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Capitulo 7 - Clima Estranho

Narrado por Savannah

O domingo amanhece preguiçoso no Sawyer Creek Ranch. O céu tingido de laranja e rosa reflete nos campos dourados, enquanto a brisa matinal carrega o cheiro da terra úmida e da madeira velha da casa principal.

 Normalmente, um dia de folga como esse seria a oportunidade perfeita para visitar Creekville, dar uma volta pela cidade, talvez entrar em uma loja ou simplesmente observar as pessoas. Mas, por alguma razão, não sinto vontade de sair do rancho hoje. 

E decido ficar. 

 Talvez porque, apesar de ser teimosa o bastante para não admitir, algo dentro de mim ainda não tenha digerido os acontecimentos da noite anterior.

 A briga no bar. 

 O jeito como Ryder explodiu de raiva.

 O modo como ele me tocou. 

 O fato de que, agora, ele está me ignorando completamente.

Quando entro na cozinha, percebo o silêncio imediato.

 O ambiente está pesado.

 Rose está terminando de colocar a mesa, Beth serve café, e Hunter e Isaiah comem em silêncio, lançando olhares ocasionais um para o outro. Mas é Ryder quem me chama atenção.

Ele está sentado à mesa, como sempre, mas há algo diferente. 

 Ele está rígido.

 Fechado. 

 E, o mais estranho de tudo, sequer ergue os olhos para mim quando entro.

Isso não é normal. 

Ryder sempre me olha. 

 Seja com irritação, seja para soltar uma provocação ácida ou apenas para me desafiar com aquele olhar escuro e intenso. Mas hoje, ele não me dá nem uma fração de sua atenção. 

 E, por algum motivo inexplicável, isso me irrita. 

 Rose franze a testa, olhando para os filhos. 

 — Por que diabos está todo mundo tão calado? — Sua voz quebra o silêncio. 

 Ninguém responde. 

 Isaiah finge interesse no café. 

Hunter olha para o prato como se ele fosse a coisa mais fascinante do mundo. Ryder apenas continua comendo, ignorando deliberadamente a pergunta da mãe. 

E eu? 

 Eu apenas mastigo um pedaço de torrada e fico quieta.

Rose cruza os braços e estreita os olhos, desconfiada.

 — Não gosto disso. 

 Beth solta um suspiro, mas também não insiste. 

 E o pequeno-almoço segue nesse clima estranho e desconfortável. 

 Mas Ryder continua me ignorando. 

 Filho da mãe.

 Meu estômago revira.

 Por quê? 

 Por que essa indiferença repentina me incomoda tanto? 

 Então, entre uma mordida e outra na torrada, uma ideia surge em minha mente. 

 Se ele quer fingir que eu não existo... Então eu vou me certificar de que seja impossível me ignorar. 

Para afastar a irritação crescente, decido convidar Harper para almoçar no rancho. 

 — Convidei Harper para almoçar conosco. Ela também está de folga hoje. 

 Rose sorri, parecendo genuinamente feliz com a ideia. 

 — Oh, querida, isso é maravilhoso! Gosto muito dessa menina.

 Beth também parece animada. 

 — Vai ser ótimo ter uma visita. 

 Mas o que realmente me diverte é o jeito como Hunter se remexe na cadeira ao ouvir o nome de Harper. 

 Ele tenta disfarçar, claro. 

Mas eu vejo. 

 E Harper também vê, porque quando ela chega para o almoço, há uma tensão sutil no ar entre ela e Hunter. 

 Eles trocam olhares. 

 Se estudam.

 Hunter olha para ela como se fosse um homem com sede observando um copo d'água gelada. 

 E Harper finge não perceber. 

 Mas eu percebo. 

 E Rose e Beth também. 

 — Ao menos um dos irmãos tem coração. — murmuro para mim mesma, segurando um sorriso. 

Durante o almoço, a conversa flui animadamente entre nós, exceto por Ryder, que mantém sua carranca de costume. 

 Ele não fala muito. 

 Não olha para mim. 

 E essa merda está começando a me afetar mais do que deveria. 

 Então, decido subir um degrau na provocação. 

 — Ryder, você não acha que deveríamos ensinar Hunter a ser mais direto com Harper? — solto, com um sorriso inocente. 

 Harper arregala os olhos. 

Hunter engasga com a comida. 

 Ryder apenas ergue os olhos para mim, finalmente, com uma expressão indecifrável. 

 — E por que diabos eu me meteria nisso? — Sua voz é baixa e perigosa. Eu sorrio. 

 — Porque você é um especialista em ser um ogro insuportável. Achei que poderia ensinar Hunter a fazer o oposto. 

 Isaiah segura o riso. 

Harper tampa a boca para não rir.

 Hunter revira os olhos. 

 Mas Ryder? 

 Ele apenas me encara. 

 Com aqueles olhos escuros e intensos. 

 E então volta a comer sem dizer nada. 

 Bom. 

 Se ele acha que pode me ignorar, está muito enganado. 

Depois do almoço, os homens dispensam a sobremesa e voltam ao trabalho no rancho, deixando apenas nós, as mulheres, desfrutando da deliciosa torta de maçã feita por Rose. 

 Entre uma garfada e outra, Rose me lança um olhar curioso.

 — Por que estavam todos tão estranhos de manhã? 

 Harper, é claro, não perde a oportunidade de entregar tudo.

 — Ah, é porque Ryder socou um idiota chamado Joe no bar ontem à noite por causa da Savannah. 

 Quase engasgo. 

 — Harper! 

 — O quê? 

Rose perguntou. 

 Rose e Beth trocam olhares cúmplices. 

 — Ryder bateu em um homem por você? — Beth pergunta, interessada.

 — Ele não fez isso por mim. — reviro os olhos. — Só não gosta de ver injustiças. 

 Harper bufa. 

 — Ah, por favor. Ele não fez isso só por causa da provocação. Fez porque você não é indiferente para ele. 

 Rose e Beth assentem, concordando. 

 Eu balanço a cabeça, irritada. 

 — Vocês estão todas loucas. 

 Mas a verdade? 

 Isso não sai da minha cabeça. 

Mais tarde, depois que Harper vai embora, tomo um banho, visto um short jeans, um top e coloco minhas botas e meu chapéu de cowboy. 

 Ao sair de casa, Ryder está voltando do pasto com seu pastor-alemão, Bear. 

 E pela primeira vez no dia, ele me olha. 

 Dos pés à cabeça. 

 E seu olhar demora em minha boca. 

 Sorrio.

 — Boa tarde, cowboy.

 Ele não responde. 

 Apenas me encara por um segundo antes de entrar na casa. 

 Eu sorrio ainda mais. 

 Se ele acha que vai me ignorar, está muito enganado.

 E minha primeira missão? 

 Ganhar a confiança de Bear. Mas antes... 

 Eu decido dar um passeio a cavalo até o riacho. 

 E tudo corre bem... até que o cavalo se assusta com uma cobra e me derruba. 

 Sinto o impacto forte no chão. 

 Minha visão escurece. 

 E então, tudo se apaga.

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