Río de Janeiro, 2015
Estava escrevendo a redação da escola quando Joyce e Priscila se jogaram na cama me assustando. — Aí, suas doidas! Vocês me assustaram. – Reclamei com elas. — E o que a senhorita está fazendo de tão importante que estava concentrada? – Priscila tomou o caderno da minha mão e começou a ler. — Que merda é essa que você está escrevendo? Expliquei a elas que era a minha redação da escola e Pri riu de mim me deixando confusa. — Você acha mesmo que antes dos trinta vai estar formada, e vai se casar com um cara legal, olha para onde vivemos An, somos órfãos em breve estaremos por nossa própria conta pare de sonhar amiga, teremos sorte de encontrar um cara que não nos bata. — Priscila deixa a An sonhar, não podemos ser amarguradas igual a você. – Joyce tomou a frente. — Vocês duas chatas, porque não tentam arrumar um cara rico? A gente vai sair daqui e não vamos ter saída. — Temos sim, já combinei com o Marinho e ele vai arrumar vagas pra gente no Dolore’s burguer. Ele disse que o dono é difícil e salário não é lá essas coisas, mas pelo menos vamos poder alugar uma casinha e morarmos todas juntas. Abracei minha amigas e fizemos um pacto de sempre sermos melhores amigas para sempre, nesse mesmo ano Joyce saiu primeiro, enquanto Priscila e eu saímos no mesmo dia Marinho que era um amigo que fizemos na escola nos ajudou e logo estávamos trabalhando no inferno burguer, quer dizer Dolore’s burguer, no meu primeiro dia derrubei uma bandeja em um rapaz e fiquei implorando que ele me desculpasse, mas ele não ligou e ainda me ajudou a catar as coisas, seus olhos eram lindos e fiquei hipnotizada, levei a bandeja e recebi uma advertência e anotaram o lanche perdido para descontar do meu pagamento. — Menina, que carinha lindo! Vocês conversaram? – Joyce se aproximou curiosa. — Não, mas pelo visto ele não daqui porque ele se desculpou em inglês. — Eu não pago vocês para conversarem, anda logo e vão servir as mesas. Pedimos desculpas e voltamos ao nosso trabalho, Priscila não aguentou trabalhar muito tempo aqui e arrumou outro emprego, não sei de que, mas paga muito melhor do que aqui, no final do expediente estava exausta. Joyce e eu fomos para o ponto e quando chegamos em casa nossa amiga estava se arrumando para sair. — Vai sair Priscila? — Não, Anthonella. Estou me arrumando para assistir a novela. — Grossa! Só te fiz uma pergunta. — Tô brincando minha amiga fofinha, na verdade nós vamos sair,e nem adianta fazerem essas caras de bunda, temos dezoito anos e sempre tivemos o sonho de sairmos sexta à noite para nos divertir. — Acontece que você não trabalha no inferno como a gente, você não aguentou três meses. Joyce se recusou, mas Pri era muito convincente quando queria e cá estamos nós chegando em na balada, ele conversou algo com o segurança que sorriu para ela e nos deixou entrar sem precisarmos da fila, ficamos curiosas e perguntamos porque entramos ela apenas disse que fez amizade com o filho do dono no novo trabalho dela. — Esse seu trabalho misterioso está te rendendo até entradas vips, onde você trabalha amiga? Arruma umas vaguinhas pra gente. – Joyce e eu pedimos e Priscila soltou uma risadinha. — Vamos pegar umas bebidas e antes que reclamem eu pago suas mãos de vaca,já que recebo muito mais do que vocês. Fomos para o bar e eu preferi um drinks sem álcool o que fez Pri e Joy rirem de mim me chamando de chata, não demorou muito e Priscila saiu e voltou com um cara bonito ao lado. — Meninas, esse é o cara que eu falei para vocês, Ramón, essas são minhas amigas Joyce e Anthonella. — Muito prazer meninas – ele cumprimentou Joyce e quando me cumprimentar me deu um beijo no canto dos lábios, me deixando com o rosto avermelhado. — Anthonella, seu nome é digno de uma princesa. – Ele me deu uma piscadela e pediu que eu estendesse o pulso e colocou a pulseirinha no meu pulso. — O que é isso? — Essa é a pulseirinha vip, você pode transitar na área vip e já falei com o garçom que suas bebidas são por minha conta. – Ele beijou a minha mão. — Porque não estende a cortesia para as amigas dela também, afinal eu te conheço a um tempinho e a An, você conheceu agora. — Essas pulseiras não são para ficar distribuindo pra qualquer uma, elas custam dinheiro. — Mas ela está comigo e se eu não tiver cortesia, nós vamos embora – Priscila tanto fez até que Ramón deu uma pra ela e outra para Joyce que reclamou comigo dizendo que a Pri, é uma invejosa, eu não disse nada e nem concordei com ela. Ramon aparecia de tempos em tempos para ver se eu estava bem e sempre que vinha dançava comigo, quando anunciei a ele que iria embora Ramón fez questão de nos levar para casa, me despedi dele e ela puxou o meu braço me fazendo trombar em seu corpo. Priscila quis ficar ao meu lado, mas Joy a empurrou para dentro. — Obrigada pela carona. — Não precisa agradecer linda, mas se quiser agradecer eu sei como. – Ele mordeu o lábio inferior e o empurrei. — Hey! Calma, eu quis dizer que você pode pagar aparecendo mais vezes na balada. Ao ouvir suas palavras meu corpo relaxou. Expliquei a ele que meus turnos na hamburgueria eram aleatórios e ele disse que daria um jeito de me encontrar. Como prometido, Ramón apareceu no Dolore's e ficou por lá até que meu expediente terminasse. Com o tempo sua presença ficou mais frequente e sempre que podia estava na sua balada, não demorou muito estávamos namorando e fui apresentada a sua família que gostaram muito de mim, no ano seguinte estava noiva e casada. Nossa lua de mel foi em Campos dos Jordão, em um hotel maravilhoso que os pais dele nos deram de presente. Ao voltarmos, Ramón me tirou do trabalho no Dolore's e comecei a fazer cursos, Joyce ficou muito feliz por mim, pois ela sempre dizia que eu era a mais romântica do grupo e portanto mereceria ser feliz, Priscila aparecia esporadicamente e quando ia me visitar fazia cara de descontentamento, não entendia o motivo daquilo, mas como minha amiga sempre foi assim deixei pra lá. Até que no dia cinco de Janeiro de 2018 descobri uma coisa que mudou a minha vida.Río de Janeiro, 2023Meu despertador anunciou a chegada de um novo dia e me levantei rapidamente, fiz o que tinha que fazer e preparei o café para MaFê, fui ao quarto da minha princesa e a chamei que resmungou.— Cinco minutinhos mamãe. – Ela pede virando pro outro lado. — Nem cinco e nem três, vamos dona Maria Fernanda, ou levanta ou vou te atacar com cosquinhas. Minha filha riu e eu sabia que ela queria que eu fizesse cócegas nela, ela gargalhava animadamente e a levei ao banheiro, depois banho estava secando seu cabelo quando a vi olhar fixamente para minha barriga. — Mamãe, que ‘maca’ é essa? — Essa marca aqui? – Apontei e ela assentiu. — Foi por aqui que você saiu. – Ela olhou pra mim curiosa. — Eu que te cortei? — Não meu amor, o médico que fez esse corte pra você sair. – MaFê passou a mão pela cicatriz e depois me abraçou pedindo desculpa. — O que a mamãe sempre fala pra você? — Que eu ‘so’ a luz que ilumina. — Isso mesmo, você é o presente mais lindo que recebi do céu
Rapidamente me aproximei de Jhonathan e expliquei a ele o que estava acontecendo. Ele me ofereceu ajuda, mas recusei, dizendo que daria um jeito. No entanto, ele, como alguém que não aceita um "não" como resposta, pôs a mão em minhas costas e me guiou até o carro, pedindo que eu desse o endereço de onde estava minha filha. Durante todo o trajeto, eu balançava as pernas nervosamente, ansiosa pelo que encontraria. Assim que chegamos, agradeci e saí rapidamente do carro. Bati no portão e Verinha atendeu, com a minha filha no colo, tentando respirar. Rapidamente peguei sua bombinha e fiz os procedimentos necessários. Quando minha filha respirou normalmente, senti o alívio me tomar.— Desculpe mesmo, Anthonella. Eu não sei o que aconteceu. – Verinha parecia preocupada.— Não foi o que ela comeu, era a crise de asma. Lembra das instruções e dos medicamentos que eu deixei pra você? Como você estava nervosa, eu não consegui entender o que era. – Expliquei calmamente, tentando acalmá-la.Ela s
— An, você não vai me cumprimentar? – Priscila sorriu para mim e respirei fundo. — Anthonella não tem nada para falar com você Priscila, vamos An. – Minha amiga puxou o meu braço. — Mamãe, quem é essa moça? – Maria Fernanda perguntou e Priscila a encarou. — Quem é essa menina? – Ela perguntou. — Menininha quantos anos você tem. — Eu tenho assim “ó”. – Ela fez o sinal de quatro com os dedos. Quando minha filha disse a idade que tinha, Priscila me encarou e eu sabia o que ela estava pensando. — Antes que diga alguma coisa ela não é a filha de quem está pensando — Pela as minhas contas, ela é sim filha de Ramón, ele vai adorar isso. — Como Joyce já disse, ela não é a filha do Ramón, agora se nos der licença temos mais o que fazer. Peguei a mão da minha filha e sai de lá, tenho certeza que Priscila vai contar ao Ramón e ele vai ficar com ideias erradas. No caminho de volta para casa, o silêncio no carro era quebrado apenas pelo suave som que Maria Fernanda, que adormecera no ba
Entrei na sala do meu chefe e perguntei o que estava acontecendo e ela praticamente jogou a bandeja em cima de mim. — Já é a segunda vez que eu venho aqui e vejo a bandeja com resto de comida, você como assiste pessoal está fazendo um péssimo serviço, leve isso daqui imediatamente. – Ela falou exatamente como da outra vez. — Camila não…— Você é muito bonzinho com os funcionários Jhonjhon, temos que tratá-los com punhos de ferro já que pagamos o seu salário. Espero que da próxima vez eu não tenha que te ensinar o seu trabalho. Agora pode sair. — Corja de arrogantes do caralho! – Falei baixinho para mim mesma. — O que disse? – Ela perguntou. — Não disse nada, senhorita, com licença. — Acho bom, por que se não estiver satisfeita é só pedir demissão, está cheio de gentinha como você precisando de trabalho. Respirei fundo e contei até dez para não retrucar aquela mulher maluca e sem noção. Antes de sair olhei para meu chefe que nada disse.— Argh! Esses dois filhos da puta se merec
Estacionei no portão de casa e limpei as lágrimas para que minha filha não percebesse que eu estava chorando, entrei em casa e ela estava animada dançando as músicas do mundo Bita e pediu para que eu brincasse com ela, me abaixei ficando a sua altura e expliquei que estava com dor de cabeça, mas que amanhã não ia ter trabalho e eu poderia ficar com ela o dia todo, minha pequena logo se animou e beijei topo de sua cabeça.Joyce percebeu que eu não estava bem e disse que colocaria MaFê para dormir e agradeci a ela, entrei no meu quarto e me joguei na cama com a roupa que estava, me permitir chorar tudo que estava preso em mim, que vergonha passei hoje, por que eu tive que esbarrar com Priscila? Um tempo depois minha amiga entrou trazendo chá de camomila e me fez beber, ela sentou na beirada da cama e me pediu para contar tudo o que havia acontecido e contei todos os detalhes a ela. — Não creio amiga! Que dia de merda você teve hoje e eu estava reclamando que uma criança vomitou no chã
Jhonathan Lancaster Trabalhar no Brasil tem sido um desafio de diversas maneiras, as pessoas aqui são… elas tem uma visão diferente a respeito de tudo, a maneira delas agirem às vezes espalhafatosas, chega ser estranho e olha que o sangue brasileiro também corre em minhas veias. Preciso ter muito mais tato para falar com as pessoas daqui, acho que por isso meu pai me mandou para cá, pois meus irmão seriam processados na primeira oportunidade. Outro desafio é trabalhar com a minha assistente, Anthonella não é uma má funcionária, pelo contrário ela está sempre atenta e disposta a me atender, confesso que às vezes sou muito duro com ela e não sei o motivo. Camila tem sido muito insistente, ela não aceita não como resposta e como os meus pais aprovam a nossa união e por isso resolvi dar mais uma chance para nós, porém não me vejo preso novamente em relacionamento com ela e nem com ninguém para ser exato me sinto feliz com a minha vida de solteiro. Anthonella entrou em minha sala traze
Anthonella FagundesQuando vi meu chefe ali parado, confesso que fiquei nervosa e preocupada, mas ao decorrer da noite, ele se mostrou um cara bacana. Seu amigo Cláudio estava monopolizando a minha amiga, o que fazia Marinho olhar em nossa direção de cara feia.Os caras não paravam de pedir drinks, e eles adoravam quando eu acertava os gostos deles. Isso nos rendeu muitas gorjetas generosas. Claro que tinha os engraçadinhos que achavam que queríamos ir para a cama com eles.— Os homens sempre ficam em cima de você assim? – Jhonathan perguntou.— Homens sendo homens. – Revirei os olhos e ele riu, revelando suas covinhas. — Você fica bonito quando está relaxado.Os olhos verdes dele se fixaram nos meus e me arrependi do que disse. Aproveitei que um cara me chamou e fui atendê-lo. Depois que entreguei sua bebida, minha amiga me puxou para perto dela.— Poderia ter apenas me chamado, amiga, por que me puxar desse jeito?— Amiga, quem é esse gato? Vocês parecem bem íntimos. – Tem horas qu
Rio de Janeiro, 2016 Estava no quarto quando Ramón chegou e se jogou ao meu lado.— Onde você vai arrumada desse jeito? — Ele perguntou, olhando a minha bunda.— Estou indo para o curso, já se esqueceu?— Ah, não! Hoje você vai comigo para a boate, se esqueceu que dia de sexta o movimento é grande e outra coisa eu quero ficar com você, gata.Tentei argumentar com Ramón que acabaria reprovada por falta, mas como é ele quem paga o curso, não vou discutir. Acho que a maior burrada que fiz foi ouvi-lo e sair do meu emprego.— Tudo bem, Ramón, eu vou com você.— Tira essa roupa sem graça e coloca aquelas brilhosas que eu te dei. Você tem um corpão e tem que exibir.Meu marido é o primeiro homem que vejo que gosta de me ver com roupas curtas e justas. Parece que curte quando os homens me comem com os olhos. Fui até o guarda-roupa e escolhi a roupa menos pior. Ele sabe muito bem que esse estilo não é para mim, tem mais a ver com Priscila, mas como não quero contrariá-lo, vou usar.Pus a rou