Pedro Henrique Soares Depois de mais uma longa viagem com o time, tudo o que eu conseguia pensar era em voltar para casa. Sentir o cheiro da nossa cama, o abraço da MaFê e o conforto de estar no meu próprio lar. Mesmo sendo apaixonado pelo futebol e por tudo o que ele me proporciona, nada se comparava à sensação de estar de volta aos braços dela. O voo foi tranquilo, mas interminável. A saudade de MaFê apertava a cada minuto, e eu não via a hora de chegar. Quando o avião finalmente pousou, eu peguei minha bagagem rapidamente e saí do aeroporto como se estivesse em uma corrida de última hora. Eu sabia que ela estaria esperando por mim, e isso fazia o cansaço da viagem desaparecer instantaneamente. Cheguei em casa e, estranhamente, não a encontrei na sala como de costume. O silêncio me envolveu de maneira desconfortável. Passei pelo corredor, imaginando que ela pudesse estar no quarto, talvez descansando, já que seu treino também havia sido puxado nos últimos dias. — MaFê? — chamei
Maria Fernanda Fagundes Lancaster Nunca imaginei que o dia de descobrir o sexo do nosso bebê pudesse ser tão significativo. Claro, estava ansiosa, com aquele frio na barriga e borboletas no estômago, mas sabia que o que viria mudaria nossas vidas para sempre. Tinha algo no ar, um sentimento que me dizia que esse momento seria muito mais do que uma simples revelação.Pedro, como sempre, estava ao meu lado, nervoso e agitado. Desde que soube da gravidez, ele havia se transformado em alguém ainda mais protetor e amoroso, o que me fazia apaixonar ainda mais por ele. Mas o que me preocupava não era tanto a ansiedade dele, mas a reação dos meus pais. Sabia que meu pai estava a um passo de hiperventilar só de pensar que sua “bebê” estava esperando um filho — e eu nem sabia como ele reagiria ao saber o sexo.Chegamos à clínica mais cedo, porque Pedro, típico ansioso, insistiu. Ele parecia um garoto que não conseguia esconder a empolgação, embora eu pudesse ver nos olhos dele o nervosismo. M
Acordei com uma sensação estranha, uma mistura de pressão e umidade, e demorei alguns segundos para entender o que estava acontecendo. Eu estava deitada ao lado de Pedro, nossos corpos entrelaçados em uma tentativa de aproveitar as poucas noites tranquilas que nos restavam antes da chegada dos nossos bebês. Mas agora não havia mais tempo para tranquilidade. – Pedro... – sussurrei, sacudindo-o levemente. Ele resmungou, virando-se de lado, mas não acordou. – Pedro... – repeti, agora com mais urgência. Ele abriu os olhos lentamente, ainda meio confuso, até que se levantou e me olhou, finalmente percebendo que algo estava errado. – O que foi? Está tudo bem? – perguntou ele, a voz rouca de sono, ainda sem entender o que estava acontecendo. – Minha bolsa estourou – digo calmamente. Pedro arregalou os olhos, o pânico começando a aparecer em seu rosto. Ele sentou-se na cama com um salto, os cabelos bagunçados e os olhos arregalados. – Sua bolsa estourou? Agora? Mas... – Ele olh
Rio de Janeiro, Março de 2018.Acordei com uma dor de cabeça terrível, meus olhos estavam pesados, tentando se habituar à claridade. Encarei o teto desconhecido e me perguntei onde estava. Quase nenhuma lembrança preenchia minha mente, exceto por um lindo par de olhos verdes.Enquanto tentava processar o que aconteceu, ouvi batidas na porta. Uma pessoa desconhecida me entregou o café da manhã, aumentando minha vergonha. Nunca imaginei estar em uma situação assim.Após o desajeitado café da manhã, escapei para o apartamento de minha amiga Joyce, onde estava temporariamente hospedada. Assim que cheguei, vi a preocupação estampada no rosto de Joyce.— Criatura, onde você estava? Te liguei milhares de vezes! – Joyce exclamou assim que me viu.— Ai, Joyce, nem eu sei, amiga. – Respondi, desanimada.— Como assim? – Ela me questionou sobre minha noite, e eu, envergonhada, disse que saí para beber e tentar esquecer dos problemas. Bebi tanto que mal me lembrava do que havia acontecido.A expre
Rio de Janeiro, 2023Desde que me descobri grávida cinco anos se passaram, no dia 17 de Dezembro de 2018, com 3,950, nasceu a luz da minha vida, minha pequena espoletinha Maria Fernanda, apelidada por mim e Joyce de MaFê. Enquanto estava grávida dela passei por muitos percalços e só não me senti sozinha por que em todas vezes a minha amiga estava lá me dando apoio. — Mamãe… Mamãe… você está chorando? – Minha pequena pergunta me encarando com seus lindos olhos verdes vividos. — Mamãe, só estava lembrando de uma coisa especial. – Ela me olhou curiosa. — Vamos pentear esse cabelo princesa? Me levantei e peguei o banquinho, o pote de xuxinhas e escova. Hoje era dia de penteado maluco e sempre nesses dias, precisávamos acordar cedo para arrumar os cabelos cacheados e um pouco indomáveis que ela tem. Minha. Filha tem muitos traços meus como o nariz, o formato da boca, e parece que será de estatura baixa como eu, ah! E a cor também é parecida com a minha, mas o formato do rosto, a cor dos
Após mais um dia cansativo de trabalho, fui para casa completamente cansada e quando cheguei Maria Fernanda estava jogando bola na sala e quanto Joyce falava ao celular animadamente, fui até minha filha peguei sua bola e dei com ela na cabeça de Joyce que protestou. — Aí, doida! O que foi? Não viu que estou no telefone? – Joy, alisou sua cabeça onde eu havia acabado de lhe dar na bolada. — E você, não viu a MaFê jogando bola dentro de casa? O que eu disse para você sobre isso? Ela podia quebrar a televisão que ainda nem terminamos de pagar. — Para de ser chata! A bichinha só estava jogando um pouquinho. Ela não quebrou nada. Decidi que não iria me estressar com as duas, estava cansada e só queria tomar um banho e relaxar um pouco, mas aí minha filha insistiu para que eu a levasse para a praça um pouquinho e depois de ver que ela havia feito a lição de casa, chamei minha amiga para o ir junto, mas ela disse que iria sair com um cara. Minha amiga continua saindo com esses caras aleat
Naquela noite, o sonho com o homem dos olhos verdes atormentou meus pensamentos. Enquanto tomava o chá de camomila, me senti inquieta, tentando desesperadamente lembrar seu rosto. Mas tudo o que vinha à mente eram flashes desconexos, sem uma imagem clara.Meus pensamentos vagaram para o passado, para um tempo em que minha vida era diferente, antes de Maria Fernanda, eu estava quase em depressão pela traição do meu ex marido e da mulher que um dia considerei minha amiga. Decidi tentar distrair minha mente com algo, então peguei meu caderno de desenhos e comecei a rabiscar. Enquanto desenhava, deixava minha mente vagar, me perdendo nos traços e formas que criava. Era uma sensação reconfortante, quase meditativa.Quando finalmente me senti sonolenta o suficiente, voltei para o quarto e me aconcheguei na cama. Fechei os olhos, esperando que o sono me levasse para longe daquelas incertezas.No entanto, mesmo depois de adormecer, o rosto do homem dos olhos verdes ainda rondava meus sonhos,
Cheguei em casa completamente cansada, para o meu alívio Maria Fernanda estava dormindo, me senti até culpada por esse pensamento, mas eu estava cansada demais e minha filha é muito elétrica. Me joguei na cama completamente cansada. — An, o que houve? Por que está com essa cara? Joyce perguntou e contei a ela sobre o meu dia cansativo e estressante, ela ouviu tudo atentamente e depois riu. — Que loucura! Você anda vendo muitos olhos verdes ultimamente. — De tudo que eu te contei, você só ouviu isso? – Perguntei a ela que deu de ombros. — Tem a parte da trombada com o gostosão também. Você não tirou nenhuma casquinha? Encarei minha amiga por um momento e balancei a cabeça em negativa, me levantei, tomei banho e voltei para sala, Joyce estava retirando um prato de macarrão do microondas e disse que estava esquentado para mim, agradeci a ela e comecei a comer. — Come devagar para não engasgar. – Minha amiga pediu. — Estou faminta, eu tinha tanta tarefa para realizar que não conseg