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Capitulo 5 - Erros e Consequências

Narrado Por Savannah.

Duas semanas.

Duas semanas trabalhando no Sawyer Creek Ranch, e meu corpo ainda não tinha se acostumado. Cada músculo latejava no final do dia, e eu adormecia assim que minha cabeça tocava o travesseiro. Mas, apesar do cansaço, havia algo estranhamente gratificante em ver minhas mãos calejadas e sujas de terra.

O trabalho era duro, mas era real.

E, de alguma forma, me fazia sentir viva.

Havia também os momentos que tornavam tudo mais suportável. Como os cafés da manhã feitos por Rose e Beth.

A comida delas era um conforto que eu não sabia que precisava.

Beth era falante, divertida e sempre com um sorriso no rosto. Rose, por outro lado, era mais observadora, como se pudesse enxergar coisas que eu tentava esconder.

Naquela manhã, enquanto tomávamos café na cozinha, só nós duas, Rose me olhou com curiosidade antes de perguntar:

— O que te trouxe até aqui, Savannah?

O garfo parou no meio do caminho até minha boca.

Eu podia inventar uma desculpa. Podia dizer que queria uma mudança de cenário, que gostava da vida no campo. Mas, por alguma razão, não quis mentir para ela.

Baixei os olhos para minha xícara de café antes de responder:

— Minha mãe morreu.

O silêncio que se seguiu foi pesado.

— Sinto muito — Rose disse, sua voz suave.

Engoli em seco e continuei:

— Ela teve câncer. Durante meses, vi a mulher mais forte que conheci definhar diante dos meus olhos. E quando ela se foi… — minha voz falhou. — Eu simplesmente não conseguia ficar mais lá.

Ela não perguntou onde era “lá”.

Mas, de alguma forma, eu soube que ela entendia.

— Achei que um recomeço era o que eu precisava — murmurei.

Rose estendeu a mão e segurou a minha.

— Você encontrou um lar aqui, querida.

Engoli o nó na garganta e apertei os dedos dela em resposta.

Mas uma parte de mim se perguntava se eu realmente pertencia a algum lugar.

Naquela manhã, minha tarefa era remover as ferraduras desgastadas de um dos cavalos.

Eu já tinha visto Ryder e Hunter fazerem aquilo antes e, tola como sou, achei que podia fazer sozinha.

Mas eu errei.

E, por conta do meu erro, o cavalo se feriu.

O relincho alto me fez congelar.

Meu estômago revirou ao ver o sangue escorrendo.

— Merda…

Antes que eu pudesse reagir, passos pesados ecoaram pelo estábulo.

— Que porra aconteceu aqui?! — Ryder surgiu como uma tempestade furiosa.

Hunter veio logo atrás, os olhos arregalados ao ver o cavalo mancando.

— Ah, não…

Meu coração martelava contra o peito.

— Foi um acidente! — minha voz saiu fraca. — Eu não queria…

— Você machucou ele?! — Hunter parecia mais chocado do que irritado.

Mas Ryder… Ryder estava furioso.

— Como você pôde ser tão irresponsável?! — ele rugiu. — Você sequer sabe o que está fazendo!

Minha garganta se fechou.

— Eu estava tentando ajudar!

— Ajudar? — Ele riu, sem humor. — Você acabou de ferrar tudo, Wilder!

As palavras dele foram como um soco no estômago.

Meus olhos ardiam, e eu só queria sumir.

— Chega! — Hunter se meteu entre nós. — Discutir não vai resolver nada. Vou chamar o veterinário de Creekville.

E então, tudo o que pude fazer foi esperar.

Esperar e me afogar na culpa.

Quando a caminhonete branca parou na entrada do rancho, meu primeiro pensamento foi que nunca tinha visto uma veterinária tão bonita.

Harper Cullen.

Alta, cabelos loiros e lisos que desciam pelas costas, olhos cor de mel e um sorriso confiante.

Ela saiu da caminhonete com passos decididos, carregando uma maleta.

— Oi, sou Harper Cullen — ela se apresentou. — Me ligaram sobre um cavalo ferido?

— Sim — Hunter respondeu, parecendo surpreso. — Você é a nova veterinária?

Ela assentiu.

— O antigo veterinário se aposentou, e eu assumi o lugar dele.

Harper foi direto ao trabalho, e eu observei enquanto ela examinava a pata do cavalo.

Ela era calma, meticulosa e claramente sabia o que estava fazendo.

Ryder permaneceu em silêncio ao lado de Hunter, os braços cruzados e o maxilar travado. Mas sua preocupação era evidente.

Já Hunter… Hunter estava olhando para Harper com um interesse mal disfarçado.

Se o momento não fosse tão tenso, eu até teria achado graça.

Os olhos dele a acompanhavam atentamente, e era evidente que não era apenas preocupação com o cavalo.

Depois de um tempo, Harper se levantou e suspirou.

— Ele vai precisar de cuidados, mas acredito que ficará bem.

Soltei o ar que estava prendendo.

Mas a culpa ainda me esmagava.

— Eu… eu não queria… — minha voz falhou quando as lágrimas vieram.

Harper colocou a mão no meu ombro.

— Acontece, Savannah. Trabalhar com animais tem seus desafios. Você vai aprender.

Ryder soltou um som de desprezo.

— Se ela durar tempo suficiente aqui para aprender.

Meu peito apertou.

Dessa vez, eu não respondi.

Mais tarde, quando fui ver o cavalo, ouvi vozes no estábulo.

Eram Ryder e Hunter.

— Ela precisa ser despedida, Hunter! — Ryder estava furioso. — Isso foi um erro tremendo!

Minha respiração ficou presa.

— Não vou mandá-la embora — Hunter respondeu.

— Você está brincando?

— Não. Ela cometeu um erro, mas já aprendemos da pior forma que erros acontecem.

Silêncio.

Saí dali antes que percebessem minha presença.

Subi para o quarto, deitei na cama e deixei o cansaço me consumir.

Horas depois, uma batida suave na porta me despertou.

— Savannah?

A voz de Rose.

Quando abri, ela segurava um prato com biscoitos e uma caneca de chá.

— Você não pode dormir de estômago vazio.

Meus olhos se encheram de lágrimas.

— Obrigada…

Ela entrou e sentou-se na cama comigo.

— Eu estraguei tudo… — sussurrei. Rose pegou minha mão.

— Você cometeu um erro. Mas isso não define você.

Engoli em seco, tentando acreditar.

Os dias passaram, e Ryder me ignorava mais do que nunca.

Sempre que Harper vinha ver o cavalo, eu me alegrava um pouco. Criamos uma amizade rapidamente.

E então, finalmente conheci Isaiah, um dos irmãos mais novos de Ryder e Hunter.

Ele era alto, com cabelos ruivos e olhos azuis vivos.

Mas o que mais me chamou a atenção foi o cachorro enorme que estava ao seu lado.

— Esse é Bear — Isaiah explicou. — O cão de Ryder.

Um pastor-alemão imponente.

Na manhã seguinte, vi Bear sozinho e tentei me aproximar.

Mas ele rosnou.

— Ei, amigão…

Dei mais um passo, e ele latiu.

Eu me assustei e dei um pulo para trás.

E então, uma risada grave ecoou pelo estábulo.

Virei-me e encontrei Ryder, encostado na porta, me observando.

— Até o meu cachorro sabe que você é um problema.

O som da risada dele…

Por Deus, aquilo mexeu comigo.

Mas, ao invés de demonstrar, apenas sorri.

— Talvez ele só reflita a personalidade do dono.

Os olhos de Ryder brilharam com irritação.

E, com isso, virei as costas, sentindo a doce satisfação de tê-lo feito perder a pose.

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