefe pedindo para cobrir mais um turno na lanchonete. Eu nunca recusava. Precisava do dinheiro. Mas, ao ver o visor do celular, me surpreendi.
Número desconhecido.
Na mesma hora, me lembrei dos currículos que havia distribuído. Meu coração deu um salto. Será que desta vez deu certo?
Atendi, contendo a euforia na voz para não parecer desesperada.
- Pois não?
Do outro lado da linha, uma mulher perguntou:
- Emma Hill?
Meu coração disparou.
- Sim, sou eu. Quem fala?
Caminhei até a sala, os pés descalços no chão frio, enquanto apertava os dedos nervosamente. Estava animada. Era só uma ligação, ainda não era uma confirmação, mas... já significava alguma coisa.
- Oi, Emma. Você deixou um currículo na TEC Corporation, se lembra?
Arregalei os olhos.
- Sim, sim! Fui eu.
- Sou Deby, do RH. Gostaria de agendar uma entrevista com você. Quando pode vir?
Fiquei muda por um instante, chocada e animada. Minha mente girava rápido. Isso está realmente acontecendo?
- Eu posso ir a qualquer momento! Hoje, amanhã... quando a senhora quiser.
Do outro lado, ouvi uma risadinha.
- Que tal amanhã cedo?
Balancei a cabeça com tanta força que quase ri de mim mesma.
- Claro! Amanhã! É só me passar o horário. Sei onde fica. Obrigada por ter me ligado!
Ela me explicou os detalhes e, assim que desliguei, um grito de alegria escapou da minha garganta. Peguei Aurora nos braços e enchi-a de beijinhos, girando com ela no ar.
- Conseguimos, meu amor!
Ela riu, sem entender, mas isso não importava. Era um passo. Um começo. E talvez, só talvez, a mudança que eu tanto esperava.
***
Acordei cedo no dia seguinte, tomada por uma mistura de ansiedade e empolgação. Preparei o café da manhã, tentando manter a calma, mas minha mente estava a mil. Escolhi a roupa mais elegante que tinha - ou, pelo menos, o mais próximo de elegância que meu guarda-roupa permitia. Um vestido discreto, com um corte comportado, que me fazia parecer uma secretária.Prendi o cabelo em um rabo de cavalo alto, deixando algumas mechas soltas ao redor do rosto. Me olhei no espelho. Talvez não estivesse impecável, mas fiz o melhor que pude. O importante era parecer profissional.
Aurora ficaria com minha avó, mas logo minha amiga chegaria para ajudar. Jessie estava atolada de trabalho naquela semana, mas fez questão de me dar suporte. Eu sabia que podia contar com ela.
Era apenas uma entrevista. Apenas uma entrevista. Mas meu coração batia acelerado como se fosse uma grande conquista.
Beijei minha menininha na testa e dei outro beijo na minha avó antes de sair de casa. Eu não podia me atrasar - não logo no primeiro dia, nem para uma entrevista tão importante.
Corri até o ponto de ônibus e, para meu desespero, o maldito já estava lá. Apertei o passo, sentindo os saltos castigarem meus pés, mas não parei. Com um último impulso, consegui subir antes que a porta se fechasse.
Quando me sentei, percebi que estava suada. Ótimo. Não era assim que eu queria chegar à Tech Corporation. Sabia que uma boa impressão era crucial, que cada detalhe poderia contar. Respirei fundo, tentando esfriar a cabeça e me recompor.
Manhattan passava pela janela do ônibus, linda como sempre. E bem no coração dela ficava a TEC Corporation - a empresa que eu sonhava em trabalhar. Era surreal pensar que, de todas as candidatas, eles me ligaram. Queriam me conhecer.
Eu estava tão animada que mal conseguia ficar parada. Meus pés batiam freneticamente no chão do ônibus, um hábito involuntário que, pelo olhar irritado da senhora ao meu lado, não estava sendo bem recebido. Mas eu simplesmente não conseguia conter minha empolgação.
Quando o ônibus finalmente parou, saltei e praticamente corri até o prédio.
A TEC Corporation era um espetáculo por si só. A fachada de vidro refletia o céu azul, brilhando sob o sol da manhã. O prédio se erguia imponente, rodeado por uma praça incrivelmente bem cuidada, com árvores e bancos estrategicamente posicionados. Tudo ali parecia saído de um filme.
Imaginei por um segundo como seria trabalhar ali todos os dias. Seria perfeito. Mas logo voltei à realidade. Primeiro, eu precisava ir bem na entrevista.
Atravessei a porta giratória e me apresentei na recepção. A atendente me indicou o elevador e, ao entrar, percebi que não estava sozinha. Outros candidatos, talvez? Era óbvio que não seria fácil. Todo mundo queria trabalhar lá. Mas só uma pessoa conseguiria a vaga. E eu me esforçaria para ser essa pessoa.
Quando as portas do elevador se abriram no andar certo, meu coração acelerou. Minhas mãos suavam. Olhei para o relógio no meu pulso - antigo, sem nenhuma tecnologia moderna, mas carregado de significado. Fora da minha avó.
Respirei fundo e comecei a andar rapidamente pelo corredor, focada apenas na porta da sala de entrevista. Eu sequer notei o ambiente ao meu redor, as pessoas, as salas. Nada importava além de chegar lá.
Foi então que esbarrei em alguém.
Droga.
O impacto foi o suficiente para derrubar o telefone da pessoa. Ótima forma de começar o dia, Emma. Excelente.
Desesperada, me abaixei para pegar o aparelho antes que ele sofresse algum dano. Quando ergui os olhos para devolver o celular, congelei.
O homem à minha frente me encarava com intensidade. Alto, elegante, e com um olhar que me fez engolir em seco.
Respirei fundo e consegui murmurar:
- Desculpa.
Ele me olhou dos pés à cabeça, e, por um momento, me senti completamente exposta. O homem era lindo-perfeitamente alinhado, uma presença imponente. Alto, ombros largos, o rosto magro, marcado por uma barba rala que acentuava sua expressão séria. Os cabelos escuros e lisos caíam sobre a testa de um jeito despreocupado, contrastando com seus olhos azuis cristalinos, frios como gelo.
Mordi o lábio por dentro, sentindo um arrepio percorrer minha espinha. Dei um passo para trás, nervosa. Ótimo, Emma. Grande impressão que você está causando.
- Veio para a entrevista? - Ele perguntou, a voz baixa e firme, sem um pingo de simpatia.
Endireitei-me, passando as mãos pelo vestido em um gesto automático, como se estivesse tentando alisar um amassado inexistente.
- Sim - respondi rapidamente. - Desculpe por ter esbarrado em você, eu não...
- Começar sendo desastrada. - Ele me cortou, a expressão inalterável. - Um ponto a menos.
Arregalei os olhos, surpresa pela frieza da resposta.
- Desculpa, o senhor vai fazer a entrevista? - Soltei sem pensar. Eu sabia que precisava segurar minha língua, mas às vezes ela simplesmente agia antes de mim.
Ele arqueou uma sobrancelha, analisando minha audácia, e então deu um meio sorriso, enigmático.
- Você vai se atrasar.
Pisquei algumas vezes, absorvendo o que aquilo significava. Respirei fundo, soltando o ar devagar, tentando manter a calma. Não vou deixar isso me abalar. Se ele fosse meu entrevistador, eu não lhe daria motivo algum para me descartar.
Forçando um sorriso educado, murmurei:
- Novamente, peço perdão.
Sem esperar resposta, me virei e entrei na sala, sentindo seu olhar me acompanhar.
O ambiente já estava ocupado por alguns candidatos. Uma mulher de meia-idade estava sentada à frente, provavelmente Deby, do RH. Meu coração acelerou ao vê-la.
Sentei-me, esperando minha vez, mas sentia o peso de um olhar sobre mim. O homem estava lá, parado atrás da entrevistadora, observando tudo. Observando a mim.
E algo me dizia que aquele encontro estava longe de ser apenas um detalhe no meu dia.
Eu estava completamente nervosa, sentindo como se o peso do mundo estivesse pressionando meus ombros. Aquela era a minha chance - a oportunidade de mudar tudo. Fechei os olhos por um breve segundo e respirei fundo, tentando acalmar o coração acelerado. Eu era grata pelo que tinha, claro. O emprego na lanchonete, por mais desgastante que fosse, pagava o aluguel do meu minúsculo apartamento em Nova York - o que já era uma vitória por si só. Também dava para comprar os remédios da minha avó e colocar comida na mesa. Mas estava longe de ser suficiente.E era por isso que eu estava ali. O cargo de secretária de um executivo significava um novo patamar. Um salário digno. Digno o bastante para me dar um respiro e cuidar da minha filha sem me preocupar se o dinheiro acabaria antes do mês. Eu precisava desse emprego. Não por mim, mas por ela.Me ajeitei na cadeira da sala de espera, alisando inutilmente o tecido amassado da minha saia. O som ritmado do meu salto batendo contra o chão quebrava
Eu não sabia se me sentia empolgada ou assustada - talvez as duas coisas ao mesmo tempo. Saí de casa confiante, cabeça erguida, como se nada pudesse me abalar, mas jamais imaginei que seria tão fácil. Fácil até demais.O problema é que, por dentro, eu estava insegura. Não porque eu achasse que não daria conta do trabalho, mas por causa do meu chefe. Noah Novack. Eu não fazia ideia de que era ele quando entrei naquela sala. Estudei muito sobre famílias influentes em Nova York, sobre empresários poderosos com quem eu poderia vir a trabalhar, mas o Noah... ele era diferente. Sempre foi uma figura misteriosa. Pouquíssimas informações sobre ele, assim como sobre a própria família Novack. Era quase como se vivessem à parte do mundo, escondidos sob um véu que ninguém conseguia atravessar.E o mais estranho? Eles são uma das famílias mais importantes da cidade - do país até. Entrar para aquele círculo parecia algo quase inalcançável. Não que eu quisesse fazer parte do clã Novack, claro, mas h
O dia inteiro foi arruinado por causa daquela mulher. Não queria admitir, mas desde o instante em que esbarramos no corredor, não consegui tirá-la da cabeça. Era irritante. O olhar dela, a forma como me desafiava sem nem saber quem eu era. E, mesmo depois que soube, continuava me encarando da mesma forma, como se não se importasse. Era como se estivéssemos constantemente em choque, faíscas invisíveis cortando o ar entre nós - e, por algum motivo, eu achava isso intrigante.Sempre fui movido por controle. Quando algo fugia das minhas mãos, fazia questão de puxar de volta. Como um touro selvagem que precisava ser domado a qualquer custo. Talvez fosse por isso que a escolhi tão rapidamente, mesmo tendo opções melhores, mais qualificadas. As outras candidatas tinham aquele olhar - o tipo que eu odiava. Brilhavam demais, tentavam demais, encaravam como se o escritório fosse uma vitrine de oportunidades além do trabalho. Emma, por outro lado, me olhava como se não se importasse. E isso... b
Chegou o grande dia. O momento que eu esperei por tanto tempo finalmente estava diante de mim. E, claro, eu estava nervosa. Minhas mãos suavam sem parar, as pernas bambas ameaçavam me trair a qualquer instante. Respirei fundo antes de entrar naquele escritório - o mesmo onde sonhei tantas vezes estar. Era a primeira vez, depois de muito tempo, que eu pisava ali não como estagiária, mas para trabalhar de verdade. Eu amava meu estágio. De verdade. Acreditei que ficaria ali por um bom tempo, quem sabe até conseguir uma vaga fixa. Mas não foi o que aconteceu. Quando descobri a gravidez, tudo mudou. No começo, tentei me manter firme, fingir que estava tudo bem, mas as coisas começaram a desmoronar aos poucos. Acabei sendo afastada, e, por mais que doesse, eu entendia. Quem iria querer uma estagiária grávida? Então, me recolhi. Passei meses sozinha, carregando a Aurora na barriga e o peso do mundo nos ombros. Depois que ela nasceu, as portas de emprego pareciam se fechar ainda mais rápido
Noah tamborilava os dedos contra a mesa, o som seco ecoando pela sala silenciosa. Estava mais nervoso do que o normal - e ele sabia disso. Aquele lugar, que antes representava um refúgio de ordem e previsibilidade, agora parecia uma armadilha onde sua mente vagava para longe do trabalho. Precisava se concentrar. Havia prazos, números, decisões importantes. Mas, em vez disso, sua atenção escorregava para a nova secretária.Ele mesmo a havia escolhido, com cuidado. O currículo era impecável, a postura profissional, o olhar focado. Era tudo o que Noah esperava - alguém que cumprisse suas funções sem interrompê-lo, sem atrapalhar seu fluxo de trabalho. E, ainda assim, ali estava ele, completamente tenso, como se ela tivesse feito algo errado. Mas ela não tinha.Ele se odiava por isso. Odiava a forma fria e distante com que a tratava, mesmo sabendo que ela não merecia. Não conhecia a mulher além de seu nome e cargo, mas havia algo ali, algo que o incomodava de uma maneira inexplicável. E i
Era o meu primeiro dia, e a mistura de empolgação e nervosismo fazia meu estômago revirar. Eu tentava me concentrar no trabalho, mas tudo mudou quando Noah me chamou até sua sala. Esperei por uma bronca ou um comentário ríspido - afinal, minha visão sobre ele era clara: um chefe arrogante, hiperpotente e acostumado a ter todos aos seus pés. Mas ele me surpreendeu."Me desculpe se fui ríspido mais cedo", ele disse, sua voz soando firme, mas com um toque de honestidade. Por um segundo, fiquei desconcertada. Eu não esperava isso. Ele parecia ser o tipo de homem que jamais admitiria um erro, mas ali estava, olhando nos meus olhos com uma sinceridade quase desconcertante.Saí da sala sem saber o que pensar. Era só um pedido de desculpas, certo? Mas algo em sua postura, no jeito como suas palavras soaram, não saía da minha cabeça. Eu devia confiar nisso? Ou era apenas uma fachada bem construída?"Você é só a secretária dele, Emma", murmurei para mim mesma, tentando afastar qualquer pensamen
A comida chegou pontualmente, exatamente como eu havia reforçado no telefone. O entregador trouxe a embalagem elegante em uma bandeja de três andares, cada um perfeitamente organizado. Suspirei aliviada e levei tudo direto para a copa, onde me dediquei a organizar o almoço de Noah seguindo as instruções detalhadas deixadas pela antiga assistente.Ele tinha manias peculiares - e isso era dizer pouco. Os talheres precisavam estar dispostos em uma ordem específica, o guardanapo dobrado em um triângulo exato, e cada prato posicionado em um ângulo quase matemático na bandeja. Uma parte de mim queria rir, mas a outra entendia perfeitamente que errar um detalhe mínimo poderia arruinar o humor dele pelo resto do dia - e, quem sabe, até me custar o emprego. Eu não podia arriscar. Esse trabalho era minha chance de dar uma vida melhor para minha família, e eu faria o que fosse preciso para mantê-lo.Ainda assim, eu me pegava pensando nas razões por trás dessas manias. O que levava alguém a quere
Esse homem pretende me enlouquecer no primeiro dia. De uma hora pra outra, ele se tornou alguém estranhamente diferente do que eu conheci. Ainda havia aquela pitada de arrogância, claro, mas agora vinha acompanhada de uma preocupação que me deixava inquieta. Ele não me conhecia. Foi absurdamente arrogante quando me contratou e, agora, tentava cuidar de mim? Oferecendo seu próprio prato para que eu comesse?Não, isso eu não podia aceitar. Seria humilhante. Como se eu fosse uma necessitada, alguém incapaz de garantir a própria refeição. Não que aceitar comida fosse um crime, mas eu me recusava a ser vista por ele com esse olhar de caridade.Respirei fundo, mantendo a postura e esboçando um sorriso elegante. Aprendi que, em situações como essa, manter a compostura era essencial.- Eu agradeço bastante, mas estou confortável com a minha posição. E quando digo que estou satisfeita com o que trouxe, é porque realmente estou, senhor. - Minha voz soou firme, embora por dentro eu me sentisse r