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Capítulo 1

 Narrado por Savannah Wilder 

O horizonte se estendia como uma promessa distante. 

 A estrada cortava os campos secos, esticando-se até onde meus olhos podiam alcançar. O céu estava tingido de laranja e rosa, o sol afundando lentamente no horizonte. 

 E eu dirigia sem olhar para trás. 

 O rádio tocava baixinho, mas eu escutava cada palavra. 

 "Ain't no love in Oklahoma..." 

Luke Combs sempre soube colocar em palavras o que estava entalado no meu peito. 

 "I keep runnin' but I'm standin' still

    Pray for peace but I need the thrill"

 Apertei os dedos no volante, sentindo o nó na garganta crescer.

Porque era verdade. 

Não havia mais amor para mim em Oklahoma. 

Não depois que minha mãe se foi. 

Engoli seco e olhei para o banco do passageiro. A única coisa que me restava dela estava ali: uma velha caixa de sapatos cheia de fotografias amareladas e um colar que ela usava todos os dias. 

Agarrei o pingente entre os dedos, sentindo o frio do metal. 

 — Eu tô tentando, mãe... — sussurrei, sentindo a voz falhar. 

Era por isso que eu estava ali.Era por isso que eu estava dirigindo para o meio do nada, para uma vida que eu não conhecia, para um trabalho que eu não tinha ideia de como fazer. 

Eu só precisava recomeçar. 

Levei quase cinco horas dirigindo sem parar. Quando finalmente entrei na longa estrada de terra que levava ao rancho, minha boca ficou ligeiramente aberta. O lugar era imenso. 

A cerca de madeira branca se estendia por toda a propriedade, acompanhando o caminho de terra batida até uma casa grande, feita de madeira rústica. Era o tipo de casa que você via em filmes antigos, com uma grande varanda de madeira, janelas amplas e um telhado escuro que contrastava com as paredes claras. 

A poucos metros da casa, havia um estábulo grande, com telhado de metal e baias de madeira. Dava para ver alguns cavalos do lado de fora, seus cascos batendo contra o chão seco. 

E então, bem na frente da casa, parado com os braços cruzados, estava um homem que só podia ser Hunter Sawyer. 

O homem que me contratou. 

Saí do carro devagar, alongando as pernas depois de tanto tempo sentada. 

Hunter não sorriu. 

Nem se mexeu muito, na verdade. Apenas ficou ali, me observando com olhos afiados, como se quisesse me medir da cabeça aos pés. 

E eu também o observei. 

Ele era alto, mas não tanto quanto eu imaginava. Ombros largos, cabelo castanho escuro levemente bagunçado, uma barba por fazer e olhos de um tom indefinido entre verde e marrom. Seu jeans estava sujo de poeira, assim como as botas de couro desgastadas. 

Ele parecia exatamente o tipo de homem que comandava um rancho no meio do nada. 

E eu era exatamente o tipo de mulher que não combinava com aquele lugar.Ótimo. 

— Savannah Wilder? — A voz dele era rouca, sem qualquer traço de simpatia. 

Cruzei os braços. 

— A própria. 

Hunter assentiu lentamente, como se estivesse me analisando mais uma vez. 

— Bem-vinda ao Sawyer Creek Ranch. 

Não parecia exatamente um convite caloroso. 

Depois que peguei minha mala e entrei na casa, fui levada até um quarto pequeno no segundo andar. As paredes eram de madeira escura, e o cheiro do lugar era uma mistura de lavanda e algo que lembrava café. Uma cama de ferro, uma cômoda antiga e uma janela grande de onde eu podia ver os campos intermináveis lá fora. 

Nada de luxo. 

Nada de conforto. 

Mas era um começo. 

Joguei minha mala na cama e soltei um longo suspiro, sentindo a poeira do lugar entrar nos meus pulmões. 

— Vai ser interessante... — murmurei para mim mesma. 

Não demorou muito até que Hunter batesse na porta e dissesse que era hora de conhecer os estábulos. 

O cheiro de feno e terra molhada foi a primeira coisa que senti ao entrar no estábulo. O lugar era enorme por dentro. O teto alto de madeira fazia com que o cheiro dos cavalos e do couro das selas ficasse ainda mais forte. Algumas baias estavam abertas, e os animais relinchavam baixinho enquanto mastigavam o feno. 

Hunter caminhava na minha frente, explicando as coisas de maneira objetiva. 

— Aqui estão os cavalos. Você vai ajudar a alimentá-los pela manhã e também a limpar as baias. — Ele apontou para os sacos de ração empilhados no canto. — O trato dos bois é feito mais tarde, mas eu te explico depois. 

Assenti, olhando ao redor. 

— E o que mais? 

— Vai ajudar na colheita das abóboras quando for a época. — Ele olhou para mim com uma sobrancelha erguida. — Já trabalhou no campo antes? 

Sorri de lado. 

— Se contar plantar um cacto numa varanda de apartamento, então sim. 

Hunter não riu. 

Nem um pouco. 

Ele apenas me encarou por alguns segundos, então suspirou e balançou a cabeça. 

— Você vai aprender. 

E então, do nada, ele acrescentou: 

— Mas se não aguentar, pode pegar suas malas e ir embora. 

Apertei os lábios. 

— Nem todo mundo desiste fácil, Sawyer. 

Ele inclinou levemente a cabeça, como se estivesse reconsiderando alguma coisa. 

— Veremos. 

Quando finalmente voltei para o meu quarto, me joguei na cama e fechei os olhos por alguns segundos. A viagem tinha sido longa. A realidade do que eu estava fazendo finalmente estava caindo sobre mim. 

Eu não sabia nada sobre cavalos.

Não sabia nada sobre fazendas. 

 Não sabia nada sobre esse mundo. 

Mas eu sabia de uma coisa: 

Eu não ia voltar para Oklahoma. 

Não ia voltar para um lugar onde só sobravam lembranças dolorosas. 

Eu ia ficar ali. 

Aprender. 

Sobreviver. 

E, acima de tudo... provar que ninguém iria me mandar embora.

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