Capítulo 04 

Naquela noite, o sonho com o homem dos olhos verdes atormentou meus pensamentos. Enquanto tomava o chá de camomila, me senti inquieta, tentando desesperadamente lembrar seu rosto. Mas tudo o que vinha à mente eram flashes desconexos, sem uma imagem clara.

Meus pensamentos vagaram para o passado, para um tempo em que minha vida era diferente, antes de Maria Fernanda, eu estava quase em depressão pela traição do meu ex marido e da mulher que um dia considerei minha amiga. 

Decidi tentar distrair minha mente com algo, então peguei meu caderno de desenhos e comecei a rabiscar. Enquanto desenhava, deixava minha mente vagar, me perdendo nos traços e formas que criava. Era uma sensação reconfortante, quase meditativa.

Quando finalmente me senti sonolenta o suficiente, voltei para o quarto e me aconcheguei na cama. Fechei os olhos, esperando que o sono me levasse para longe daquelas incertezas.

No entanto, mesmo depois de adormecer, o rosto do homem dos olhos verdes ainda rondava meus sonhos, uma presença misteriosa e intrigante que eu não conseguia entender.

Quando finalmente acordei na manhã seguinte, estava me sentindo cansada e desorientada, como se não tivesse realmente descansado. Mas havia trabalho a ser feito, responsabilidades a cumprir, então levantei e me preparei para mais um dia.

Umas semanas havia se passado e eu estava me preparando psicologicamente para receber o meu novo chefe, a festa de despedida do senhor Diogo havia sido linda, e todos ficamos chorosos e saudosistas. Quando ele nos viu cabisbaixos, sorriu e nos pediu para nos alegrarmos dizendo que ele não estava morto, estava se aposentando apenas. 

Enquanto passava pelo corredor, meu celular tocou e vi que era o nome da minha amiga e quando fui atender trombei em alguém e fui parar no chão espalhando as pastas que eu levava. 

— Desculpe! Estava um pouco distraída. – Juntei as pastas e o homem me entregou uma pasta, quando os nossos olhos se encontraram, lá estava um lindo par de olhos verdes, vívidos exatamente como eu via no meu sonho. Ele ficou me encarando também e antes que aquilo ficasse ainda mais constrangedor me levantei rapidamente, me desculpei novamente e segui o meu caminho. 

Ajeitei a sala para receber meu novo chefe e fiquei ao lado da dona Berenice a secretária aguardando. 

Estava de cabeça baixa quando senti alguém passar por mim, ao levantar meus olhos só vi a nuca do homem entrando em sua sala. 

— Menina, você viu o homem parece um armário? Ele é lindo! 

— Berenice, Berenice, o que seu marido vai pensar se te ouvir falando isso? – Ela soltou uma gargalhada animada.

— Aquele velho me conhece há tantos anos que já nem liga mais. – Rimos mais uma vez e o nosso ramal tocou e ela atendeu, ouviu atentamente e depois desligou. 

— O que foi? – Perguntei intrigada.

— O chefe quer falar com você, se prepare por que ele tem uma voz imponente, com um sotaque americano. 

Ela suspirou e sorriu animadamente, me levantei balançando a cabeça e rindo também. Bati na porta e recebi permissão para entrar, assim que o fiz vi os belos olhos verdes novamente. 

— Você é a minha assistente? 

— Sim, muito prazer me chamo Anthonella – ele me encarou de uma forma estranha novamente. 

Ele balançou a cabeça e olhou para mim rapidamente antes de falar comigo. Jhonathan me entregou uma lista de afazeres e disse que a enviou para mim por e-mail. Depois, me dispensou com um gesto da mão. Quando já estava saindo da sala, ele me chamou novamente. Virei-me para encará-lo, e ele pediu para que eu não me distraísse e evitasse trombar com alguém.

Revirei os olhos diante da sua observação, sentindo-me um pouco incomodada com sua maneira direta. No entanto, mantive a compostura e respondi com um simples "Entendi, senhor", antes de deixar a sala.

Ao sair, senti um misto de curiosidade e nervosismo em relação ao meu novo chefe. Seu olhar e sua voz imponente deixaram uma forte impressão em mim, e eu sabia que teria que me esforçar para impressioná-lo. 

Com a lista de afazeres em mãos, voltei para minha mesa e comecei a organizar as tarefas do dia. Quando li a minha lista de afazeres, encarei a tela por alguns segundos. A lista consistia em buscar seu terno na alfaiataria, eu nem sabia que havia uma dessas no Rio de Janeiro, comprar bala de café, M&M’s e separar por cores, depois comprar jujubas e tirar as verdes, na parte de doces ele parece com a minha filha, buscar algumas pastas, o acompanhar em uma reunião, e mais algumas coisas. Sinto saudades do senhor Diogo, porque não tinha que fazer essas coisas sem sentido. 

Depois de encomendar o seu almoço, avisei a Berenice que estaria saindo para cumprir a lista que meu novo chefe me encomendou. Busquei seu terno, levei para seu apartamento, comprei os doces que me pediu e comprei uns potes para separar as guloseimas, quando cheguei com as sacolas Berenice me perguntou o que era aquilo tudo e contei que era para o meu novo chefe.

— Pensei que era para a sua filha? 

— Não, é para o novo chefe, mas aproveitei para comprar para a Mafê também, ela também adora essas guloseimas. 

— Por falar nele, ele estava soltando fogo pelas ventas, disse que você encomendou uma porcaria de comida, e depois perguntou se você queria matá-lo. 

— Oxi! O que eu fiz agora? Depois que acabar aqui vou na sala dele procurar saber o que eu fiz. 

Depois que separei todos os doces, peguei os potes e levei para a sala de Jhonathan. Quando recebi a permissão para entrar, arrumei os doces em seus devidos lugares e assim que terminei, virei para ele que me encarava de cara feia. 

— Eu te fiz alguma coisa para você tentar me matar? – Olhei para ele confusa. 

— Não entendi o que eu fiz de errado? 

Jhonathan me encarava com uma expressão séria, seus olhos verdes pareciam penetrar fundo em minha alma. Senti um calafrio percorrer minha espinha quando ele finalmente quebrou o silêncio.

— Você não sabia que eu tenho alergia severa a derivados do leite? – Sua voz soou firme e direta.

Fiquei momentaneamente atordoada com a pergunta, tentando processar a informação. Não tinha recebido nenhum aviso sobre essa alergia.

— Não, senhor, eu não recebi esse aviso. – Respondi, tentando manter a calma diante da sua intensidade.

Ele soltou um suspiro frustrado e balançou a cabeça.

— Dessa vez você se safou, mas não deixe isso acontecer de novo. – Sua voz era dura e autoritária.

Me senti aliviada por não ter cometido um erro grave, mas também um pouco desconfortável com a maneira como ele me repreendeu. Assenti rapidamente e me retirei da sala, deixando-o para trás com sua expressão séria e imponente.

Enquanto caminhava de volta para minha mesa, respirei fundo e me concentrei em seguir para a próxima tarefa. 

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