Eu pigarreei, desviando a atenção, fingindo um interesse repentino na frigideira. Meus olhos se fixaram nela, como se aquele simples objeto pudesse me salvar da situação. Mas meu rosto... ah, meu rosto estava queimando. Não que eu estivesse fazendo algo errado, mas os meus pensamentos... bem, esses eram outra história. Pecaminosos. Intensos. E completamente fora de controle.Isso é uma loucura.Um calor subiu pelo meu corpo, e nem sequer pude me abanar. Isso entregaria o meu desconforto. Ou melhor, o que eu realmente senti ao ver aquele homem de peito nu, músculos definidos e apenas uma calça de moletom pendendo em seus quadris. Como se ele fosse um deus grego esculpido em carne e osso bem na minha frente. Droga. Se pelo menos ele fosse o diabo, seria mais fácil de lidar. Eu poderia detestá-lo. Mas não. Tudo nele era um convite para a perdição.O que eu vou fazer? Como posso controlar meus pensamentos se ele está tornando isso impossível?- Desculpe, eu não sabia que você tinha chegad
"Por que eu sou tão idiota?"Eu não deveria ter feito isso. Quer dizer, não como se eu tivesse feito alguma coisa. Mas também não fiz nada para evitar. Eu simplesmente entrei na cozinha, sem perceber que ela estava ali. E então, lá estava ela.Emma.Com os cabelos loiros presos em um rabo de cavalo alto, deixando a nuca à mostra. Ela cozinhava ovos e bacon, e o cheiro invadiu o ambiente, atiçando minha fome. Mas não foi a comida que me deixou inquieto. Foi ela. O jeito como seu corpo se movia, a forma como a luz da manhã atravessava a janela e iluminava sua pele como um convite silencioso para que eu prestasse atenção em cada detalhe.Isso é ridículo.Eu sou chefe dela. Não posso me dar ao luxo de reparar nessas coisas. Sempre fui rígido com esse tipo de situação. Já demiti, no mínimo, três secretárias por confundirem as coisas, por cruzarem a linha que separa o profissional do pessoal. Sempre me orgulhei de ser focado no trabalho.Mas Emma...Emma bagunça tudo.Eu não sei o que é, ma
O silêncio dentro do carro parecia mais ensurdecedor do que qualquer discussão que já tivéssemos tido. Era um vazio pesado, carregado de palavras não ditas, de gestos interrompidos, de olhares desviados.Eu encarei a janela, observando a paisagem passar rápido demais, como se a cidade lá fora estivesse se movendo a uma velocidade diferente da minha cabeça. Porque dentro de mim, tudo estava um caos. Não fazia sentido. Noah vinha agindo de um jeito e, de repente, como se tivesse apertado um interruptor, voltou a ser o chefe insuportável que eu conheci no primeiro dia.Eu não queria admitir, mas isso me incomodava mais do que deveria. Talvez porque, por um breve instante, eu tenha gostado da versão dele que não tentava me reduzir a apenas mais uma funcionária. A versão que cozinhava, que falava baixinho como se estivesse dividindo um segredo, que me levava a lugares que, segundo ele, nunca tinha levado ninguém.Mas agora, sentado ao volante, rígido, o maxilar travado, as mãos firmes dema
Eu fiquei completamente paralisada, o ar preso nos pulmões, sem saber o que fazer ou como reagir. Lá estava Patrick. O homem que eu queria manter longe, tão distante que nem mesmo a morte ou o ouro o tornariam mais suportável. Ele não deveria estar aqui. Eu não queria vê-lo, não queria sequer sentir sua presença. E, acima de tudo, não queria que minha filha soubesse que ele existia.Talvez fosse coisa da minha cabeça, uma ilusão cruel que surgia para apagar minha felicidade, para me lembrar de um passado que eu já tentava esquecer. Resolvi ignorar. Era a melhor escolha. Sim, se aquilo fosse real, eu apenas fingiria que ele não existia, seguiria minha vida sem trocar sequer uma palavra, sem permitir que ele tivesse qualquer espaço no meu mundo.Com essa decisão, voltei a organizar os papéis na mesa, distribuindo-os nervosamente pelas cadeiras, tentando manter o foco no trabalho. Mas Patrick não me deu essa chance. Ele veio em minha direção rápido demais, como um predador que já escolhe
NoahQuando entrei naquela sala senti como se uma áurea obscura pairava no ambiente. Ele estava muito perto dela. Quase que ameaçador, e isso me chamou a atenção. Mesmo que Emma tenha disfarçado, talvez por medo dele, ou de mim, acreditando que eu não ia perceber. Contudo, eu sempre observo os pequenos detalhes, os mínimos movimentos, e entendo bem o que acontece com quem está ao meu redor.Ele era um dos advogados que trabalhava para a nossa empresa parceira. Eu cuidava da parte dos desenvolvimentos de novas tecnologias da TEC Corporation, e tenho pleno poder de escolha, quando falamos de matéria prima. Por isso eu estava ali, tão atencioso. Ou pelo menos tentava estar, já que deu para perceber que algo estava errado e isso me tirou do sério, me levando a se distrair com o fato de que Patrick estava praticamente comendo, no sentido figurado, a minha secretaria. Tentei muito não me importar. Não ligar. Contudo, eu não conseguia. Era algo meu, e isso me incomodou muito. Esse meu víci
Emma Eu não sabia que tudo isso poderia aconteceu só por causa do babaca por quem me apaixonei. Tudo o que menos queria era superar e esquecer, levando uma vida simples. Contudo, tudo saiu dos trilhos quando Patrick apareceu naquela empresa, e me ameaçou daquela forma. A única coisa que eu poderia fazer era falara a verdade, contudo, nem isso me fez perceber o desastre que poderia acontecer. Eu não queria que meu chefe fizesse tudo aquilo, porém, foi graças a ele que algo pior não aconteceu. Noah Novack era uma caixinha de surpresa. E me defender daquela forma foi surpreendente e bom. Bem, pelo menos o babaca não me bateu, como costumava fazer. Contudo, o pânico dele descobrir sobre Aurora me paralisou. Ver me chefe dando um soco nela, até me fez sentir-me bem, e peço desculpas a Deus, se isso for ruim. Minha reação foi inesperada até para mim. Aos poucos ele retribuiu, mas foi só eu lembrar de quem ele era e que quilo foi inusitado, que me afastei, envergonhada. - Desculpa –
PovNoah estava em conflito. Desde o que aconteceu, não parava de pensar em Emma. O que era aquele sentimento que ele não sabia lidar? Porque aquela mulher chegou em sua vida para mudar tudo?Ela era meio desastrada, mas tinha aquele olhar angelical e doce. Tinha uma vida complicada no qual ele não deveria se intrometer, contudo, lembrava da menininha que era quase uma cópia dela, o fazia sentir responsável pelas duas.Droga! Noah. Agora está no meio do furação e a culpa era as. Completamente sua. Porque tem que se meter nessa história.Noah caminhava pelas passarelas do prédio, os passos lentos e sem direção, as mãos afundadas nos bolsos enquanto tentava, sem sucesso, ordenar os próprios pensamentos. Ele queria espaço, silêncio, um momento para respirar e entender o que estava sentindo, mas sua mente o traía a cada segundo. Porque, inevitavelmente, sempre voltava para ela.Emma.O nome se repetia como um eco incômodo, martelando em sua cabeça, sufocando qualquer tentativa de distraçã
Emma Ver Patrick ontem me deixou apavorada. Aquele homem voltando para a minha vida, sem ser chamado ou anunciado, me deixou em pânico. Ele era o meu maior medo. O que faria se descobrisse sobre Aurora? Bem, pelo visto, sua missão era me atormentar. Sair mais cedo da empresa realmente me ajudou a lidar com o susto. Ficar perto da minha menina, abraça-la, sabendo que estava bem, era tudo o que eu mais desejava. Mal consegui dormir à noite, como se Patrick estivesse no escuro, no canto da parede, apenas a espera de que eu fechasse os olhos só para me atormentar. Mas era coisa da minha cabeça. Acredito que o cansaço me venceu, pois nem me lembro quando finalmente adormeci. O despertador me acordou no susto. Logo levantei, fui ao banheiro, escovei os dentes e ouvi o chamado de Aurora. Com ela nos braços eu tentei fazer tudo ao mesmo tempo, mas acredito que acabei me atrapalhando toda. Graças a Deus eu tinha a minha avó, que me ajudou com as coisas, e logo a babá, que eu conseguia pag