Capítulo 13

— An, você não vai me cumprimentar? – Priscila sorriu para mim e respirei fundo.

— Anthonella não tem nada para falar com você Priscila, vamos An. – Minha amiga puxou o meu braço.

— Mamãe, quem é essa moça? – Maria Fernanda perguntou e Priscila a encarou.

— Quem é essa menina? – Ela perguntou. — Menininha quantos anos você tem.

— Eu tenho assim “ó”. – Ela fez o sinal de quatro com os dedos.

Quando minha filha disse a idade que tinha, Priscila me encarou e eu sabia o que ela estava pensando.

— Antes que diga alguma coisa ela não é a filha de quem está pensando

— Pela as minhas contas, ela é sim filha de Ramón, ele vai adorar isso.

— Como Joyce já disse, ela não é a filha do Ramón, agora se nos der licença temos mais o que fazer.

Peguei a mão da minha filha e sai de lá, tenho certeza que Priscila vai contar ao Ramón e ele vai ficar com ideias erradas.

No caminho de volta para casa, o silêncio no carro era quebrado apenas pelo suave som que Maria Fernanda, que adormecera no banco de trás. Olhei pelo retrovisor e não pude deixar de sorrir ao vê-la tão tranquila. Joyce, percebendo meu sorriso, aproveitou a oportunidade para falar sobre o encontro inesperado com Priscila.

— An, você acha que a Priscila vai realmente falar com o Ramón sobre a MaFê? – perguntou, com preocupação na voz.

— Tenho certeza de que sim. – respondi, tentando esconder a ansiedade que tomava conta de mim. — Mas estou tranquila, sei que a MaFê não é filha dele.

Joyce suspirou, aliviada, mas ainda apreensiva.

— Ainda bem. Se não fosse assim, tenho certeza de que ele e a família tentariam tirar a menina de você.

Fiz o sinal da cruz, uma forma de buscar proteção e agradeci aos céus por ela ser filha do meu chefe.

— Zeus me free, Joy. Não sei o que faria se isso acontecesse. – Joyce balançou a cabeça, concordando.

— E Priscila, hein? Que descarada, nos chamando de amigas como se nada tivesse acontecido. Como ela tem coragem?

Me lembrei dos tempos difíceis que passamos juntas, e de como nossa amizade tinha sido destruída por escolhas erradas.

— A Priscila sempre foi assim, não sabe medir as consequências dos seus atos. Nós éramos suas amigas, mas ela nunca foi a nossa de verdade e isso o tempo nos provou. – Joyce assentiu, concordando comigo.

— É verdade, An. Como eu queria dar um soco bem dado na cara dela, descontar tudo que ela e o babaca do Ramón fizeram a você.

— Não precisa sujar suas mãos com pouco merda, o karma sempre vem amiga e é como os vídeos do Dhar man sempre diz: “As suas ações sempre dão um jeito de voltar para você”

— Será você a reencarnação da Madre Tereza? – Nós duas rimos animadas.

Ao chegarmos em casa, tirei Maria Fernanda do carro com cuidado para não acordá-la. Ela continuava a dormir profundamente, e a coloquei delicadamente na cama. Joyce e eu nos sentamos na sala exaustas e felizes por ver que MaFê estava feliz.

— Hoje foi um dia tão bom, uma pena que amanhã já tenho que voltar ao trabalho, mal comecei nesse trabalho e já quero férias.

— Você é louca amiga, tem quase um mês no emprego e já quer férias, se trabalhasse para Jhonathan pediria demissão no primeiro dia.

— Não sei, ele é um gato, acho que tentaria ficar mais um tempinho – ela gargalhou e a acompanhei.

— Você não tem noção amiga. Estou indo dormir, boa noite! – Me despedi dela e fui para a minha cama.

Após me despedir de minha amiga fui para o meu quarto e rezei para que o dia de amanhã fosse mais calmo.

No dia seguinte quando acordei, Joyce já havia preparado o café e ido comprar pão, o que um milagre, fiz tudo que precisava fazer e acordei Maria Fernanda que depois de alguns protestos se levantou. Já na escola a vi entrar e depois fui para meu trabalho Berenice quando me viu fez perguntas por Maria Fernanda e a tranquilizei dizendo que ela estava bem e arteira como sempre.

— Fico feliz em ouvir isso, eu ficava nervosa quando meus filhos passavam mal também, nossa! A gente até pede pra ficar doente no lugar deles, não é?

— Nem me fale viu, não gosto de ver a minha pequena amada e…

— Senhorita Fagundes venha até minha sala. – Jhonathan chegou cortando o assunto, rapidamente me levantei e o segui.

Ele me mandou fechar a porta e perguntou o que tínhamos para fazer hoje, conferimos sua agenda e antes quando estava me levantando para sair ele me perguntou pela minha filha e quando eu disse que ela estava bem, ele disse que agora eu poderia me dedicar ao trabalho, quase perguntei a ele quando eu não me dedicava, mas preferi deixar quieto, pois tenho que manter o emprego.

Voltei para o meu lugar e sentei ao lado de Berenice.

— Nosso novo chefe é um tantinho grosseiro, não é? Deve ser mal dos ingleses.

— Ingleses? Ele não é americano? – Perguntei confusa e curiosa.

Berenice me explicou que ele é inglês, só que se mudou para Nova York com a família na juventude.

— Deve ser muito bom ter a família por perto.

— A sua família é daquelas desgarradas que fica cada um em um canto? – Berenice perguntou e abaixei a cabeça.

— Eu sou órfã na verdade. – Quando me ouviu dizendo que era órfã ela imediatamente se desculpou comigo e pedi a ela que ficasse tranquila, pois eu não falo muito sobre isso.

— Você nem chegou a conhecer a sua família?

— Não, a história que ouvi no orfanato era que eu apareci na porta deles com um papelzinho escrito meu nome apenas.

— Aí, An! Nem sei o que dizer de verdade.

— Não se preocupe, apesar dos pesares, fui bem tratada no orfanato e fiz boas amizades e alguns amigos, em especial uma que considero minha irmã e moramos juntas inclusive. – Sorri ao me lembrar de Joy.

— Fico feliz que foi bem tratada, porque ouço muitas histórias sobre orfanatos que dão vontade de chorar. – Concordei com Berenice.

Deixei o assunto de lado e voltamos ao trabalho, na hora do almoço precisei levar alguns documentos até o RH e aproveitei para pegar a comida de Jhonathan, liguei para diversos restaurantes até encontrar um que servisse a bendita salada de feijão verde que ele queria comer. Voltei para a empresa, arrumei seu almoço e levei para a sua sala, depois de deixar tudo arrumado sentei na minha mesa e fiz algumas alterações na agenda como ele havia me pedido.

Estava distraída quando ouço alguém batucar na mesa, levantei meus olhos e encontrei Camila Olivas e sua cara de superioridade me encarando.

— Vai ficar me encarando, ou vai ligar para Jhonathan e dizer que eu estou aqui para vê-lo.

— Boa tarde, senhorita! Vou avisar ao meu chefe, porém não sei se ele vai poder atendê-la.

— Pare de falar e só liga.

Fiz o que pediu e quando avisei que ela estava aqui para vê-lo ele soltou a respiração como quem não tivesse gostado da visita. Avisei a ela que ele irá recebê-la e a metida virou as costas para mim sem nem ao menos agradecer. Esse povo com dinheiro é foda, Jhonathan é outro grosseiro, mas é ele quem paga as minhas contas já essa tal de Camila. AFF! Sebosa do cacete. Quando Berenice voltou do almoço contei a ela que a sebosa estava na sala dele e ela revirou os olhos.

— Vá almoçar querida, agora vai ser minha vez de aturar a dita cuja.

Peguei meu celular e estava me preparando para sair quando a porta é aberta e Camila me chamou com cara de poucos amigos.

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