Desde que aquele homem foi embora, o clima aqui em casa voltou ao normal. Meus pais andam menos tensos. E não tem como não estar tenso, não quando o homem apelidado de Leviatã, descansava em nossa casa. Meus pais não me contaram nada sobre esse homem mais eu sei. Bom, não exatamente eu, mas sim, são as lembranças desse corpo.
-- Meu pai, não acha que devíamos ir para outro país.—pergunto durante o jantar.
-- Tuli, não é como se fosse fácil atravessar todo o oceano marítimo.
-- Mas, meu pai consegue controlar a água. Acho que não teria assim tantas dificuldades. -- minha mãe ri, e meu pai sacode a cabeça.
-- Ela tem razão. Nunca expliquei sobre o poder elementar. –Natanael, é um homem bom, durante sua juventude serviu o exército real, mas quando ganhou deficiência visual, foi descartado, e foi lhe dada essa terra onde vivemos como indemnização. Meu pai é cego, mas vê muito melhor do que nós que temos visto. Meu pai sente as energias, e com isso facilmente se locomover.--O mundo é composto por quatro elementos principais, e esses elementos se manifestam de diversas formas para criar vários efeitos, como relâmpagos, furações de água, ou de vento, granizo, chuva de meteoros, entre outros. Mas a verdade é que para atingir esse nível, você deve dispor de grande conhecimento. Dificilmente um simples aldeão consegue fazer mais, que controlar o curso das águas. Pois, esse conhecimento é monopolizado pela família real. Usando a marítima, sem recursos suficientes dificilmente duraríamos.
-- Mas pai, a guerra. Não tarda irá nos atingir.
-- Não pense muito nisso, daremos um jeito querida.
Não importa o quanto eu tente, não consigo mudar o curso da história, me sinto presa a um destino que não consigo mudar. Não importa o que eu faça. Nós estamos no país da nuvem, um país pequeno que está dentro do reino da Água, e somos vizinhos do país da chuva, acontece que o poder do reino da Água, é instável, e está sempre em disputa. Alguns nobres, se tornaram senhores feudais, e governam uma parcela de terra, sem a influência do rei. Se tornando países neutros. A situação é essa já há anos, mas tudo piorou nos anos 300, o rei teve uma filha, e tenta casá-la com o imperador do vento, mas não conseguiu. Tentou ainda juntá-la com o imperador do fogo, mas a imperatriz viúva da época se recusou. Não tentou com o reino da terra, pois, eles se encontram na mesma situação que a dele ou pior, por causa da disputa pelo trono.
Então ele causou sua filha com um nome de sua confiança. O irmão do rei não satisfeito com isso, visto que ele tem um filho que poderia suceder seu irmão, iniciou uma revolta. Quem vem se estendendo faz anos causando várias mortes inocentes.
O inverno chegou e a neblina aumentou. Muitos refugiados de guerra tem chegado até aqui. Eu praticamente nem durmo, de tanta preocupação, fico horas e horas acordada, esperando que algo pior aconteça.
Algo dentro de mim diz que eu já vivi algo semelhante, mas não consigo me lembrar. Não consigo me lembrar da minha vida passada, mas meu sangue ferve com a injustiça, se eu fosse forte, se as pessoas desse país não fossem pacifistas, não estaríamos à mercê de tiranos.
Desde os meus primeiros anos de vida sempre fui uma criança bem consciente, e com a certeza de que esse corpo não é o meu.
-- Estão queimando as colheitas, levando nosso rebanho e levando nossos filhos para a guerra.
- Nataniel, temos que fazer algo. Não tarda vai invadir as nossas casas. O rei morreu, e seu irmão não vai parar, até controlar tudo.
-- Estamos nas mãos de tiranos. Que Allah nos proteja.
Ouço a conversa dos meus pais, com seus amigos da vizinhança. Deve haver algo que se possa fazer.
Saiu em direção a aldeia, e viu como várias casas foram incendiadas, mães, com seus filhos no colo chorando. A destruição.
Minha cabeça começa a latejar, como se eu quisesse me lembrar de algo com o qual não me lembro. Volto para casa a correr, fatigada de tudo que eu vi.
- Tulipa, onde estava? Não te disse para não sair de casa?—minha mãe me agarra pelo pulso. -- lá fora é perigoso.
-- Mãe, porque não vamos embora. -- disse chorando. -- vamos morrer se continuarmos aqui.
Ela me abraçou, mas nada disse.
Porque estão todos querendo se conformar com essa realidade?
Rose, minha mãe, conheceu meu pai ainda em sua juventude, quando meu pai voltou saiu do exército, eles se casaram, e me tiveram. Eles se amam e me amam igualmente. Eles me dão tudo que eu preciso, e tudo que uma garotinha gostaria de ter. Queria poder protegê-los, mas não há nada que uma pessoa como eu possa fazer para travar o destino.
(...)
Tulipa nasceu no país da nuvem,como a única filha de Natanael, e Rose. Teve uma vida pacífica até seus dezoito anos, quando seus pais morrem, nas mãos no exército, sua aldeia é congelada, até virar cacos de vidro. Sobre o domínio do novo rei, todas as belas moças foram reportadas para seu palácio, as menos belas, viravam empregadas, e a mais bela, se tornou a esposa do príncipe. Apesar de bela, Tulipa não chegava aos pés do que o príncipe pretendia. Principalmente até por ser uma plebeia. Mas não haviam muitas opções, as moças nobres existentes ainda eram pequenas, para se tornar sua esposa, e nenhum dos dois impérios quis mandar suas nobres para cá, devido ao tanto de sangue derramado. Tulipa não foi tocada pelo príncipe, ele a rejeitava. Mas acabou tendo um destino como o de seus pais.
O vilão da história, o neto do falecido rei, invade o palácio, do novo rei, matando a todos e governando como uma espada de aço. Ninguém conseguia ser por contra ele, por que sobre seu comando afundava navios no mar, e fazia cheias cumbrirem seu reino. Eliminou todos que se colocaram contra ele, fez um massacre ainda pior que seu tio. A história termina com o reino da água sendo engolido pelas águas, e se tornando uma cidade submersa.
Na história, Tulipa, chegou a conhecer o homem quando seu pai a salvou, não chegou a conversar com ele porque ele emanava uma aura assustadora e recebeu ordens de seu pai, para se manter longe dele.
Tulipa foi mais uma figurante nessa história, que foi conhecida como a princesa relâmpago, porque sua ascensão, terminou assim que começou. Não chegou nem a fechar um ano. Porque no final do ano 400 foi morta pelo homem que seu pai salvou.
Ela não tem nenhum papel significativo, apesar de sua beleza deslumbrante.
Diferente de mim, ou melhor, da alma que possui seu corpo. Eu fui conhecida como Mackenzie, nasceu no séc XX, foi uma cientista bastante conhecida. Meus pais, eram professores que investiram na minha educação, mas não demonstram tanto afeto, assim como os pais de Tulipa demonstram. Para os meus pais, o sucesso estava em primeiro lugar e eles não admitiam falhas, nem desculpas. Minha educação foi rígida. Era presenteada só quando oferecia os resultados desejados. E então, quando fui admitida para o serviço nacional de inteligência. Logo após, eu ter terminado minha faculdade de medicina, tendo se destacado como uma das melhores cientistas.
Eu vivi num mundo de consumismo imediato, um modo de revoluções, um mundo igualmente marcado por guerra, destruições e mortes. Eu tinha 24 anos quando comecei a trabalhar no SNI. Se eu achava os meus pais exigentes, é porque eu não sabia o que é servir a o meu povo. Rapidamente me deixei levar, pelo espírito de competição, e pela insensibilidade, que os membros daquela corporação tinham. Foi durante a segunda guerra mundial, enquanto nazistas matavam judeus. Em Malvo, todo aquele que não conseguisse ter um QI acima de 120 era eliminado. O país estava em crise, eu o nosso líder queria eliminar pessoas que trazem despesas.
As teses delas eram bastante simples, e desumanas.
Se não consegue criar seu próprio sustento, morra.
Se sustenta com base no sacrifício, não tenha filhos.
Só os ricos podiam ter filhos. Se casar, e amar.
As mulheres não podiam conceber mais de dois filhos, isso era considerado um crime, e a pena era de morte para a mãe, e para a última criança a nascer.
Sem tetos eram usados sem seu consentimento como cobaias para descobrir a cura de inúmeras doenças que se alastram.
E era uma coisa muito engraçada, pois, quanto mais sangue inocente o governo derramava, mais pessoas nasciam.
Surgiu assim o partido da esquerda, para lutar contra o governo. Isso em 1944, e na época eu tinha vinte nove anos, já com muito sangue em minhas mãos. Conheci Aleandro, um homem pelo qual me apaixonei, eu gostava dele, era um homem inteligente e divertido. Nosso romance não durou muito. Pois, em 1945, em Malvo, começou uma crise de mortes sem explicação. Eu estive a frente a investigação, e isso era por causa de paraquate. Paraquat, é um ingrediente ativo utilizado na produção de herbicidas, a exposição do ingrediente levou à falência de múltiplos órgãos, em especial, os rins, pulmões e fígado.Danzo Guimel, líder do governo, proibiu o uso do ingrediente. Mas por baixo das cortinas, mandou modificar o paraquete, para que fosse usado contra os do partido da direita, em formato de gás. Eu e os meus colegas fizemos isso, tendo noção, dos efeitos desse ingrediente.Muito rapidamente, Danzo conseguiu neutralizar os da esquerda, tendo exposto seus corpos mortos como troféus. Imagina, como
Apreender medicina sozinha, sem ajuda de nenhum manual, vai exigir muito de mim, e do meu estoque de memórias. Quero começar o quanto antes possível, mas, no inverno, é difícil estudar ao ar livre.-- Pai.—Corri para o alcançar na porta. Ele se virou para me encarar.—Bom, dia.—Tive de acordar cedo para o encontrar antes dele sair. -- Pode por favor, trazer para mim, tinta e papéis?Ele me encarou com a sombra da queda, e depois assentiu.Meu pai é ferreiro, ele fabrica enxadas, anzóis, vassouras de ferro, entre outros instrumentos e vende no mercado, que fica a alguns quilômetros de distância. Antes ele só fazia espadas, mas quando ele viu que as espadas que ele fabricava eram as mesmas que eram usadas para ferir seu povo, ele parou.Ele saiu bem cedo, poderia dizer que ele sai, por volta das 4h e até às 12h ele está de volta. Então ele passa algum tempo conosco, quando não está trabalhando. Ansiosa, fiquei esperando ele chegar com aquilo que eu havia lhe pedido.-- Filha, o que quer
Se esse homem soubesse que na minha vida passada as pessoas imploraram para ser detidas por mim, e ainda assim pagavam caro para ser adepto, um ou dois anos depois.Não estaria falando essas merdas.-- Não quero nada. Você não tem nada que eu queira, mas olha. -- esperei pelas frestas da porta.—A tuberculose é facilmente transmissível, e você tem crianças em casa. Olhando para ti vejo que já foi enfeitado. Além de querer morrer com sua esposa, quer que seus filhos morram. Você não tem nada a perder. Não sou santa, nem Deus. Mas, tenho o meu conhecimento sobre medicina.Resultante o homem me deixou entrar, sua esposa está em estado avançado, tuberculoso milenar, perigosa e mortal, já afeta o fígado, os pulmões e a medula óssea. Tenho minhas dúvidas sobre a certeza de sua melhora. Mas, quanto ao seu marido e suas crianças que descobri terem, estão na fase inicial, tenho 100% de certeza de sua melhora.Em outras residências, recebi a mesma resistência e desconfiança, e antes de ir para
- São três dias de viagem. E esse é o endereço.—meu pai, me entrega um papel, que ele mesmo desenhou os caminhos escrevendo algumas referências.-- Três dias, Tulipa. Volte o mais rápido possível, assim que fizer a arma de fogo, não se coloque em risco. Você só tem 16 anos, ainda é um bebe.—abraço minha mãe.- Tomarei cuidado. Deixei alguns medicamentos já preparados e suas funcionalidades. -- Ano passado ensinei minha mãe a ler e escrever, foi uma experiência incrível. -- a dosagem e todos os detalhes, caso alguém venha e precise.Meus pais levaram uma semana para decidir se me deixam ir ou não. Acho até que já havia decidido, só estavam me matando aqui.-- Pai.—Ele coloca sua mão em minha cabeça.-- Benção. Que Deus em qual acredito te ajude, porque naqueles que depositei minha fé, me abandonaram faz tempo.—ele segura suas mãos.--as almas têm cores, e as pessoas em geral a cor de sua alma é branca, quando a pessoa é muito perversa mas ao mesmo tempo tem um requisito de bondade, a au
Me coloco de pé, mesmo sentindo zumbido em meu ouvido, pego nas minhas coisas e devolvo na sacola. Olho para o corpo morto do homem e não sinto culpa. Como se meu coração estivesse gelado.Me aproximo de seu corpo, e começo a lhe revistar. Ele tem algumas moedas de bronze e de prata, pego para mim, como o pagamento da comida que ele comeu.Me faço alguns curativos, e tomo analgesico.Na outra margem vejo uma pequena lagoa. Não tenho forças para caminhar e me sinto suja com o sangue desse homem grudado em mim. Caminho em direção a lagoa. Que nem levou vinte minutos, mas me afastou da minha trilha. Caiu de frente a ela, olho para o meu reflexo na água, e tem sangue colado em meu pescoço e minha bochecha. Primeiro bebo a água e depois limpo meu rosto.Me sinto fraca e tonta. Me escorro até outra árvore. Abraço ao que restou da lâmina da espada e apago.(...)Lá fora é tão barulhoÉ como se meus ouvidos estivessem sangrandoO que eu estou sentindo?A luz é tão brilhanteÉ como se eu es
-- Aqui está. -- ele coloca a comida na mesa. Puxa a cadeira e se senta. Seus cabelos azuis escuros são curtos, seus olhos são da mesma intensidade, azul num tom escuro. Seu tom de pele é claro, e por estar com uma camisa de interior, consigo ver marcas em seu pescoço e seu antebraço.Será que são tatuagens? Mas que tipo tatuagem são essas que parecem apenas manchas jogadas ao acaso. Manchas negras.Chá de menta. Acompanhado com bolo de maçã.-- Então, porque estava dormindo na lagoa?—Jasmim.- Parei para descansar, e acabei pegando no sono.-- Essa zona é perigosa. Não deveria andar por aí, sozinha.-- Eu sei.-coço minha bandana que faz comichão. -- mas, tenho de chegar a casa de meu tio, de um jeito ou de outro. Meu tio vive no vilarejo.- Vai visitar? Não deveria ir com seus pais?- Quis ir sozinha. Já sou praticamente uma adulta.Comemos em silêncio. Heydrich, não disse nada. Mas eu gostaria de entender o que ele e sua mãe estão fazendo aqui no meio do nada. Assim que terminamos
HEYDRICH BARUCHNão imaginei que voltaria a cruzar com aquela criança que parecia conhecer todos os meus pecados, e me tratava como se fosse do meu tamanho. Quando a familia dela me achou eu estava fugindo dos homens que meu pai mandou para me matar.A minha história é insana, e talvez impossível de se compreender. Eu não gosto de pensar nela, porque me faz sentir menos humano. E me faz pensar que passei pela vida, apenas para ser usado como um objeto.Meu avô morreu, e o trono, ao invés de passar para minha mãe, e o seu marido, o irmão do meu avô, matou o marido da minha mãe, e propôs que se casassem para que assumissem o trono juntos. Mas, ele não é um homem confiável, já feriu minha mãe de diversas formas, matou o pai dela e o seu marido. Eu servia ao exército do meu avô, mas com a sua morte, muitos homens que estavam ao seu lado passaram para o lado do meu tio. Passando assim, a caçar a mim e a minha mãe. Levei muito tempo para despistar e camuflar minha presença.Ele quer o reino
Heydrich conseguiu captar completamente aquilo que lhe pedi. Uma AK 47.- Então para usar isso. Eu tenho que apontar o alvo, e puxar o gatilho.—o projétil perfurou uma árvore.Tive aulas de tiro ao alvo, por causa da posição que estava ocupando na minha vida passada. Mas, não cheguei a usar isso contra ninguém.Heydrich se aproxima e estica a mão. Ele pega na arma, a encara milimetricamente. Depois atirar nos pássaros que estavam voando.-- Ei.—bato na mao dele.— não teste em animais. Você é maluco?—Corri para ir ver as aves, ele acertou cinco, direto na cabeça e sem errar. Ele tem uma mira muito boa. -- escuta aqui. Você não usa isso para testar em animais okay? –pegou na arma.-- Estava pensando no jantar de hoje. -- ele começa a recolher as aves. Agarrando-os pelas asas. -- vai me agradecer por colocar comida na mesa.Ele não quis minha ajuda para cozinhar. eles fez tudo sozinho como antes. E até a hora que o jantar ficou pronto, Jasmim já havia acordado, perguntei como ela estava